terça-feira, 19 de maio de 2015

"As Aventuras de Zé Caracol", Noël de Arriaga // "The Adventures of Cheo Curl", Noël de Arriaga

Poderão alguns dizer que este é um livro dos infanto-juvenis ditos "para rapazes". Não será um julgamento muito errado, podendo-se até acrescentar que este livro tem mais o perfil de leitura para o tipo específico de jovens rapazes que procuram as aventuras de um tipo que na sua vida já cheia de actividades (embora não de aventuras do tipo que desejam propriamente), só a leitura deste tipo de livros lhes poderá dar. Aqui, a aventura é a vida de um latagão Transmontano, a personagem-título, que desde a infância tivera uns braços roliços e musculados que surpreendiam, de forma que aos 14 anos o seu pai lhe sugeriu que teria corpo para boxeur, sendo que, após alguns feitos de força (como derrubar uma árvore com 3 machadadas apenas), acaba por seguir para Lisboa para se propor ao empresário de boxe Vicente Lampreia. É em exibição para este empresário que Zé derruba o mais temido boxeur de Lisboa, o «Urso Polar» (um competidor para o título mundial e considerado «a maior esperança do boxe europeu») em 5 minutos, e depois toma o seu lugar (sem ter sequer treinador) no combate que o «Urso Polar» devia ter pelo título mundial, contra «o Negro de Casablanca» (que depois de derrubar o Zé no 2.º assalto, é derrubado com um murro de surpresa após o Português se erguer, chegada a contagem do árbitro a 5). Graças ao seu novo empresário Vicente Lampreia, Zé torna-se boxeur profissional e é levado aos Estado Unidos para competir com os boxeurs locais.
É após chegar a Nova Iorque que o enredo realmente começa: Zé recebe uma carta em Português de John Dreiser, um misterioso Brasileiro que se quer encontrar com o boxeur Português num bar para falarem, o que vem a acontecer pouco depois. Mr. John faz algumas propostas a Zé que implicam conviver mais com o ele e a sua filha Wanda (que se apresenta como nascida em Portugal e só se tendo mudado para Nova Iorque com 17 anos para explicar a falta de sotaque brasileiro), na casa apalaçada dos Dreiser nos arredores da cidade de Nova Iorque. Esta amizade preocupa muito (veremos que com razão) Vicente. Pouco depois de Zé conhecer os Dreiser, Rodolfo Braun, o oponente que ele devia confrontar, envia-lhe uma carta informando que não poderá participar no combate porque partiu a perna e portanto o combate só poderia ocorrer dentro de 15 dias. Pensando em passar os 15 dias com Mr. John e Wanda, quando se aloja na casa apalaçada destes para isso, vê-lhe proposta pelo rico Brasileiro perder de propósito em troco de uma avultada soma, o que o Português recusa, mas infelizmente o jardim da casa está bem guardada e da janela do seu quarto é impossível saltar (percebendo que estava encurralado). É Wanda que o ajuda a fugir, revelando-lhe que no fundo do jardim há um hangar com um helicóptero que pelo modelo mesmo um condutor não experiente poderia pilotar com umas instruções simples (que a jovem lhe dá), permitindo-lhe a fuga de helicóptero. Alguns metros para longe do terreno da casa de Mr. John, Zé salta de para-quedas e deixa o aparelho despenhar-se, vendo-se agora numa ilha habitada por Índios que ainda vivem de forma tradicional, e que se atribuem a descendência de Portugueses e Espanhóis (de facto eles falam igualmente Português, e com muito pouco estereótipo da fala dos Índios ficcionais) que outrora tinham desembarcado naquela ilha (e desde então nunca tinha sido visitados por estrangeiros, o que aliás lhes agrada).
Dois Índios (Dick e Telmo) encontram-no no meio do mato e levam-no ante o seu chefe, Chefe Dragão Azul (que mantinha o poder só por tirania e medo), que quer tratar o forasteiro como inimigo segundo a lei tradicional do seu povo, mas Zé usa do isqueiro e do rádio para impressionar os Índios como sendo um tipo de feiticeiro e é por isso colocado em liberdade condicional sob vigilância cuidadosa de Dick e Telmo. Incentivado pela sua feiticeira Nair (se se lembram da 1.ª publicação, isto pode lembrar-vos do truque do Almirante Good, do usurpador Tuala e da feiticeira Gagul em As Minas de Salomão, provável modelo de Arriaga), Dragão Azul decide prender o herói a uma árvore, e é quando um helicóptero chega, lhe estende uma escada, e isso lhe capacita de fugir: é Wanda, que ouviu a mensagem que ele emitira com o rádio quando tentava impressionar o chefe Índio, e viera socorre-lo. Juntos rumam a Nova Iorque, e enquanto Braun se treinava para o combate na nova data, Zé volta a reunir-se com o empresário e Wanda passa a residir com eles, e ao longo dos dias que sobram até ao combate ela descreve a sua verdadeira origem e mostra-lhe as vistas principais daquela parte dos EUA. Depois de Zé derrotar Braun, o trio volta a Portugal e Wanda fica em Lisboa onde se encontra ocasionalmente com Vicente, enquanto Zé volta à aldeia natal. A segunda parte do enredo começa com Vicente a visitar Zé na aldeia deste, e propôr-lhe que se junte a ele numa viagem na rota de um mapa de um tesouro em África que Zé Quanza (o falecido criado negro do empresário de boxeurs) lhe deixara em testamento. Nessa busca, o trio de novo reunido é opostos por «o Máscara de Ferro», um fora-da-lei de cara muito "esculpida" que pelo que parece procura o mapa desde os tempos em que Zé Quanza ainda estava vivo. O desafio dos 3 heróis é de sobreviver às armadilhas d'«o Máscara de Ferro» e da femme fatale que trabalha forçada por conta dele, sobreviver aos perigos da selva de África e encontrar o tesouro sem serem ultrapassados ou roubados pelo grupo rival d'«o Máscara de Ferro».
Noël de Arriaga constrói o enredo a partir do nascimento do herói, primeiro calmamente, mas não demasiado arrastadamente, e depois vai acelerando e ganhando um ritmo mais "cinematográfico", embora o leitor talvez leve algum tempo a habituar-se ao uso de algum linguajar popular (para o cenário transmontano principalmente) ou próprio dos meados do século XX (para além do curioso linguajar do guia Africano Chico, mais similar ao estereótipo do falar indígenas extra-europeu, mas com um uso de éles em vez de eres que lembra mais o estereótipo da fala chinesa, e aplicado a um negro faz lembrar vagamente o Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo da Guiné Equatorial hispanófona a tentar falar Português no seio da nova lusofonia oficial do seu país, embora este refira-se menos a si próprio na 3.ª pessoa), mas também pelo facto de de Arriaga (ao estilo da autora primeva de literatura infanto-juvenil portuguesa Virgínia de Castro e Almeida) pôr enredos escritos de forma teatral ou de argumento de cinema (e por vezes até didascálias teatrais) no meio de um texto de novela em prosa (algo a que o leitor logo se habitua). O prato forte do livro, para além das aventuras, é o espírito de combate e união fraternal de amigos unidos por um objectivo comum e a situação limite com que se confrontam. Liga-se um pouco com isto o facto de termos poucas informações (excepto o que sabemos do fundo de Wanda, sabermos que Vicente tinha um criado chamado Zé Quanza e teve ainda no passado problemas com «o Máscara de Ferro» e a narração inicial da infância e adolescência de Zé) sobre a vida dos heróis antes de se juntarem, como se só se concretizassem realmente depois de se juntarem para viver as suas grandes aventuras (o que talvez queira significar a busca do tesouro como realização pessoal e socioeconómica). Sem dúvida que as personagens que mais se desenvolvem e crescem ao longo do enredo, e que mais revelam (ou até criam) novas capacidades são o herói-título e o seu par feminino Wanda, o primeiro indo sempre desenvolvendo a sua força (não só física mas mental e emocional) e esta última descobrindo capacidades dedutivas de «Sherlock Holmes de saias» (nas palavras elogiosas de Zé) entre outras, ambos contribuindo muito para a sobrevivência e sucesso do trio e de Chico.
Noël de Arriaga (esta é a primeira vez que uma fotografia do autor surge online; retirada de um volume de adendas da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira de 1958)
Este «livrinho» (assim o chama a contra-capa do livro) publicado pela primeira vez em 1954 é assim um certo "repescar" do estilo da ficção de aventuras vitoriana e o seu espírito nacionalista e de desbravamento do mundo, e do equivalente português da viragem do século XIX para o XX (como lembram os muitos elementos derivados de As Minas de Salomão de Rider Haggard/Eça, essencialmente em toda a II Parte do «livrinho»), para entretenimento de rapazes juvenis (era parte da Colecção Juvenil da Clássica Editora, originalmente gerida pela já referida Virgínia de Castro e Almeida da década de 1900 às de 1940), não somente como entretenimento inspirado em elementos literários "passadistas", mas como entretenimento que se mantinha actual na altura da primeira publicação do livro, sendo que Portugal ainda era uma potência continental "ultramarina" e marítima (portanto um texto "à vitoriana" ou à viragem do século ainda tinha o seu valor para um país que ainda tinha uma estrutura política geral similar à do tempo da criação original dessas literaturas), para além de elementos como os da emigração profissional de Zé e Wanda e dos negócios e contactos profissionais internacionais de Vicente Lampreia serem também reais e concretos para os leitores jovens dos anos de 1950 e também da década seguinte. Noël de Arriaga, um poeta que ainda hoje é algo louvado e apreciado apesar de não ter um conhecimento da sua obra ante o Grande Público e que foi um autor produtivo e muito apreciado de novelas e contos fantásticos e realistas para crianças e jovens (maioritariamente editados pela Clássica Editora) ao longo dos anos de 1940 e de 1950 claramente queria pegar no modelo vitoriano-belle-époqueano intencionalmente para construir uma "leitura formativa" comparável para uma nova geração de jovens leitores, para os preparar para os desafios de uma vida mais moderna, globalizada e industrial, uma "leitura formativa" que fosse comparável com aquela que ele próprio provavelmente teria lido na infância nos anos de 1920 (nascera em 1918).
É curioso notar como este livro vive num pouco usual equilíbrio (nem sempre equilibrado) entre juvenil e infantil, tendo um enredo de aventura "para rapazes" e mesmo alguns temas que não destoariam muito nalguma ficção de aventuras mais adulta, com muitos diálogos e elementos do livro mais infantis, o que surge logo no título, com o ar caricato dado ao título pelo nome do seu herói, anunciando ao leitor um texto algo mais infantil do que o texto afinal é; mas o nome extravagante coincide com a natureza do seu herói, simples e com uma pureza algo infantil, apesar da sua força e têmpera. É pena que o livro (apesar das suas qualidades e da 2.ª edição de 1993) tenha caído no esquecimento, devido à forma como se colou com a realidade do seu tempo, e portanto foi outra das "vítimas" sacrificadas com o fim do Império Português e do seu colonialismo, deixando o livro de ser lido com os mesmos olhos num Portugal sem África e pós-colonial, em que haja menos inclinação para deixar o coração entusiasmar-se com promessas desportivas ficcionais que possam ser a glória da Europa contra competidores Norte-Americanos, o conceito sendo 'vítima fácil' para acusações de 'patrioteirismo bacoco' (embora em pleno século XXI talvez seja interessante reler o texto à luz da nova 'aventura africana' da empresa portuguesa e à luz de outros atletas Lusos a "darem cartas" lá fora, embora mais no futebol que no boxe). Quem quiser pode ler pelos próprios olhos em muitas bibliotecas onde há edições deste livro, principalmente nas da edição de 1993.


It may say some that this a book from the children's/young-people's ones said "for boys". It would not be a very wrong call, even one being able to add that this book has more the profile of read for a specific type of boys that look for adventures of a type that in their life already full of activities (although not of adventures of the type they desire proper), only the reading of this kind of books can give them. Here, the adventure is the life of a Trahs-os-Montes bulk, the title character that since childhood had some roly-poly and muscled arms that surprised, in fashion that at 14-years-old his father suggested him that he would have bodytype for boxeur, being that after some achievements of strength (like throwing-down a tree with 3 ax-blows alone), ends by following to Lisbon to offer up himself to the boxing impresario Vicente Eel. It is in exhibition for this impresario that Cheo throws down the most feared boxer of Lisbon, the «Polar Bear» (a competitor for the world title and considered «european boxing's greatest hope») in 5 minutes, and afterwardstakes his place (without having even a trainer) in the combat that the «Polar Bear» should have for the world title, against «the Black-man from Casablanca» (who after knocking-down Cheo on the 2nd round, is knocked-down with an aback punch afterwards to the Portuguese arising himself, arrived the referee's count to 5). Thanks to his new impresario Vicente Eel, Cheo turns himself professional boxeur and is taken to the United States to compete with the local boxers.
And afterwards to arriving to New York that the plot really starts: Cheo receives a letter in Portuguese from John Dreiser, a mysterious Brazilian that wants to meet-up with the Portuguese boxer on a bar to speak, what comes to happen little afterwards. Mr. John made some proposals to Cheo that imply that he hang out more with him and his daughter Wanda (who introduces herself as born in Portugal and only having moved to New York at 17 years-old to explain the lack of Brazilian accent), on the palace-like house of the Dreisers in the outskirts of New York City. This friendship concerns much (we shall see that with reasons to) Vicente. Little after Cheo meeting the Dreisers, Rodolfo Braun, the opponent that he should face, sends him a letter informing that he will not be able to participate in the combat because he broke his leg and hence the combat could only occur within 15 days. Think of spending the 15 days with Mr. John and Wanda, when he lodges himself in the palace-like house of theirs for that, he sees to him proposed by the rich Brazilian to loose on purpose in exchange for an extensive sum, what the Portuguese refuses, but unfortunetely the house's garden is well guarded and from his room's window it is impossible to jump-out (understanding that he was trapped). It is Wanda who to him helps to runaway, revealing him that at the bottom of the garden there is a hangar with a helicopter that by its model even an inexperienced driver could pilote with some simple instructions (which he young-lady gives him, permitting him the helicopter escape. Some feet faraway from the terrain of Mr. John's house, he jumps by parachute and leaves the device crash itself down, seeing himself now on an island inhabited by American Indians that live still on traditional way, and who attribute themselves the descent of Portuguese and Spaniards (in fact they speak equally Portuguese, and with very little fictional American Indian speak stereotype) that yore had debarked on that island (and since then had never been visited by foreigners, what as a matter of fact pleased them).
Two Indians (Dick andTelmo) find him in the middle of the backwood and take him before their chief, Chief Blue Dragon (who kept power only by tyranny and fear), who wants to treat the outsider as enemy according to his people's traditional law, but Cheo uses of his lighter and his radio to impress the Indians as being a kind of wizard and is for that put out in parole under careful vigilance of Dick and Telmo. Spurred by his sourceress Nair (if you remember the first post, this might remind you Admiral Good's trick, the usurper Tuala and the sourceress Gagul in As Minas de Salomão/"Solomon's Mines, likely model to Arriaga), Blue Dragon decides to bind the hero to a tree, and it is when a helicopter arrives, reaches him a rope ladder and that enables him to runaway: it is Wanda, who heard the message that he broadcasted with the radio when he tried to impress the Indian chief, and had come to aid him. Together they roam to New York, and while Braun trained himself for the combat on the new date, Cheo goes pack to reunite with the impresario and Wanda passes to reside with them, and throughout the remaining days till the combat she descrives her true background and shows him the main sights of that part of the USA. Afterwards to Cheo defeating Braun, the trio goes back to Portugal and Wanda stays in Lisbon where he meets up occasionally with Vicente, while Cheo goes back to his birth village. The plot's second part starts with Vicente visiting Cheoin the latter's village, and proposing him that he joins in with him on a voyage on the route of a map of a treasure in Africa that Cheo Quanza (the deceased black servant of the boxers impresario) to him had left in his will. In that search, the trio again gathered is opposed by «the Iron Mask», an outlaaw of very sculpted face that so it seems is looking for the map since the times in which Cheo Quanza was still alive. The challenge of the 3 heroes is to survive to the traps o' «The Iron Mask» and of the femme fatale who works forcefully on his bidding, surviving to the dangers of Africa's jungle and finding the treasure without being overcome or stollen by «the Iron Mask»'s rival group.
Noël de Arriaga constructs the plot starting-out from the hero's birth, first calmly, but not too draggingly, and afterwards goes accelerating and gaining a more "cinematic" rhythm, although the reader takes some time to get used to some folksy parlance (for the Trahs-os-Montes scenario mainly) or proper to the mid-20th century (besides the curious parlance of the African guide Chico, more similar to the 
stereotype of the extra-european indigenous speak, but with a use of ls instead of rs that recalls more the Chinese speak stereotype, and applied to a black-man does recall vaguely the President Teodoro Obiang Nguema Mbasogo from the Spanish-speaking Ecuatorial Guinea at trying to speak Portuguese in the midst of his country's new official Portuguese-speaking, although the latter refers to himless in the 3rd person), but also for the fact that de Arriaga (on the style of the Portuguese early children's/young-people's literature author Virginia de Castro e Almeida) put plots written in theatrical or film script form (and sometimes even theatrical stage-directions) in the middle of a text of novella in prose (something to which the reader right-away gets used to). The book's main dishe, beyond the adventures, is the fighting and common goal and faced breaking-point situation united friends' fraternal union spirit. It connects itself with the fact we got very few information (except what we know about Wanda's background, we know that Vicente had a servant called Cheo Quanza and had in the past problems «the Iron Mask» and the early narration of Cheo's childhood and adolescence) on the life of the heroes before that they do join-up, as if they only fulfiled themselves for real after joining themselves to live their great adventures (what maybe might mean the search for the treasure as personal and social-economic fulfilment). Without question that the characters that more do develop and grow along the plot, and more reveal (or even create) new capabilities are the title hero and his female pairing Wanda, the first one going on developing his strength (not just physical but mental and emotional) and the latter discovering deductive capabilitis of a «lady Sherlock Holmes» (in Cheo's complimentary words) among others, both contributing much for the survival and success of the trio's and Chico's.
Noël de Arriaga (this is the first time that a photograph of the author comes-up online; taken out from a volume of addenda of the Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira/"Great Portuguese and Brazilian Encyclopedia" from 1958)
This «little-book» (so calls it the book's backcover) published for the first time in 1954 is thus a certain "re-fishing" of the victorian adventure fiction's style and of its nationalist spirit and of pioneering open the world, and of the turn from 19th to 20th century Portuguese equivalent (as recall it the many elements derived from Rider Haggard/Essa's As Minas de Salomão/"Solomon's Mine", essentially the whole II part of the «little-book»), for the entertainment of juvenile boys (it was part of the Clássica Editora's Colecção Juvenil/"Young-people's Collection", originally managed by the already mentioned Virginia de Castro e Almeida from the 1900s to the 1940s decade), not merely as entertainment inspired in "past-worshippping" literary elements, but as entertainment that kept itself current in the time-point of the book's first publication, being that Portugal still was a continental "overseas" and maritime power (hence a text "à la victorian" or à la turn of the century still had its value for a country that still had a general political structure similar to the one of the time of the original creation of those literatures), besides the elements like the ones of the professional migration of Cheo and Wanda and international business contacts of Vicente Eel's being also real and concrete for the young readers from the 1950s and also the following decade. Noël de Arriaga, a poet still today and somewhat praised and appreciated despite not having knowledge within the general public of his work, and who was a productive and very appreciated author of fantasy and realistic novellas and short-stories for children and young people (mostly published by the Clássica Editora) throughout the 1940s and 1950s clearly wanted to pick-up the victorian-belle-époquean model intentionally to build a comparable "bildungsroman reading" for a new generation of young readers, to prepare them for the challenges of more modern, globalised and industrial life, a "buildungsroman reading" that were comparable to that one that he himself probably would have read in his childhood in the 1920s (he had been born in 1918).
It is curious to note how this book lives on a little usual balance (not always balanced) between young-people's and childish, having a "boy's own" adventure plot and even some themes that would not look much out of place in some more grown-up adventure fiction, with many dialogues and elements from the book more childish, what comes up right-away on the title, with the cartoonish air given by the name of the hero, announcing to the reader a somewhat more childish text than what the text at the end of it is; but the extravagant name coincides with the nature of its hero, simple and with a somewhat childish purity, despite his strength and tempering. It is a shame that the book (despite his qualities and the 1993 2nd edition) had fallen into oblivion, due to the way how it glue itself with the reality of its time, and hence was another of the sacrificed "victims" of the end of the Portuguese Empire and its colonialism, ceasing the book to b read with the same yes in a Portugal without Africa and postcolonial, in which there is less inclination to let the heart excite itself with fictional sports great hopes that might be Europe's glory against North American competitors, the concept being 'easy prey' for accusations of 'knobbish chauvinism' (although well into the 21st century maybe it is interesting reread the text in light of the new 'african adventure' of the Portuguese company and in light of other Luso athletes "calling the shots" abroad, although more in International Association football than in boxing. Whoever wants may read with their own eyes in many Portuguese libraries where there are editions of this book, mainly in the ones of the 1993 edition.

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