quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

"Eurico, o Presbítero", Alexandre Herculano // "Eurico, the Presbyter", Alexandre Herculano

Entre livros que se tornam clássicos ao longo de anos com fama contínua, temos uns com famas mais duradouras, mais antigas, mais recentes, mais desvalorizadas num período ou outro, e alguns são famosos pelo título (independentemente de terem sido lidos por uma pessoa ou não) e outros têm autorias automaticamente associadas a si. Neste último caso, referimos-nos a situações como A Volta ao Mundo em Oitenta Dias ser automaticamente associado a Júlio Verne, D. Quixote ser automaticamente associado a Cervantes, A Cidade e as Serras ser automaticamente associado a Eça de Queirós, O Sermão de Santo António aos Peixes ao Padre António Vieira, etc.. Mas por exemplo, nem todos terão "na ponta da língua" quem será o autor de O Último dos Moicanos apesar do título ser célebre (para quem estiver curioso, é o Estado-Unidense James Fenimore Cooper), e quanto ao livro referido nesta publicação de Classicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics, embora quer o título da obra quer o autor Alexandre Herculano (que é muito mais conhecido de nome na lusofonia do que hoje Fenimore Cooper o é mesmo no país de origem deste último) sejam conhecidos "de ouvido", muitos Portugueses comuns não chegam a fazer a associação entre os dois.
Alexandre Herculano é hoje muito menos citado nas salas de aula de Portugal, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs, ex-colónias africanas de Portugal), Timor-Leste e Brasil do que havia sido à umas décadas atrás, e muitas vezes mais nas aulas de História (pelo papel na fundação do regime liberal em Portugal e do Romantismo na literatura), mas apesar disso ele foi um dos fundadores do cânone da literatura portuguesa, da literatura ficcional e historiográfica portuguesas modernas e da literatura Romântica de Portugal. Nascido em Lisboa no ano da Terceira e última Invasão Francesa (1810), tendo crescido num Portugal moderno e Iluminista à poucas décadas (desde o regime pombalino do Marquês de Pombal) e tendo dez anos quando ocorre a Revolução Liberal no Porto que termina o "Antigo Regime" absolutista à Luís XIV de França, era filho de um casal Lisboeta de baixa-burguesia (classe muito mais operária no tempo em que ele e os seus pais nasceram do que seria depois de a Revolução de 1820 marcar a ascensão ao poder da Burguesia), o pai dele sendo um pedreiro de algumas posses que trabalhava por conta do paço.
Assim, Herculano nasceu numa casa confortável mas que vivia à margem da aristocracia e da realeza, um 'erário' familiar que lhe permitiu seguir alguns estudos (embora o obrigasse a deixar por terminar alguns deles para se dedicar a trabalhar em certos momentos da sua vida), e conviver com alguns círculos culturais da capital do Pré-Romantismo (a literatura da transição de Neo-Classicismo para Romantismo, tendo como grande "exemplar" a poetisa, então já de idade algo avançada, Marquesa de Alorna) e em que o conforto era garantido só pelo trabalho liberal, e por vezes físico. Assim quando o já Liberal Herculano partiu para o estrangeiro em 1831 fugindo de uma retaliação pela participação numa falhada revolta militar contra o regime miguelista (instaurado pela "contra-revolução" em 1828), o jovem com 20, 21 anos, já tinha uma forte ética de trabalho, um liberalismo político bem vincado, um Catolicismo apaixonado mas crítico e personalista (talvez herdado de um inclinação maçónica que podemos conjecturar, duvidosamente, vir da ascendência paterna pedreira que podia bem ser "pedreira-livre", i.e. maçónica) e um grande amor de livros, arquivos, uma curiosidade pelas gentes nórdicas e respectivas culturas (devido às leituras do primeiros Românticos Britânicos e Alemães, e a breve estada escondido em casa de um clérigo protestante da colónia alemã em Lisboa imediatamente antes da partida para o estrangeiro quando já perseguido pelo Miguelismo) e temas culturais em geral.
Herculano teve depois uma vida cheia, em que viajou pelo Reino Unido e França (no conto autobiográfico De Jersey a Grainville em Lendas e Narrativas ele relata a sua viagem da ilha britânica de Jérsia no Canal da Mancha a Grainville em França no caminho de regresso do exílio para lutar pela causa liberal na Guerra Civil Portuguesa), teve uma carreira militar durante as Guerra Liberais (que incluiu uma participação no Cerco do Porto em que feriu, talvez só num acidente com as poucos estáveis armas de fogo da altura, o extremo-direito da boca, que ficou para sempre com uma forma circular a marcá-la), uma pequena e pouco marcante (mas intensa e muito idealista) passagem pela política, pela causa Cartista (a direita do Liberalismo português), pelo Partido Regenerador (herdeiro dos Cartistas que cortaram com a ala Cartista associada ao político centralista, corrupto e ex-"esquerdista liberal" Costa Cabral) e pelo Partido Histórico (o "centro" do Liberalismo da altura; "Histórico" porque os fundadores dele se viam como à mais tempo, e mais honestamente, opostos ao Cabralismo; quando o partido se fundiu em 1876 com o Partido Reformista da "esquerda" liberal no Partido Progressista, Herculano, então no seu último ano de vida, "corta" totalmente os seus laços para com o partido), sendo sempre um membro da "ala esquerda" do conservadorismo dentro do Liberalismo oitocentismo (anti-socialista, anti-republicano e patriótico anti-iberista, mas simultaneamente opondo-se muitas vezes à Igreja Católica de depois do Concílio Vaticano I de 1869 - 1870, por vezes associando-se com os anti-clericais apesar da sua espiritualidade profunda) e chegou a Presidente da Câmara de Belém por cerca de um ano a partir de 1854 (até sua demissão voluntária), mas a literatura (em prosa longa e curta, poesia, historiografia de não-ficção) e a paixão pelo cristianismo e temas nórdicos nunca o deixavam.
Herculano (tal como Fenimore Cooper, incidentalmente), apesar do seu papel fundador e histórico na sua literatura nacional, acabou por ser frequentemente criticado pelo seu estilo de escrita mais verboso e algo "seco", e muito dado a inserir comentários de crenças pessoais na sua ficção. Apesar disto, continua a receber o crédito devido pela sua obra completa, principalmente por dois círculos de ficção em prosa, os dois volumes de contos de ficção histórica Lendas e Narrativas e a trilogia de romances O Monasticon (que inclui o Eurico e os dois volumes de O Monge de Cister). Somando todos estes textos de ficção, Herculano narra o fim do Reino Visigodo (em Eurico e o conto A Destruição de Áuria de Lendas e Narrativas; o período visigótico também surge num episódio da novela A Dama Pé-de-Cabra de Lendas e Narrativas), o começo da Reconquista Cristã e a história de Portugal desde Afonso Henriques até à época do próprio autor (com o autobiográfico De Jersey a Grainville e O Galego sobre imigração para o Portugal do seu tempo).
Em 1844 (após a publicação de um extrato na Revista Universal Lusbonense) foi publicado Eurico, o Presbítero, romance que narra a vida adulta, os dilemas existenciais e amorosos e as aventuras de Eurico, ex-soldado Hispano-Godo tornado clérigo e poeta religioso (o subtítulo original do romance chama-lhe «O último dos poetas Godos», durante à época da decadência do Reino Visigodo sob os Reis Vitiza e Rodrigo, a Invasão Árabe de 711 e o princípio da resistência cristã do Reino das Astúrias. É um período de fim de uma era e de uma potência (que já está moralmente falida), de ascensão de outro poderio local e em que os Visigodos (que possuem a praça de Ceuta no Norte de África, cujo Conde se aliará com os Árabes) e o nascente Império Muçulmano (o Califado Omíada) competem pela dominação das costas do Mar Mediterrâneo. Depois de o texto nos apresentar, a um ritmo algo vagaroso o período em que se passa, Eurico enquanto presbítero, a sua poesia, os seus amigos da sua vida antes do sacerdócio, o seu passado e os preparativos dos Árabes em Marrocos para a invasão, a acção desloca-se para o presente de Eurico, e mostram-no abandonando o hábito por um elmo e cota de malha negra e a combater contra os invasores (apesar de desprezar o Rei Godo), e depois a acção é retomada nas Astúrias, onde os Visigodos Cristãos se refugiam em cavernas perto de Covadonga, onde Pelágio, o filho do Duque Fávila da Cantábria e antigo amigo e companheiro de armas da juventude de Eurico. Nesta altura, Hermengarda, a irmã de Pelágio que foi confiada pelo pai a um convento, é raptada para fora dele por homens a mando do filho do governador Árabe, que quer fazer da loira Goda parte do seu harém. É Eurico, que se refugia nas Astúrias agora como mero soldado, e 12 outros companheiros que vão em seu salvamento, e o enredo até ao seu final é o confronto de Eurico e Hermengarda com as suas obrigações e tentações e a luta de Asturianos e Árabes, o castigo dos traidores do Reino Visigodo em batalha, e tudo isto contra o fundo do filosofar do autor sobre Deus e o celibato religioso (que ele critica) e uma galeria de personagens variado (a maioria só vagamente desenhadas e pouco surgindo mas com caracterização não nula), como Pelágio, Fávila, Roderico, Hermengarda, a madre Cremilde, o Conde Juliano de Ceuta, os Árabes Mugite e Abdulaziz, o tratador de cavalos Lusitano Gutislo, o guardião cinquentenário do convento de Hermengarda Atanagildo, o próprio Eurico (sem dúvida o centro do texto e a melhor desenhada das personagens) ou o velho criado de Pelágio, Aldefonso.
Os cenários do romance são atmosféricos e não raro roça um ambiente de sobrenatural, sobressalto e irrealidade, para além de descrição de natureza selvagem, rude e não raro deserta, de florestas, locais rochosos, cavernas, vales, praias, ilhas e montanhas da Andalusia às Astúrias, e de palácios, tendas árabes, igrejas, conventos, castros abandonados e residências de vário tipo. A riqueza das personagens Cristãs e Mouras e do seu perfil psicológico se emparelha dignamente com a riqueza da descrição atmosférica, tendo em geral um perfil épico (Herculano até considerava se o seu texto seria mais uma epopeia em prosa que um romance), de grandeza, coragem, qualidades e defeitos de proporções bíblicas. Com filosofia cristã sempre na mente de Herculano ao longo do seu livro, isto não deixa porém o autor descurar o avanço do enredo, e o foco nas personagens que dão o modelo do protagonista Romântico heróico, na figura do cavaleiro cristão honorável, que surgiu em várias literaturas nacionais, principalmente as influenciadas pelo Romantismo europeu, em que tomou várias formas, como o desbravador norte-americano, o sertanejo e o Índio da literatura brasileira, o samurai japonês, ou o descobridor antigo ou o sertanejo de África em literatura portuguesa posterior a Herculano.
Este livro pode ter a inclusão na categoria de literatura infanto-juvenil contestada, por o texto ser algo longo, ter passagens de texto algo complexas, e antes dos principais desenvolvimento do enredo estar cheio de alguma filosofia e raciocinar sobre religião e vida, mas o mesmo se poderia dizer d'O Último dos Moicanos e muitos outros livros afins hoje 'acantonados' no espaço da literatura infanto-juvenil no seu texto pleno original, mas para leitores jovens já da pré-adolescência em diante, o livro traz um enredo está cheio de aventuras, roça temas que costumam interessar moderadamente os jovens como lendas e história, faz uma boa introdução prática ao estilo do Romantismo para os alunos que ouvem sobre o mesmo em Português e História em idade colegial e dá muito que pensar a gente em idade de formação de opiniões sobre o mundo para o resto da sua vida quanto a religião, guerra, raça (pois Herculano, embora de forma algo historicamente duvidosa, transforma a rivalidade hispano-godos/mouros numa questão de raça), amor, dever e tanto mais. Aliás, nada prova que, no "esqueleto" básico do seu enredo, Eurico é uma escolha algo natural para clássico "infanto-juvenil" como o facto de a edição de 1983 da Futura (como n.º 3 da sua Antologia da BD Portuguesa) da adaptação em BD de 1955-56 desenhada por José Garcês estar sempre na secção infanto-juvenil das bibliotecas municipais (e surge em quase todas) e surgir mesmo em muitas bibliotecas escolares; como curiosidade, devo louvar esta adaptação por conseguir manter aquilo do texto com menos vocabulário histórico confuso, embora mantendo o suficiente dele para dar "côr" de época e das duas civilizações oponentes e explicando devidamente num glossário no fim do livro que se inspira em parte das notas feitas pelo próprio Herculano para a primeira edição do Eurico).
Até admira que não hajam mais adaptações, em texto e não desenhadas, do Eurico, à luz do que já disse, fora o texto teatral de 2011 (já editado pela Bicho do Mato Editores) A Paixão Segundo Eurico de Graça P. Correia com coordenação da actriz Cristina Carvalhal (mais conhecida como parte do elenco de uma das séries da Revolta dos Pastéis de Nata e de Pai à Força), que pegava mais na porção de exposição e de filosofia do texto e que reduzia o texto à interacção de 3 actrizes (uma delas Carvalhal, também uma das encenadoras da peça) dialogando os textos de várias vozes (do narrador e personagens) do romance.
Herculano legou-nos uma obra completa de romances, contos, duas peça de teatro (O Fronteiro de África ou três noites aziagas de 1838 e Os Infantes em Ceuta, 1842), textos sobre história, opúsculos de polémica social, religiosa e política, poemas e afins, mas é pela sua ficção de Lendas e Narrativas e d'O Monasticon, principalmente o Eurico, e a sua História de Portugal de 1846 - 53 são o que mais dura dela em termos de conhecimento, edição e leitura, sendo por isso hoje a principal fonte da visibilidade de Alexandre Herculano como grande escritor da língua portuguesa. Embora Herculano seja pouco adaptado para o audiovisual comparado com autores anglo-germânicos ou francófonos, ou em Portugal comparado com Eça, Camilo, Júlio Dinis e mesmo o amigo de Herculano Almeida Garrett, as narrativas de Lendas e Narrativas sofrem frequentemente adaptações para leitores mais jovens (como as de Adolfo Simões Müller e Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada) e mesmo uma adaptação feminista d'A Dama Pé-de-Cabra por Hélia Correia em Fascinação (2004), para além da já referida adaptação BD do Eurico (e outras de obras como o conto A Morte do Lidador de Lendas e Narrativas), de algumas adaptações a teatro de Herculano (principalmente de teatro local e por vezes escolar), das influências d'A Dama Pé-de-Cabra no filme A Maldição de Marialva (1991) de António de Macedo e alguns elementos de romances históricos de Herculano sendo utilizados em programas audiovisuais (incluindo um episódio sobre Lisboa de 1983 da série documental italiana Capitali culturali d'Europa) sobre a história de Portugal, o que ajuda a que Herculano, e o Eurico, ainda sejam relevantes e visíveis no Portugal do século XXI, por divulgação via adaptação desta obra completa de um autor que ajudou a promover a visão Europeia, mista mediterrânico-nórdica, portuguesa, ibérica (mas não iberista) da nação portuguesa, e uma visão do surgimento dela de acordo com essa visão da sua natureza, mas também uma visão Romântica dos Godos pagãos mas (apesar disso, na óptica cristã mística e anti-clerical de Herculano) virtuosos e do Islão mouro dos primórdios (apesar de ser aqui é menos idealizado aqui que no conto O Alcaide Santarém de Lendas e Narrativas e menos descrito pelo papel civilizador e tecnologicamente desenvolvimentista da História de Portugal do autor mas que mesmo assim surge mais como um "castigo divino" merecido pelo Império Gótico em decadência), que ajudou a lançar em Portugal (para o bem e para o mal) a moda nordicista, medievalista e neo-mourisca na arte e literatura oitocentista e do início do século XX em Portugal, embora infelizmente a proposta de Herculano de recuperarmos destes povos e eras a descentralização localista, o espírito proto-liberal e a força dos movimentos populares não tenha tido o mesmo sucesso e popularidade...
Este livro é felizmente ao contrário de outros que já "trouxemos" ou "traremos" aqui uma obra presente em basicamente todas as bibliotecas municipais, a Nacional de Portugal e as escolares, está ainda em publicação através de várias editoras, pode encontrar-se online em vários formatos e de várias formas e ainda é frequentemente estudado em Portugal e no Brasil em anos colegiais, por isso estará relativamente facilmente ao acesso do leitor curioso.


Among books that become classics along the years with continuous fame, we got some with more lasting, more ancient, more recent, more underrated in one period or another, and some are famous for the title (independently of having been read by a person or not) and others have authorships authomatically associated to themselves. On this latter case, we mean situations like Around the World in Eighty Days being authomatically associated to Jules Verne, Don Quixote being authomatically associated to Cervantes, The City and the Mountains (in portugal) being authomatically associated to Essa de Queiroz, The Sermon of Saint Anthony to the Fish (in Portugal) to the Father Antonio Vieira, etc.. But for example, not everyone would have "on the tip of their tongue" who would be the author of The Last of the Mohicans despite the title being celebrated (for whom might be curious, it is the US-American James Fenimore Cooper), and about the book mentioned in this post of Classicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics, although both the title of the work and the author Alexandre Herculano (who is much more known by name in the lusophere than today Fenimore Cooper is even in the country of origin of the latter) being known "by ear", many common Portuguese do not get to make the association between the two.
Alexandre Herculano is today much less cited in the classrooms from Portugal, from the African Countries of Official Portuguese Language ("Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa", PALOPs, Portugal's African ex-colonies), East Timor and Brazil than he had been some decades ago, and many times more in the History classes (for the part in the founding of the liberal regime in Portugal and of Romanticism in literature), but despite that he was one of the founders of the canon from Portuguese literature, from modern Portuguese fictional and historiographic literature and from Portuguese Romantic literature. Born in Lisbon in the year of the Third and last French Invasion (1810), having been born in a Portugal Modern and Enlightened for a few decades (since the pombaline regime of the Marquis of Pombal) and being ten years-old when it occurs the Liberal Revolution in Oporto that ends the absolutist "Ancient Régime" à la Louis XIV of France, he was the son of a lower bourgeoisie Lisbon couple (class much more toiling in the time in which he and his parents were born than it would be after the 1820 Revolution marking the rise to power of the Bourgeoisie), the father of his being a mason with some possessions that worked on the palace's pay.
So, Herculano was born in a comfortable house but that lived at bay to the aristocracy and the royalty, a family 'revenue' which to him did allow some studies (although it obligated him to leave yet to finish some of them for dedicated one's self to work in certain moments of his life), and hanging with some Pre-Romanticism (the literature of the transition from Neo-Classicism into Romanticism, having as big "exemplar" the poetess then already of somewhat advanced age, Marquise of Alorna) and in which the comfort was guaranteed only by the liberal, and sometimes physical, work. So when the already Liberal Herculano left for overseas in 1831 running away from a retaliation for the participation in a failed military revolt against the Don Miguel regime (installed by the "counterrevolution" in 1828), the young man of 20, 21 years, already had a strong work ethic, a well creased political liberalism, a passionate byt critical and personalist Catholicism (maybe inherited from a masonic leaning that we can conjecture, doubtfully, to come from the stonemason paternal ancrstry that could already be "free-stonemason", i.e. masonic) and great love of books, archives, a curiosity for the nordic folks and respective cultures (due to the readings of the first British and German Romantics, and the brief stay hidden in the house of a Protestant clergyman from the German colony in Lisbon immediately before the departure for abroad when already persecuted by Miguelism) and cultural themes in general.
Herculano had afterwards a full life, in which he travelled by the United Kingdom and France (in the autobiographical short-story De Jersey a Grainville/"From Jersey to Grainville" in Lendas e Narrativas/"Legends and Narratives" he reports his travel from the British island of Jersey on the English Channel to Grainville in France on the path of return from exile to fight for the liberal cause in the Portuguese Civil War), had a military career in the Liberal Wars (that included a participation on the Siege of Oporto that injured him, maybe just in an accident with the little stable fire weapons of the time, the far-right of his mouth, that stayed forever with a circular shape marking it), a small and little marking (but intense and very idealistic) passage through politics, by the Cartista/Chartist cause (the rightwing of Portuguese Liberalism), by the Regenerator Party (heir to the Chartists that cut with the Chartist wing associated to the centralising, corrupt and ex-"liberal leftist" politician Costa Cabral) and by the Historical Party (the "centre" of the Liberalism of the time; "Historical" because the founders saw themselves as for the longest, and more honestly, opposed to Cabral-rule; when the party fused itself in 1876 with the Reformist Party from the liberal"leftwing" into the Progressive Party, Herculano, then in his last year of life, "cuts" totally his ties towards the party), being always a member from the "left wing" of conservatism within the eighteen-hundreds Liberalism (anti-socialist, anti-republicanism and anti-Iberianist patriotic, but simultaneously opposing himself many times to the Catholic Church from after the Vatican the First Council of 1869 - 1870, sometimes associating himself with the anticlericals despite his profound spirituality) and got to Mayor of Belém (Lisbon) for about a year starting from 1854 till his voluntary resignation), but literature (in long or short prose, poetry, non-fiction historiography) and the passion for Christianity and nordic themes never left him.
Herculano (just like Fenimore Cooper, incidentaly), despite his founding and historical role in his national literature, ended by being frequently criticised for his more verbose and somewhat "dry", and very given to insert comments of personal believes into his fiction, writing style. Despite that, h continues to receive the due credit due to his full ouvre, mainly for two cicles of fiction in prose, the two volumes of historical fiction short-stories Legends and Narratives and the trilogy of novels O Monasticon ("The Monasticon", which includes the Eurico and the two volumes of O Monge de Cister/"The Monk of Cister). Adding up all these fiction texts, Herculano narrates the ending of the Visigothic Kingdom (in Eurico and the short-story A Destruição de Áruia/"The Destruction of Auria" from Legends and Narratives; the Visigothic period also appears in an episode of the novella A Dama do Pé de Cabra/"The Lady With the Goat's Feet" from Legends and Narratives), the beginning of the Christian Reconquista ("Reconquest") and the history of Portugal since King Afonso Henriques up to the period of the author himself (with the autobiographical From Jersey to Grainville and O Galego/"The Galician" on the immigration into Portugal of his time).
In 1844 (afterwards to the publication of an extract in the Revista Universal Lisbonense/"Lisbon Universal Magazine") it was published Eurico, the Presbyter, novel that narrates the adult ,life, the existencial and love dilemas and the adventures of Eurico, Hispano-Gothic ex-soldier turned clergyman and religious poet (the original subtitle of the novel calls him «The last of the Gothic poets», during the time of the decay of the Visigothic Kingdom under the Kings Witiza and Roderic, the Arab Invasion of 711 and the beginning of the Christian resistance in the Kingdom of Asturias. It is a period of end of an era and of a world-power (that is already morally bankrupt), of ascent of another local power and in which the Visigoths (which possess the bastion of Ceuta in North Africa, whose Count shall ally himself with the Arabs) and the budding Islamic Empire (the Umayyad Caliphate) compete for the domination of the Mediterraneum shores. After the text introduces us, at a somewhat behindhand tone the period in which it is set, Eurico while presbyter, his poetry, the friends of his life before priesthood, his past and the preparations of the Arabs in Morocco for the invasion, the action moves itself into the present of Eurico's, and show him abandoning the cloak for a helmet and black chainmail and to combat the invaders (despite despising the Gothic King), and after the action is taken back on the Asturias, where the Christian Visigoths to themselves do take refuge into caves near to Covadonga, where Pelayo, the son of the Duke Favila from Cantabria and former friend and youthful companion in arms. of Eurico. At this time, Hermengarda, the sister of Pelayo who was trusted by her father to a convent, is kidnaped to the outside of it by men on the bidding of the Arab governor's son, who want to make of the Gothic blonde part of his haren. It is Eurico, who refuges himself unto the Asturias now as mere soldier, and 12 other companions that go in her rescue, and the plot till its ending is the confrontation of Eurico and Hermengarda with their obligations and temptations and the fight of Asturians and Arabs, the punishment of the betrayers of the Visigothic Kingdom in battle, and all this against the backdrop of the philosophying of the author on God and the religious celibary (which he criticises) and a varied gallery of characters (the majority only vaguely drawn and barely coming-up but with characterisation not null), like Pelayo, Favila, Roderic, Hermengarda, nun-mother Cremilde, the Count Julian of Ceuta, the Arabs Mugith and Abd al-Aziz, the Lusitanian horse handler Gutislo, the fifty year-old guardian of Hermengarda's convent Atanagildo, Eurico himself (without doubt the centrepiece and the best drawn of the characters) or the old servant of Pelayo, Aldefonso.
The settings of the novel are atmospheric and not rarely borders on an ambince of supernatural, sommersault and unreality, beyond the description of savage, rude and not rarely deserted nature, of forests, rocky places, caves, valleys, beaches, islands and mountains from Andaluzia to the Asturias, and of palaces, Arab tents, churches, convents, abandoned castrums/castra and residences of various a type. The richness of the Christian and Moorish characters and of their psychological profile pairs itself worthily with the richness of the atmospheric description, being in general an epic profile (Herculano even considered if his text would be more an epic-poem in prose than a novel), of grandeur, courage, qualities and flaws of biblical proportions. With Christian philosophy always on the mind of Herculano throughout his book, this does not let though the author to let go the advancement of the plot, and the focus on the characters that give model to the heroic Romantic lead, in the figure of the honorable Christian knight, that appeared in several national literatures, mainly the ones influenced by European Romanticism, in which it took up severaç forms, like the North American trailblazer, the sertanejo hinterland man and the Indian from the Brazilian literature, the Japanese samurai, or the ancient discoverer or the Africa sertanejo hinterland man in the Portuguese literature posterior to Herculano.
This book might have the inclusion in the category of children's/juvenile literature category contested, due to the text being somewhat long, having passages of text somewhat complex, and before the main developments of the plot being full of some philosophy reasoning over religion and life, but the same one could say of The Last of the Mohicans and many other books alike today 'quartered into a canton' within the space of the children's/young people's literature in their full original text, but for young readers already from pre-adolescency onwards, the book brings a plot that is full of adventures, borders on themes that usually interest moderately young people like legends and history, it does a good practical introduction to the style of Romanticism for the students that hear on the former in Portuguese and other language classes and History in high-schooler age and gives much to think to people in worldview-making (for the rest of their life) coming-of-age years on religion, war, race (since Herculano, although in form somewhat historically doubtful, turns the Hispano-Goths/Moors into a matter of race), love, duty and so much more. More so, nothing proves that, in the basic skeleton of its plot, Eurico is a somewhat natural choice for "children's/young-people's" classic as the fact that the 1983 edition by Futura publishers (as the #3 of its Antologia da BD Portuguesa/"Portuguese Comics Anthology") of the 1955-56 comic adaptation drawn by José Garces being always in the children's/young-people's section of the municipal libraries (and it comes up in almost all) and coming up even in many school libraries; as trivia, I must praise this adaptation for achieving that from the text with less confusing historical vocabularies, although keeping enough of it for giving it period "colour" and two opposing civilisations colour and explaining duely in a glossary at the end of the book that inspires itself in part of the notes made by Herculano himself for the first edition of the Eurico).
It even awes that there are not more adaptations, in text and not draw, of the Eurico, in light of what I said, aside the theatrical text of 2011 (already edited by the Bicho do Mato Editores publishers) A Paixão Segundo Eurico/"The Passion According to Eurico" by Graça P. Correia with coordenation of the actress Cristina Carvalhal (more known as part of the cast of one of the seasons of the talk show/sketch show A Revolta dos Pastéis de Nata/"The Custard TartsRevolt" and of the family show Pai à Força/"Forcefully Father"), which picked more in the portion of exposition and of philosophy of the text and that reduced the text to the interactions of 3 actresses (one of them Carvalhal, also one of the stage directors of the play) dialoguing the texts of several voices (from the narrator and characters) of the novel.
Herculano bequested us a full ouvre of novels, short-stories, two theatre plays (O Fronteiro de África ou três noites aziagas//"The Frontiersman of Africa or three grievous nights" from 1838 and Os Infantes em Ceuta/"The Infant-princes of Ceuta", 1842), texts on history, opuscles of social, religious and political polemics, poems and the ilk, but it is for his fiction from Legends and Narratives and o' The Monasticon, mainly the Eurico, and his História de Portugal of 1846 - 53 are what lasts the most from it in terms of knowledge, publishing e reading, being for that today the main source of visibility of Alexandre Herculano as great Portuguese language writer. Although Herculano be little adapted to audiovisual media compaed with anglo-germanic or French-speaking authors, or in Portugal compared with Essa, Camilo, Julio Diniz or even Herculano's friend Almeida Garrett, the narratives of Legends and Narratives endure frequently adaptations for younger readers (like the ones of Adolfo Simões Müller and Ana Maria Magalhães and Isabel Alçada) and even a feminist adaptation o' The Goat's-Foot Lady by Hélia Correia in Fascination (2004), beyond the already mentioned Eurico (and others of works like the short-story A Morte do Lidador/"The Death of the " from Legends and Narratives), of some adaptations to theatre of Herculano (mainly from local and sometimes school theatre), of the influences o' The Goat's-Foot Lady in the film A Maldição de Marialva ("The Curse of Marialva", 1991) by Antonio de Macedo and some elements of historical novels of Herculano'sbeing utilised into audiovisual TV programs (including a 1983 episode on Lisbon from the Italian documentary series Capitali culturali d'Europa) on the history of Portugal, what helps so that Herculano, and the Eurico, be still relevant and visible in the 21st century Portugal, by broadcast via adaptation of this full ouvre of an author that helped to promote the European, mixed mediterranean-nordic, Portuguese, Iberian (but not iberist) vision of the Portuguese nation, and a vision of the appearing of itin agreement with that view of its nature, but also a Romantic vision of the pagan Goths but (despite that, in the mystical and anti-clerical Christian POV of Herculano's) virtuous and of the Moorish Islam of the earliest beginnings (despite being less idealised here than in the short-story O Alcaide Santarém/"The Caid of Santarein" from Legends and Narratives and less described by the civilising and technologically developmentalist role of the History of Portugal of the author but even so appears as more than the "divine punishment" deserved by the Gothic Empire in decay), which helped to launch in Portugal (for better and for worse) nordicist, medievalist and neo-moorish fad in the eighteenth-hundreds and early-20th century's art and literature in Portugal, although unfortunetely the proposal of Herculano of recovering from these peoples and these eras the localist descentralisation, o the proto-liberal spirit and the strength of the popular movements hasn't had the same success and popularity...
This book is fortunately unlike others that we already "brought" or "shall bring" here is a work present in almost all municipal libraris, the Portugal National one and the school ones, is still in print throughout several publishers, it can find itself online in several formats and in several ways and still is frequently studied in Portugal and Brazil in high school years, for that it shall be relatively easily to the access of the curious reader.

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