Tal como os livros do matemático que assinou os livros infantis Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho sob o pseudónimo de Lewis Carroll frequentemente não caiem no gosto dos leitores (pelo menos nas suas versões completas) por ser trabalhosa a tarefa de ler e entender (apesar do charme de nos mostrarem mundos novos e que se questionam a si próprios, e às nossas expectativas e noções), com até autores letrados (como Teolinda Gersão) a admitirem por vezes terem um grande desgostar da Alice, e tal como como tudo o que se associe com essa obra cria grande discussão mesmo entre fãs dela (lembre-se a grande discussão que havia em torno da sequela do livro original feita pelo filme homónimo de Tim Burton mesmo antes da estreia), muito disso mesmo se poderá aplicar a esta outra obra, agora portuguesa e injustamente esquecida, que tratamos nesta publicação. Até o prefácio da obra por Maria Amália Vaz de Carvalho (uma figura culturalmente influente de meados-final do século XIX e uma espécie de decana ou 'madrinha' da literatura infanto-juvenil, apesar de só ter sido autora de duas obras de contos suas, uma co-escrita com o marido, o poeta mulato Luso-Brasileiro Gonçalves Crespo, tendo ela porém escrito imensos prefácios para obras doutros, e ajudado à promoção de novas obras com a sua aprovação, o que valeu a Maria Amália Vaz de Carvalho dar nome a um prémio para este tipo de literatura que existiu durante o Estado Novo) parece desculpar a estranheza (à luz da literatura infantil da época) do humor e ironia usado pela autora, tentando até 'culpar' o facto de a obra ser assim (apesar de lhe reconhecer qualidades) na juventude da autora (referindo-se a ela como «A criança» e dizendo que «tem uma imaginação extraordinariamente poderosa, que nenhum conhecimento posterior ainda contrabalança»).
Quanto à influência de Maria Amália Vaz de Carvalho na literatura infanto-juvenil do seu tempo, corte para o Tema d'O Padrinho de Nino Rota.
A autora deste livro, Maria Sofia Machado (de) Santo Tirso era de facto bastante jovem (não se sabe muito de concreto sobre ela, mas abaixo vê-se uma provável fotografia do fotógrafo Judeu Português Joshua Benoliel de uma festa de quermesse de tema japonês onde estava presente que se passou só um ano antes da publicação de A Boneca Côr de Rosa (por vezes grafado Côr-de-Rosa) em 1910 (o livro tem sido em bibliografias e estudos sobre literatura infantil que por vezes atribuíram o livro erradamente aos anos de 1916 e de 1924, devido às poucas edições posteriores à primeira que são dessas datas e à raridade de edições e informação sobre autora e obra, erro que a Internet e o catálogo em-linha da Biblioteca Nacional de Portugal vieram corrigir), o que mostra que provavelmente de Santo Tirso estava na sua adolescência aquando da escrita e publicação do livro.
Mas os comentários de Vaz de Carvalho deviam-se menos a esse facto e mais à visão pessoal desta da literatura para crianças (a idade da autora somente lhe dava uma 'justificação' que usa para paternalisticamente 'desculpar' este livro por sequer existir), pois não 'percebia' ou 'permitia' de todo na nossa literatura obras lúdicas (então em imensa minoria em Portugal), não didácticas e não edificantes (enquanto 'madrinha' da literatura infantil na altura), afirmando dos contos deste livro de colectânea que eles «não são contos úteis, não ensinam nada, não têm a pretensão de ser contos instrutivos, não servirão de compêndio para exames do primeiro grau. São absolutamente inverosímeis… são contos de imaginação pura.» Isto dito como sendo mau. Infelizmente, mesmo hoje que visões puramente pedagógicas da literatura para leitores mais jovens foram derrotadas em Portugal e pelo mundo fora, podemos dizer que este livro (que merecia ser um clássico para várias gerações de Portugueses como um Alice no País das Maravilhas da lusofonia) nunca recuperou deste facto de ter sido apoiado brandamente (e com insulto encapotado) pelo seu próprio prefácio. É já bem tempo de recuperar este livro para o seu lugar devido no "panteão" da nossa literatura infanto-juvenil e para leitores actuais.
O livro contém, para além da estória principal que é sobre uma boneca na verdade muito pouco inanimada que é essencialmente a única coisa que não é azul num país onde tudo é azul (o filho do jardineiro de uma «princesa azul» de outro país que quer ver cravos azuis parte a cavalo para encontrar o país azul que a sua avó tinha conhecido pelo dizer da fada Melusina, personagem do folclore da Europa centro-ocidental, e depois de chegar a Lisboa o rapaz recebe de um pássaro azul uma pena para servir de passaporte para o reino azul guardado por Melusina e traz de lá os cravos que porém não alegram a «princesa azul» como esperado, até lhe ser trazida a dita boneca), e de A Menina das Estrelas (que deve algo ao estilo conto O Menino-Estrela de Oscar Wilde embora a menina loira e de olhos azuis do título, Amarilis, não seja uma figura maravilhosa caída das estrelas como o menino de Wilde mas sim uma criança comum que ante o desconhecimento do pai sobre a origem das estrelas parte pelo céu primeiro para a descobrir por si própria a patinar e depois na invenção então recente do aeroplano acompanhada do gnomo do luar D. Rui Gabriel e a estátua do Duque de Saldanha, que porém marcha em vez de patinar porque não sabe fazer a segunda, embora apanhe o aeroplano junto com os outros dois viajantes).
Mas os comentários de Vaz de Carvalho deviam-se menos a esse facto e mais à visão pessoal desta da literatura para crianças (a idade da autora somente lhe dava uma 'justificação' que usa para paternalisticamente 'desculpar' este livro por sequer existir), pois não 'percebia' ou 'permitia' de todo na nossa literatura obras lúdicas (então em imensa minoria em Portugal), não didácticas e não edificantes (enquanto 'madrinha' da literatura infantil na altura), afirmando dos contos deste livro de colectânea que eles «não são contos úteis, não ensinam nada, não têm a pretensão de ser contos instrutivos, não servirão de compêndio para exames do primeiro grau. São absolutamente inverosímeis… são contos de imaginação pura.» Isto dito como sendo mau. Infelizmente, mesmo hoje que visões puramente pedagógicas da literatura para leitores mais jovens foram derrotadas em Portugal e pelo mundo fora, podemos dizer que este livro (que merecia ser um clássico para várias gerações de Portugueses como um Alice no País das Maravilhas da lusofonia) nunca recuperou deste facto de ter sido apoiado brandamente (e com insulto encapotado) pelo seu próprio prefácio. É já bem tempo de recuperar este livro para o seu lugar devido no "panteão" da nossa literatura infanto-juvenil e para leitores actuais.
"As meninas Luísa Salema (Avilez), Maria Sofia Santo Tirso, Maria José Santo Tirso e Maria Avilez" (reportagem "A quermesse no parque Gandarinha, em Cascais", revista Ilustração Portuguesa, N.º 193 de 1 de Novembro de 1909)
Esta obra (da qual Santo Tirso escreveu um "herdeiro espiritual" noutros livros de contos no mesmo estilo e com o mesmo sentido de humor, Era uma vez.... Contos para crianças de 1916 (por vezes confundido em estudos de literatura infanto-juvenil com A Boneca Cor de Rosa, a data deste último sendo por isso dada erradamente como 1916, e textos que só surgem aqui sendo referidos como incluídos em A Boneca Cor de Rosa), Alegre-a-linda, e outros contos para crianças de Portugal de 1922 (confundida como obra anterior a A Boneca Cor de Rosa por aqueles que tomam a data original d'A Boneca Cor de Rosa como 1924), e os apontamentos sentimentais Setas de pontas de oiro (planeados para impressão no Natal de 1925), foi apesar de tudo marcante no seu tempo (como prova a necessidade de um segundo livro no mesmo género do primeiro, Maria Sofia de Santo Tirso foi das principais autoras da literatura infanto-juvenil do seu tempo, apesar de uma obra completa pequena de só duas obras curtas) por se afastar da concepção já antiga da escrita de instrução e aconselhamento através de histórias escritas por uma espécie de 'ficcionista-mestre-escola' pela originalidade, ousadia, ironia e busca de diversão do seu leitor. A obra em causa é uma colectânea de contos e textos curtos com nenhuma ligação entre si fora o tom dos mesmos, um tom irónico e divertido que se vê quer nos enredos, quer nas personagens, quer na atmosfera das diversas estórias.O livro contém, para além da estória principal que é sobre uma boneca na verdade muito pouco inanimada que é essencialmente a única coisa que não é azul num país onde tudo é azul (o filho do jardineiro de uma «princesa azul» de outro país que quer ver cravos azuis parte a cavalo para encontrar o país azul que a sua avó tinha conhecido pelo dizer da fada Melusina, personagem do folclore da Europa centro-ocidental, e depois de chegar a Lisboa o rapaz recebe de um pássaro azul uma pena para servir de passaporte para o reino azul guardado por Melusina e traz de lá os cravos que porém não alegram a «princesa azul» como esperado, até lhe ser trazida a dita boneca), e de A Menina das Estrelas (que deve algo ao estilo conto O Menino-Estrela de Oscar Wilde embora a menina loira e de olhos azuis do título, Amarilis, não seja uma figura maravilhosa caída das estrelas como o menino de Wilde mas sim uma criança comum que ante o desconhecimento do pai sobre a origem das estrelas parte pelo céu primeiro para a descobrir por si própria a patinar e depois na invenção então recente do aeroplano acompanhada do gnomo do luar D. Rui Gabriel e a estátua do Duque de Saldanha, que porém marcha em vez de patinar porque não sabe fazer a segunda, embora apanhe o aeroplano junto com os outros dois viajantes).
Ao contrário do que dizia o volume 2 do Dicionário de Literatura: literatura portuguesa, literatura brasileira, literatura galega, estilística literária de Jacinto Prado Coelho, não é em A Boneca Cor de Rosa mas em Era uma vez. . . Contos para crianças (como se pode julgar pela não inclusão na reedição de 1981) que surgem textos curtos como o apontamento Mitologia para Miúdos, que faz uma espécie de primeira introdução de crianças à mitologia grega escrita com o tom galhofeiro do resto do texto e tentando "trocar por miúdos" esta mitologia que no seu todo não "própria para menores" (se A Boneca Cor de Rosa tem só dois contos, como se vê na reedição de 1981, Era uma vez. . . Contos para crianças tem uns quantos contos até perfazerem no total mais de uma mão cheia de textos curtos; por contraponto Alegre-a-linda teria uns 20). Numa das coisas que tanto chateavam autores mais didácticos como Vaz de Carvalho em livros deste tipo, Santo Tirso trata todas as narrações deste texto como se a questão da realidade ou qualidade imaginária dos enredos contados não importasse, contando a estória simplesmente como é, ora optando por uma atmosfera de sonho, ora seguindo o estilo dos contos-de-fadas tradicionais 'genuínos', ora (como em Mitologia para Miúdos) têm a forma de texto de não-ficção sobre dado tema. Aqueles contos mais oníricos podem frustrar leitores mais 'tradicionais' por terem enredos não muito 'direitinhos' (visto que seguem lógica de sonho, e não do enredo de ficção linear mais típico e tradicional).
Ajuda a perceber melhor esta obra tendo em mente a época em que viveu e escreveu Maria Sofia de Santo Tirso (na grafia da época Maria Sophia de Santo Thyrso). Esta autora escreveu a sua primeira obra durante o maior aprofundamento da industrialização em Portugal desde que foi verdadeiramente lançada pelo Fontismo nos meados-finais do século XIX, e quando em Lisboa e Porto e por muito do país as actividades económicas do sector terciário (serviços e profissões liberais) se iam multiplicando, aumentava e fortaleciam-se as bases de uma sociedade aburguesada, começavam a diluir-se as barreiras entre uma cultura popular para leitores de classe mais "popular" (o chamado "cordel") e uma cultura popular para leitores de classe mais burguesa, começando toda a sociedade a partilhar os mesmos livros populares mainstream (separando-os claro os livros literatos/eruditos não-mainstream) e os mesmos jornais e revistas, principalmente para o crescente espaço da classe média da classe operária remedia/média-baixa à classe baixo-burguesa/média-alta. Na geopolítica, Portugal conseguira apesar de ceder inevitavelmente ao Ultimato Britânico manter um Império Colonial substancial, a Grã-Bretanha tornando-se porém o incontestável poderio mundial, e influência cultural (começando a partilhar espaço com a velha influência cultural mundial da França), em Portugal a monarquia acabava e implantava-se a República que o povo recebeu com um céptico dar de esperança depois das últimas duas décadas de decadência da Monarquia Constitucional, os 'ventos' da guerra começavam a acumular-se lenta e ainda imperceptivelmente para os Europeus, e a ascensão dos Americanos ao "palco mundial" estava para breve.
Esta era uma época de paradoxos, de expansão de Estados "à custa" de povos pré-Estatais, em que começavam a inserir-se políticas sociais de influência socialista nos regimes liberais e conservadores mesmo em monarquias e os sindicatos (então maioritariamente dominados pelo anarco-sindicalismo) começavam a fortalecer-se e organizar-se pelo mundo fora mesmo enquanto a economia (e a política) continuava(m) centrada(s) no lucro e continuava aquele industrialismo explorador dickensiano na maioria dos países (embora por exemplo nos EUA empresários como Henry Ford criassem a figura do patrão capitalista benevolente), a tecnologia evoluía quase ao ritmo da ficção científica de então e tudo parecia possível ao mesmo tempo que a sociedade continuava com vários problemas, e enquanto as crianças continuavam a ser mão-de-obra rural e industrial aceitável começava-se na cultura, imprensa e política a ponderar o papel da criança de formas diferentes.
fotografia de meados do século XX de uma Maria Sofia Cirilo Ma-
chado de Santo Tirso que pode ser a autora dese livro.
Juntemos a tudo isto a referida influência cultura inglesa (o modelo sempre presente de Lewis Carroll) e começamos a perceber de onde surgiu esta obra de Santo Tirso: a sua mistura de tradição, espírito divertido optimista e ironia e 'modernices' (pelo menos para a época) que subvertem as convenções do género do fantástico infantil da época. Assim todo este questionamento e ironia é o 'queirosianismo' de Santo Tirso, a sua forma de ironizar a sociedade e de ver a realidade do seu tempo, sendo assim que a sua obra não é só fantasia e nonsense ao alcance das crianças latinas (pegando no conceito de outra autora de nonsense infantil do século XX português Virgínia de Castro e Almeida). Embora não indo tão longe no nonsense e no desafiar dos valores do leitor como a obra carrolliana, já temos aqui um grande nível de imaginativo, de pouco usual e pouco convencional nas diversas estórias, de uma forma que a juventude da autora podemos dizer que 'ajudou', visto que vê-la evitar as convenções, os pruridos e as intenções de um autor adulto do seu tempo (principalmente das autoras femininas, que se considerava na altura que deviam criar obras "próprias" para filhos ou netos que eventualmente tivessem). Pode não ser um 'puzzle' de significações lógicas (e mesmo matemáticas e de jogos de cartas e de xadrez) tão complexo como a Alice, mas este livro pode surpreender-vos mais do que pode parecer à primeira vista. Se não é uma leitura fácil ou mais típica para leitores infantis, porém A Boneca Cor de Rosa (como Alegre-a-linda) têm o valor da sua fantasia, do seu não-convencionalismo, da sua auto-ironia e outros brilhantismos de estilo admiráveis de ver numa obra de um autor então por volta da sua adolescência, e que ainda no século XXI poderá agradar a leitores.
Este livro (principalmente nas edições mais antigas) é hoje raro em bibliotecas e alfarrabistas. Em bibliotecas municipais surge nalgumas do Porto, na Lúcio Craveiro da Silva de Braga (que tem a edição de 1981 da editora A Regra do Jogo que, com 29 páginas de texto com ilustrações de Adelaide Penha e Costa (interessantes no seu traço naïf mas detalhado e vívido simultaneamente e que usam da "moda" da época de escrita da obra para "vestir" os personagens, como se pode ver da capa acima) incluídas em quase todas as páginas e 2 páginas de intervalo, só tem o conto título e A Menina das Estrelas e na Biblioteca Municipal Alexandre O'Neill de Constância (que tem a mesma edição de 1981), para além de edições de 1910 e 1981 na Biblioteca Nacional de Portugal em Lisboa.
Like the books of the mathematician who signed the children's books Alice in Wonderland and Through the Looking Glass under the pseudonym of Lewis Carroll frequently don't fall into the liking of readers (at least in their full versions) due to being labourious the task of reading and understanding (despite of the charm of to us showing worlds new and that question to themselves, and to our expectations and notions), with even litterati authors (like Teolinda Gersão) admiting sometimes having a big disliking of the Alice, and such as with all that to itself associates with that work creates a big discussion even among fans of it (let it be reminded the big argument that there was around the sequel of the original book done by the namesake Tim Burton film even before the premiere), much of that can be applied to this work, now Portuguese and unfairly forgotten, that we treat in this post. Even the foreword of the work by Maria Amalia Vaz de Carvalho (a culturally influent figure of mid-late 19th century and a kind of dean or 'godmother' of the children's/young-people's literature, despite only having been author of two works of short-stories of her own, one co-written with the husband, the mulato Portuguese-Brazilian poet Gonçalves Crespo, having she though writen loads of forewords for works of other, and aided to the promotion of new works with her aproval, what was worth to Maria Amalia Vaz de Carvalho the naming of an award to this kind of literature that existed during the Portuguese New State dictatorship) seems to excuse the strangeness (on light of the children's literature of the period) of the humour and irony used by the author, trying even 'to blame' the fact of the work being so (despite recognizing it qualities) on the author's youth (refering to her as «The child» and saying that «[she] has an extraordinarily powerful imagination, that no hinder knowledge still counterbalances»).
About Maria Amalia Vaz de Carvalho's influence in her period's children's/young-people's literature, cut to Nino Rota's The Godfather theme.
The author of this book, Maria Sofia Machado (de) Santo Tirso was in fact rather young (it is not known much of concrete on her, but below it is seen a likely photograph of the Portuguese Jewish photographer Joshua Benoliel of a kermis party of Japanese theme where she waspresent that transpired just one year before the publication of A Boneca Côr de Rosa (sometimes writ Côr-de-Rosa) in 1910 (the book has been in bibliographies and studies on children's literature that sometimes atribute the book wrongly to the years of 1916 and of 1924, due to the few editions posterior to the first that are from those dates and the rarety of editions and informations on the author and the work, mistake that the internet and the online catalogue of the Portugal National Library came to correct), what shows that likely de Santo Tirso was in her adolescency around the writing and publication of the book.
But the commentaries of Vaz de Carvalho were due less to that fact and more to the personal vision of hers of the literature for children (the age of the author merely gave her a 'justification' that she uses for paternalistically 'excuse' this book for even existing), as she did not 'understand' or 'permite' at all in our literature works being ludic (then in immense minority in Portugal), not didatic and not edifying (while 'godmother' of Portugal's children's literature of the time), stating on the short-stories from this collection book that they «are not useful tales, do not teach anything, do not have the pretension of being instructive tales, shall not serve as compendium for first grade exams. They are absolutely implausible… they are tales of pure imagination.» This being said as being bad. Unfortunetely, even today that visions purely pedagogical of the literature for younger readers were defeated in Portugal and throughout the world, we can say that this book (which deserved to be a classic for several generations of Portuguese like an Alice in Wonderland from Lusophony) never recovered from this fact of having been supported blandly (and with cover insult) by its own foreword. It is already well past the time of recovering this book for its proper place in the "pantheon" of our children's/young-people's literature and for current readers.
The book contain, besides the main story that is about a doll in truth very little inanimate that is essentially the only thing that is not blue in a country where everything is blue (the son of the gardner of a «blue princess» of another country who wants to see blue carnations departs on horse to find the blue country that his grandmother had known through the saying of fairy Melusine, character from the folklore of central-western Europe, and after arriving to Lisbon the boy receives from a blue bird a feather to serve as passport for the blue kingdom kept by Melusine and brings from there the carnations that nevertheless do not rejoice the «blue princess» as expected, until it is brought to her said doll), the one of A Menina das Estrelas ("The Little Star Girl", which owes something to the style of Oscar Wilde's The Star-Child although the blong girl with blue eyes of the title, Amarilis, is not a wondrous figure fallen from the stars like Wilde's little-boy but a common child that before the lack of knowledge of her father on the origin of the stars departs through the sky first iceskating and afterwards in the the invention then recent of the airplane accompanied by the moonlight gnome Don Rui Gabriel and the statue of the Duke of Saldanha, which though marches instead of skating because he doesn't know how to do the latter , although he catches the airplane together with the other two travellers).
"As meninas Luísa Salema (Avilez), Maria Sofia Santo Tirso, Maria José Santo Tirso e Maria Avilez" (reportagem "A quermesse no parque Gandarinha, em Cascais", revista Ilustração Portuguesa, N.º 193 de 1 de Novembro de 1909)
This work (of which Santo Tirso wrote a "spiritual heir" in other books of tales in the same style and with the same sense of humour, Era uma vez.... Contos para crianças from 1916 ("Once upon a time... Tales for children", sometimes confused in studies of children's/young-people's literature with The Pink Coloured Doll, he date being due to that given wrongly as 1916, and texts that only appear here being referred as included in The Pink Coloured Doll), Alegre-a-linda, e outros contos para crianças de Portugal from 1922 ("Joyful-the-beautiful, and other tales for children of Portugal" mistaken for the previous work towards The Pink Coloured Doll by those who take the original date of The Pink Coloured Doll as 1924), the sentimental notes of Setas de pontas de oiro ("Arrows with gold tips", planned for printing in the Christmas of 1925), was despite it all very marking in its time (as it proves the need of a second book of the same genre of the first, Maria Sofia de Santo Tirso was one of the main authors of children's/young-people's literature of her time, despite a small full work of only 3 or 4 short works) due to casting herself apart of the conception already ancient of the writing of instruction and advising through stories written by a kind of 'fiction-writer-schoolmaster' by originality, daring, irony and the search of amusement of her reader. The work at case is a collection of short-stories and short texts with no connection amongst themselves aside the tone of said stories, an ironical and fun tone that sees itself both in the plots, and in the characters, and in the atmosphere of the diverse stories.The book contain, besides the main story that is about a doll in truth very little inanimate that is essentially the only thing that is not blue in a country where everything is blue (the son of the gardner of a «blue princess» of another country who wants to see blue carnations departs on horse to find the blue country that his grandmother had known through the saying of fairy Melusine, character from the folklore of central-western Europe, and after arriving to Lisbon the boy receives from a blue bird a feather to serve as passport for the blue kingdom kept by Melusine and brings from there the carnations that nevertheless do not rejoice the «blue princess» as expected, until it is brought to her said doll), the one of A Menina das Estrelas ("The Little Star Girl", which owes something to the style of Oscar Wilde's The Star-Child although the blong girl with blue eyes of the title, Amarilis, is not a wondrous figure fallen from the stars like Wilde's little-boy but a common child that before the lack of knowledge of her father on the origin of the stars departs through the sky first iceskating and afterwards in the the invention then recent of the airplane accompanied by the moonlight gnome Don Rui Gabriel and the statue of the Duke of Saldanha, which though marches instead of skating because he doesn't know how to do the latter , although he catches the airplane together with the other two travellers).
Unlike what it said the volume 2 of the Dicionário de Literatura: literatura portuguesa, literatura brasileira, literatura galega, estilística literária ("Literature Dictionary: Portuguese literature, Brazilian literature, Galician literature, literary stylistics") by Jacinto Prado Coelho, it is not in The Pink Coloured Doll but in Once Upon a time. . . Tales for children (as one can judge through the non-inclusion in the 1981 reedition) that come-up short texts like the note Mitologia para Miúdos ("Mythology for Kids"), which does a kind of first introduction of children to the Greek mythology written with the banting tone of the rest of the rest of the text and trying to "shorten it for kids" this mythology that in its whole is not "proper for minors" (if The Pink Coloured Doll has only two tales, as it is seen in the 1981 reedition, Once upon a time. . . Tales for children has a couple of tales up till them making up in total more than a handful of short texts; as counterpoint Joyful-the-beautifulwould have some 20). In one of the things that so much did annoy more didatical authors as Vaz de Carvalho in books of this kind, Santo Tirso treats all the narrations of this text as if the question of the reality or imaginary quality of the plots told did not matter, telling the story simply as it is, either opting for an atmosphere of dream, either following the style of the 'genuine' traditional fairy tales, either (like in Mithology for Kids) they have the form of non-fiction text on a given theme. Those more oniric tales may frustrate more 'tradicional' readers for not having very 'straight' plots (seen that they follow dream logic, and not the one of the plot of more typical and traditional linear fiction).
Helps to understand better this work having in mind the period in which it lived and wrote Maria Sofia de Santo Tirso (in the spelling of the period Maria Sophia de Santo Thyrso). This author wrote her first work during the greatest deepening of the industrialization in Portugal since it was trully launched by the Fontes-Pereira-de-Melo-rule in the mid-late-19th century, and when in Lisbon and Oporto and throughout much of the country the economical activities of the tertiary sector (services and liberal professions) went multiplying themselves,increased and strengthened the foundations of a bourgeoining society, started to dilute themselves the barriers between a popular culture for readers of a more "popular" class (the so-called "pulp") and a popular culture for readers of more bourgeois class, starting all the literate society to share the same mainstream popular books (separating them of course the non-mainstream literate/scholarly books) and the same newspapers and magazines, mainly for the growing space of the middle class from the comfortably-off/lower-middle working class to the lower-bourgeois/upper-middle class. In geopolitics, Portugal had been able despite giving in to the British Ultimatum to keep a substantial Colonial Empire, Great Britain becoming though the uncontested world powerhouse, and cultural influence (starting to share room with the old world cultural influence from France), in Portugal the monarchy ended and it established itself the Republic that the people received with a skeptic casting of hopes afterwards the lastt two decades of decadence of the Constitutional Monarchy, the 'winds' of war started to accumulate slow and yet imperceptibly for the Europeans, and the ascent of the Americans into the "world stage" war to be near.
It was a period of paradoxes, of expansion of states "at the expense" of the pre-statal powers, in which it started to insert themselves social policies of socialist influence into the liberal and conservative regimes even in monarchies and the trade unions (then majoritarily dominated by the anarcho-syndicalism) started to strengthen and to organise themselves throughout the world even when the economy (and politics) continue(d) centered on the profiting and it continued that dickensian exploratory industrialism in the majority of the countries (although for example in the USA businessmen like Henry Ford created a figure of benevolent capitalist boss), the technology evolved almost to the rhythm of the science fiction from back then and everything seemed possible at the same time that society continued with several problems, and while the children continued being acceptable rural and industrial labor it started itself in the culture, press and politics to ponder the role of the child in different ways.
Mid-20th century photograph of one Maria Sofia Cirilo Ma-
chado de Santo Tirso who may be the author of this book.
Adding to all this the mentioned English cultural influence (the ever present model of Lewis Carroll) and we start to understand out of where came up this work of Santo Tirso: its mixture of tradition, optimist amused spirit and irony and 'modern junk' (at least for the time) that subvert the conventions of the children's fantasy genre of the period. So all this questioning and irony is the 'queirosianism' of Santo Tirso, her form of making irony out of society and of seeing the reality of her time, being so that her work is not only fantasy and nonsense to the reach of Latin children (picking up the concept of another author of children's nonsense from the Portuguese 20th century Virginia de Castro e Almeida). Although not going as far on nonsense and in the callenging of the values of the reader as the carrollian, we already got here a big level of imagining, of unusual and unconventional in the varied stories, in a way that the youthfulness of the author we can say it 'helped', seen that seeing her avoiding the conventions, the pruritus and the intentions of a grown-up author from her time (mainly the female authors, of whom it was considered at the time that they should create works "proper" for children and grandchildren that eventually they would have). It may not be a complex 'puzzle' of logical significations (and even mathematical ones and of card and chess games) as complex as the Alice, but this book may surprise you more than it may seem at first sight. If it is not an easy or more typical reading for children readers, nevertheless The Pink Coloured Doll (like Joyful-the-Beautiful) have the value of their fantasy, of their unconventionality, of their self-irony and other brilliancies of style admirable to see in a work of an author then around her adolescency, and that still in the 21st century could please to readers.
This book (mainly in the older editions) is today rare in libraries and old-book-sellers. In municipal libraries it comes up on a couple from Oporto, on the Lúcio Craveiro da Silva from Braga (which has the 1981 edition of the A Regra do Jogo publisher that, with 29 pages of text with illustrations by Adelaide Penha e Costa (interesting in their simultaneously naïf but detailed and vivid line and that used the "fashion" of the period of the work's writing for "dressing-up" the characters, as it can be seen in the cover above) and in the Alexandre O'Neill Municipal Library from Constancia (which has the same 1981 edition), besides the 1910 and 1981 editions on the Portugal National Library in Lisbon.