quinta-feira, 5 de março de 2015

"O Malhadinhas", "Aninhas", "Mónica" e "Mina de Diamantes", Aquilino Ribeiro (parte 1 da publicação) // "The Little Tabbie", "Little-Ana", "Monica" and "Diamond Mine", Aquilino Ribeiro (part 1 of the post)

À partida, não causaria 'polémica' colocar um livro de Aquilino Ribeiro como o anterior Romance da Raposa num blogue do tipo deste Classicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics, ou eventualmente Arca de Noé, III classe, mas as obra aqui, podem causar mais 'polémica' por não se ver como considerá-las infanto-juvenis, mas podemos defender a escolha por dois motivos. Primeiro o conceito de infanto-juvenil é por vezes bastante flexível, chegando a englobar obras que já foram para leitores adultos nos seus tempos mas cujos temas ou enredos são agora vistos como 'coisas de miúdos' (como Ivanhoé de Sir Walter Scott; o Eurico de Herculano pode estar a levar o mesmo caminho apesar de alguma complexidade e intelectualidade de texto), com a linha divisória sendo por vezes quase artificial (por exemplo, o Americano Mark Twain concebera As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn como uma unidade, mas o primeiro tende a ser considerado uma obra infanto-juvenil enquanto a segunda é considerada uma obra adulta e mesmo "o grande romance americano", apesar de uma certa unidade de tom e de grau de mistura de sério e cómico). Nesta publicação, temos algumas obras que são do tipo das de Aquilino que tendem mais a ser vistas como grande romances do século XX português mas que podem ser acessíveis para alguns públicos juvenis.
Segundo, se analisar-mos estas obras, encontramos aqui uma obra muito comparável à incontestavelmente infanto-juvenil Romance da Raposa, pelo retrato de um protagonista picaresco (no caso de O Malhadinhas) e até de forma algo insultuosa (na linha dos pensamentos elitistas e mesmo racializados do Aquilino dos anos '20 e '30) tanto a raposa como os 'saloios' de alguns destes textos são vistos todos pelo autor como «bicharada» (confirmem que ele o diz no Inquérito ao autor incluído na Marginália no fim da edição de 1996 da Bertrand do Romance da raposaTeorias do autor acerca de literatura infantil e dos seus dois livros neste género, que inclui o dito Inquérito e uma Entrevista), e muito do raciocínio artístico subjacente à escrita das três obras acima está de acordo com a 'estilística' que Aquilino aplicava às suas obras para jovens (como definida na Marginália da referida edição do Romance da raposa): pelo simbolismo estilístico aplicado (algo que o Realista Aquilino considerava aceitável na sua obra mais juvenil) e por alguma leveza de espírito na recriação da realidade (principalmente quando comparadas com obras mais 'cruas' e 'duras' do autor como Quando os Lobos Uivam ou o picaresco mas mais sexualizado O Homem que Matou o Diabo), fazendo a 'crónica' de personagens que ele diz serem "históricas" por terem narrado sobre elas a sua fábula de sabor popular (como o autor dizia estar a fazer para a "raposeta"), analisando gente 'natural' que ultrapassa meros actos de instinto sem entrar propriamente no 'campo' da razão mas da astúcia «à Ulisses» (o mitológico, não treinadores que rondam por aí), como explicado por ele no referido Inquérito, habilidades que são admiradas pelas crianças por admissão do próprio autor), pela temática, ambientes e personagens beirões (comum a todas obras do autor escritas até 1932, ano em que se fixou na Cruz Quebrada, nos arredores de Oeiras) e mesmo em termos gráficos (O Malhadinhas é das poucas obras não infantis do autor a terem sido ilustradas em edições publicadas em vida do autor).
Aquilino (o do meio na fila sentada) com aproximadamente a idade com que escreveu e publicou Estrada de Santiago, aqui com o restante grupo fundador da revista liberal republicana Seara Nova (à direita e esquerda dele estão outros dois autores que escreveram para crianças e jovens, Jaime Cortesão e o ancião Raul Brandão respectivamente)
Devido à duração relativamente curta de todas as obras aqui incluídas (O Malhadinhas de 1922, Aninhas de 1932 e Mina de Diamantes de 1958, são novelas, mas Mónica de 1939, mas tendo sido juntamente com o romance O Arcanjo Negro proibida pela Censura portuguesa até 1947, é uma colectânea de duas novelas) é que esta 11.ª entrada do blogue, de forma irregular, cobre mais de um texto (mas por causa do tamanho do texto de análise de ambos, iremos assim dividir a entrada em duas publicações, pela penso eu, única vez na história deste blogue por ora e por vir). Comecemos então com o mais antigo de todos, e vendo o seu enredo.
Capa da edição de 20?? d'O Malhadinhas
O Malhadinhas (possível alcunha, referindo-se nesse caso provavelmente a ele ter manchas, 'malhas', na pele ou cabelo, embora o seu nome seja dado como «António Malhadinhas» no capítulo II) é um almocreve Beirão aparentemente conhecido na sua região (e que é o narrador da sua própria estória, uma espécie de monólogo em prosa feito ante ouvintes incluindo «escrivães da vila e manatas» e «fidalgos»); ele é um rústico serrano grosseiro, matreiro, mas sentimental, de poucos escrúpulos e sem pruridos de resolver problemas à «faquinha» (que traz à cinta), ou com a língua (igualmente afiada, segundo diziam, nas palavras do narrador-herói «as bocas do mundo mal consideradas). Impondo, pela estratégia discursiva escolhida, um esforço da coloquialidade (este pode ser outro texto linguisticamente "antropológico" de Aquilino, mas admite o próprio na Nota Preliminar da edição de 1958 que não fez aqui um registo fiel da linguagem do rústico Beirão mas um filtrar para manter só a substância e fazer dele o «registo psicológico», isto apesar de Aquilino escrever "à margem" da escrita mais psicologista da revista Presença, ou não fosse Aquilino individualista na escrita como em vida e na política), com os seus ditos proverbiais, as suas inflexões idiomáticas, na construção da figura do Malhadinhas (que é regido na sua conduta pelos preceitos sagrados de honra e de palavra, por certa ambivalência religiosa simultaneamente cristã e profana, e sugestivo orador na descrição sensível da paisagem ou evocação sensual da mulher) o autor concentrou alguns dos eixos temáticos fundamentais da sua obra geral.
Esta obra, considerada desde pelo menos os anos de 1970 o modelo mais perfeito de ficção picaresca em língua portuguesa, pelo casticismo da linguagem e pela evidência dos tipos sociais nas personagens, surgiu inicialmente na colectânea do autor Estrada de Santiago (uma das obras do autor em que mais ele escreve «aventuras mítico-sensuais», para usar o termo de Urbano Tavares Rodrigues na introdução à obra de Aquilino no início do volume de A Via Sinuosa para a publicação em 1983 do Círculo de Leitores dos Romances Completos de AQUILINO RIBEIRO) em 1922, mas que se tornou uma obra tão celebrada do autor que "ganhou direito" a um livro chefiado por ela (acompanhada da novela Mina de Diamantes que veremos daqui a pouco) em 1958. O texto apresenta-nos (após uma página com uma apresentação em itálico em que o autor apresenta a personagem título, já na terceira idade, e o seu linguajar e voz «tão untuosa» como algo já famosamente mítico, preparando o palco para o monólogo autobiográfico do personagem principal ao longo do resto do texto. Este começa no tempo quando o Malhadinhas começava «a pôr vulto no mundo» e «era a porca da vida outra droga», todas as semanas contavam na sua aldeia de Barrelas «dias de guarda» e «por cada dia de guarda, armava-se o saricoté nos terreiros», e fala com alguma nostalgia de tempos de climas mais sazonais (hoje com as alterações climáticas isto terá talvez um toque mais pessoal no leitor) e a vida era algo mais cheia e bem bebida e alimentada que no tempo da sua velhice pelos anos de 1920 em que, como um amigo do Malhadinhas, Miguelão da Cabeça da Ponte, dizia, governavam «as terras vãs e os filhos das barregãs». E tendo descrito a vida no seu tempo de jovem na sua terra «perdida no calcanhar do mundo atrás de caminhos excomungados», descreve-nos como começou a ir até Costa Nova buscar sal de sardinha e outros géneros da costa para trocar por azeite, azeitona e linho às bandas de Penedono; naquela altura nem noite nem invernias nem ladrões de estrada impediam o Malhadinhas de cumprir os seus caminhos (acreditava ele que «Com Latim, rocim e florim, andarás mandarim»).
O primeiro verdadeiro episódio do enredo (episódio que dá fim ao primeiro capítulo) é o problema que o protagonista tem com as suspeitas de que a prima Brízida (erradamente Brígida nalguns estudos posteriores sobre o texto) de «trunfa preta sobre o rosto» a quem "arrastava a asa" andava também a ser 'rodeada' pelo Tenente da Cruz e talvez mais alguns, e ante a recusa da prima de partir com ele (visto que o pai dela se opunha ao casamento dos dois, e nas palavras dela, fugir assim era «muito feio») e as suspeitas do carácter da mesma, ele vai-se sozinho deixando-a "na dela" (embora mantendo sempre uma afeição pela mesma e sendo-lhe sempre fiel, mais que Abraão à sua esposa Sara segundo o narrador-protagonista no capítulo VIII; a dinâmica Malhadinhas-Brízida pode mesmo ser comparada com a fiel dinâmica Arnaldo-Florinda do antes estudado romance Constante Florinda de Pires de Rebelo). Dedicando-se com outros companheiros Beirões e Espanhóis raianos a transportes de almocreve entre a fronteira luso-espanhola e o mar, numa semana de Pascoela decidiu separar-se dos companheiros para ir carregar sozinho azeite do Vale de Arouca. É lá, no «povo de Santa Eulália» que numa feira se envolve num combate de jogo do pau contra um brigão local, que o Malhadinhas vence.
É este o primeiro dos inimigos (e serão mais alguns depois disto) com que ele se confrontará ao longo do enredo pleno de peripécias, que se passa ao longo de anos nos quais ganha (na admissão do próprio) «rios de dinheiro» e perde-os em problemas com a justiça. No capítulo VIII, o Malhadinhas, figura de serrano rústico, grosseiro e matreiro, não hesita usar da «faquinha» que tem sempre à cintura para corrigir o que percepciona como uma injustiça feita à sua neta Luísa por um barbeiro chamado Bentinho à navalhada que sempre insistiu só usar para cortar a côdea ou para assustar de forma a evitar combates a sério (no capítulo anterior o Malhadinhas até reivindicava que um homem ferido da sua faca é que se raspou nela por si próprio), sob justificação de estar só a justiçar-se e marcar um homem que a justiça não julgou, e que por acaso é que a faquinha caiu no Bentinho «uma polegada mais fundo, ou ladeando um nadinha para órgão melindroso». Embora muito cristãmente o Malhadinhas mostre pruridos de tirar vidas (e se gabe até de ter morto menos que o patriarca Abraão), ele diz claramente que em caçadas leva armas consigo tanto para as usar nas perdizes como para disparar contra «mariolas» que passem...
Quem ler este texto pode perceber que aqui (como no geral da obra de Aquilino), o autor é tão dado a retratos da paisagem em termos locus amoenus (Latim para "lugar ameno") como de locus horrendus ("lugar horrendo" ou "agreste"). O exemplo mais óbvio disso é um dos episódios mais intensos, no capítulo IX, já na recta final do texto (só falta um capítulo para a novela acabar): numa noite, perdido pelos cerros, espiado pelas feras, quase delirante, o Malhadinhas, acompanhado de um frade dando pelo nome de Frei Joaquim, avança, sob a lua alta, contra as vagas da "tormenta" e só logra salvar-se mercê do turívulo (incensório) em que a sua pessoa pícara se põe a bimbalhar, dessarte assustando os lobos, enquanto a neve não para de aumentar, mas depois de salvo, derrete a neve e vem uma espécie de cântico ao irmão sol franciscano em prosa («o monte lembrava um lençol esburacado. Se a neve derretera aqui, conservava-se maçarocada além, à volta de sargaços e tojeiras e onde quer que houvesse farfalha. O sol, à vezes, vinha uma nuvem e cobria-se. Mas ele voltava a correr alegre e ruivo pelo mundo, mais bonito que o novilho uma vaca ratinha, ainda mamão, a pinchar no prado. As águas desciam dos altos tagarelas como nunca, e pelas eiras os passarinhos debicavam, muito grulhas, as espigas esbanjadas pelos palheiros. (...) o mundo era como Lázaro ao atirar com a mortalha aos quintos.»).
O episódio dos lobos na serra
Deixando agora no enredo sem revelar mais dele, e passando a analisar a galeria de personagens desta novela, começando pelo herói, esperto, valente, com "fome" de amor, um fraco de nascença que 'tomba gigantes', o Malhadinhas é um modelo mais popular de foragidos políticos que Aquilino apresenta sob outros nomes e paisagens em obras como o seu primeiro romance Via Sinuosa de 1918, onde surge o foragido adolescente enamorado Libório ou o Altaira de Uma Luz ao Longe de 1948). As camponesas Beirãs da obra do autor, essas são «tanto quanto a palavra escrita o permite» (segundo Urbano Tavares Rodrigues na já acima referida introdução) «a transposição para o papel de autênticas camponesas, que como tal falam e se comportam», e a Brízida "arisca" é talvez o maior exemplo disso. E para além de o par principal da novela, existe todo um elenco de personagens com "participações" mais localizadas ou reduzidas, mas todas pintadas com fortes cores regionalistas e populares que nos mostram quase pessoas autênticas registadas em papel (se é que Aquilino não registou mesmo conhecidos da sua Beira natal). Com a sua picaresca pitoresca (passo a aliteração) e linguajar cheio de expressões idiomáticas extravagantes, O Malhadinhas é um olhar excitante e divertido sobre um Portugal há já muito desaparecido, que merece ser emparelhado com obras similares como As Aventuras de Huckleberry Finn neste aspecto (e como este das obras mais célebres do respectivo autor e adaptada frequentemente, por exemplo numa BD do desenhador e escritor pulp Português Santos Costa). Podemos agora passar para a análise de Aninhas.
Prancha da adaptação de Costa
A novela Aninhas foi publicada num volume de 1932 intitulado As Três Mulheres de Sansão (o título da novela que ocupa a primeira metade do livro, uma narrativa do juiz bíblico Sansão escrita com um "sabor" beirão), que em 1933 foi premiado com o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa. Aninhas é outro dos vários 'quadros de costumes provinciais' em que Aquilino era mestre. O texto será pelo menos em alguns momentos auto-biográfico; é narrado por um intelectual janota (aparentemente Parisiense em espírito e vivendo num mundo rodeado da ambiência das jazz bands) não-nomeado que volta da cidade até à província onde nasceu (a convite de um amigo também de lá natural), confraternizando com a burguesia local. O narrador satiriza fortemente esta classe que o acompanha. Acabado de chegar, andando pelos arredores com o seu irmão, vê pela primeira vez de longe a silhueta atraente e sadia de Aninhas (a filha do seu caseiro). O texto, de ambiente e elenco com retratos vívidos bem traçados que compensam um pouco uma certa previsibilidade do que acontecerá num enredo que envolve estes elementos (do urbanita que vai ao campo bucólico e conhece um local do sexo oposto), revela alguma influência de A Cidade e as Serras de Eça de Queirós, representando assim o conciliar do narrador-protagonista com o campo, com o ambiente menos "civilizado", com a "vida natural". Num final com aquele simbolismo de união/reconciliação de classes e de visões de sociedade, o narrador-protagonista casa com a "filha do povo" Aninhas (dado que este é o final típico deste tipo de ficção, não conta lá muito como revelação-de-enredo esta revelação). Esta personagem é uma figura sempre presente ao longo do texto, mesmo quando não surge directamente, a partir da altura em que pela primeira vez ela entra no texto e é nomeada, como se fosse um aroma forte que fica "colado" em redor. Mas todos os tipos as personagens em torno dela, e mesmo o narrador (que neste tipo de textos ficcionais tendem a tornar-se meros "suplentes" do leitor) são de grande força, dando um grande elenco em torno do qual e entre o qual a Aninhas pode circular com toda a sua força vital e impressionar-nos ainda mais e marcar o seu enredo.
Capa de uma edição recente da Bertrand Editores do volume em que surge Aninhas, As Três Mulheres de Sansão
(continua... daqui a poucos segundos)


Right off the bat, it would not cause 'polemics' to put a book by Aquilino Ribeiro like the previous Romance of the She-Fox on a blog of the type of this Classicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics, or eventually Arca de Noé, III classe/"Noah's Arc, 3rd Class", but the words here, may cause more 'polemics' due to not being seen how to consider them children's/young-people's, but we can defend the choice for two motives. First the concept of children's/young-people's is sometimes rather flexible, getting even to encompass works that were for grown-up readers in their times but whose themes or plots are now seen as 'kids stuff' (like Ivanhoe by Sir Walter Scott; the Eurico by Herculano might be taking the same path despite some complexity and intellectuality of the text), with the dividing line sometimes being almost artificial (for example, the US-American Mark Twain conceived The Adventures of Tom Sawyer and The Adventures of Huckleberry Finn as an unit, but the former tends to be considered a children's/young-people's work while the second is considered an adult work and even "the great American novel", despite a certain unity of tone and of degree of mixture of serious and comical). In this post we got some works that are of the type from the ones by Aquilino that tend to be seen as great Portuguese 20th century novels but can be acessible for some young-people audiences.
Second, if we analise these works, we find here an ouvre very comparable to the unarguably children's/young-people's Romance of the She-Fox, due to portrayal of a picaresque/roguish lead (in the case of O Malhadinhas/"The Little Tabbie") and even in somewhat insulting way (in the line of the elitist and even racialised thoughts of the Aquilino of the '20s and '30s) both the fox and the 'hillbillies' of some of these texts are seen all of them by the author as «critter managery» (check what he says in the Enquiry to the autor included in the Marginália at the end of the 1996 edition by Bertrand of the Romance of the She-FoxTeorias do autor acerca de literatura infantil e dos seus dois livros neste género/"Theories of the utor about the children's literature and of its two books in this genre", that includes said Enquiry and an Interview), and much of the artistic reasoning underlying to the writing of the three works above is in agreement with the 'stylistics' that Aquilino applied to his works for younguns (as defined in the Marginália of the mentioned edition of the Romance of the She-Fox): due to the stylistic symbolism applied (something that the Realist Aquilino considered acceptable in his more young-people's work) and to some lightness of spirit in the recreation of reality (mainly when compared with more 'gritty' and 'hard' works of the author like Quando os Lobos Uivam/When the Wolves Howl or the picaresque but more sexualised O Homem que Matou o Diabo/"The Man Who Killed the Devil"), doing the 'chronicle' of characters that he states as being "historical" due to having narrated on them their fable of folksy flavour (like the author said to be doing for his "foxetool"), analysing 'natural' folks that overcome mere acts of instinct without entering properly into the 'field' of reason but of cunning «Odysseus-style» (the mythological one, not asteroid that roam about), as explained by him in the mentioned Enquiry, habilities that are admired by the children on admision of the author himself), due to the Beiras regions thematic, environments and characters (common to all works of the author written up to 1932, year in which he established himself in the Cruz Quebrada place in the surroundings of Oeiras municipality) and even in graphic terms (O Malhadinhas/"The Little Tabbie is one of the few not children's work of the author to have been illustrated in editions published within the author's life).
Aquilino (the middle one in the sat-down ro) with approximately the age that he wrote and published Estrada de Santiago/"Road to Santiago", here with the remaining founding group of th republican liberal magazine Seara Nova ("New Cornfield", to his right and left are two other authors who wrote for children and younguns, Jaime Cortesao and the elder Raul Brandao respectively)
Due to the relatively short length of all the works here included (O Malhadinhas/"The Little Tabbie" from 1922, Little-Ana from 1932 and Diamond Mine from 1958, are novellas, but Monica from 1939, but having been together with the novel O Arcanjo Negro/The Black Archangel" forbidden by the Portuguese censorship till 1947, is a collection of two novellas) it is that this 11th entry of the blog, in irregular fashion, covers more than one text (but this because of the size of the analysis text of both, we shall divide the entry into two posts, for the I think, only time in he history of this blog for now and to come). Let us start then with the eldest of all, and seeing its plot.
Cover of the 20?? edition o' The Little Tabbie
The Little Tabbie (possible nickname, refering itself in this case likely to him having spots, 'tabs' in the skin or hair, although his name is given as «Antonio Malhadinhas [Little Tabbie]» in chapter II) it is a Beiras muleteer apparently known through his region (and who is the narrator of his own story, a kind of prose monologue made before listeners including «town clerks and prissy-dressers» and «gents»); he is a coarse, sneaky rural boor, but sentimental, of few scruples and without pruritus of sorting problems by «little-knife» (that he brings by the waist), or with the tongue (equally sharp, so they said, in the words of the narrator-hero «the gobs of the world baddly regarded»). Imposing, by the chosen discursive strategy, an effort of coloquialness (this may be another linguistically "anthropological" text of Aquilino's, but admits it so himself in the Preliminary Note of the 1958 edition that he did not do here a faithful record of the language of the Beiras rural boor but a filtering to keep only the substance and do of him the «psychlogical registry», this despite Aquilino writing "to the sidelines" of the most psychologist writing from the Presença/"Presence" magazine, or were it not Aquilino individualist in his writing as in his life and in politics), with its proverbial sayings, its idiomatic inflexions, in the construction of the figure of the Little Tabbie (who is ruled in his conduct by the holy precepts of honor and of spoken word, by certain religious ambivalence simultaneously Christian and profane, and suggestive speaker on the sensitive description of the landscape or sensuous evocation of the woman) the author concentrated some of the fundamental thematic axis from his general work.
This work, considere since at least the 1970s the most perfect model of picaresque fiction in Portuguese language, for the old-caste-ness of the language and for the showing of the social types in the characters, came-up originally in the author's collection Estrada de Santiago ("Road to Santiago", one of the works o the author's in which the most does he write «mystical-sensual adventures», to use the term by Urbano Tavares Rodrigues on the introduction to Aquilino's ouvre at the beginning of the volume of A Via Sinuosa/"The Sinuous Way" for the publication in 1983 of Círculo de Leitores book sales club of the Romances Completos de AQUILINO RIBEIRO/"AQUILINO RIBEIRO'S COMPLETE NOVELS) in 1922, but which became such a celebrated work of the autho's that it "gained right" to book headed by it (accompanied by the novella Mina de Diamantes/"Diamond Mine" which we shall look into in a few) in 1958. The text presents us (afterwards to a page with a presentation in italics in which the author introduces the title character, already in his old age, and his parlance and voice «so unctuous» as something already mythically famous, setting the stage for the autobiographical monologue of the main character throughout the rest of the text. This starts in the time when the Tabbis started to «cast shade unto the world» and «it was the dirty lief another drug», every week they counted up in his village of Barrelas «guarding days» and «by each guarding day, it put itself up saraband-gigue in the terraces», and talks with some nostalgia of times of more seasonal climates (today with the climate changes this would maybe have a more personal touch on the reader) and life was something much fuller and well drank and fed than in the time of his old age by the 1920s in which, as a friend of Little Tabbie, Big Miguel from the Bridge's Head, said, it ruled «the lands vainly done and the children of lemans». And having described the living in his time of youngun in his land «lost in the heel of the world behind excomunicated paths», describes to us how he started going to the Costa Nova do Prado beach to fetch salt for sardines and other kings from the shore to exchange for olive oil, oilive and linen to the parts of Penedono; in that time nor night nor hard-winters nor highwaymen prevented the Little Tabbie of fulfiling his paths (believes he that «With Latin, rouncey gaitin' and florin, you'll be getting ahead like a mandarin»»).
The first true episode of the plot (episode that gives end to the first chapter) is the problem that the protagonist has with the suspicions that the cousin Brizida (wrongly given Brigida in some later studies on the text) with «black ruff over her visage» to whom he "was stepping out with" also went being 'stepped around' by the Lieutenant da Cruz and maybe some moe, and facing the refusal of the cousin of departing with him (seen that her faher opposed to the wedding of the two of them, and in her words, running away like that was «very not pretty») and the suspicions on the character of with the faihful dynamic Arnaldo-Florinda from the previously studied novel Constant Florinda by Pires de Rebelo). Dedicating himself with other frontiersmen Beiras and Spanish companions to muleteer convoys between the Portuguese-Spanish border and the sea, on a week of Octave of Easter he decided to separate himself from his companions to go to load-up alone olive oil from the Arouca town's Valley. It is there, in the «pueblo of Santa Eulalia» that on a fair he engages himself into a sick fencing combat against a local brigand, that the Little Tabbie vanquishes.
This is the first of the enemies (and there shall some more after this) with whom he shall face himself throughout the escape, which is sets throughouth years along the which he earns (in his own admission) «rivers of money» and loses them in troubles with the law. In the chapter VIII, the Little Tabbie, figure of rural boor, crude and sneaky ridge-man, does not hesitate to use of the «little-knife» that he always has to his waist for correcting what he perceptions as an injustice done to his granddaughter Luisa by a barber called Little Bento by razor sta-blow that he always insisted to use to cut bread-crust or to scare in fashion to avoid serious combats (in the previous chapter the Little Tabbie even claimed that a man injured by his knife is the one who scraped on it himself), under justification of being just righting himself of wrongs and branding a man that justice did not judge, and that by chance it is that the knifey fell down on Little Bento «one inche deeper, or tipping a tinsy-bit unto the umbrageous organ». Although very christianly the Little Tabbie shows pruritus on taking-away lives (and does himself brag of having killed less than the patriarch Abraham), he says clearly that in hunts he takes weapons with himself as much to use on the partridges as to shoot against «doodle-dandies» that pass by...
Who reads this text may get that here (as in general in Aquilino's ouvre), the author is as given to portraits of the landscape on locus amoenus (Latin for "amenable/pleasant place") as of locus horrendus ("horrendus" or "dready") terms. The most obvious example of that is one of the most intense episodes, on chapter IX, already in the text's home stretch (it only is missing one chapter for the novella to end): on one night, lost through the clenched-hills, spied upon by the wild-beasts, almost delirious , the Little Tabbie, accompanied by a friar going by the name of Friar Joaquim, advances, under the high moon, against the tides of the "tempest" and only achieves saving himself mercy of the pomander-pastille-burner on which a rogue person puts one's self at setting it off, o' said craft scarring off the wolves, while the snow does not cease increasing, but afterwards to being saved, it melts away the snow and it come a kind of franciscan chant to the brother son in prose («the mount brought to mind a holed-up sheet. If the snow melted here, it kept itself cobbed younder, around wrack and gorse-shrubs and wherever there were rustle. The sun, sometimes, it came a cloud and covered itself up. But it went back to racing joyful and redheaded throughout the world, prettier than a mousey cow's steer, still suckling, jigging on the meadow. The waters went down from the chitter-chatter heights as never before, and through the threshing floors the little-birds pecking at, very much prattlers, the corncobs misspent throughout the haystacks. (...) the world was like Lazarus upon doing away with the pall-shroud unto Hell's fifth circle.»).
The episode of the wolves on the ridge
Leaving now the plot without revealing more of it, and passing unto the analysis to this novella's gallery of characters, starting by the hero, smart, valiant, with "hunger" for love, a weakling by birth that 'tumbles-down giants', the Little Tabbie is a more popular model of the political runaways that Aquilino presents under other names and landscapes in works like his first novel Via Sinuosa/"Sinuous Way" from 1918, where it comes-up the enamoured teenage runaway Liborio or the Altaira of Uma Luz ao Longe/"A Light Faraway" from 1948). The Beiras marches women from the auhor's work, those are «as much as the written word permits it» (according to Urbano Tavares Rodrigues in the already mentioned introduction) «the transposal unto aper of the authentic peasant-women, that as such speak and behave themselves»,and the "skittish" Brizida is maybe the greatest example of that. And beyond the main pairing of the novella, there exists a whole cast of characters with more localised or reduced "cameos", but all painted with strong regionalist and folksy colours that to us do show almost authentic people recorded on paper (if it is not so that Aquilino did not really record acquaintances from his native Beira pan region). With its picturesque picaresque (pardon the alliteration) and parlance full of extravagant idiomatic expressions, The Little Tabbie is an exciting and amusing gaze unto a Portugal already long gone, that deserves to be paired-up with similar works like The Adventures of Huckleberry Finn in this aspect (and like this one among the most celebrated and frequently adapted, for example, into a comic from the Portuguese drawer and pulp writer Santos Costa, works from the respective author). We can now pass unto the analysis of Little-Ana.
Comic page from the adaptation by Costa
The novella Little-Ana was published in a volume of 1932 titled As Três Mulheres de Sansão/"The Three Women of Samson" (the title of the novella that occupies the first half of the book, a narrative of the biblical judge Samson written with a Beiras marshes "flavour"), which was in 1933 awarded with the literary Ricardo Malheiros Award of the Lisbon Academy of Sciences. Little-Ana is another of the several 'provincial customs tableaux' in which Aquilino was masterful. The text would have at least some autobiographical moments; it is narrated by an unnamed fancy-dresser intellectual (apparently Parisian in spirit and living in a world surrounded of the ambience of the jazz bands) who comes back from the city to the countryside when he was born (at the invite of a friend also native from there), fraternising with the local bourgeoisie. The narrater satirises strongly this class that accompanies him. Just arrived, going about the surroundings with his brother, he sees for the first time the attractive and hale silhouette of Little-Ana (the daughter of his caretaker). The text, of environment and cast with vivid well-drawn-out portraits that compensate a little a certain predictability of what shall happen in a plot that involves these elements (from the urbanite that goes to the bucolic country and meets a local of the opposite sex), reveals some influence of The City and the Mountains by Essa de Queiroz, representing thus the reconciling of the narrator-lead with the countryside, with the less "civilised" environment, with the "natural living". In an ending with that symbolism of union/reconciliation of classes and of visions of society, the narrator-protagonist marries with the "daughter of the people" Little-Ana (given that this is the typical ending from this type of fiction, it doesn't count that much as spoiler this reveal). This character is a figure always present throughout the text, even when she doesn't come-up directly, starting from tbhe first time that she enters into the text and it is named, as if she were a strong aroma that gets "sticked" all-around. But all the types (the characters) around her, and even the narrator (that in these kinds of fictional texts tend to become mere "surrogates" to the reader) are of great pulling-force, giving a great cast around which and among which The Little-Anna can circulate with all of her life force and impress us even more and mark more her plot.
Cover of a recent Bertrand Editores edition of the volume in which it appears Litle-AnaAs Três Mulheres de Sansão/"The Three Women of Samson"
(to be continued... within a few seconds)

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