Contos e Lendas tem algumas coisas que distinguem esta obra de outras que veremos ao longo deste blogue. Expliquemos: ao contrário de outras do tipo a que nos temos habituado, não temos aqui contos (pelo menos sempre) cheios de aventuras e proezas heróicas, nem lendas de cavaleiros e cheios de maravilhoso (como poderíamos esperar depois das obras arturianas de Augusto da Costa Dias e de Jorge Ferreira de Vasconcelos), mas este volume saído em 1873 (dois anos depois da morte do autor) recolhendo diversos contos e novelas deste autor, salvo erro alguns publicados ainda antes da sua morte (por exemplo o conto A Torre de Caim, incluído no romance Ódio Velho Não Cansa, que será em breve visto neste blogue) e alguns inéditos, mostra algo que é um marco na maturidade da escrita da segunda geração do Romantismo português (a que este autor mais jovem que privou com Herculano e Garrett pessoalmente), e mostra também um autor que encontrava-se no topo das suas faculdades e conhecimentos intelectuais e mostrava o seu envolvimento e trabalho em vários aspectos destes textos (no conhecimento dos detalhes da história e dos aspectos de sociedades passadas de Portugal, ou não fosse professor de História no Curso Superior de Letras, um conhecimento cuidado da língua portuguesa e de várias ciências e artes, ou não fosse um sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa desde 1854, membro do Conservatório Nacional e do Instituto Coimbra e de várias instituições brasileiras, uma vontade de educar os seus compatriotas leitores através da ficção, ou não fosse parte do Conselho Superior de Instrução Pública no seu tempo, e um forte patriotismo, ou não fosse um membro fundador da anti-iberista Comissão Central 1.º Dezembro de 1640 e antigo Ministro dos Negócios da Marinha e do Ultramar do Reino de Portugal de 11 de Agosto de 1869 a 20 de Maio de 1870).
Quando o livro foi lançado, o seu tom grandiloquente e a mistura de questões sociais (do passado, claro) e romanesco deram um ar de modernidade e vida ao romance, e ajudaram a tornar um dos textos mais vivos e notados do autor, e por isso foi sendo dos mais editados e inspirou por exemplo (no caso do último conto) fados (como o fado homónimo de Rodrigo) e uma adaptação (também homónima) de uma página de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. O que mais chama atenção aos leitores talvez sejam as inflexões entre tom mais fantástico e mais realista dentro do livro (e mesmo de contos diferentes, em A Torre de Caim ou O Castelo de Almourol, no primeiro "montando" o autor uma imagem realista da sociedade portuguesa medieval e da sua estrutura social para depois avançar pelo reino do sobrenatural, e no segundo metendo falso sobrenatural contra a realidade social seiscentista), e no fundo em obras do Romantismo tardio como estas começamos a ver a transição do Romantismo mais estilístico, poético, grandiloquente e simbolista na direcção do Realismo, com maior foco na mostra da vida quotidiana (mesmo que seja do passado) e nos problemas sociais (tanto de camponeses como de nobres caídos por razão monetária ou pessoal); na evolução dos estilos literários portugueses do Romantismo histórico a caminho do Realismo, depois de livros como este, o Realismo do Primo Basílio ou os romances "de actualidade" vagamente eróticos de Alfredo Gallis (talvez a maior aproximação do Realismo "excessivo" e vagamente Romântico de Flaubert em Portugal, talvez ainda mais que Eça) estava ao virar da esquina (O Primo Basílio 5 anos depois e uns 20 anos ou assim antes do princípio da carreira de escrita de Gallis).
Rebelo da Silva ao final da vida
Nós vemos quase todas estas facetas deste autor ao longo desta obra de contos e novelas (que é hoje dos mais conhecidos volumes deste hoje algo esquecido autor). Este livro de 4 textos (fora a introdução escrita originalmente pelo autor para esta obra póstuma planeada em vida, em 1866) abre com o conto A Torre de Caim. Este conto de fantástico medieval lembra um pouco o "sabor" da novela A Dama Pé-de-Cabra de Alexandre Herculano, sendo porém mais fortemente católico (no texto de Herculano, condizendo com o perfil do autor que já neste blog descrevemos, vemos um cristianismo intenso mas auto-crítico) e também mais romântico em termos de enredo. O enredo é aqui sobre um casal à Romeu e Julieta no actual concelho de Figueira da Foz (a "Torre de Caim" do título é a torre do antigo castelo de Santa Olaia) separado por uma luta de clãs (neste caso posta no contexto do conflito Mouros-Cristãos da Reconquista um século antes da fundação da nossa nacionalidade), cruzado com um triângulo amoroso envolvendo dois antigos amigos feitos rivais amoroso, e claro, intervenções satânicas e sobrenaturais que distinguem o livro da maioria da literatura do género em Portugal e no mundo (e dão mais interesse ao próprio conto em si). O enredo é relativamente simples (até previsível para o leitor mais habituado ao tipo de enredo de literatura romântico-histórica), mas o facto de ser relativamente curto e bastante bem escrito estilisticamente ajuda-o a 'escorrer pela garganta abaixo' facilmente.
Os restos actuais dos antigos castro e castelo em Santa Olaia
Depois de um conto verdadeiramente fantástico, vem uma novela algo longa que parece continuar o mesmo ambiente sobrenatural. O Castelo de Almorol passa-se no século XVII e envolve os proprietários à época dos terrenos do ribatejano Castelo de Almourol sobre uma margem do Tejo. Estes encontram-se muito preocupados por estórias de assombrações que rondam aqui. Mas neste texto, pelo contrário o sobrenatural insinuado e brilhantemente apresentado por escrita e estilo por Rebelo da Silva é um engodo, criado para enganar os proprietários e os afastar. Este texto, que se anunciava tornar num brilhante romance de Rebelo da Silva, infelizmente não foi acabado por morte do autor, sendo assim incluído nesta colecção póstuma com os textos que em vida o autor já tinha preparados para uma colectânea de contos.
O referido castelo
Depois vêm outra novela, A camisa do noivado, uma novela histórica agora essencialmente realista em que o "gótico" só vem (para além do período da história na arte representado) de um certo "grafismo" relacionado com a narração da justiça por vezes cruel de D. Pedro I (sim, o da Inês de Castro e d'O Arco de Sant'Ana). Este enredo começado em Algoço, Trás-os-Montes, é uma das provas de que (como diz a citação de Fernão Lopes com que abre o texto) «Assi que bem podem dizer deste rei D. Pedro, que nom sairom em seu tempo certos os ditoos de Solon, filosopho, e d'outros, alguns dos quaes disserom, que as Leis e justiça erom como teias de aranha nas quaes os mosquitos pequenos, caindo, são reteudos e morrem em ella, e as moscas grandes e que som mais rijas, jazendo em ellas rompem-as e vão-se.» Pela fama de Pedro, "o Cruel" ou "o Justiceiro" e esta epígrafe bem que podem imaginar o que se passará...
D. Pedro I num imaginado retrato pós-medieval
As palavras introdutórias vivas e bem-escritas de Rebelo da Silva, estas narrativas de fantástico horripilante, de conspiração entre fidalguia e aparente sobrenatural e de justiça incorruptível medieval poderiam por si só bastar para marcarem o leitor quanto ao estilo e visão de Rebelo da Silva enquanto escritor (e para muito ao longo século XX assim o foi, visto que foi a obra mais lida deste autor neste período), mas para além do leve toque sobrenatural (ou quase-sobrenatural), o principal do livro é dado pelo seu último texto, o realista conto histórico A Última Tourada em Salvaterra de Magos, inspirado num episódio real do consulado do Marquês de Pombal. Nele encontramos a relativamente curta descrição de um confronto renhido em praça de touros entre um jovem aristocrata, enquanto toureiro a cavalo, e um touro possante (e pujante), e como o animal triunfa sobre o jovem mas o pai deste não terá o mesmo (in)sucesso. O grande foco (e conclusão) do episódio é o contexto em que se passa o episódio, durante um confronto com Espanha que se está prestes a desencadear uma breve guerra no meio da Guerra dos Sete Anos (que nos EUA deu origem à Guerra Franco-Índia representada n'O Último dos Moicanos de Fenimore Cooper, e em Portugal ficou conhecida como "Guerra do Mirandum" ou "Guerra Fantástica", representada no filme de Fernando Matos Silva Guerra do Mirandum de 1984 com banda-sonora de Fausto Bordalo Dias), que influenciaria a decisão de Pombal de tentar abolir as touradas, que pela afeição arreigada da maioria dos Portugueses a este costume impediu que a lei de Pombal fosse efectivamente praticada.
Os dois temas da banda-sonora de Fausto de 1984 (o 1.º tema sendo original de 1979)
Apesar de haver aqui sobrenatural, grandes lances narrativos, etc., as narrativas de Rebelo da Silva não ultrapassam em exagero romântico as de Garrett ou Herculano que junto com outros autores lançaram o Romantismo em Portugal, tendo os mesmos heróis solitários românticos que sofrem do preconceito social do meio em seu redor, que não são cidadãos médios e banais, e que não acabam normalmente lá muito bem. Assim é com os amantes e o terceiro bico do triângulo amoroso de A Torre de Caim, com as partes do confronto de terrenos de O Castelo de Almourol, o nobre criminoso de A camisa do noivado ou o jovem toureiro aristocrático de A Última Tourada. Mas isso mesmo acaba por os fazer tão heróicos, apaixonantes, romanescos, atraentes para nós. Vendo-os terminar sozinhos, esgotados, derreados para a morte os apanhar, a natureza e a morte levando-os para outros lugares melhores (esperamos), acaba por ser o fim perfeito, e lindo, para heróis, anti-heróis ou simples figurinos bonitos trágicos como o toureiro do último texto) deste tipo.Quando o livro foi lançado, o seu tom grandiloquente e a mistura de questões sociais (do passado, claro) e romanesco deram um ar de modernidade e vida ao romance, e ajudaram a tornar um dos textos mais vivos e notados do autor, e por isso foi sendo dos mais editados e inspirou por exemplo (no caso do último conto) fados (como o fado homónimo de Rodrigo) e uma adaptação (também homónima) de uma página de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. O que mais chama atenção aos leitores talvez sejam as inflexões entre tom mais fantástico e mais realista dentro do livro (e mesmo de contos diferentes, em A Torre de Caim ou O Castelo de Almourol, no primeiro "montando" o autor uma imagem realista da sociedade portuguesa medieval e da sua estrutura social para depois avançar pelo reino do sobrenatural, e no segundo metendo falso sobrenatural contra a realidade social seiscentista), e no fundo em obras do Romantismo tardio como estas começamos a ver a transição do Romantismo mais estilístico, poético, grandiloquente e simbolista na direcção do Realismo, com maior foco na mostra da vida quotidiana (mesmo que seja do passado) e nos problemas sociais (tanto de camponeses como de nobres caídos por razão monetária ou pessoal); na evolução dos estilos literários portugueses do Romantismo histórico a caminho do Realismo, depois de livros como este, o Realismo do Primo Basílio ou os romances "de actualidade" vagamente eróticos de Alfredo Gallis (talvez a maior aproximação do Realismo "excessivo" e vagamente Romântico de Flaubert em Portugal, talvez ainda mais que Eça) estava ao virar da esquina (O Primo Basílio 5 anos depois e uns 20 anos ou assim antes do princípio da carreira de escrita de Gallis).
O fado de Rodrigo
Contos e Lendas é um grande clássico da literatura nacional e bem que pode ser considerado um clássico a nível mundial, e talvez seja um pouco mais maduro e (nalgumas passagens) cru que o geral das obras que temos visto por este blogue (com algumas excepções), mas pelo que a leitura nos permite em termos de boa experiência de leitura e de literatura algo aventurosa e clássica, valerá a pena ao leitor jovem pegar neste volume como "experiência de iniciação". Isso pode ser feito em não todas mas em muitas bibliotecas municipais, encontrando-se ainda raras edições impressas mais recentemente por editoras, e em-linha no Project Gutenberg (a partir da edição original de 1873, mantendo a grafia da época).
Tales and Legends has some things that distinguish this work of others that we see throughout this blog. Let's explains: unlike others from the kind to which we have used ourselves to, we don't have here tales (at least always) full of adventure and heroic deeds, nor legends of knights and full of wondrous (like we could await after the arthurian works of Augusto da Costa Silva and of Jorge Ferreira de Vasconcelos), but this volume come out in 1873 (two years after the death of the author) recollecting diverse short-stories and novellas by this author, error excepted some published yet before of his death (for example the short-story A Torre de Caim, "The Tower of Cain", included in the novel Ódio Velho Não Cansa, "Old Hates Doesn't Grow Old", that shall be soon seen in this blog) and some unedited things, shows something that is a mark in the maturity of the writing of the second generation of the Portuguese Romanticism (to which this author younger that privied with Herculano and Garrett personally), and shows also an author that found itself in the top of his faculties and intellectual knowledges and showed his involvement and work in several aspects of these texts (in the knowledge of the details of history and of the aspects of past societies of Portugal, or wouldn't he be teacher of history in the Higher Course of Letters, a cared-for knowledge of the Portuguese language and of several sciences and arts, or wouldn't he be an associate of the Royal Academy of Sciences of Lisbon since 1854, member of the National Conservatory and of the Coimbra Institute and off several Brazilian institutions, an urge of educating his reading countrymen through of fiction, or wouldn't he be part of the Superior Council of Public Instruction of his time, and a strong patriotism, or were he not a founding member of the anti-Iberist Central Comission 1st December 1640 and former Minister of Affairs of the Navy and of the Overseas of the Kingdom of Portugal from August 11, 1869 to May 20, 1870).
When the book was launched, its magniloquent tone and the mixture of social issues (from the past, of course) and romanesque gave an air of modernity and life to the volume, and helped to turn one of the most libely and noticed texts of the author, and because of that went being one of the most published ones and inspired for example (in the case of the last short-story) fado-songs (like the homonymous fado by singer Rodrigo) and an adaptation (also namesake) of one page by Ana Maria Magalhaens and Isabel Alssada. What the most calls the attention to the readers maybe are the inflections between tone more fantastic and more realist inside of the book (and even of different short-stories, in The Tower of Cain or The Castle of Almourol, in the first "putting-up" the author a realist image of the of the medieval Portuguese society and of its social structure for afterwards advancing through the kingdom of the supernatural, and in the second putting false supernatural against the seventeenth-century social reality), and at the end of it in works of the later Romanticism like these ones we start to see the transition from the most stylistic, poetic, magniloquent and symbolist Romanticism in the direction of the Realism, with greater focus in the showing of the daily life (even if it be the one from the past) and in the social problems (as much from peasants as from nobles fallen by monetary or personal reason); in the evolution of the Portuguese literary styles of the Romanticism on the way of Realism, afterwards of books like this one, the Realism of Essa de Queiroz's The Cousin Basilio or of the vaguely erotic "current-events" novels of Alfredo Gallis (maybe the greatest nearing to the "excessive" and vaguely Romantic Realism of Flaubert in Portugal, maybe even more than Essa) was around the corner (The Cousin Basilio 5 years after and some 20 years or so before of the begining of the writting career of Gallis).
Rebelo da Silva at the ending of his life
We see almost all these facets of this author throughout this work of short-stories and novellas (that is today from the most known volumes of this today somewhat forgotten author). This book of 4 texts (aside the introduction written originally by the author for this posthumous work planned in life, in 1866) opens with the short-story The Tower of Cain. This medieval fantastique tale recalls a little the "flavor" of the novella A Dama Pé-de-Cabra, "The Goat-Foot Lady" by Alexandre Herculano, being though more strongly Catholic (in the text of Herculano, matching with the profile of the author that already in this blog we described, we see a Christianity intense but self-critical) and also more romantic in terms of plot. The plot is on a couple a la Romeo and Juliet in the current county of Figueira da Foz (the "Tower of Cain" from the title is the tower of ancient castle of Santa Olaia) separated by a clan fight (in this case put in the context of the Moors-Christians conflict of the Reconquista a century before of the foundation of the Portuguese nationhood), crossed with a love triangle involving two former friends made loving rivals, and of course, stanic and supernatural interventions that distinguish it the book from most of the literature of the genre in Portugal and in the world (and give more interest to the own short-story in itself). The plot is relatively simple (even predicteable for the reader more used to the kind of plot of romantic-history literature), but the fact of being relatively short and rather well written stylistically helps it to 'slide down the throat' easily.
The current remains of the ancient oppidum and castle in Santa Olaia
After a short-story truly fantastique, comes a novella somewhat long that seems to continue the same supernatural environment. O Castelo de Almorol ("The Castle of Almourol") passes itself in the 17th century and involves the owners at the time of the terrains of the ribatejan Castle of Almourol over a bank of the Tagus. These find themselves very worried by stories of hauntings that go round there. But in this text, on the countrary the insinuated and brilliantly presented by writing and style by Rebelo da Silva is a decoy, created for fooling the owners and to them draw-away. This text, that itself did announc to become a brilliant Rebelo da Silva novel, unfortunetly it wasn't finished due to authorial death, being so included in this postumous collection with the texts that in life the author already had prepared for a collection of short-stories.
O mentioned castle
Afterwards comes another novella, A camisa do noivado ("The Engagement Shirt"), an historical novella now essencially realist in which the gothic only comes (besides from the period in art history portrayed) from a certain "graphicness" related with the narration of the justice sometimes cruel of Don Peter I of Portugal (yes, the one of Ignez de Castro and from O Arco de Sant'Ana/The Arch of Sant'Anna). This plot started in Algosso, Trahs-os-Montes province, is one of the proofs that (as says the quote by Portuguese historian Fernam Lopes with which it opens the text): «So that well may say from this king Don Peter, that did not cum out in his time right the sayins of Solon, philosofer, and o' others, some of the whiche saideth, that the Laws and justice waare like spider webs in the whiche the small mosquitos, falling down, are retained and die in jt, and the flies big and that are more stiff, laying in them burst them and go-off to themselves.» By the fame of Peter, "the Cruel" or "the Justice-maker" and this epygraph well that you may imagine what shall pass itself...
Don Pedro I in an imagined post-medieval portrait
The lively and well-written introductory words of Rebelo da Silva, these narratives of horrifying fantastique, of conspiracy among gentry and apparent supernatural and of uncorruptible medieval justice could on themselves alone suffice for marking the reader about the style and vision of Rebelo da Silva as writer (and for much throughout the 20th century so it was, seen that it was the work more read of this author in this period), but beyond of the light touch of supernatural (or almost-supernatural), the main thing of the book is given by its last text, the realist historical short-story A Última Tourada em Salvaterra de Magos ("The Last Bullfight in Salvaterra de Magos"), inspired in a real episode from the consulate of Prime Minister Marquis of Pombal. In it we find the relatively short description of a fierce confrontation in bullfighting square, between a young aristocrat, as bullfighter on horse, and a mighty (and thriving), and how the animal triumphs over the young-man but the father of these shall not have the same (in)success. The great focus (and conclusion) of this episode is the context in which it sets itself the episode, during a confrontation with Spain that is about to unleash a brief war in the middle of the Seven Year War (that in the USA gave origin to the French and Indian War portrayed in The Last of the Mohicans by Fenimore Cooper, and in Portugal was known as "War of the Mirandum" or "Fantastical War", portrayed in the film by Fernando Matos Silva Guerra do Mirandum, "War of the Mirandum", from 1984 with soundtrack by Portuguese protest-folk musician Fausto Bordalo Dias), which would influence the decision of Pombal of trying to abolish the bullfights, that for the ingrained affection from the majority of the Portuguese to this custom that prevented that the law of Pombal were effectively practiced.
The two themes from the 1984 soundtrack by Fausto (the 1st theme being an original from1979)
Despite of having here supernatutal, wide narrative throws, etc., the narratives of Rebelo da Silva do not overcome in romantic exageration the ones of Garrett or Herculano that together with other authors launched Romanticism in Portugal, having the same romantic lone heroes that suffer from the social prejudice of the environment around them, that are not average and banal citizens, and that do not end normally very well. So is with the lovers and the third beak of the love triangle from The Tower of Cain, with the parts of the terrains confrontation from The Castle of Almourol, the noble criminal from The Shirt of the Engagement or the young bullfighter from The Last Bullfight. But right that ends by making them so heroic, passionate, romanesque, attractive to us. Seeing them alone, wore-out, slumped-down for death to catch them, naturre and death taking them for other better places (we hope) ends up being the perfect ending, and beautiful, for heroes, anti-heroes or simple pretty tragic figurines (like the bullfighter of the last text) of this kind.When the book was launched, its magniloquent tone and the mixture of social issues (from the past, of course) and romanesque gave an air of modernity and life to the volume, and helped to turn one of the most libely and noticed texts of the author, and because of that went being one of the most published ones and inspired for example (in the case of the last short-story) fado-songs (like the homonymous fado by singer Rodrigo) and an adaptation (also namesake) of one page by Ana Maria Magalhaens and Isabel Alssada. What the most calls the attention to the readers maybe are the inflections between tone more fantastic and more realist inside of the book (and even of different short-stories, in The Tower of Cain or The Castle of Almourol, in the first "putting-up" the author a realist image of the of the medieval Portuguese society and of its social structure for afterwards advancing through the kingdom of the supernatural, and in the second putting false supernatural against the seventeenth-century social reality), and at the end of it in works of the later Romanticism like these ones we start to see the transition from the most stylistic, poetic, magniloquent and symbolist Romanticism in the direction of the Realism, with greater focus in the showing of the daily life (even if it be the one from the past) and in the social problems (as much from peasants as from nobles fallen by monetary or personal reason); in the evolution of the Portuguese literary styles of the Romanticism on the way of Realism, afterwards of books like this one, the Realism of Essa de Queiroz's The Cousin Basilio or of the vaguely erotic "current-events" novels of Alfredo Gallis (maybe the greatest nearing to the "excessive" and vaguely Romantic Realism of Flaubert in Portugal, maybe even more than Essa) was around the corner (The Cousin Basilio 5 years after and some 20 years or so before of the begining of the writting career of Gallis).
The Rodrigo fado
Tales and Legends is a great classic of Portuguese national literature and well that it can be considered a classic on world level, and maybe it is a little more mature and (in some passages) raw than the general of the works that we have seen through this blog (with some exceptions), but for what the reading to us permits in terms of a good experience of reading and literature somewhat adventurous and classic, it shall be worth it to the young reader to pick-up in this volume as "initiation experience". That can be done in not all but in many municipal libraries in Portugal, find themselves still rare editions printed more recently by publishers, é um grande clássico da literatura nacional e bem que pode ser considerado um clássico a nível mundial, and online in the Project Gutenberg (out of the original edition of 1873, keeping the Portuguese spelling from the time).
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