Começando esta outra publicação dedicada a mais de uma obra (novamente de Aquilino e juntando texto mais curto e um romance e novamente com uma certa união de tema e tom), devo primeiro (falando relativamente à primeira das duas obras aqui em causa) declarar que conhecia (como muita gente) a estória do juiz e herói bíblico Sansão e da sua perdição por Dalila perfeitamente, mas não sabia que a sua narrativa havia sido tratada literariamente por um autor Português, e logo o nosso 'velho amigo' Aquilino Ribeiro (estamos, ao contrário do caso do Romance da Raposa ou d'O Malhadinhas, perante obras hoje menos conhecidas deste autor). O herói bíblico (tal como o herói histórico no segundo texto que será visto nesta publicação) pode ter algumas semelhanças de tipo com outras personagens aquilinianas (embora a prosa regionalista aquiliniana consiga dar a Sansão um certo "jeito" Beirão), mas é um herói sobrehumano bíblico e isso faz toda a diferença em relação aos heróis típicos do autor, apesar de este texto ser tão dado a subtextos sociais e políticos como temos visto em outras obras de A. Ribeiro.
Ora, embora o estilo característico do autor esteja aqui como usual nas suas características obras, quem não goste muito do seu estilo e do tipo de enredos que costuma ficcionar, não se deve preocupar demasiado porque o enredo no primeiro texto não é dele (como no segundo em parte vem da história e lenda pátrias, com mesmo um pouco da ópera oitocentista Dom Sébastien de Gaetano Donizetti, embora com o elemento romântico em torno de Sebastião e uma Moura convertida removido e o regresso do Rei passando do tempo do segundo primo, ou tio na ópera, e rival de Filipe II de Espanha ao trono de Portugal, o Prior do Crato D. António, para o tempo do tio D. Filipe II de Espanha ele próprio).
Na novela As Três Mulheres de Sansão (que abria o volume do autor que incluía também Aninhas, que já passou por este blogue), encontramos (com 18 anos) Sansão, filho de um casal comum da tribo de Dan de Israel na antiga Canaã (o autor usa o Palestina usual no seu tempo e "crismado" pelos Europeus no seguimento do exemplo romano) que após um longo período sem filhos finalmente têm um filho que devido ao voto feito antes do nascimento, o dão para ser educado dentro do exemplo dos Nazirenos, uma espécie de ordem monástica dos antigos Israelitas. Apesar dessa educação e profissão nazirena, Sansão dá-se a apetites pelo sexo oposto pouco em concordância com essa vida supostamente celibatária, e dentro em breve ele dar-se-à mais a heroísmos que a vida de meditação. Mas são esses que dão a ele notoriedade, os seus primeiros contactos com o género oposto, e um nível maior de estatuto entre o seu povo, e faz dele um juiz dos Hebreus.
A ironia da luxuria de Sansão (quando este é supostamente um celibatário eremita) é o grande tema do livro (ou não falasse o título de Três Mulheres), e o texto narrado na terceira pessoa usa a passagem de Sansão de amante em amante para constituir o essencial do seu enredo, como a estória do "grande homem" que (embora não devesse) tem umas "grandes mulheres" por trás. E com isto, Aquilino aproveita para falar de Deus e dos pactos que os homens fazem com essa entidade em que acreditam, e para falar de liderança, vida amorosa e moralidade entre outros temas. O texto passa pelas relações de Sansão com o seu amor dos 18 anos com quem acaba por casar, depois pelo seu casamento com uma Filisteia (membro de um povo rival dos Israelitas, os Filisteus) da cidade de Timná (casamento que está ligado com dois dos episódios mais célebre do mito de Sansão: a sua luta com o leão e o enigma de Sansão aos convivas Filisteus do seu casamento), e finalmente a lendária Dalila, outra Filisteia, que seduz Sansão a mando dos seus reis para tentar descobrir o segredo da força de Sansão para o 'quebrar'.
Outros Dalila e Sansão de "jeito" lusófono: Mel Lisboa e Fernando Pavão na minisérie Sansão e Dalila da Rede Record de 2011.
O texto podia ser por si só considerado interessante (e mais que uma mera noveleta fabulesca juvenil) pelo factor humano dado pelo interesse dos episódios amorosos do juiz Sansão (e as implicações religiosas e morais de alguém com o voto de Sansão se envolver amorosamente sequer). Mas para além disso há toda a temática que vem com a questão de Sansão, apesar de não ser um portento de moralidade e inteligência, ter uma certa "pureza" dos simplórios, mas mesmo alguém com essa "pureza" ser corruptível (pela riqueza, pelo conforto, pela luxúria, pela tentação, pelo facilitismo). O autor insinua como mesmo aquele de fundo humilde e sem educação passada ou riqueza, tendo as "portas" dessa sociedade abertas a ele, deixa-se envolver pela vida cortesã e aristocrata que encontra, e que lhe põe a consciência pessoal dormente, e esquecendo-se de todo o seu passado, da pobreza de que vinha, e do velho espírito de combate aos poderosos e aos inimigos étnicos dos Hebreus que ele tinha, passando a envolver-se agora com esses mesmos poderosos e etnias seu opositores, e deixa a sua família, os seus e mesmo Deus para trás, e prefere em seu lugar a nova glória e conforto com novas mulheres Filisteias. Só o desastre em que cai graças à traição de Dalila o recorda de tudo isso e lhe cria o arrependimento que o leva a pôr-se nas mãos de Deus uma última vez e rezar pela força para um último esforço heróico salvador do seu povo e redentor dele próprio.
A narrativa termina bem, apesar do fim trágico para Sansão mas redentor e agridoce (sempre melhor que azedo puro), levando os seus opressores Filisteus com ele. Sintetizando, esta obra de Aquilino é outro exemplo de uma tendência presente num certo meio artístico e intelectual português dos inícios-meados do século XX, em que um semi-agnosticismo aberto à existência de Deus e que pensa sob a problemática da Sua existência se misturam com existencialismo e um certo espírito revolucionário e humanista (que vemos também no José Rodrigues-Miguéis de O Milagre Segundo Salomé, em Miguel Torga e em José Régio), e é talvez isso o que dê verdadeiro interesse, a um texto que conta uma estória que não é original e cujas personagens já nos são familiares, para os leitores Portugueses desde o tempo em que o volume As Três Mulheres de Sansão/Aninhas ganhou o primeiro Prémio Ricardo Malheiros em 1933 até hoje.
Já o romance Aventura Maravilhosa de D. Sebastião, Rei de Portugal, Depois da Batalha com o Miramolim de 1936 (nalgumas edições já deste século somente editado como Aventura Maravilhosa), abre com o final mal sucedido da Batalha de Alcácer Quibir em que (segundo relativamente fielmente os registos históricos sobre o caso) vários nobres e soldados-rasos caem ante o avanço dos Marroquinos liderados pelo sempre algo comicamente traduzido Muley Maluco, e o próprio Rei D. Sebastião, neto por via materna do Imperador Carlos V do Sacro Império e Rei de Espanha (cujo elmo leva em batalha), cai por terra no meio da poeira que lhe enfraquece a visão e (aqui Aquilino segue a via que pode não ser do facto histórico) sobrevive e começa a sua caminhada para longe do campo de batalha, acompanhado a princípio de um popular anónimo como todos (que no final da batalha o Rei não ousara matar ao ver os seus olhos «de rafeiro») e o Frei Salvador da Torre (monge ambiguamente descrito como «negro» ou em tom de pele, em ascendência ou em hábito de ordem, que reconhece o Rei quando este passa por ele).
O enredo verdadeiramente começa (depois deste ponto essencial do enredo, da lendária e nunca provada sobrevivência do Rei) no II capítulo, em que um frade e o nobre D. Manuel Antunes falam sobre o suposto retorno do corpo de D. Sebastião quando já reinava D. Filipe II de Espanha como Filipe I de Portugal, e o texto narrado por um narrador omnisciente procede para mostrar D. Manuel a ter revelado a ele pelo freire a face de um prisioneiro recente nos cárceres, cuja aparência é obviamente reconhecida como a do defunto Rei (a cena está escrita com umas semelhanças textuais interessantes com a cena em que o Romeiro do Frei Luís de Sousa do nosso 'velho amigo' Garrett revela a sua identidade). É a partir disto que Aquilino constitui não só a "matéria romanesca" do romance mas também a "desculpa" para Aquilino mostrar as convenções e luxos da corte filipina e assim fazer a sua crítica da monarquia cortesã de acordo com a sua inclinação republicana e populista (continuando um sub-texto que começara nas cenas da Batalha, em que a organização pomposa, convenções cavalheirescas e etiquetas renascentistas europeias para o campo de batalha ditam a derrota e massacre dos Portugueses, seus mercenários e seus aliados Marroquinos).
O valor que o texto ganha já de si com os episódios em si e o subentendido criticismo da pompa cortesã, enriquece-se com um 'valor acrescentado' da evolução do próprio D. Sebastião, de príncipe mimado considerado por todos a grande esperança para um futuro glorioso de Portugal e lisonjeado de forma interesseira por todos os cortesãos (embora o livro comece já depois de Alcácer Quibir, ao longo do texto o passado cortesão do antigo soberano é mencionado retroactivamente de tempos e tempos), a figura mais madura e marcada pelo caminho que percorreu e pelas experiências que passou até acabar (como o reencontramos no II capítulo) no calabouço, e que passou depois de aí chegar. Mas ainda mais interessantemente, é que apesar desse amadurecimento, D. Sebastião não parece mais capaz do sucesso do que fora com o 'estrago' de antes, e novamente inimigos mais fortes e sabedores (desta vez o seu tio e rival pela coroa Filipe II, que como Maluco em Alcácer-Quibir a princípio "sua as estopinhas" e perde sono, aqui literalmente, com sucessos iniciais de D. Sebastião, para no fim triunfar sobre Sebastião) e as várias jogadas cortesãs que continuam a iludir a sua pessoa ainda ingénua e de certa forma 'pura' (embora paradoxalmente muito devida à 'corrupção' pela sua criação resguardada).
O romance acaba, de acordo com a história, com D. Filipe II no trono de Portugal e D. Sebastião morto como ex-Rei, e o médico Castelhano de D. Filipe a ficar com remorsos quanto ao fim a dar ao antigo Rei Português querido pelo Rei Luso-Espanhol, enquanto porém o nobre Português D. Cristóvão de Moura se aproxima do novo Rei de Portugal (e se afasta da "nacionalidade"). Mais que enquanto obra de temática histórico-aventureira acessível a sensibilidades mais jovens (como às adultas) e de boa legibilidade, Aventura Maravilhosa de D. Sebastião tem o peso que lhe é dado pelo que a obra nos insinua sobre corrupção dos poderosos e sobre o pior das relações luso-espanholas em momentos de tentativas de assimilação desigual. E talvez por isso é que ainda hoje, em tempos em que o romance histórico surge mais "gasto até à exaustão" (visto que quase tudo o que é escritor iniciante parece tentar começar por obras com enredos ou personagens de alguma base histórica eventualmente para não ter de inventar demasiado) e em que este estilo de aventuras históricas "já não há como antigamente", este texto ainda tenha algum interesse se pegado pelo leitor actual, e porque talvez seja um boa obra para (como outras pelo mundo fora) "emigrar" para leitores de idades mais jovens em iniciação à leitura e à literatura.
Estes dois livros encontram-se ainda à venda em várias edições (e de várias editoras, mas principalmente da Bertrand Editora, tradicional editora da obra deste autor) e em alfarrabistas, para além de existirem exemplares de ambos ou de pelo menos um dos dois em quase todas as bibliotecas municipais e várias outras.
D. Sebastião, quadro Carlos Barahona Possolo (1992)
Starting this other post dedicated to one more work (again by Aquilino and joining shorter text and novel with a certain union of theme and tone), I must first (talking relatively to the first of the two works here at stake) declare that I knew (as many a folk) the story of the biblical judge and hero Samson and of his damnation over Delilah perfectly so, but did not know that his narrative had been literarily given a treatment by a Portuguese author, and just exactly our 'old friend' Aquilino Ribeiro (we are, unlike the case of Romance da Raposa/"Romance of the She-Fox" or o' O Malhadinhas/"The Little Tabbie", before less known works of this author). The biblical hero (just like the historical hero in the following text that shall be seen in this post) may have some similarities with other aquilinian characters (although the regionalist aquilinian prose can give to Samson a certain Beiras "knack"), but this a biblical superhuman hero and that does all the difference in relation to the author's typical heroes, despite this text being as given to social and political subtexts as we have seen in other works by A. Ribeiro.
Well, although the author's characteristic style be here as usual in his characteristic works, who does not like much his style and the type of plots that he usually fictionalises, must not concern himself too much because the plot in the first text isn't his (as the second in part comes from the Portuguese homelander history and legend, with even a little of the eighteen-hundredth opera Dom Sébastien by Gaetano Donizetti, although with the romantic element around Sebastian and a converted Mooress removed and the return of the King passing from the time of the second cousin, or uncle in the opera, and rival of Philip II of Spain to Portugal's throne, the Prior of the Crato religious-military order Don António, unto the time of his uncle Don Philip II of Spain himself).
In the novella As Três Mulheres de Sansão ("The Three Women of Samson", which opened that author's volume that included also to Aninhas/"Little-Ana", that already passed by this blog), we find (at 18 years-old) Samson, son to a common couple from Israel's tribe of Dan on ancient Canaan (the author uses the Palestine usual in his time and "christened by the Europeans after the Roman example) that afterwards to a long childless period finally get a son that due to the vow made before the birth, give him away to be educated within the example of th Nazirites, a kind of monarchist order of the ancient Israelites. Despite that education and nazirite profession, Samson gives himself to appetites for the opposite sex little in agreement with that supposedly celibate life, and soon he starts to give himself more to heroics than to the life of meditation. But it are those that give him notoriety, his first contacts with the opposite gender, and a greater level of status amongst his people, and makes out of him a judge of the Hebrews.
The irony of Samson's lust (when he is supposedly a hermit celibate) is the book's big theme (after all it did mention the title the Three Women), and the text narrated in the third person uses the passage of Samson from lover to lover to constitute the thick of the plot, as the story of the "great man" that (although he shouldn't) behind himself has some "great women". And with this, Aquilino takes opportunity to talk of God and of the pacts that men make with that entity they believe in, and to talk of leadership, love life and morality among other themes. The text passes through the relationships of Samson with his 18 year-old love with whom he ends up marrying, afterwards by the marriage with a Philistine (member of a rival people to the Israelites) from the city of Timnah (marriage with is connected with two of the most celebrated episodes of the Samson myth: his fight with the lion and the riddle of Samson to the Philistine callers on his wedding), and finally the legendary Delilah, another Philistine, who seduces Samson on behest of her kings to try to discover the secret of Samson's strength so as to 'break' him.
Others Delilah and Samson of Portuguese-speaking "knack": Mel Lisboa and Fernando Pavao in the 2011 Rede Record TV miniseries Sansão e Dalila/"Samson and Delilah".
The text could in itself be considered interesting (and more than a mere juvenile fabuled novelette) for the human factor given by the interest of the amorous episodes of the judge Samson (and the religious and moral implication of someone with Samson's vow to get amorous involved at all). But beyond that there is the whole thematic that comes with the question of Samson, despite not being a might of moraliy and intelligence, having a certain "purity" of the simpletons, but even someone with that "purity" being corruptible (by wealth, by comfort, by temptation, by laxity). The author insinuates how even that with humble background and without past education or riches, having the "doors" of that society open to him, lets himself get enveloped by the courtly and aristocratic life that he finds, and to him puts the personal conscience dormant, and forgetting himself of all his past, of the poverty that came, and of the old spirit of combat to the mighy and the ethnic enemies to the Hebrews that he had, passing to involve himself with those same mighty and ethnicities opponents of his, and leaves his family, his own and even God behind, and preferes in their place the new glory and comfort with news Philistine women. Only the disaster into which he falls thanks to Delilah remembers him of all that and begets on him the regret that takes him to put himself unto the hands of God one last time and to pray for the strength for one last heroic effort saving to his people and redeemer to himself.
The narrative ends well, despite the tragic end for Samson but redeemer and bittersweet (always better than pure bitter), taking his Philistine oppressors with him. Sinthesising, this work by Aquilino is another example of a growing red presen on a certain early-mid-20th century Portuguese artistic and intellectual milieu, in which a semi-agnosticism open to the existence of God and that thinks under the problematics of His existence mix themselves with existentialism and a certain revolutionary and humanist spirit (that we see also on the José Rodrigues-Miguéis from O Milagre Segundo Salomé/The Miracle According to Salome, on Miguel Torga and on José Régio), and it is maybe that what gives it real interest, to a text that tells a story that isn't original and whose characters already are familiar to us, to the Portuguese readers since the time in which the volume The Three Women of Samson/Little-Ana won the first Ricardo Malheiros Award in 1933 till today.
Now 1936's novel Aventura Maravilhosa de D. Sebastião, Rei de Portugal, Depois da Batalha com o Miramolim ("Wonderful/Wondrous Adventure of Don Sebastian, King of Portugal, afterwards to the Battle with the Miramolinus", in some editions already from this century just published as Aventura Maravilhosa/"Wonderful Adventure), opens up with the Alcazar El-Kebir in which (following the relatively faihful historical records on the affair) several nobles and foot-soldier fall before the advance of the Moroccans lead by the always somewhat comically in Portuguese translated Muley Maluco ("Muley Crazy") and at least alliteratively amusingly in English Muley Melec, and the King Don Sebastian himself, grandson by maternal conveyance-line to Emperor Charles V of the Holy Roman Empire and King of Spain (whose helmet he takes in battle), who falls on the ground in the middle of the dust that weakens him the sight (here Aquilino follows the pathway of what may not be historical fact), survives and starts his trekking faraway from the battle field, accompanied at first by a commoner anonymous as are all (who at the battle's ending the King had not dared to kill at seeing his «mutt» eyes) and the Friar Salvador da Torre (monk ambiguously described as «black» in either kin tone, ancestry or order cloak who recognises the King when he passes by him).
The plot truly begins (afterwards to this essential point in the plot, of the legendary and never proven survival of the King) in the II chapter, in which a friar and the nobleman Don Manuel Antunes talk on the supposed return of Don Sebastian's body when it already reigned Don Philip II of Spain as Philip I of Portugal, and the text narrated by an omniscient narrator procedes to show Don Manuel having revealed to himself by the friar the visage of a recent prisoner in the gaols, whose appearance is obviously recognised as the deceased King's (the scene is written with some interesting textual similarities with the scene in which the Pilgrim from Frei Luís de Sousa/Brother Luiz de Sousa by our 'old friend' Garrett reveals his pre-Alcazar El-Kebir identity).It is out of this that Aquilino puts up not ony the "novelesque mater" of the novel but also the "excuse" for Aquilinoto show the conventions and luxuries of the don-philipean court and so to do his criticism of the courtly monarchy in agreement with his republican and populist leaning (continuinga subtext that had started in the scenesof the Battle, in which the pompous organisation, chivalresque conventions and european renaissance etiquettes for the battlefrield dictate the defeat and massacre of the Portuguese, their mercenaries and their Moroccan allies).
The value that the text gains in itself with the episodes in themselves and the innuendo criticism to the courtly pomp, enrichens itself with the 'added value' of the evolution of Don Sebastian himself, from spoiled prince considers by all the great hope for a glorious future for Portugal and flattered in self-interested way by all the courtesans (although the book starts already after Alcazar El-Kebir, throughout the text the courtly past of the former sovereign is mentioned retroactively from time to time), the figure maturer and marked by the path that he went through and by the experiences that he passed through till ending (as we shall meet him again on the II chapter) on the prison-black-hole, and that he passed through after arriving there. But even more interestingly, it is that despite that maturing, Don Sebastian does not seem more capable of success than he had been with the 'spoiling' from before, and once-again stronger and more knowledgeable enemies (this time his uncle and rival for the crown Philip II, who as Melec in Alcazar El-Kebir at first he "sweats it out" and loses sleep, here literaly, with the early successes of Don Sebastian, for at the end of it to triumph over Sebastian) and the several courtly powerplays that keep deceiving his still naive and in a certain way 'pure' (although paradoxically much due to the 'corrupting' by his sheltered upbringing).
The novel ends, accordingly to history, with Don Philip II on Portugal's throne and Don Sebastian killed as ex-King, and the Castilian doctor of Don Philip getting regrets about the end to give to the former Portuguese King wanted by the Luso-Spanish King, while though the Portuguese nobleman Don Cristovao de Moura does himself near to the new King of Portugal (and draws himself away from the "nationhood"). More than as work of historical-adventurous thematic accessible to younger (as to adult) sensibilities and of good readability, Wonderful Adventure of Don Sebastian has the weight that is given to it for what the work insinuates on the corruption of the mighty and on the worst of the Portuguese-Spanish relations in moments of attempt of unequal assimilation. And maybe because of that it is that yet today, in times in which the historical novel comes-off more "wore out till exhaustion" (seen that almost all that is beginner writer seems to try to start with works with plots or characters of some historical basis eventually for not having to make-up too much) eand in which this style of historical adventures "they don't make them like this any more", this text still got some interest if picked up by the current reader, and because maybe it be a good work for (like others across the world) "emigrate" to readers of younger ages while in intiation to reading and to literature.
These two books find themselves still for sale in Portugal on several editions (and by several publishers, but mainly by Bertrand Editora, traditional publisher of this author's work) and in old-book-sellers, beyond there existing copies of both in almost all Portuguese municipal libraries and several other.
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