É muitas vezes curioso verificar como romances passados em períodos históricos, romances esses cujos enredos já se tornaram quase confundíveis com lendas ou tradições, podem afinal apresentar personagens plenamente históricas, que são só trabalhadas pelo texto (lembre-mo-nos que Pinheiro Chagas costumava chamar aos seus romances «estudos históricos românticos»). É o que se passa com Pedro Bonete e com a Duquesa Juliana, as personagens principais deste A Máscara Vermelha de 1873, o primeiro tendo sido um verídico interveniente de uma revolta catalã contra o Estado espanhol em simultâneo com a Restauração portuguesa (Bonete já surgira referido na introdução à segunda parte doutro romance histórico popular do seu século, Luta de gigantes de Camilo Castelo Branco, autor que Pinheiro Chagas criticava por impôr o romanesco sobre o factual), e a segunda tendo sido a histórica esposa do Duque de Caminha nos tempos a Restauração (Juliana já havia entrado na efabulação ficcional através da lenda popular do Penedo da Saudade, que será dramatizada também no final deste livro, a popularidade da lenda podendo ser parte da razão da continuidade da popularidade deste livro depois da "queda em desgraça" do autor, "queda" que já referimos neste blogue). Se é certo que o leitor de um romance histórico lê por 'exercício' de conseguir separar histórico e inventado, é porém mais importante analisar a função estrutural que a história desempenha na trama do romance, ou seja, conhecer como o autor enlaça a história no mundo que inventou.
A estória, com tanto de romanesco como de factual, das duas personagens acima referidas (como narrada por Pinheiro Chagas) será continuada pelo autor já nosso conhecido M. Pinheiro Chagas no romance O Juramento da Duquesa (também de 1873), e a história da Guerra da Restauração seria concluída pelo autor no romance A Mantilha de Beatriz (publicada 5 anos depois destes outros dois livros, que porém já não mantém nenhuma das personagens dos restantes). Este é o tipo de história em que se luta "por rei e por país" (para usar uma expressão mais frequente no mundo anglófono) e se vivem aventuras contra intrigas políticas de oponentes. E muitas intrigas políticas há neste romance; como diz Pinheiro Chagas (lembrando-nos que não é o patriota acrítico da caricatura dela feita desde a sua "queda em desgraça") na introdução d'O Juramento da Duquesa, o seu objectivo não é «celebrar os grandes feitos nas campanhas da Restauração, mas de narrar os enredos da corte, as calúnias, as traições que se desenrolam no reverso desse quadro brilhante das épicas pelejas e de sobre-humanas façanhas. Mas se também isto é história, também isto é mister que se conte e não se colhe menos proveito da narrativa das fraquezas e dos defeitos dos nossos antepassados, que não são para nós amargas lições, do que da narrativas das suas virtudes e das suas glórias, que são para nós glorioso incitamento»).
A estória, com tanto de romanesco como de factual, das duas personagens acima referidas (como narrada por Pinheiro Chagas) será continuada pelo autor já nosso conhecido M. Pinheiro Chagas no romance O Juramento da Duquesa (também de 1873), e a história da Guerra da Restauração seria concluída pelo autor no romance A Mantilha de Beatriz (publicada 5 anos depois destes outros dois livros, que porém já não mantém nenhuma das personagens dos restantes). Este é o tipo de história em que se luta "por rei e por país" (para usar uma expressão mais frequente no mundo anglófono) e se vivem aventuras contra intrigas políticas de oponentes. E muitas intrigas políticas há neste romance; como diz Pinheiro Chagas (lembrando-nos que não é o patriota acrítico da caricatura dela feita desde a sua "queda em desgraça") na introdução d'O Juramento da Duquesa, o seu objectivo não é «celebrar os grandes feitos nas campanhas da Restauração, mas de narrar os enredos da corte, as calúnias, as traições que se desenrolam no reverso desse quadro brilhante das épicas pelejas e de sobre-humanas façanhas. Mas se também isto é história, também isto é mister que se conte e não se colhe menos proveito da narrativa das fraquezas e dos defeitos dos nossos antepassados, que não são para nós amargas lições, do que da narrativas das suas virtudes e das suas glórias, que são para nós glorioso incitamento»).
Outra obra do autor já nosso conhecido Manuel Pinheiro Chagas, este romance começa com um casal em relativa felicidade conjugal, o Duque de Caminha e a sua esposa, Juliana (que tomará um papel ainda maior na trama), e como a sua vida se entrelaça com a de Pere (em Português "Pedro") Bonete. Bonete é apresentado por Chagas como um Espanhol dissimulado, violento e astuto. Quando o conhecemos, ele envolve-se com Inês Mendes (esta sim, personagem fictícia de Pinheiro Chagas), a herdeira jovem e inocente de uma família aristocrática portuguesa com propriedades em Espanha, que conhece Bonete durante uma visita a essas propriedades em Espanha. O Catalão, numa cena bem montada (lembremos a experiência de dramaturgo do autor) em descrição do cenário e preparação do que se passará, primeiro com a descrição da formosura de Inês e depois a apresentação da reacção do Bonete a esta, o Catalão acaba por desonrá-la (se me entendem o eufemismo), e pede um perdão 'frouxo' em que se diz ter sido 'vítima' de um 'feitiço' da sua beleza (nas suas palavras «—Não quereis desculpar à violência do amor, que súbito me inspirastes, o excesso que fui levado a cometer?»). Inês, jovem passiva e crédula que é, não só o perdoa (acreditando no amor dele e na pureza das intenções deles mesmo depois do que lhe fez), como ainda aceita casar com ele. Nisto, vemos o confluir de dois tipos de personagens: por um lado, Inês Mendes cabe no modelo da "mulher-anjo" presente na arte do Romantismo, razão porque ela aceita o pedido de Bonete, e por outro Bonete faz-lhe o pedido porque é o arquetípico arrivista ambicioso, e a sua maior ambição é ascender socialmente e manter-se no círculo da nobreza, e que só se esforça por viver, e bem, tendo em seu poder posses e poder.
Assim, começa a montar-se a cena: por um lado a "mulher-anjo" está 'condenada' a um esposo que não lhe pode dar senão desgraças, enganos e fatalidades (recordemos que Pinheiro Chagas escrevia já depois da "idade de ouro" do Romantismo, numa altura em que este tipo de arquétipo de personagem já não era levado a sério, pelo que não só Inês não é o único tipo de personagem feminina presente no livro, como o oposto dela neste texto, Juliana, não é o arquétipo Romântico oposto da "mulher-demónio", mas antes uma mulher mais realista, forte, pragmática), enquanto que esse esposo egocêntrico, entrando no círculo da nobreza pelo casamento, conforme mais convive com a fidalguia, mais ambiciona ter a vida dela, e mesmo ter as mulheres dos membros masculinos desta classe. E através de uma corrente de intrigas e duelos de 'capa-e-espada', Bonete acaba por arriscar uma tentativa de roubo falhada à residência do Duque de Caminha pela qual é preso pelas autoridades de Portugal, depois do que, o Catalão deve ao mesmo Duque, benevolamente, a sua libertação. Após disso, o Duque permite-lhe que se aproxime da sua pessoa, e da sua intimidade, como um amigo. É assim que Bonete consegue entrar no quarto da Duquesa; antes sequer de a ver, por se fascinar com a riqueza do quarto, ele já decidiu tomá-la por amante (isto é dos episódios que mais acentuam a ganância social do Catalão, e olhem que é 'concorrência' difícil visto que são carradas de episódios ao longo do livro, e da sequela já referida, que acentuam como a riqueza atrai Pedro Bonete como a luz a uma traça). Esta decisão acentua-se quando ela entre no seu quarto e se conhecem pela primeira vez.
Pinheiro Chagas em 1875 (dois anos depois da publicação de A Máscara Vermelha)
Quando todos estes eventos vão ocorrendo, Portugal está na luta pela restauração da sua independência. Porém, o Duque de Caminha luta contra esta causa: devendo o seu título a Filipe IV de Espanha, III de Portugal, fielmente ele conspira com alguns outros nobres contra o Duque de Bragança (agora Rei de Portugal), para provocar a sua morte. A princípio, Bonete, deixando de lado o apoio à causa catalã e também à da independência de Portugal (uma das principais razões para este ter casado com Inês, para fugir junto com ela de Espanha para Portugal, e escapar assim à perseguição das autoridades hispanas durante a sua fase independentista), 'sondando' que 'proveito' poderia tirar da conspiração, junta-se a ela, mas reconhecendo que está condenada, decide tirar um outro 'proveito' da mesma: abordando a Duquesa Juliana, apela-lhe que se torne a sua amante, sob a ameaça de denunciar a conspiração do marido da Duquesa às autoridades. Depois de ela repudiar a oferta e humilhá-lo, ele procede à delação de todos os conspiradores ao secretário de Estado, Francisco de Lucena (outra personagem histórica). Apesar de várias iniciativas tomadas por Juliana ante várias autoridades reais e religiosas, ela não consegue evitar a condenação do seu marido.
O Duque de Caminha segundo a capa do romance de 1930 O Cadafalso do Duque de Caminha do romancista popular Rocha Martins
Quase todas as personagens desta intriga, como já vimos, existiram, mas note-se que Pinheiro Chagas (ao contrário do romance dele visto anteriormente, centrado no célebre vice-rei da Índia D. Francisco de Almeida, e na pouco menos conhecida estória verídica trágica do seu filho) centra-se aqui não nas figuras reconhecidamente históricas e célebres (D. João IV, Francisco de Lucena, ou mesmo o Duque traidor de Caminha), mas nas personagens e nos pontos mais obscuros da história, dos quais podemos quase duvidar que são verídicos. Ao fazer assim, Pinheiro Chagas ganha mais autonomia na criação e mais liberdade de invenção ficcional. A forma como Pinheiro Chagas ficcionaliza Juliana é notável, para um conservador que propunha que a forma de castigar mulheres revolucionárias seria não julgá-las mas somente levantar as saias e dar um bom par de açoites: como noutras personagens femininas do autor, elas podem possuir qualidades de astúcia e virilidade, e a beleza pode não ser só a de uma estátua clássica esteticamente agradável mas mais voluptuosa e carnuda, afastando-se totalmente essas personagens femininas do velho arquétipo Romântico da mulher, que frequentemente quando surge numa personagem em Pinheiro Chagas (como neste livro em Inês Mendes) não é apresentado como qualidade mas como defeito, que faz com que essas pobres 'choninhas' que têm tal perfil só tenham desgraças pela frente, sendo antes as mulheres fortes (mas femininas, no modelo que já usara Camilo Castelo Branco e que no cinema americano vintista surgiria sob a figura da "mulher hawksiana" dos filmes de Howard Hawks) que fazem de facto avançar a trama, como se vê neste livro, e na sequela O Juramento da Duquesa, em que Juliana com a ajuda do militar da Restauração D. João da Costa executa a sua vingança (este livro será, pelo menos neste blogue actual, 'saltado' por ser um pouco mais maduro, embora não propriamente impróprio para a faixa etária alvo dos livros deste blogue).
Uma das "mulheres hawksianas" por excelência, a recentemente falecida Lauren Bacall, e a Duquesa Juliana segundo uma ilustração de uma edição d'O Juramento da Duquesa do final do século XX
Ao longo deste romance surgem tramas principais excitantes e tramas secundárias interessantes, aventuras, lutas, intrigas, alguma política, heroísmo e infâmia. Aqui, a narração e os diálogos lembram-nos que estamos noutra época, em que arriscar a vida pela honra ou pelas crenças era mais natural e mesmo lícito do que aos nossos olhos nos parece. Não existem muitas edições ilustradas deste livro (ao contrário da sua sequela, que tem uma edição da Amigos do Livro, Editores, Lda. com algumas elegantes ilustrações em tons beges pálidos e laranjas pálidos), mas as que há tendem a, de forma simples mas eficiente, acompanhar e aprofundar o espírito romântico e aventureiro do livro (por vezes até esquecendo os seus lados mais trágicos).
É certo que, apesar de tudo, não encontramos neste livro a tragédia pesada e o espírito de alguma melancolia lírica do final de A Jóia do Vice-Rei (antes um espírito de alguma esperança, de que o amanhã trará o justiçar dos males), e que há espaço em A Máscara Vermelha para algum heroísmo de capa-e-espada (estilo de ficção que a maioria das pessoas desconhece que existe na literatura portuguesa) e algum optimismo mesmo na cara da infelicidade, mas não se deixa de encontrar neste romance política, não só do tempo descrito como a visão política pessoal de Pinheiro Chagas, com algumas críticas, ironias e insinuações, contra a 'submissão' (na visão do autor) da Dinastia de Bragança aos Jesuítas, e contra às intrigas cortesãs e aqueles que traem o seu país por lealdades pessoais (o que não afecta só o 'alvo óbvio' do Duque de Caminha, mas mesmo Pedro Bonete), coisas que tornarão a leitura mais deliciosa para os que lerem com olhos mais atentos, mesmo se os leitores que ao longo de décadas mais se têm deleitado com o enredo deste clássico, se tenham deliciado mais com ele, mais pelo que tem de ficcional (ou aparentemente ficcional) e aventureiro romanesco, nesta contribuição lusa ao género mundialmente célebre da 'capa-e-espada' e que no audiovisual ibérico deu origem a (infelizmente para nós, fãs de cinema) só uma adaptação de uma obra de-capa-e-espada de Manuel Pinheiro Chagas, um filme de A Mantilha de Beatriz de 1946. Para os cineastas do espaço ibero-americano e europeu, fica a sugestão, embora infelizmente a "época de ouro" deste género já tenha maioritariamente passado. Para os interessados em adaptar graficamente esta obra, a série de BD de capa-e-espada francesa (não-relacionada, excepto no título, estética da personagem-título e período histórico) A Máscara Vermelha de P. Cothias e A. Juillard pode dar um bom modelo visual para adaptações (desenhada) da prosa de Pinheiro Chagas.
Este livro pode encontrar-se em várias bibliotecas públicas, mas não se encontra em várias outras, Pode comprar-se porém aqui em formato Kindle na Amazon, encontram-se várias edições do século XX à venda em antiquários ou em sítios como o Coisas.com ou o Produto.mercadolivre.com.br, e disponível para leitura e baixa em-linha no Google Livros. Que saiba não existe edição em livro deste século, mas dado o relativo 'renascimento' da reputação e leitura de Pinheiro Chagas desde o final do século XX, poderá haver alguma num futuro não tão distante quanto isso.
It is many times curious to verify how novels set in historical periods, novels whose plots already became almost mistakeable with legends or traditions, can after-all present fully historical characters, that are worked by the text (let us recall ourselves that Pinheiro Chagas used to call his novels «historical romantic studies»). It's what transpires itself with Pedro Bonete and with the Duchess Juliana, the main characters of this 1873's A Máscara Vermelha ("The Red Mask"), the first having been the intervenient truthful of a Catalonian revolt against the Spanish state in simultaneum with the Portuguese Independence Restoration (Bonete already had come-up refered in the introduction to the second part of another popular historic novel of his century, Luta de gigantes, "Struggle of Giants" by Camilo Castello Branco, author that Pinheiro Chagas criticized for imposing the novellesque over the factual), and the second having been the historical spouse of the Duke of Caminha in the times of Portuguese Independence Restoration (Juliana already had entered in he fictional fable-mongering through the folk legend of the "Penedo da Saudade" or Penn-cliff-rock of Nostalgia, that shall be dramatized also at the ending of this book, the popularity of the legend being able to be part of the reason of the continuity of the popularity of this book after the "fall in disgrace" of the author, "fall" which we already refered in this blog). If it is certain that the reader of a historic novel reads it for 'exercise' of being able to separate historical from made-up, it's though more important to analise the structural function that history plays in the plot of the novel, that is, to known how the author tangles history in the world he made-up.
The story, with as much of novellesque as of factual, of the two above refered characters (as narrated by Pinheiro Chagas) shall be continued by the author already our acquaintance M. Pinheiro Chagas in the novel O Juramento da Duquesa ("The Oath of the Duchess", também de 1873), and the history of the Restoration War would be concluded by the author in the novel A Matilha de Beatriz ("The Mantilla of Beatriz", published 5 years after these two books, that yet already doesn't keep any of the characters of the remainders). This is the kind of story in which one fights "for king and country" (to use an expression more frequent in the English-speaking world) and it are lived adventures and political intrigues of oponentes. And many political intrugues there are in this novel; as it says Pinheiro Chagas (reminding us that he isn't the acritical patriot of the caricature of him done after his "fall into disgrace") in the introduction on The Oath of the Duchess, his objective is not «to celebrate the great deeds in the campaigns of the Restoration, but of narrating the plottings of the court, the slanders, the betrayals that unraveled themselves in the reversal of that shinning tableau of the epic rencontres and of preterhuman deeds. But if this too is history, also this is craft that itself be told and does not pick itself less availing of the narrative of the weaknesses and of the defects of our ancestors, that are not for us bitter lessons, than of the narrative of their virtues and of their glories, that are for us glorious incitement»).
The story, with as much of novellesque as of factual, of the two above refered characters (as narrated by Pinheiro Chagas) shall be continued by the author already our acquaintance M. Pinheiro Chagas in the novel O Juramento da Duquesa ("The Oath of the Duchess", também de 1873), and the history of the Restoration War would be concluded by the author in the novel A Matilha de Beatriz ("The Mantilla of Beatriz", published 5 years after these two books, that yet already doesn't keep any of the characters of the remainders). This is the kind of story in which one fights "for king and country" (to use an expression more frequent in the English-speaking world) and it are lived adventures and political intrigues of oponentes. And many political intrugues there are in this novel; as it says Pinheiro Chagas (reminding us that he isn't the acritical patriot of the caricature of him done after his "fall into disgrace") in the introduction on The Oath of the Duchess, his objective is not «to celebrate the great deeds in the campaigns of the Restoration, but of narrating the plottings of the court, the slanders, the betrayals that unraveled themselves in the reversal of that shinning tableau of the epic rencontres and of preterhuman deeds. But if this too is history, also this is craft that itself be told and does not pick itself less availing of the narrative of the weaknesses and of the defects of our ancestors, that are not for us bitter lessons, than of the narrative of their virtues and of their glories, that are for us glorious incitement»).
Another work of our already acquainted Manuel Pinheiro Chagas, this novel starts with a couple in relative conjugal happiness, the Duke of Caminha and his wife, Juliana (that shall take an even bigger role in the plot), and how their life itself does entangle with the one of Pere (in Portuguese "Pedro)" Bonete. Bonete is introduced by Chagas as a Spaniard dissimulated, violent and cunning. When we know him, he involves himself with Ines Mendes (now this one, fictional character of Pinheiro Chagas'), the young and inocent heiress of a Portuguese aristocratic family with estates in Spain. The Catalan, in a well put-on scene (let's remember the experience of playwright of the author's) in description of the setting and preparation of what itself shall pass, first with the description of the fairness of Ines and afterwards the introduction of the reaction of Bonete to the former, the Catalan ends up dishonoring her (if you get the euphemism), and asks for a 'lax' forgiveness in which he says himself 'victim' of a 'spell' from her beauty (in his words «—Wouldn't thou want to excuse to the violence of love, that suddenly to me thou inspired, the excess that I was taken to commit?»). Ines, passive and gullible young-woman that she is, not only forgives him (believing in the love of his and in the purity of his intentions even after what he did to her), as she still accepts to marry him. In this, we see the conflating of two kinds of characters: on one hand, Ines Mendes fits on the model of the "woman-angel" present in the art of Romanticism, reason for which she accepts Bonete's proposal, and on the other Bonete does her the proposal because he is the archetypical ambicious upstart, and his greatest ambition is to socially ascent and to keep himself in the circle of the nobility, and one who only efforts himself for living, and well, having in his hold possessions and power.
So, it starts to set itself the scene: on the one hand the "angel-woman" is 'condemned' to a spouse that to her cnnot give but disgraces, deceptions and fatalities (let us recall that Pinheiro Chagas wrote already after the "golden age" of Romanticism, in a time in which this type of character archetype already wasn't taken seriously, due to which Ines was not the only type of female character present in the book, as the opposite of her in this text, Juliana, isn't the opposite Romantic archetype of the "devil-woman", but instead a more realistic, strong, pragmatic woman), meanwhile that egocentric spouse, entering unto the circle of the nobility by marriage, accordingly the more he gets-along with the gentry, more he holds ambition to have his life, and even to have the women of the male members of this class. And through a chain of intrigues and 'swashbuckling' duels, Bonete ends-up by risking an attempt of failed theft to the residence of the Duke of Caminha, for the which he's arrested by Portugal's authorities, after which, the Catalan owes to the Duke, benevolently, his liberation. Afterwards to that, the Duke allows him so that he nears himself to his person, and to his intimacy, as a friend. It's so that Bonete can enter in the bedroom of the Duchess; before even seeing her, due to awing himself with the richness of the bedroom, he already decided take her for mistress (this is from the episodes that accentuate the most the social greed of the Catalan, and look that it's hard 'competition' seen that they're loads of episodes throughout the book, and on the sequel already mentioned, that accentuate how wealth attracts Pedro Bonete like the light to a moth). This decision accentuates itself when she enters in her bedroom and they meet for the first time.
Pinheiro Chagas in 1875 (two years after the publication of The Red Mask)
When all these events go ocorring, Portugal is on the fight for the restoration of its independence. Yet, the Duke of Caminha fights against this cause: owing his title to Philip IV of Spain, III of Portugal, faithfully he conspires with some other nobles against the Duke of Braganza (now King of Portugal), to set-off his death. At fist, Bonete, leaving aside the support to the Catalan cause and also to the independence of Portugal (one of the main reasons of him to have married with Ines, of running away with her from Spain to Portugal, and escaping so to the persecution of the spaniard authorities during his independentist phase), 'probing' what 'avail' he could take from the conspiracy, joining it, but recognizing that it's condemned, he decides to take-out one other 'avail' out ofthe same: approaching the Duchess Juliana, he appeals to her that she becomes his mistress, under the threat of denouncing the conspiracy of the Duchess' husband to the authorities. Afterwards to her repudiating the offer and humiliating him, he procedes to the delation of all the conspirators to the secretary of State, Francisco de Lucena (another historical character). Despite several initiatives taken by Juliana before several royal and religious authorities, she cannot avoid the condemnation of her husband.
The Duke of Caminha according to the cover of the 1930 novel O Cadafalso do Duque de Caminha ("The Gallow of the Duke of Caminha") by the popular novelist Rocha
Almost all the characters of this intrigue, as we already saw, existed, but let it be noticed that Pinheiro Chagas (unlike the novel of his seen previously, centered in the celebrated vice-roy of India Don Francisco de Almeida, and in the little less known veracious story of his son) centers itself here not in the recognizably historical and celebrated figures (Don John IV, Francisco de Lucena, or even the traitor Duke of Caminha), but in the most obscure characters and points of history, from the which we can almost doubt that they are veracious. At doing so, Pinheiro Chagas gains more autonomy in creation and more freedom of fictional invention. The way how Pinheiro Chagas fictionalizes Juliana is remarkable, for a conservative that proposed that the way of punishing revolutionary women would be not to trial them but merely to lift-up the skirts and give a good pair of scourgings: as in other female characters of the author's, they can possess qualities of cunning and virility, and the beauty may not be just the one of an aesthetically pleasing classical statue but more voluptuous and meaty, setting themselves aside fully those female characters from the old Romantic archetype of woman, that frequently when it appears in a character in Pinheiro Chagas (as in this book on Ines Mendes) it is not presented as quality but as flaw, that makes it so that those poor 'weiners' that have such profile only have disgraces ahead, being instead the strong women (but feminine, in the model that already had used Camilo Castello Branco and that in the 20th-century American cinema would come-up under the figure of the "hawksian woman" from Howard Hawks films) that do in fact move-on the plot, as it is seen in this book, and in the sequel O Juramento da Duquesa/"The Oath of the Duchess", in which Juliana with the help of the military-man from the Restoration Don Joao da Costa executes her revenge (this book shall be, at least in this current blog, 'skipped' for being a little more mature, although not properly improper for the target age group of the books of this blog).
One of the "hawksian women" per excellence, the recently deceased Lauren Bacall, and the Duchess Juliana according to an illustration from an edition o' The Oath of the Duchess from the late-20th century
Throughout this novel it do come up exciting main plots and interesting secondary plots, adventures, fights, intrigues, some politics, heroism and infamy. Here, the narration and the dialogues remind us that we're in another period, in which to risk life for honor or for the beliefs was more natural and even licit than to our eyes to us seems. There do not exist many illustrated edition from this book (on the contrary of its sequel, that has an edition from the Amigos do Livro, Editores, Lda., "Friends of the Book, Publishers, Inc.", book sales club with some elegant illustrations in pale beige and pale orange tones), but the ones that there are tend to, in simple but efficient way, to accompany and deepen the romantic spirit of the book (sometimes even forgetting its more tragic sides).
It's certain that, despite of all, we don't find in this book the heavy tragedy and the spirit of some lyrical melancholia from the ending of A Jóia do Vice-Rey/"The Jewel of the Vice-Roy" (instead a spirit of some hope, that tomorrow shall bring the righting of the wrongs), and that there is space in The Red Mask for some swashbuckling heroism (style of fiction that the majority of people knows not that it exists in Portuguese literature) and some optimism even in the face of unhappiness, but it cannot help finding themselves in this novel politics, not only from the time described like from the personal vision of Pinheiro Chagas, with some critiques, ironies and insinuations, against the 'submission' (in the author's vision) of the Braganza Dynasty to the Jesuits, and against the courtesan intrigues and those that betray their country for personal loyalties (what affects not only the 'obvious target' of the Duke of Caminha, but even Pedro Bonete), things that shall turn the reading more delicious for the ones that read with the most attentive eyes, even if the readers that throughout decades more to themselves have delighted with the plot of this classic, did delight themselves most with it, more for what it has of fictional (or apparently fictional) and novellesque adventurous, in this Portuguese contribution to the worldwide celebrated genre of the 'swashbuckler' and that in the Iberian audiovisual gave origin to (unfortunetly for us, cinema fans) only one adaptation of a swashbuckling work by Manuel Pinheiro Chagas, a film of A Mantilha de Beatriz ("Beatrix's Mantilla") from 1946. For the moviemakers of the Ibero-American and European space, it stands the sugestion, although unfortunetly the "gold period" of this genre already has mostly passed-by. For the ones interested in adapting graphically this work, the French swashbuckler Comics series (unrelated, except in the title, aesthetic of the title character and historical period) The Red Mask by P. Cothias and A. Juillard can give a good visual model for (drawn) adaptations of Pinheiro Chagas' prose.
This book can find itself in Portugal in several public libraries, but it does not find itself in several others. It can be bought in Portuguese though at here in Kindle format on Amazon, it do find itself several editions from the 20th century for sale in antiques or in Portuguese language websites like Coisas.com or the Produto.mercadolivro.com.br, and available for reading and download online at Google Books. That I know there isn't edition of this book from this century, but given the relative 'rebirth' of the reputation and reading of Pinheiro Chagas since the late 20th century, it may be some in a future not so distant as that.
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