quarta-feira, 1 de abril de 2015

"Beatriz e o Aventureiro", Guilherme Centazzi // "Beatriz and the Adventurer", Guilherme Centazzi

Os "pratos principais" de muitas obras que temos vindo (e continuaremos) a ver neste blogue são aventura e drama, e neste Beatriz e o Aventureiro do Algarvio de ascendência Italiana, Portuguesa Algarvia e Espanhola Guilherme Centazzi (1808-1875), também os temos presentes. Centazzi foi um médico, empresário (era o produtor dos Rebuçados Dr. Centazzi, uma marca rival dos rebuçados para a tosse Dr. Bayard que nos meados do século passado ainda se vendiam em Portugal), violinista, compositor amador e veterano das Guerras Liberais Portuguesas para além de escritor que ficou rendido ao esquecimento apesar de ter sido o verdadeiro fundador do romance histórico português (antes de Garrett e Herculano) com Carlos e Julieta de 1838 (do qual curiosamente este livro é uma versão definitiva e "depurada").
Uma lata antiga de Rebuçados Peitorais Doutor Centazzi
Beatriz e o Aventureiro, publicado pela primeira vez em 1848 em dois volumes, é entre os romances de Centazzi que fundam a ficção histórica longa e o romance de "saga" passada em época pouco anteriores ao autor (e por isso tecnicamente fora da ficção histórica definida no seguimento do subtítulo do Waverley de Walter Scott como cobrindo períodos afastados da época do escritor 60 anos ou mais) um dos seus melhores (embora tendo menos mestria estilística e de psicologia que o seu O Estudante de Coimbra). Porém tinha a vantagem ante este de a obra aqui a análise não ter o lado de polémica devido a tratar história recente e ficcionar realidades políticas e figuras reais (sob outros nomes), para além de todos os modelos que dão uma certa força ao romance e lhe deixariam ser um clássico digno da nossa literatura nacional, como são: o elemento histórico da cobertura da França da época revolucionária no final do século XVIII, o elemento pseudo-folclórico da recriação de narrativas de aventureiros salteadores, o questionar da sociedade tradicionalista (do pior do tradicionalismo) do Ancien Régime do Absolutismo, um apreço (não sem crítica) das classes populares e dos anti-absolutistas e liberais, a aventura e o drama propriamente ditos, o enredo amoroso e seus problemas, e um patriotismo cívico liberal raçado de nacionalismo (como o era maioritariamente o do início e meado do século XIX), apresentado aqui em torno da luta contra o despotismo das personagens numa França a passar pela sua revolução e dos comentários do próprio autor.
Filho de um pai que era filho de um Italiano (da cidade de Veneza) e de uma Portuguesa, e de uma mãe que era filha de um Italiano (da cidade de Génova) e de uma filha de um Português e uma Espanhola, nascido em Faro em 1808 (apesar da sua ascendência, Centazzi era um orgulhoso Algarvio e identificava-se como Português), Centazzi inspirou-se na tradição popular algarvia e portuguesa em geral, nos romances históricos que já surgiam então no Reino Unido (principalmente com Walter Scott) e na Alemanha e nas crónicas históricas portuguesa, assim 'importando' para Portugal o romance histórico, género literário de livros com estórias passadas no passado que se tornava muito popular na Europa daquele século (e continuou a ter bastante popularidade, com altos e baixos, desde então), e o romance de sagas passadas poucas décadas antes do tempo do autor (que exemplificou em O Estudante de Coimbra de 1840, 8 anos antes da publicação de Beatriz e o Aventureiro, e que narra eventos ficcionais e reais de 1826 a 1838, durante a juventude do autor).
Carlos e Julieta, "esboço" de Beatriz e o Aventureiro
Para encontrar uma narrativa com todos estes elementos, o autor "apresenta-nos" a Beatriz, filha de boas famílias, que se apaixona pelo Aventureiro que a acompanha no título, e ante a oposição da família desta partem juntos e passam dificuldades que só amenizam com o contratar do Aventureiro por um Conde, que tenta seduzir Beatriz e quando ela se recusa a ceder, ameaça violentá-la, sendo então surpreendido pelo companheiro dela, que o agride na contenda. O Conde desafia-o então a um duelo, em que o Conde é morto mas, infelizmente, fora da vista dos padrinhos do duelo, pelo que o vencedor tem então de fugir, deixando Beatriz na miséria fora a ajuda de uma vizinha. Saindo da cidade, ela deambula sem destino até que chega à quinta do velho negociante Dufraine, que a acolhe. O tempo passa e enquanto isso a monarquia dos Bourbon vai-se tornando incapaz de lidar com a instabilidade social, o crescente despertar político liberal no país e o surgimento da corrente radical do jacobinismo. Um dia, lendo o jornal, por entre as várias notícias ligadas com revoltas, uma espécie de Processo Revolucionário Em Curso setecentista e a queda da monarquia e o princípio do Terror, Beatriz descobre que a filha de Dufraine (que havia pouco antes dele a acolher já saído de casa) estava acusada (no seio de um dos julgamentos do "Terror" em que justicialismo extremado, política e vontade de criar um homem e uma sociedade "novos" perfeitos se misturavam) de assassinar em Paris uma rapariga que ela acolhera e que antes havia fugido do seu marido violento.
Ante este novo conhecimento, Beatriz decide ir salvar a filha de Dufraine, para "recompensar" este pela ajuda que lhe deu. Ao visitá-la, é surpreendida com a descoberta de que a filha de Dufraine é a vizinha que antes a havia ajudado. Incentivada por mais este facto, Beatriz é incentivada a tentar ajudar a provar a inocência da Mademoiselle Dufraine. Não conseguindo provar a inocência dela, Beatriz assume as culpas do assassínio da hóspede da Mademoiselle Dufraine no julgamento (esperando que a filha de Dufraine, liberta, conte ao Monsieur Dufraine para vir a Paris, o mais rápido possível para testemunhar a inocência de Beatriz antes de ser executada). Dufraine vai logo "em corrida" até Paris para interrogar o marido da vítima (que nesta altura se encontra num hospital "às portas da morte"), e este confessa ao negociante que fora ele o assassino da mulher, mas indo para tentar salvar a liberdade e a vida da protagonista, mas não chega a tempo. A grande surpresa é a reentrada em cena do Aventureiro, que se descobre que depois de fugir devido à morte do Conde, acabou por ser empregado como carrasco e tornar-se um trabalhador muito ocupado com o serviço sem fim da guilhotina durante aqueles anos. Assim Beatriz e o Aventureiro acabaram juntos novamente, na vida e na morte.
A Tomada da Bastilha, um dos episódios da Revolução em causa neste livro
Muito para além disto se mostra nesta trama, com as proezas do Aventureiro a cobrirem o mesmo "território" ficcional que nas versões ficcionadas da vida de outro bandoleiro (este real) como o José do Telhado, e o ângulo político-revolucionário histórico chama mais atenção e dá mais força ao texto que o enredo Romântico "típico" daria (compare-se com o "esboço" Carlos e Julieta de 10 anos antes, que é essencialmente melodramático e romanesco), e a política representada embora sendo a do século XVIII, mostra muito bem a política de meados do século XIX de Centazzi, principalmente os confrontos entre liberalismo e absolutismo (o que lembraria ao autor a sua experiência da juventude nas Lutas Liberais), a sede de liberdade política porém com terror dos excessos de revoluções e progressismos mal planeados (aprendendo com os erros da fase central e mais intensa da Revolução Francesa), mas querendo evitar acalmias políticas de autoritarismo e imperialismo (como acontecera com o fim desta revolução que trouxe ao poder Napoleão Bonaparte), e ainda a preocupação com a coesão nacional, o nacionalismo e a "missão civilizadora" da Europa humanista liberal, tudo isso parecendo repetir ou "responder" ao que acontecera no período em que se passara esta narrativa.
Não deixando de ser uma obra estereotipadamente do estilo (e da filosofia política) do seu tempo (O Estudante de Coimbra é sem dúvida a melhor, mais completa e mais moderna obra de Centazzi), e de ter influências clássicas dos romances cavaleirescos e sentimentais que já o Constante Florinda que já aqui vimos parodiava, não deixa de fazer de Centazzi dos grandes autores do Romantismo português e mundial (por mais que tenha caído no esquecimento, por entre um votar ao esquecimento voluntário para o "castigar" pela polémica política de O Estudante de Coimbra e a confusão com autor estrangeiro devido ao apelido), ao lado dos autores aqui já referidos e do poeta e editor (hoje pouco mais lembrado que Centazzi) José Simões Dias. E ainda hoje se pode ver na enchente actual do romance histórico, da saga familiar ou individual sobre períodos históricos recente e da fantasia heróica ou épica na literatura portuguesa (e lusófona em geral mesmo). E para além da força literária da qualidade dos textos de Centazzi (mesmo os seus piores) entre poesia, prosa longa ou curta e teatro, e do paralelismo que a sua obra possa ter com obras de autores de expressão portuguesa que podem nem sequer o ter lido ou saber sequer que existiu (como a maioria do público português até que em 2010 Pedro Almeida Vieira trouxe ao público português O Estudante de Coimbra com correcção e fixação do texto sua editada pela editora Planeta), e por isso tudo merece ser ressuscitado como o clássico que é (ou não fosse o primeiro romancista português a ser traduzido para língua estrangeira, no caso O Estudante de Coimbra para Alemão).
Capa da edição de 2010 d'O Estudante de Coimbra
Não existem muitas cópias desta obra de Centazzi fora da Biblioteca Nacional, mas O Estudante de Coimbra ainda se poderá achar em impressão e dado que Pedro Almeida Vieira até dedicou a este autor um sítio próprio (www.guilhermecentazzi.com) hoje substituído por uma página no sítio da Planeta e parece fazer da promoção do Algarvio como o primeiro verdadeiro romancista Português, isto poderá inverter-se dentro de alguns anos. Para mais informações sobre Centazzi enquanto fundador do romance português podem consultar este vídeo e o artigo de Pedro Almeida Vieira sobre Centazzi para o Jornal de Letras n.º 1050 (aqui reproduzido no sítio oficial de Almeida Vieira).


The "main dishes" of many works that we have come (and will continue) to see on this blog are adventure and drama, and on this Beatriz e o Aventureiro ("Beatriz and the Adventurer") from the Algarvian of Italian, Algarvian Portuguese and Spanish ancestry Guilherme Centazzi (1808-1875), we also got them present. Centazzi was a doctor, businessman (he was the producer of the Rebuçados Dr. Centazzi/"Dr. Centazzi Drops", a rival brand to the Rebuçados para a tosse Dr. Bayard/"Dr. Bayard Portuguese Cough Drops" that in the middle of the past centuries still got sold in Portugal), violinist, amateur and veteran of the Portuguese Liberal Wars beyond writter that got rendered to oblivion despite having been the true founder of the Portuguese historical novel (before Almeida Garrett and Herculano) with Carlos e Julieta ("Carlos and Julieta") from 1838 (of which curiously this book is a definitive and "uncluttered" version).
An antique can of Rebuçados Peitorais Doutor Centazzi ("Chest Cough-Drops Doctor Centazzi")
Beatriz and the Adventurer, published for the first time in 1848 in two volumes, is among the novels by Centazzi that founded the long historical fiction and the "saga" novel set in period barely prior to the author's (and for that technically outside the historical fiction defined after the subtitle of Walter Scott's Waverley as covering periods removed from the author's period 60 years or more) one of his best one (although having less stylistic and psychology mastering than his O Estudante de Coimbra/"The Student of Coimbra"). Althought it had the advantage facing this one of the work here on analysis not having the controversy side due to dealing with recent history and fictionalising political realities and real figures (under other names), besides all the models that give a certain strength to the novel and would let it be a worthy classic of Portuguese national literature, such as: the historical element of the coverage of the France of the revolutionary period in the late 18th century, the pseudo-folkloric element of narratives of raiding adventurers, the questioning of the traditionalist society (of the worse of traditionalism) of Absolutism' Ancien Régime, an appreciation (not without criticism) of the popular classes and of the anti-absolutists and liberals, the adventure and drama proper, the romance plot and its troubls, and a liberal civic patriotism crossbred with nationalism (as it was by-and-large the one from the early and mid 19th century), presented here around the struggle against despotism of the characters in a France going through its revolution and of the comments of the author himself.
Son to a father who was the son of an Italian (from the city of Venice) and of a Portuguese-woman and of a mother who was was daughter to an Italian (from the city of Genoa), and to a daughter of a Portuguese-man and a Spanish-woman, born in Faro in 1808 (despite his ancestry, Centazzi was a proud Algarvian and identified himself as Portuguese), Centazzi inspired himself in the Algarvian and Portuguese in general tradition, on the historical novels that already came-up then in the United Kingdom (mainly with Walter Scott) and in Germany and in the Portuguese historical chronicles, so 'importing' to Portugal the historical novel, literary genre with stories set in the past which became very popular in the Europe of that century (and continued to have quite some popularity, with ups and downs, since then), and the novel of sagas set few decades before the author's time (which he exemplified in The Student of Coimbra from 1840, 8 years before the publication of Beatriz and the Adventurer, and whch narrates fictional and real events from 1826 to 1838, during the author's youth).
Carlos and Julieta, "sketch" to Beatriz and the Adventurer
To find a narrative with all these elements, the author "introduces us" to Beatriz, daughter to good families, who falls in love for the Adventurer who accompanies her in the title, and before her family's opposition they depart together and endure difficulties that only temper with the Adventurer's hiring by a Count, that tries to seduce Beatriz and when refuses to give in, threatens to violate her, being then surprised by her companion, who assaults him in the strife. The count challenges him then to a duel, in which the Count is killed, but unfortunately, outside the sight of the duel seconds, so that the winner had then to runaway, leaving Beatriz in misery aside the aid of a lady neighbour. Leaving the city, she meanders without destination till she arrives to the farm of the old trade Dufraine, who takes her in. Time passes and meanwhile the monarchy of the Bourbons goes turning unable to deal with the social instability, the country's growin liberal political awakening and the coming-up of the radical current of jacobinism. One day, reading the newspaper, among the several news connected with revolts, a kind of eighteen-hundreds Processo Revolucionário Em Curso/"On-Going Revolutionary Process" and the monarchy's fall and The Terror's beginning, Beatriz discovers that the daughter of Dufraine (who had little before he took her in already left home) was accused (in the midst of one of the judgements of "The Terror" in which extremed vigilantism, politics and the urge to create a perfect "new" man and society did mix themselves) of assassinating in Paris a girl that she took in and who before had ranaway from her violent husband.
Faced with this new knowledge, Beatriz decides to go to save the daughter of Dufraine, for "compensating" the former for the help he gave her. In visiting her, she is surprised that Dufraine's daughter is the neighbour that before had helped her. Spurred by this one more fact, Beatriz is boosted to try to help to prove the innocence of the Mademoiselle Dufraine. Not getting to prove her innocence, Beatriz assumes the blame for the assassination of the guest of the Mademoiselle Dufraine in the trial (awaiting that Dufraine's daughter, released, tells to Monsieur Dufraine to come to Paris the swiftest possible to testify the innocence of Beatriz before being executed). Dufraine goes right away "racing" to Paris to question the victim's husband (that at this time-pint does himself find in a hospital "at death's door"), and the former confesses to the trader that he had been his woman's killer, but going to try to save the freedom and the life of the female lead, but does not get on time. The grand surprise is the reentry into the scene of the Adventurer, of whom it is discovered that afterwards to running due to the Count's death, ended by being employed as executioner and becoming a very busy worker with the endless servicing of the guillotine during those years. So Beatriz and the Adventurer ended up together again, in life and in death.
The Taking of the Bastille, one of the episodes of the Revolution at stake in this book
Much beyond this is shown in this plot thread, with the exploits of the Adventurer covering the same fictional "territory" as in the fictionalised versions of the life of another bandolero ("brigand", this one real) like the Jose doTelhado/from the Rooftop, and the historical political-revolutionary angle calls up much more our attention and gives more strength to the text than the "typical" Romantic plot would give it (let it be compared with the "sketch" Carlos e Julieta/"Carlos andd Julieta" from 10 years before, which is essentially melodramatic and romanesque), and the politics represented although being the one from the 18th century, shows very well the politics of Centazzi's middle 19th century, mainly the clashes between liberalism and absolutism (what would recall to the author his youth experience in the Liberal Wars), the thirst of political freedom though with dread of the excesses of revolutions and badly planned progressivisms (learning with the errors of the central and most intense phase of the French Revolution), but wanting to avoid political lulls of authoritarianism and imperialism (as it happened with the end of this revolution that brought to power Napoleão Bonaparte), and still the concern with he national cohesion, nationalism and the "civilising mission" of liberal humanist Europe, all this seeming to repeat or "answer" to what had happened in the period in which it passed itself this narrative.
Not ceasing being a work stereotypically of the style (and of the political philosphy of its time (The Student of Coimbra is without doubt the best, more complete and more modern work of Centazzi's), and of having classical influences from the chivalry and sentimental romances that already the Constant Florinda that already here we saw parodied, it doesn't stop Centazzi from among the great authors of Portuguese and worldwide Romanticism (no matter how much he might have fallen into oblivion, between the voluntary casting into oblivion to "punish" him for the political controversy of The Student of Coimbra and the confusion in Portugal with foreign author due to the surname), alongside the authors already here refered and to the poet and publisher (today barely more remembered than Centazzi) Jose Simões Dias. And yet today can be seen in the current flooding of the historical novel, of the family or individual saga on recent historical periods and of the heroic or epic fantasy in the Portuguese (and Portuguese-speaking in general even). And besides the literary force of the quality of the texts by Centazzi (even his worst) between poetry, long or short prose and theatre, and of the parallelism that his work might have with works of Portuguese speech that might not even have read him or know even that he existed (like the majority of the Portuguese public until in 2010 Pedro Almeida Vieira brought to the Portuguese public The Student of Coimbra with correction and fixture of the text of his for the Planeta publisher), and for all that deserves to be resurrected as the classic that he is (or were he not the first Portuguese novelist to be translated to foreign language, in case The Student of Coimbra to German).
Coverof the 2010 edition o' O Estudante de Coimbra/The Student of Coimbra
There are not many copies of this work of Centazzi outside the Portuguese National Library, but The Student of Coimbra can still be found in print in Portuguese and given that Pedro Almeida Vieira even dedicated this author his own website (www.guilhermecentazzi.com) today replaced by a page on Planeta's site and seems to make of the promotion of the Algarvian as the first true Portuguese novelist, this might invert itself within some years. For more informations on Centazzi while founder of the Portuguese novel you can consult this video and Pedro Almeida Vieira's article on Centazzi for the Jornal de Letras ("Journal of Letters") #1050 (here reproduced on Almeida Vieira's official site).

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