Não é fácil fazer comentários originais sobre uma obra considerada clássica e nacional de uma literatura e que já passou há muito de um século de existência. E foi por Os Lusíadas serem uma obra também desafiadora de leitura para o leitor não erudito actual (principalmente o mais jovem) que João de Barros (não o historiador conhecido como "o Grande" que viveu antes de Camões e lhe serviu de fonte a parte da sua epopeia, mas um poeta, activista político Republicano e defensor de uma maior coesão Portugal-Brasil do final do século XIX e da primeira metade do XX) fez em 1930 (como parte de uma colecção de Clássicos Universais dos anos de 1930 e 1940 para promover conhecimento de literatura entre os mais jovens e o público geral, principalmente com o vasto analfabetismo em Portugal na altura em mente), esta versão apropriada para uma primeira introdução dos leitores mais jovens.
É conhecimento mais ou menos geral por ouvir dizer e cultura geral, que o original de Camões é uma epopeia, dos primeiros texto épicos (principalmente nos moldes clássicos greco-romanos) de Portugal a chegar à posteridade na sua completa extensão, dos primeiros textos épicos de Portugal com texto de alguma extensão, que o poema foi escrita pelo autor do Renascimento tardio português Luís Vaz de Camões (do qual se sabe pouco, para além de que tinha ascendência galega e da baixa-nobreza portuguesa, que era uma mulherengo e um brigão inveterado e que passou muita da sua vida lutando pelo Império Português como soldado quer no Norte de África (onde teria perdido o olho direito) e Ásia, que se envolveu no Oriente com uma escrava negra (a quem dedicou um poema póstumo em forma de endechas) e uma tal de Dinamene (segundo uma interpretação seria uma Macaense Chinesa cujo nome foi aportuguesado de Tinamen, mas o filme biográfico de Leitão de Barros sobre o poeta apresenta-a brevemente como vagamente de aspecto indiano), que o autor leu Os Lusíadas para D. Sebastião em Sintra antes de Alcácer-Quibir, que ele teria morrido essencialmente pobre (com uma insignificante pensão dada pelo Rei pela sua epopeia nacional) por volta da altura da anexação por Espanha em 1580 (porém a data de 10 de Junho de 1580 não está propriamente provada, tendo sido, para a comemoração do tricentésimo aniversário da sua morte em 1880 com a necessidade de um dia específico para comemorar o autor, 'inventada' a data através de uns cálculos quanto à suposta idade de morte, últimas informações conhecidas dos registos reais e algumas informações sobre a sua vida), e que Os Lusíadas será (embora discutivelmente) a sua obra maior, que relata a viagem marítima para a Índia de Vasco da Gama em 1498-99 tendo em torno dela a narração de toda a história de Portugal (factual e legendária) e que se tornando-se uma obra clássica mundial e na lusofonia (principalmente no seio do género épico). Como curiosidade aponte-se que nos anos de 1960 surgiu uma epopeia As Quibíriadas (nomeadas no seguimento de Alcácer-Quibir) que simula ser texto antigo duvidosamente atribuído ao próprio Camões (que fora Os Lusíadas só escreveu poesia lírica e três autos de teatro de alguma influência clássica) como sequela desta epopeia sobre a decadência de Portugal, mas era de facto do pintor Viseense radicado (25 anos) em Moçambique António Augusto Melo de Lucena e Quadros (sob o pseudónimo João Pedro Grabato Dias, latinizado Frei Ioannes Garabatus).
Centremo-nos agora na narrativa do poema em si, e na forma como João de Barros a tratou neste livro, que transforma os 10 cantos (com número variável de estrofes), 1.102 estrofes de versos decassílabos e 8.816 versos do texto original de Camões em pouco mais de 200 páginas de texto conciso mas detalhado em 10 capítulos (que correspondem muito proximamente à divisão dos temas dos cantos do poema original) e uma conclusão sobre a vida do poeta. O texto dá um bom equivalente prosaico da narração de Camões e que transforma os diálogos dos personagens em verso em diálogos dignos de velho romance infanto-juvenil, conseguindo assim entreter e atrair a atenção do leitor jovem. Um bom leitor que esteja particularmente agradado pelo resultado poderá lê-lo de uma só (mesmo que longa) assentada (que era a forma de leitura que o poeta e contista Norte-Americano Edgar Allan Poe atribuía como traço definidor do verdadeiro conto).
João de Barros (que hoje muitos pensam ter sido algum salazarista devido à abordagem discutivelmente paternalista de adaptações "para o povo e as crianças" e pelo seu patriotismo e entendimento do cânone da literatura mundial segundo a tradição ocidental; na verdade era um Republicano anti-salazarista, como os outros autores das adaptações desta colecção, os socialistas não-marxistas António Sérgio e Jaime Cortesão e o nosso conhecido Aquilino Ribeiro. Temos de nos lembrar que nesta altura o ocidentalismo, colonialismo e patriotismo eram também parte da filosofia da chamada "esquerda republicana") fez um excelente trabalho com este texto em termos de trabalho com o original de Camões, essencialmente mantendo toda a narrativa, em texto relativamente corrido, condensando a narração e sucessão dos eventos porque passam o Gama, a sua tripulação e toda a nação portuguesa no poema original, com a ajuda dos deuses seus apoiantes (principalmente Vénus e Marte), apresentando embora em prosa de forma bem-sucedida as qualidades formais e narrativas do estilo do verso original de Camões (o que se pode dizer também das adaptações que para a mesma colecção fez de Barros de A Odisseia e A Ilíada de Homero, A Eneida de Virgílio, A Divina Comédia de Dante e As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift, embora nesta última de Barros mudou mais o tom do texto para ser menos pessimista e mais pró-português e aclimatizado ao que seria o nosso suposto contexto e gosto nacional). O texto envelheceu muito bem, como provam as muitas edições que teve desde 1930, as mais recentes sendo de 2011 em diante, com o "selo de aprovação" do programa Ler +.
João de Barros no final da sua vida
Os Lusíadas segundo de Barros mostram-nos, tal como o original, uma armada do Gama já a meio do caminho de ida para a Índia, tendo ela entrado no Índico, e depois de um concílio entre os deuses da mitologia (algo que era muito discutido no tempo de Camões de um ponto de vista religioso no pós-Concílio de Trento, mas que o censor da Inquisição na altura desculpou como mero efeito poético) em torno de apoiar ou opor aos planos imperiais dos Portugueses e a sua viagem. Baco, que havia até então sido senhor e deus na Índia (isto era uma velha tradição da mitologia greco-romana, que é uma possível interpretação dos Gregos antigos de algum deus hindu similar de alguma forma a Dionísio, talvez Xiva ou o deus Marang-buru do povo tribal Santhal), teme o diminuir da sua influência e o seu esquecimento ante a chegada dos Portugueses; por outro lado, Vénus, antepassada dos povos Latinos (como mãe do Troiano e antepassado dos Romanos Eneias) e divindade que tem os Portugueses em conta de povo apaixonado (lembremos que é a deusa do amor), e Marte, velho amante de Vénus, tomam o lado dos Lusos. Júpiter acaba por decidir a favor dos Portugueses, mas dando a Baco a liberdade de defender o seu domínio da Índia como entender. É assim que depois de chegado a Mombaça, Baco toma a forma de um sacerdote cristão (convencendo assim os Portugueses de estarem em território da sua fé), e através da missa que os Portugueses executam com ele como padre, os locais atacam os recém-chegados que são revelados como infiéis. Vénus, sabendo da traição de Baco, acaba por guiar os Lusos através dos ventos e das ondas para segurança. Chegando a outra terra da costa da África oriental, Melinde, os Portugueses são recebidos de forma mais calorosa pelo rei local.
Depois, o Gama narra a sua própria (e não menos dramática e aventureira) viagem, através da qual ele e a sua tripulação passam pelo encontro com trovoadas medonhas repentinas, o fogo de Santelmo (um fenómeno eléctrico-tempestuoso com aspecto fogoso) e uma tromba marítima depois de passada a linha do Equador a meio caminho entre Brasil e África Ocidental, o contacto de um Português chamado Fernão Veloso com um nativo da ilha de Santa Helena (ao largo de África, mais célebre hoje por ter sido o local do último exílio de Napoleão até à sua morte), que por barreira linguística termina com a fuga do Veloso de um grupo de nativos armados a chegar (ele é gozado pelos companheiros pela fuga rápida, o que ele responde que só fugiu porque se lembrava que os amigos estavam ali sem a sua ajuda contra os nativos que chegavam), e um confronto entre os Portugueses e os Santa-Helenenses no qual se fere o Gama numa perna, o enfrentar no Cabo das Tormentas do gigante Adamastor (que ameaça futuros navegadores Portugueses com naufrágios, incluíndo quem o 'derrotou', Bartolomeu Dias, e a pedido do Gama conta o seu próprio passado e como se tornara um rochedo), a doença do escoburto, os soldados de Mombaça e (já depois de deixarem Mombaça) os deuses marítimos e os ventos (que após serem comovidos por um apelo chorado e sentido de Baco num concílio deles, aceitam atacar a frota portuguesa; será a intervenção de Vénus e das ninfas amorosas que salvaram os Lusos, apesar de Gama, cristão e não sabendo o que se passa, agradecer em oração o salvamento à Divina Providência), e depois de terminar a sua narração, o Gama e os Portugueses partem de Melinde, seguem a viagem para a Índia, onde se confrontam com os exércitos do Samorim de Calicute. Pelo final da viagem, já muitos Portugueses morreram, mas a maioria sobrevive, e todos conseguem a recompensa dos seus feitos na Ilha dos Amores que Vénus ergue no meio do Índico, com uma ninfa para cada Português, sendo o Gama guiado pela deusa Tétis para longe dos outros e recebendo uma visão do universo (pelo menos como o imaginavam os Europeus antes de Copérnico e Galileu) e do futuro do Império Português até ao tempo de Camões, terminando um enredo que (como em Camões) "casava" Cristianismo e paganismo, num "culminar" de toda a literatura e cultura ocidental antiga e moderna (inicial) num só sistema. (É um testamento aos dons narrativos em prosa de barros que ele consiga pôr todos os episódios individuais e fluir do enredo geral sem parecer um best of d'Os Lusíadas mas algo tão "orgânico" como o original)
Baco e Xiva
Durante a sua recepção, o Rei pede a Vasco da Gama que lhe conte sobre o seu país, o que ele faz, descrevendo a localização de Portugal na «cabeça» da Europa, e a sua história desde Luso, patriarca dos Lusitanos e assim dos Portugueses (ironicamente filho do opositor dos Portugueses, Baco; isto depende de interpretação visto que alguns mitógrafos distinguem o "Baco Índico" que será filho de Júpiter com Io do antepassado lusitano filho de Júpiter e Sémele ou Dionísio e do Baco/Iaco dos mistérios de Eléusis ou órficos filho de Júpiter com Ceres ou com Proserpina), na antiguidade, até ao momento da partida da armada do Gama no reinado de D. Manuel I, passando pelos feitos de Afonso Henriques, Afonso IV (na Batalha do Salado), da Revolução de 1383-1385 (Aljubarrota) e D. Afonso V (na Batalha de Toro, um "empate técnico" com Castela, e o episódio trágico e lírico (principalmente nos versos de Camões, que regressa ao seu velho lirismo no meio deste épico) de Inês de Castro.Depois, o Gama narra a sua própria (e não menos dramática e aventureira) viagem, através da qual ele e a sua tripulação passam pelo encontro com trovoadas medonhas repentinas, o fogo de Santelmo (um fenómeno eléctrico-tempestuoso com aspecto fogoso) e uma tromba marítima depois de passada a linha do Equador a meio caminho entre Brasil e África Ocidental, o contacto de um Português chamado Fernão Veloso com um nativo da ilha de Santa Helena (ao largo de África, mais célebre hoje por ter sido o local do último exílio de Napoleão até à sua morte), que por barreira linguística termina com a fuga do Veloso de um grupo de nativos armados a chegar (ele é gozado pelos companheiros pela fuga rápida, o que ele responde que só fugiu porque se lembrava que os amigos estavam ali sem a sua ajuda contra os nativos que chegavam), e um confronto entre os Portugueses e os Santa-Helenenses no qual se fere o Gama numa perna, o enfrentar no Cabo das Tormentas do gigante Adamastor (que ameaça futuros navegadores Portugueses com naufrágios, incluíndo quem o 'derrotou', Bartolomeu Dias, e a pedido do Gama conta o seu próprio passado e como se tornara um rochedo), a doença do escoburto, os soldados de Mombaça e (já depois de deixarem Mombaça) os deuses marítimos e os ventos (que após serem comovidos por um apelo chorado e sentido de Baco num concílio deles, aceitam atacar a frota portuguesa; será a intervenção de Vénus e das ninfas amorosas que salvaram os Lusos, apesar de Gama, cristão e não sabendo o que se passa, agradecer em oração o salvamento à Divina Providência), e depois de terminar a sua narração, o Gama e os Portugueses partem de Melinde, seguem a viagem para a Índia, onde se confrontam com os exércitos do Samorim de Calicute. Pelo final da viagem, já muitos Portugueses morreram, mas a maioria sobrevive, e todos conseguem a recompensa dos seus feitos na Ilha dos Amores que Vénus ergue no meio do Índico, com uma ninfa para cada Português, sendo o Gama guiado pela deusa Tétis para longe dos outros e recebendo uma visão do universo (pelo menos como o imaginavam os Europeus antes de Copérnico e Galileu) e do futuro do Império Português até ao tempo de Camões, terminando um enredo que (como em Camões) "casava" Cristianismo e paganismo, num "culminar" de toda a literatura e cultura ocidental antiga e moderna (inicial) num só sistema. (É um testamento aos dons narrativos em prosa de barros que ele consiga pôr todos os episódios individuais e fluir do enredo geral sem parecer um best of d'Os Lusíadas mas algo tão "orgânico" como o original)
A primeira página do capítulo sobre o episódio do Adamastor
Os mais puristas quanto a um texto literário original não terão à partida muito gosto por experiências deste tipo, mas quem ler individualmente este livro, ou conjuntamente com o original camoniano, não pode deixar de reconhecer o valor, no trabalho de (re)criação para a prosa do seu tempo para o público mainstream e/ou mais jovem de João de Barros, recordando assim mesmo os mais puristas de que a adaptação também é um trabalho de criação e um labor criativo e mesmo algo complexo, por diferente que seja de uma criação plenamente original. A forma como de Barros apresenta a velha epopeia de Camões faz parecer quase se estamos a ouvir o narrar de um velho mito por um contador de estórias tradicionais, usando do mesmo maravilhoso e tradição mais antiga do que o seu nascimento, mas que se sente ainda "fresca", ainda para mais nesta prosa (usando as palavras da contra-capa da 2ª edição de 1996) «fácil e clara sem desvirtuar a beleza, o espírito e a inspiração poéticas da obra original».
Do enredo camoniano essencialmente fica tudo, mas da voz do poeta narrador original, nem tudo sobrevive, principalmente as partes que pouco contribuem para avançar o enredo e são mais referências culturais e figuras de estilo. Barros também tem o cuidado de, com o texto e sub-texto do poema, enfatizar os aspectos mais modernos do livro original e dos seus valores, e eliminar o que poderia causar problemas com os leitores típicos dos nossos tempos ou os leitores mais jovens (como o facto de João de Barros chamar Vénus de filha de Júpiter, o que não surge em Camões; na mitologia existem duas Afrodites ou Vénus, uma que nasceu das ondas do mar ou Afrodite Urânica e outra que é filha de Zeus ou Júpiter, e Camões não explicita a qual se refere, mas a ideia que é a filha de Júpiter dava uma vibração incestuosa à cena em que ela surgia ante ele nua como forma de lhe implorar misericórdia para com os Portugueses ou faz parecer que uma mulher não-aparentada apelou à luxúria de Júpiter e nada mais para conseguir a sua vontade, mas de Barros escolhe pelo contrário apresentar a cena como uma filha que surge nua e indefesa ante o pai, chorosa e implorando, apelando à sua piedade e não ao proverbial apetite sexual de Júpiter). São escolhas que faziam sentido na altura em que Barros reescreve Os Lusíadas, quer do ponto de vista do regime político da altura, quer da própria ética do Republicanismo Liberal cívico do autor.
No fim de contas, o que importa nesta 9.ª publicação sobre livro do Clássicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics não é a fidelidade à letra (ou verso) camoniano, mas a forma como consegue ser real, envolvente para o leitor, e transformar o poema épico original num outro formato de livro (ficção em prosa) em que se torna. O leitor assim não vem a este livro para ler Camões ou para aprender sobre literatura quinhentista portuguesa, mas para que lhe seja contada por um mestre da literatura de quase quatro séculos depois e Camões uma das narrativas de aventuras clássicas da humanidade, e da língua portuguesa especificamente, que atravessou pouco mais de cinco séculos e que continuará a impressionar gente na lusofonia e no mundo fora por séculos mais porvir.
Há cópias de edições mais próximas do original ou reedições subsequentes ao longo do século XX, principalmente a 2ª de 1996 (ilustradas, seguindo a edição original, por Martins Barata de forma clássica e atractiva), em quase todas as bibliotecas municipais ou escolares, e em algumas também das edições a partir de 2011 ilustradas de forma comicamente interessante por André Letria. Estas edições de 2011 em diante encontram-se ainda à venda no mercado livreiro. Todas essas edições são da Livraria Sá da Costa Editora.
It is not easy to make original remarks on a work considered classical and national to a literature and that already passed long ago a century of existance. And it was due to The Lusiads being a work also challenging on reading for the current not scholarly (mainly he youngest) that Joao de Barros (not the historian known as "The Great" that lived before Camoens and to him served as source to part of his epic, but a poet, Republican political activist and defender of a greater Portugal-Brazil cohesion from the late 19th century and the first half of the 20th century) made in 1930 (as part of a collection of Clássicos Universais/"Universal Classics" from the 1930s and 1940s to promote knowledge of literature among the youngsters and the general audience, mainly with the wide illiteracy in Portugal at the time in mind), this version appropriate for a first introduction on the younger reads.
It is more or else general knowledge by hearing it said and general culture, that the Camoens' original is an epic poem, among the first epic texts (mainly in the classical Graeco-Roman molds) of Portugal to get to posterity in its full extension, among the first epic texts of Portugal with text of some extension, that the poem was written by the author from the Portuguese late Renaissance Luis Vaz de Camoens (on whom it is known little, beyond that he had Galician and low-nobility ancestry, that he was a womaniser and an inveterate brigand and that he passed much of his life fighting through the Portuguese Empire as soldier both in North Africa (where he would have lost the right eye) and Asia, that he involved himself with a black slave (to whom he dedicated a posthumous poem in form of poema póstumo em forma de endechas/"lament-poem") and some Dinamene (according to one interpretation it would be a Chinese Macanese whose name was Portuguesefied from Tinamen, but the biographical film by Leitao de Barros on the poet presents her briefly as vaguely of Indian appearance), that the author read The Lusiads to King Sebastian on Sintra before the Alcazar El Kebir, that he would have died essentially poor (but with an insignificant pension given by the King for his national epic) around the time of the annexation by Spain in 1580 (nevertheless the date of July 10, 1580 is not properly proven, having been, for the commemoration of the tricentennial anniversary of his death in 1880 with the need of a specific day for commemorating the author, 'made up' the dat through some calculations about the supposed age of death, last informations known from the royal reccords and some informations on his life), and that The Lusiads would be (although arguably) his greater work, that reports Vasco da Gama's maritime voyage to India in 1498-99 having around it the narration of all the history of Portugal (factual and legendary) and that turning itself a world and lusophone classic work (mainly in the midst of the epic genre). As curiosity let it be pointed out that in the 1960s it came-up the epic poem As Quibíriadas ("The Kebiriads", named after the Alcazar el Kebir) that simulates to be ancient text doubtfully attributed to Camoens himself (that aside The Lusiads only wrote lyrical poetry and two theatre one-acts of some classical influence) as sequel to this epic poem on the decadence of Portugal, but it was in fact of the Viseu painter established (for 25 years) in Mozambique António Augusto Melo de Lucena e Quadros (under the pen name Joao Pedro Grabato Dias, latinised Friar Ioannes Garabatus).
Let us centre ourselves now on the narrative of the poem itself, and on the form how Joao de Barros treated it, that turns the 10 cantos (with variable number of stanzas), 1,102 stanzas of decassylable verses and 8,816 verses of the original text by Camoens in little more than 200 pages of concise but detailed text in 10 chapters (that correspond very nearly to the division of the themes of the cantos of the original poem) and a conclusion on the life of the poet. The text gives a good prosaic equivalent of Camoens' narration and that it transforms the dialogues of th characters in verse into dialogues worthy of old children's/young-people's novel, achieving so to entertain and attract the attention of the young reader. The good reader that be particularly pleased by the outcome could read it from a single (even if very long) sitting (which was a form of reading that the North-American poet and short-story-writter Edgar Allan Poe attributed as defining features of the true good story).
Joao de Barros (who today many thought-out to be some salazarist due to the arguably paternalist approach of adaptations "for the people and the children" and for his patriotism and understanding of the canon of the world literature according to the western tradition; indeed he was an anti-salazarist Republican, like the other authors of the adaptation from this collection, the non-marxist socialists Antonio Sergio and Jaime Cortesao and our acquaintance Aquilino Ribeiro. We got to remember ourselves that on this time westernism, colonialism and patriotism were also part of the philosophy of the so-called "republican left") did an excellent work with this text in terms of working with Camoens' original, essencially keeping all the narrative, in relatively hasty text, condensing the narration and succession of events through which pass by The Gama, his crew and all the Portuguese nation in the original poem, with the help of their supporting gods (mainly Venus and Mars), presenting though in prose in successful ways the formal and narrative qualities of the style of Camoens' original verse (what one can say also of the adaptations that for the same collection did do de Barros of The Odyssey and The Illiad by Homer, The Aeneid to Virgil, The Divine Comedy by Dante and Gulliver's Travels by Jonathan Swift, although the latter by de Barros changed more the tone of the text to be less pessimistic and more pro-Portuguese and acclimated to what would be the Portuguese supposed national context and taste). The text aged quite well., as it proves the many editions that it had since 1930, the most recent ones being from 2011 onwards with the "seal of approval" of the Portuguese Ler + ("Read +") program.
The Lusiads according to de Barros show us, like the original, an armada of The Gama already mid way going to India, it having entered on the Indic, and afterwards of a council among the gods of mythology (sometimes very argued on on Camoens' time from a post-Trent Council religious point of view, but the censor from the Inquisition at the time excused it as mere poetic effect) around to support or oppose to the imperial plans of the Portuguese and their voyage. Bacchus, who would have till then been lord and god in India (this was an old tradition of Graeco-Roman mythology, that is a possible interpretation of the ancient Greeks of some Hindu god similar in some form to Dionysus, maybe Shiva or the god Marang-buru from the Santhal tribal people), fears the diminishing of his influence and his forgetting faced with the arrival of the Portuguese; on another hand, Venus, anceestor of the Latin peoples (like the mother of the Trojan and ancestor of the Romans Aeneas) and divinity that holds the Portuguese in account of passionate people (let us recall that is the goddess of love), and Mars, old lover of Venus, take the side of the Lusitanians. Jupiter ends up deciding in favour of the Portuguese, but giving to Bacchus the freedom of defending his domain of India as he see fit. It is so that after arrived to Mombassa, Bacchus takes the form of a Christian clergyman (convincing so the Portuguese of being in territory of their faith), and through the mass that the Portuguese execute with him as priest, the locals attack the newly-arrived that are revealed as Muslim "infidels". Venus, knowing of the betrayal of Bacchus, ends up by guiding the Lusitanians through the winds and the waves into safety. Arriving to another land of the eastern shore of Africa, Melinde, the Portuguese are received in way much warmer by the local king.
Baccchus and Shiva
During his reception, the King asks to Vasco da Gama that he tells him on his country, which he did, describing the location of Portugal on the «head» of Europe, and its history since Lusus patriarch of the Lusitanians and hence of the Portuguese (ironically son of the opponent of the Portuguese, Bacchus; this depends on interpretation seeing that some mythographers distinguish between the "Indian Bacchus" who would be son to Jupiter with Io from the Lusitanian ancestor son to Jupiter and Semele or Dionysus and from the Bacchus/Iacchus from the Eleusis and orphic mysteries son to Jupiter and Ceres or with Proserpina), in antiquity, till the moment of the departure of The Gama's armada in the reign of Don Manuel I, passing by the deeds of Afonso Henriques, Afonso IV (on the Battle of Río Salado), from the Revolution of 1383-1385 (Aljubarrota) and Don Afonso V (in the Battle of Toro, a "draw" with Castile, and the tragic and lyrical (mainly in the verses of Camoens, who returns to his old lyricism in the middle of this epic) of Agnes de Castro.Afterwards, the Gama narrates his own (and not less dramatic and adventurous) voyage, through the which he and his crew pass by the encounter with sudden gruesome thunderings, the Saint Elmo's fire (an electric-stormy phenomenon with firey aspect) and a marine waterspout after passed the line of the Equator midway between Brazil and Western Africa, the contact of a Portagee called Fernao Veloso with a native of the island of Saint Helena (at bay from Africa, more famed today for having been the place of the last exile of Napoleon till his death), that due to linguistic barrier ends with the escape of Veloso from a group of armed natives arriving (he is mocked by the companions for the quick escape, to which he answers that he only ran away because he recalled that his friends were there without his help against the natives who arrived), and a confrontation among the Portuguese and the Saint-Helenians in which it does injures himself the Gama on the leg, the facing in the Cape of Storms of the giant Adamastor (who treatens future Portuguese navigators with shipwrecks, including who to him 'defeated', Bartholomew Dias, and at request of The Gama tells his own past and how he became a rock), the disease of scurvy, the soldiers of Mombassa and (already after leaving Mombassa) the sea gods and the winds (that afterwards being moved by a cried and heartfelt appeal on a council of their own, accept to attack the Portuguese fleet; it would be the intervention of Venus and of the love nymphs that save the Lusitanians, despite Gama, Christian and not knowing what goes on, thanking in prayer the rescue to the Divine Providence), and afterwards to finishing the narration, The Gama and the Portuguese depart from Melinde, follow the journey to India, where they face the armies of the Zamorin of Calcutta. By the journey's end, already many Portuguese had died, but the majority survives, and all get their reward on their deeds in Love's Own Island that Venus arises in the middle of the Indian Ocean, with a nymph for each Portuguese, being he Gama guided by the goddess Thetis for faraway from the others and receiving a vision of the universe (at least as it imagined it the Europeans before Copernicus and Galileo) and of the future of the Portuguese Empire up to the time of Camoens, ending the plot that (as in Camoens) "wedded "Christianity and paganism, into a "culminating" of all the ancient and (early) modern western literature and culture into a single system. (It is a testament to the narrative gifts in prose of de Barros that he can put all the indidividual episodes and general flow of the plot without seeming like a best of o' The Lusiads bug something as "organic" as the original)
The first page of the chapter on the episode of the Adamastor
The more purists about an original literary text will not have from the start a lot of taste for experiences of this kind, but who reads individually this book, or in ensemble with the camonian original, cannot cease to recognise the worth, in the work of (re)creation into the prose from his time for the mainstream and/or younger audience of João de Barros', remembering thus to even the most purists that the adaptation is also a work of creation and a creative and even somewhat complex labour, no matter how different it be from a wholly original creation. The form how de Barros presents the old epic-poem of Camoens makes seem that we are hearing the narrating of an old myth by a traditional story teller, using of the same wondrous and tradition more ancient than one's birth, but that feels itself still "fresh", even more so in this prose (using of the words from the back-cover of the 2nd edition from 1996) «easy and clear without detracting on the beauty, the poetic spirit and the inspiration of the original work».
From the camonian plot essentially stands all, but from the voice of the original narrating poet, not everything survives, mainly the parts that little contribute to advance the plot and are more cultural references and figures of speech. Barros also has the care of, with the text and subtext of the poem, to emphacise the more modern aspects of the original book and of its values, and eliminating what could have caused problems with the typical readers of our times or younger readers (like the fact of Joao de Barros calling Venus daughter to Jupiter, what does not appear in Camoens; in mythology there exist two Aphrodites or Venuses, one that was born out of the waves of the sea or Aphrodite Urania and another that is daughter to Zeus or Jupiter, and Camoens does not make explicit to which one it refers, but the idea that it is the daughter of Jupiter gives an incestuous vibe to the scene in which she appeared nude as form to implore him for mercy towards the Portuguese or makes it seem like a non-related woman appealed to Jupiter's lust and nothing more to get her will, but de Barros choses on the contrary to present the scene as a daughter that appears nude and defenseless before the father, crying and begging, appealing to his pity and not to the proverbial sexual appetite of Jupiter). It are choices that made sense at the day and time in which de Barros rewrote The Lusiads, both from the point of view of the political regime of the time, and from the civic Liberal Republicanism ethics of the author's itself.
All in all, what matters in this 9th post on a book from Clássicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics is not the fidelity to the camonian letter (or verse), but the form as it can be real, engaging to the reader, and transform the original epic poem into another format of book (fiction in prose) in which it turns into. The reader so does not come to this book to read Camoens or to learn on Portuguese fiftteen-hundredth literature, but so that it be to one's self told by a master of literature from almost four centuries lattermost to Camoens one of the cclassical adventure narratives of humanity, and of the Portuguese language specifically, that crossed little more than five centuries and that shall continue to impress folk within lusophony and the world over for centuries to come.
There are copies of editions closer to the original or subsequent reeditions throughout the 20th century, mainly the 2nd from 1996 (illustrated, following the original edition, by Martins Barata in classical and appealing fashion), in almost all the Portuguese municipal or school libraries, and in some also of the editions from 2011 onwards find themselves still for sale on the book market. All those editions eare by the Livraria Sá da Costa Editora publisher.
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