(imagem da capa de CustoJusto.pt)
Em 1848, após várias décadas de turbulência e de confrontações político-militares e civis, e logo dois anos depois de uma revolução popular nortenha contra o centralismo político e reformas forçadas que eram demasiado progressistas para o tradicionalismo nacional (a já neste blogue referida Maria da Fonte) e um ano depois de uma revolução unindo populares e militares que continuara muitas das mesmas questões, unindo a "esquerda" e a "extrema-direita" da altura contra os irmãos Costa Cabral, Portugal "em cima" dos seus próprios problemas viu ainda o mundo ter explosão similar na França, através dos estados alemães, dos estados italianos, da Roménia, da Hungria e mesmo no Brasil. Portugal temia não só a sua própria instabilidade (que só com a Regeneração de dois anos depois teria alguma acalmia por algumas décadas, excluindo alguns pseudo-golpes em que políticos ou generais punham tropas em movimento mas não faziam verdadeiro confronto ou violência com o governo, que acabava por ceder depois de ser obtido um acordo desejável para ambas as partes), mas ser influenciada pela instabilidade revolucionária de lá fora. No meio disso tudo, embora as mentes tivessem muita política nelas, tinham um temor de lidar com ela directamente e pensá-la nos seus tempos, preferindo arte ou conversas de ocasião em salões a lidar directamente com a política que nas suas cabeças tanto os preocupava.
Rebelo da Silva mais "cedo" na sua vida
Talvez este contexto tenha inspirado Luís Augusto Rebelo da Silva (ele próprio um político), autor que vimos na publicação anterior, no dar vida a este enredo inspirado na história de Portugal (embora segundo o próprio autor ele tenha escrito o livro, numa temporada de férias na casa na Ajuda de Alexandre Herculano, a quem dedica o livro, com o objectivo de dar vida a páginas da história do nosso país, o facto de ter escolhido um período de crise política em Portugal, o reinado de D. Afonso II no século XIII, pode bem ser influenciado pelas preocupações políticas dos Portugueses da altura). Assim ao começar Ódio Velho Não Cansa (na grafia arcaizante do título original Odio Velho Não Cança) encontramos-nos ante um Portugal em que, a Março de 1211 (não '12 como por vezes erradamente surge), os salões dos paços de Coimbra (então ainda capital), vazios e em silêncio, interrompidos só por barulhos ocasionais no ar (o autor deixa primeiro um mistério sobre o silêncio, vazio e comoção deste momento, explicando somente que não se devia ao motivo de nenhuma guerra, embora alguém com conhecimento de datas de reinados poderá suspeitar). Passa-se que o Rei na altura, D. Sancho I, está moribundo (embora havia já um mês), não tardando que esteja defunto e seja preparado para ser sepultado em Santa Cruz de Coimbra perto do seu pai D. Afonso Henriques. O seu filho, o gordo infante, agora D. Afonso II está para lhe suceder e está bastante abatido, e mais dedicado a juntar-se aos frades em seu torno nas suas rezas. Pouco depois, na presença do infante, dos mestres dos Templários Portugueses, da Ordem do Hospital, o Rei, vestido em hábito de monge, numa cena com tanto de emocional como de impressionante, com o rei moribundo rodeado desta corte e cavaleiros a fazer doações a ordens religiosas e afins, ao longo do final do Capítulo I e ao longo do II.
Mas este retrato do ódio aos Judeus é só o primeiro dos ódios presente na narrativa, o outro (e principal) surgindo no principal do enredo, em torno dos dramas de Maria Pais Ribeiro e seus filhos, com a representação da rivalidade da família de Riba Cávado desta com a de Riba-Douro dos Viegas descendentes de Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques. Passa-se desta tentativa de linchamento popular para o enredo em torno de D. Maria depois de D. Gomes Lourenço Viegas (descendente da família de Egas Moniz e sen hor da Torre Honra d'Avelãs) impôr respeito e salvar o Judeu e o Porteiro, mandando D. Zuleima com um ferreiro, D. Pero para longe. É depois, ao longo do Capítulo V que vemos pela primeira vez descrito o ódio inter-familiar entre estas famílias nortenhas que antes havia "regado" de sangue várias vezes o solo minhoto, e é para exemplificar isto que um dos cavaleiros que acompanha D. Maria e parente desta, D. Martim, conta a um nervoso monge que os acompanha a lenda da torre do paço de Santa Olaia (ou seja, o texto de A Torre de Caim da publicação anterior, aqui num texto algo mais alongado). Depois deste narrativa, nos capítulos seguintes a viagem de Martim e do monge é ensombrada por essa estória (embora não surja aqui sobrenatural fora da narrativa de D. Martim, a escrita de Rebelo da Silva permite una atmosfera de susto e suspense muito eficiente), principalmente conforme ambos exploram os terrenos de Santa Olaia, a torre e as campas das personagens da estória anterior. Depois desse terror outro, devido ao rapto de D. Maria Paes, numa tramoia envolvendo o Porteiro e D. Zuleima juntos com outros homens dos Viegas conseguem executar com sucesso.
Como se vê, Rebelo da Silva mistura vários temas aqui, do ódio religioso, à rivalidade de famílias, à lenda de torre do castelo de Olaia, até se focar especificamente no episódio do rapto de D. Maria que leu no Livro de Linhagens do Conde D. Pedro (que já aqui resenhámos) e fazer dele o foco da acção daqui em diante. Apesar de tudo isto, o autor não perde demasiado foco nem massacra demasiado o leitor com assuntos laterais (apesar de usar mais de metade do livro para chegar ao rapto, tudo antes apresenta-nos estas personagens históricas desconhecidas da maioria e a época e permitem-nos entender de onde vem o rapto), servindo tudo para criar a atmosfera da época, o tema geral do "ódio velho" (até chegar ao ódio Ribeiro Paes-Viegas propriamente dito) e reforçar as "tintas" de drama com a estória dentro da estória. Levando o seu tempo, o autor introduz as personagens e calmamente vai explicando as ligações entre elas, as suas naturezas e o que desejam fazer. O que ele faz com a viva personalidade de Maria Ribeiro Paes, que não é a estereotipada "mulher-anjo" do Romantismo e é mais positiva e psicologicamente complexa que a "mulher-demónio" da mesma corrente literária, pois apesar do ar típico do ideal da época da pele pálida, cabelos aloirados e bons traços, sendo uma sedutora não é tanto uma femme fatale como uma vítima de rapto que se tenta salvar como possível. E é numa espécie de "jogo do gato e do rato" entre ela e o raptor D. Gonçalo que se joga a parte tardia do enredo.
O final pode ser algo previsível de forma dramática (embora histórica): o raptor (também alferes do rei) é morto por tramoia da raptada, à Arco de Sant'Ana a multidão durante a coroação de D. Afonso II faz chegar ao rei gritos por justiça para dita morte, a tentativa de vingança dos Viegas falha, D. Maria é libertada e não há vingança contra sua família não só por ser justo o fim dado a D. Gonçalo dado o seu rapto mas pela protecção que D. Afonso jurara a seu pai dar a ela, e esta é recasada, com o fidalgo Galego Xoan Fernandez Lima (João Fernandes Lima em Português) para acabar a vida no Mosteiro de Grijó. Fora deste resumo ficam muitas acções e sub-enredos menores (de dimensão e importância) envolvendo D. Martim e seus cavaleiros, o monge nervoso, os "bandos" de Gonçalo e a personagem colectiva do povo (que como diz o autor na Introdução) que ensaiava ainda os levantamentos da Crise de 1383-85; o leitor que fique a conhece-las por sua própria leitura e a interprete conforme a veja.
Retrato pós-medieval imaginado de D. Sancho I
No segundo destes, as inúmeras doações, incluindo a uma dama pelo nome de Maria Paes Ribeiro de Vila do Conde, fazem o infante Afonso queixar-se que lhe "partiam a coroa" entre vários "reis" dentro do seu reino devido às doações dos termos de vários povoados. D. Sancho impõem a sua autoridade dizendo «quem é o rei ainda?». O filho expressa o desagrado mas aceita que ainda o seu defunto pai é Rei, embora não aceitando tantas doações reais. Maria Paes era mãe de filhos ilegítimos de D. Sancho (tendo o Rei supostamente escrito sobre ela a cantiga de amigo Muito me tarda o meu amigo na Guarda), e por isso Sua Alteza desejava que o filho legítimo e sucessor cuide dos seus filhos ilegítimos depois da sua morte. Depois desse acordo a contra-gosto, ele faleceu. Ante as movimentações para fora do paço que se seguem no Capítulo III, o povo começa a rumorar sobre o que se passará e temer motins burgueses ou guerras. Apesar de tudo isso ser falso, o povo sobressaltado começa a levantar, à falta do Rei D. Sancho, ódio aberto ao seu antigo tesoureiro (que era implacável colector de impostos), o mestiço de Judeu e Mouro Africano Mestre Zacarias Zuleima, antes protegido do rei. Quando o porteiro tenta pôr "água na fervura", só consegue que o povo queira agora mandar ao pelourinho com ele (que o povo acusa de descender de Mouros) e Zuleima.
Retrato imaginado pós-medieval de D. Afonso II
Tudo isto pode lembrar alguém vagamente de Notre Dame de Paris (i.e. O Corcunda de Notre Dame) de Victor Hugo no estilo geral e no tema medieval com algo de enredo gótico, elemento de conflito étno-racial (no caso de Hugo Franceses/Ciganos) e uma certa ficção política aplicada ao passado, com a grande diferença de o romance de Hugo ser de base plenamente ficcional, sem qualquer inspiração histórica e passado num ano (1482) em que nada demais se passou, o romance de Rebelo da Silva passa-se num período de facto conturbado, e partindo a princípio de personagens e eventos históricos, mas ambos partilham, independentemente disso, uma paixão pela tentativa de construir o dia-a-via e o sentir dos povos destas eras quase como uma novela realista. Como a obra de Hugo (mais ainda que ela, ou não fosse o Capítulo III intitulado Nem sempre a voz do povo é voz de Deus, um alerta contra a demagogia e actos irracionais da parte do povo quando inculto e agindo por paixões irracionais).Mas este retrato do ódio aos Judeus é só o primeiro dos ódios presente na narrativa, o outro (e principal) surgindo no principal do enredo, em torno dos dramas de Maria Pais Ribeiro e seus filhos, com a representação da rivalidade da família de Riba Cávado desta com a de Riba-Douro dos Viegas descendentes de Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques. Passa-se desta tentativa de linchamento popular para o enredo em torno de D. Maria depois de D. Gomes Lourenço Viegas (descendente da família de Egas Moniz e sen hor da Torre Honra d'Avelãs) impôr respeito e salvar o Judeu e o Porteiro, mandando D. Zuleima com um ferreiro, D. Pero para longe. É depois, ao longo do Capítulo V que vemos pela primeira vez descrito o ódio inter-familiar entre estas famílias nortenhas que antes havia "regado" de sangue várias vezes o solo minhoto, e é para exemplificar isto que um dos cavaleiros que acompanha D. Maria e parente desta, D. Martim, conta a um nervoso monge que os acompanha a lenda da torre do paço de Santa Olaia (ou seja, o texto de A Torre de Caim da publicação anterior, aqui num texto algo mais alongado). Depois deste narrativa, nos capítulos seguintes a viagem de Martim e do monge é ensombrada por essa estória (embora não surja aqui sobrenatural fora da narrativa de D. Martim, a escrita de Rebelo da Silva permite una atmosfera de susto e suspense muito eficiente), principalmente conforme ambos exploram os terrenos de Santa Olaia, a torre e as campas das personagens da estória anterior. Depois desse terror outro, devido ao rapto de D. Maria Paes, numa tramoia envolvendo o Porteiro e D. Zuleima juntos com outros homens dos Viegas conseguem executar com sucesso.
Como se vê, Rebelo da Silva mistura vários temas aqui, do ódio religioso, à rivalidade de famílias, à lenda de torre do castelo de Olaia, até se focar especificamente no episódio do rapto de D. Maria que leu no Livro de Linhagens do Conde D. Pedro (que já aqui resenhámos) e fazer dele o foco da acção daqui em diante. Apesar de tudo isto, o autor não perde demasiado foco nem massacra demasiado o leitor com assuntos laterais (apesar de usar mais de metade do livro para chegar ao rapto, tudo antes apresenta-nos estas personagens históricas desconhecidas da maioria e a época e permitem-nos entender de onde vem o rapto), servindo tudo para criar a atmosfera da época, o tema geral do "ódio velho" (até chegar ao ódio Ribeiro Paes-Viegas propriamente dito) e reforçar as "tintas" de drama com a estória dentro da estória. Levando o seu tempo, o autor introduz as personagens e calmamente vai explicando as ligações entre elas, as suas naturezas e o que desejam fazer. O que ele faz com a viva personalidade de Maria Ribeiro Paes, que não é a estereotipada "mulher-anjo" do Romantismo e é mais positiva e psicologicamente complexa que a "mulher-demónio" da mesma corrente literária, pois apesar do ar típico do ideal da época da pele pálida, cabelos aloirados e bons traços, sendo uma sedutora não é tanto uma femme fatale como uma vítima de rapto que se tenta salvar como possível. E é numa espécie de "jogo do gato e do rato" entre ela e o raptor D. Gonçalo que se joga a parte tardia do enredo.
O final pode ser algo previsível de forma dramática (embora histórica): o raptor (também alferes do rei) é morto por tramoia da raptada, à Arco de Sant'Ana a multidão durante a coroação de D. Afonso II faz chegar ao rei gritos por justiça para dita morte, a tentativa de vingança dos Viegas falha, D. Maria é libertada e não há vingança contra sua família não só por ser justo o fim dado a D. Gonçalo dado o seu rapto mas pela protecção que D. Afonso jurara a seu pai dar a ela, e esta é recasada, com o fidalgo Galego Xoan Fernandez Lima (João Fernandes Lima em Português) para acabar a vida no Mosteiro de Grijó. Fora deste resumo ficam muitas acções e sub-enredos menores (de dimensão e importância) envolvendo D. Martim e seus cavaleiros, o monge nervoso, os "bandos" de Gonçalo e a personagem colectiva do povo (que como diz o autor na Introdução) que ensaiava ainda os levantamentos da Crise de 1383-85; o leitor que fique a conhece-las por sua própria leitura e a interprete conforme a veja.
Um jovem Rebelo da Silva
Por agora os leitores deste blogue (vocês 2 ou 3) poderão perceber a importância do muito ignorado Luís Augusto Rebelo da Silva, enquanto escritor, dada a nova vida que deu ao romance histórico na segunda geração do Romantismo, pela evolução que deu ao romance português moderno a caminho do Realismo e dos temas de actualidade (depois desta primeira obra na tradicional ficção medievalista do Romantismo luso, como vimos na anterior publicação, avançou para séculos mais próximos do seu e mesmo para o princípio do seu século com A Casa dos Fantasmas, sobre as Invasões Francesas), e pela forma como ultrapassou as preocupações então tradicionais (preocupações de grau de drama) do romance histórico (aqui podendo ver-se preocupações morais e políticas) e o típico romance histórico que somente representa o passado sem união qualquer ao presente (neste pelo contrário, o que falta da conclusão é dado num capítulo final que descreve uma visita guiada em que o autor e um grupo de senhoras ouvem do guia os factos que explicam onde acabam as personagem que por ficção "usual" antes "vimos"). Concluíndo, como a obra anterior deste autor neste blogue, esta obra é mais séria e madura do que o que se convenciona geralmente para este público, mas pelo seu foco de aventura e a sua estrutura quase de conto tradicional aumentado até à dimensão de romance, pode bem conquistar os afectos dos leitores mais jovens, como a obra já referida de Victor Hugo. Este livro pode ser encontrado em algumas bibliotecas municipais em edições do século XX e no Google Livros na forma da digitalização da 1ª edição de 1848.(Cover image from CustoJusto.pt)
In 1848, afterwards to several decades of turbulence and of political-military and civilian clashes, and right-away two years after a northern-Portuguese revolution against political centralism and forced reforms that were too progressive for the national traditionalism (the already in this blog mentioned Maria da Fonte) and one year after a revolution uniting commoners and military that had continued many of the same issues, uniting the time-point's "left" and "far-right" against the Costa Cabral brothers, Portugal "on top" of its own problems saw moreover the world have similar explosion in France, throughout the German states, the Italian states, Romania, Hungary and even in Brazil. Portugal feared not only its own instability (which only with the Regeneração/"Regeneration" from two years after would have some lull for some decades, excluding some pseudo-coups in which politicians and generals put troops on the move but did not do true confrontation or violence with the government, that ended giving in after being obtained a agreement desirable for both parties), but being influenced by the revolutionary instability from abroad. In the middle of all this, although the minds had much politics on them, they had a dread with dealing with it directly and thinking it in their times, prefering art or idle chats in salons to deal directly with the politics that in their heads so much worried them.Maybe this context had inspired Luis Augusto Rebelo da Silva (he himself a politician), author who we saw in the previous post, in the giving life to this plot inspired in Portugal's history (although according to the author himself he had written the book on a vacationing season on the house on the lisboner Ajuda parish of Alexandre Herculano, to whom he dedicates the book, with the objective of giving life to pages of our country's history, the fact of having chosen a political history period in Portugal, the reign of Don Alfonso II on the 13th century, may well be influenced by the political concerns of the time-period's Portuguese). So at starting Ódio Velho Não Cansa ("Old Hate Doesn't Grow Old"; in the Portuguese archaising spelling of the original title Odio Velho Não Cança, "Ōld Hate Does Not Grow Ōld") we find ourselves in face of a Portugal in which, on March 1211 (not '12 as sometimes wrongly comes-up), the halls of the Coimbra palacial manors (then still Portugal's capital), empty and in silence, interrupted only by ocasional noises in the air (the author leaves first a mystery on the silence, emptiness and commotion of this moment, explaining merely hat it was not owed to the motive of no war, although someone with knowledge of dates of reigns could suspect it). It is going on that the King at the time, Don Sancho I, is dying (although for a month already), not taking long that he be defunct and be prepared to be laid to rest in the Coimbra Santa Cruz monastery near his father Don Alfonso Henriques. His son, the fat infant-prince, now Don Alfonso II is to succeed him and is rather shaken-up, and more dedicated in joining himself with the friars around him in their prayers. Little after, in the presence of the infant-prince, of the master of the Portuguese Templars, of the Hospitaller Order, the King, dressed in monk's habit, in a scene with as much of emotional as of impressive, with the dying king surrounded by this court and knights doing donations to religious orders and alike, along the ending of the Chapter I and along the II.
Imagined postmedieval portrait of D. Sancho I
In the second of these, the inumerous donations, including to a dame by the name of Maria Paes Ribeiro from Vila do Conde town, make the infant-prince complain that they "broke" him "the crown" among several "kings" inside of his kingdom due to the donations of the terminus of several settlements. Don Sancho imposes his authority saying «who is the kind still?». The son expresses his displeasure but accepts that his dying father is King, although not accepting so many royal donations. Maria Paes was mother to ilegitimate children of Don Sancho (having the King supposedly written on her a cantiga de amigo Muito me tarda o meu amigo na Guarda, "Much doth he delay on me my friend on Guarda"), and for that His Highness wishes that the legitimte successor take care of his illgitimate children after his death. After that half-hearted agreement, he passed-away. In face of the moves-alongs to outside the palatial manors that follow themselves on the Chapter III, the people starts to rumour on what might be going on and to fear bourgeois riots or wars. Despite all that being false, the startled people starts to rise, in lack of the King Don Sancho, open hatred to his former treasurer (who was merciless tax collector), the cross of Jew and African Moor Master Zacarias Zuleima, before protegee of the king. When the doorman tries to "água na fervura", he only gets the people to throw at the pillory with him (who the people accuses of descending from Moors) and Zuleima.Imagined post-medieval portrait of Don Alfonso II
All this may remind vaguely of Victor Hugo's Notre Dame de Paris (i.e. The Hunchback of Notre Dame) in the general style, and in the medieval theme with something of gothic plot, elements of ethno-racial conflict (in Hugo's case French/Gypsies) and a certain political fiction applied to the past, with a big difference of the Hugo novel being of fully fictional basis, without any historical inspiration and set in a year (1482) in which nothing much went on, the Rebelo da Silva novel sets itself in a turmoil time, and starting out at first out of historical characters and events, but both share, independently from that, a passion for the attempt to build the day by day and the feeling of the peoples of these eras almost as a realistic novela. Like Hugo's work (more so than it, or were it not the Chapter III titled Nem sempre a voz do povo é voz de Deus ("The People is not always right"), an alert against demagoguery and irrational acts on the part of the people when uncultivated or acting on irrational passions).But this portrayal of hatred to the Jews is only the first of the hates present in the narrative, the other (and main one) coming-up in the plot's "flagship", around the dramas of Maria Pais Ribeiro and her children, with the portraying of the rivalry of her Upper Cavado river family with the Durius North Bank one of the Viegas descendents to Egas Moniz, gentleman valet to Don Afonso Henriques. It is passed on from this popular linching attempt to the plot around Dona Maria after Don Gomes Lourensso Viegas (descendent of Egas Moniz' family and lord o' the Avelans Donjon Tower) imposes respectfulness and saves the Jew and the doorman, ordering Don Zuleima with the blacksmith, Don Pero, faraway. It is afterwards, along the Chapter V that we see for the first time described the interfamilial hate among these northern-Portuguese families that before had "sprayed" in blood several times the Minho region's soil, and it is to exemplify this that one of the knights that accompanies Dona Maria and relative of hers, Don Martim, tells a nervous monk that accompanies them the legend of the palacial manor of Santa Olaia (that is, the text of A Torre de Caim/"The Tower of Cain" from the previous post, here in a somewhat more lengthened). Afer this narrative, in the following chapters the voyage of Martim and the monk is haunted by that story (although it does not come-up here supernatural outside Don Martim's narrative, Rebelo da Silva's writing permits a very efficient atmosphere of fright and suspense), mainly matching both exploring-on the grounds of Santa Olaia, the tower and the graves of the former story. After that terror another, due to the kidnapping of Dona Maria Paes, on a trapping involving the Doorman and Don Zuleima together with other men of the Viegas' can execute with success.
As one can see, Rebelo da Silva mixes several themes here, from religious hatred, to the feud of families, to the legend of the tower of Olaia castle, till focusing itself specifically on the kidnapping of Dona Maria that he read on Count Pedro's Livro de Linhagens (which we already outlined here) and to do out of it the focus of the act from here on. Despite all this, the author does not lose too much focus nor butchers too much the reader with sideline matters (despite using more than half the book to get to the kidnapping, everything before introduces us to these historical characters known to most and the period and allow us to understand where the kidnapping comes from), ser ving everything to create a period atmosphere, the general theme of the "old hate" (until arriving to the Ribeiro Paes-Viegas hatred proper) and to reinforce the "inks" of drama with the story within the story. Taking his time, the author introduces the characters and calmly does explaining the connections between them, their natures and what they desire to do. What he does with the lively personality of Maria Ribeiro Paes, who is not the stereotyped "angel woman" of Romanticism and is more positive and psychologically complex than the "demon woman" of the same literary current, as despite the typical look of the period's ideal of pale skin, blondish hair and good features, being a seducer she's not so much a femme fatale as a kidnapping victim who tries to save herself as possible. It is in a kind of "cat and mouse game" between her and the kidnapper Don Gonssalo that it plays itself the later part of the plot.
The ending may be somewhat predictable in dramatic (although historical) way: the kidnapper (also the king's fourier) is killed by trapping of the kidnapee, Arco de Sant'Ana/Arch of Sant'Anna-style the crowd during Don Alfonso II's coronation does arrive to the king cries for justice for said death, the vengence attempt of the Viegas fails, Dona Maria is liberated and there is no revenge against her family not only due to being fair the end given to Don Gonsallo given his kidnapping but for the protection that Don Alfonso swore to her father to give to her, and the latter is re-married, with the Galician landed-gent Xoan Fernandez Lima (Joao Fernandes Lima in Portuguese) to end her life in the Monastery of Grijoh. Outside this abstract stay many minor (in dimension and importance) actions and subplots involving Don Martim and his knights, the nervous monk, the "bands" of Gonssalo's and the collective character of the people (as does say the author in the Introduction) who rehearsed still the Interrugnum of 1383-85; the reader that gets to know them by one's own reading and interprets it according to how one sees it.
The ending may be somewhat predictable in dramatic (although historical) way: the kidnapper (also the king's fourier) is killed by trapping of the kidnapee, Arco de Sant'Ana/Arch of Sant'Anna-style the crowd during Don Alfonso II's coronation does arrive to the king cries for justice for said death, the vengence attempt of the Viegas fails, Dona Maria is liberated and there is no revenge against her family not only due to being fair the end given to Don Gonsallo given his kidnapping but for the protection that Don Alfonso swore to her father to give to her, and the latter is re-married, with the Galician landed-gent Xoan Fernandez Lima (Joao Fernandes Lima in Portuguese) to end her life in the Monastery of Grijoh. Outside this abstract stay many minor (in dimension and importance) actions and subplots involving Don Martim and his knights, the nervous monk, the "bands" of Gonssalo's and the collective character of the people (as does say the author in the Introduction) who rehearsed still the Interrugnum of 1383-85; the reader that gets to know them by one's own reading and interprets it according to how one sees it.
A young Rebelo da Silva
By now this blog's readers (the 2 or 3 of you) may understand the importance of the much ignored Luis Augusto Rebelo da Silva, as writer, giving new life to the historical novel in the second generation of Portuguese Romanticism, by the evolution that he gave to the modern Portuguese novel on the path to Realism and the current themes (after this first work in the traditional medievalist fiction of the Portuguese Romanticism, as we saw on the previous post, advanced to centuries nearer to his own and even to the beginning of the his century A Casa dos Fantasmas/"The House of the Ghosts", on the French Invasions of Portugal), and by the way how he overcame the then traditional concerns (concerns of degree of drama) of the historical novel (here one being able to see moral and political concerns) and the typical historical novel that just represents the past without any unity to the present (in this one on the contrary, what it lacks of conclusion is given on a final chapter that describes a guided tour in which the author and a group of ladies hear from the guide the facts that explain where it ended the characters that by "usual" fiction before "we had seen"). Concluding, as the previous work of the author's on this blog, this work is more serious and mature than what is settled generally for this audience, but that by its adventure focus and its structure almost of traditional tale augmented up till novel scope, may well conquer the affections of the younger readers, as the already mentioned Victor Hugo work. This book may be found in some municipal libraries in 20th century editions and at Google Livros in the form of the 1848 1st edition's digitalisation.
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