terça-feira, 10 de março de 2015

Livros sobre o Zé do Telhado de Eduardo de Noronha, Camilo Castelo Branco, José Manuel Castro Pinto e Augusto Pinto // Books on Cheo from the Rooftop by Eduardo de Noronha, Camilo Castelo Branco, Jose Manuel Castro Pinto and Augusto Pinto

O herói dos textos desta publicação (à direita) com o seu irmão
Esta 13.ª publicação deste blogue será a primeira a cair sobre um tema lendário mais que sobre um livro específico (um pouco como as colecções de clássicos juvenis a nível mundial tendem a incluir um volume sobre a lenda de Robin dos Bosques que é "clássico" mais pela narrativa em si que por um texto específico, apesar de haver uma versão clássica feita pelo ilustrador e escritor Estado-Unidense Howard Pyle). Aqui analisarei as três principais versões romanceadas escritas de uma lenda portuguesa de base histórica em tempos bastante célebre. José Teixeira da Silva do Lugar do Telhado perto de Penafiel e ficou conhecido sob o nome de José ou Zé do Telhado é mais célebre por ter sido uma espécie de "Robin dos Bosques Português", roubando aos ricos para dar aos pobres, e assistindo os oprimidos de qualquer forma que podia. Para esta publicação vamos consultar José do Telhado de Eduardo Noronha (1923) e sequela do mesmo autor José do Telhado em África (1924), os extractos de Memórias do Cárcere de Camilo Castelo Branco (1862) coligidos no volume José do Telhado da editora Edinter em 1990, o ensaio romanceado José do Telhado: O Robin dos Bosques Português? Vida e Aventura de José Manuel Castro Pinto (2002, com segundo volume em 2003) e a obra atípica Quem Foi José do Telhado de Augusto Pinto (2005).
Capa da edição da Edinter
Esta história verídica remonta ao meado do século XIX, quando no reinado de D. Maria II e do (Rei-Consorte, isto é Rei marido de uma Rainha reinante) D. Fernando II, quando Portugal "voltava à carga" lentamente na colonização em África apesar de continuar a debater-se internamente com confrontos entre as diversas facções políticas liberais e com os resquícios dos tradicionalistas do miguelismo. O texto, dos 5 em causa, que começa mais cedo cronologicamente, é o de Castro Pinto (que desde os anos de 1990 tem sido autor de vários livros, principalmente ensaísticos, sobre gramática e linguística portuguesa e perfis biográfico, para além do Zé do Telhado, do rebelde Miguelista Algarvio "o Remexido", do salteador e cacique autárquico Beirão João Brandão, de Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós e Bocage), que começa com o nascimento e fundo familiar do herói (apresentando a documentação do seu registo de baptismo por exemplo). Ele nasceu numa família popular comum, que sem muitos meios para o criar o confiou ao seu tio tratador de gado ovino e caprino (erradamente descrito como um Francês endinheirado por Camilo), apaixonando-se aí contra desejo do tio pela prima Ana Lentina de Campos, com a qual casará mais tarde.
Ainda solteiro participa como oficial dos Lanceiros da Rainha do quartel de Cavalaria 2 no levantamento contra a revolução de Setembro feita contra a aplicação da Carta Constitucional (uma versão da Constituição de 1822 feita pelo Rei D. Pedro IV, o D. Pedro I do Brasil, com poderes reforçados para o Rei, tentativa de agradar ao seu irmão absolutista D. Miguel) e pela restauração da Constituição de 1822 (ou aplicação de uma versão mais avançada da mesma; os defensores desta Constituição ficaram pela data deste levantamento ficaram conhecidos como Setembristas), e depois da derrota dos defensores da Carta (chamados Cartistas) e da vitória dos rivais (Setembristas), José refugiou-se em Espanha, e foi mais tarde que voltou de lá e casou, e foi já homem feito e casado que em 1846 combate o governo Cartista anticlerical e centralista que incluía o Ministro Costa Cabral com uma coligação de Setembristas, Cartistas anti-Cabral, Miguelistas, militares com ambições políticas e povo comum na chamada "Revolução da Maria da Fonte", chegando ao posto de Sargento sob as ordens do General Sá da Bandeira (que se juntara aos revoltosos), e recebe a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (mais alta condecoração ainda em vigor em Portugal) pelo papel numa expedição a Valpaços. Porém embora o governo seguinte exclua o impopular Cabral, incluía vários Cabralistas, e muito mais tarde Costa Cabral até chegaria a Primeiro-Ministro, numa altura em que o Zé do Telhado já havia caído em desgraça quer pelo regresso ao poder dos Cabralistas (que o "purgaram" das Forças Armadas) quer por dívidas de impostos acumuladas.
É este evento que provoca o começo das aventuras robin-dos-bosqueanas do herói nestes 5 livros (e nos filmes adaptados da estória deste salteador, o mudo de Rino Lupo de 1929 e o sonoro de Armando de Miranda de 1945 com sequela de 1949, ambos com o actor Virgílio Teixeira já referido na publicação sobre Nitockris), pois depois disso, José acaba por se encontrar com Custódio "o Boca-Negra" (pelos lábios e dentes escurecidos pelo fumar excessivo de tabaco), o (lendário? Histórico? Quem sabe) maior salteador do Norte de Portugal e das Beiras, e este acaba por fazer de José o seu sucessor como líder do bando, que iria aumentando e "usar" em assaltos principalmente na zona da Serra do Marão mas expandindo-se pela maioria do Minho e do Douro Litoral, que serviam tanto para sustentar as famílias dos assaltantes do bando como para uma certa redistribuição entre os desfavorecidos dos locais de actividade do bando (por vezes sendo até ex-vítimas de roubos que foram algo prejudicadas pelo "servicinho"). E, como o bando do fora-da-lei Inglês equivalente, pela forma como num ou outro episódio mais cómico das narrativas da vida e acção deste fora-da-lei Português dadas por estes 4 autores, expõem os poderosos e os fracos de espírito e de têmpera pelos seus "podres".
Fora os oponentes dos episódios específicos de um livro ou outro, Zé do Telhado tem inimigos constantes, os líderes das autoridades policiais, a família política dos Cabrais e o Zé Pequeno, um membro do seu bando que já havia pertencido ao bando do "Boca-Negra" que é desenhado como um rival do herói do primeiro momento em diante (como um possível sucessor do "Boca-Negra" "frustrado" pela escolha do recém-chegado) por Castro Pinto e ao longo de várias insinuações e episódios ao longo dos enredos dos três autores das obras aqui em questão até uma traição final. Assim o José ou Zé do Telhado representa também (quando lido politicamente, o que é provavelmente ler demais no fenómeno histórico, mas na idealização de uma ficção, leituras destas podem aplicar-se) um certo levantamento libertário contra a burocracia estatal, a autoridade policial do mesmo Estado e elementos "degradados" da própria classe baixa que não é idealizada nesta lenda (o que por exemplo o analista do populismo Chip Berlet atribuía ao populismo de direita, que segundo ele se centraria na classe média ou trabalhadora criticando "parasitas" acima e abaixo de dita classe, abaixo incluindo a parte da classe baixa não empregada e subsidiada para sobreviver), um levantamento contra impostos, burocracia, dívidas, clientelismos e afins. E, claro, a rivalidade com o Zé Pequeno não representa só isso tudo mas é uma rivalidade pessoal entre dois "homens de armas". Tudo isto num Portugal do meado do século XIX centralizado e em que havia fraca tentativa de descentralização (idealizada por Mouzinho da Silveira e o autor já estudado Alexandre Herculano), que lutava para manter um império colonial ante interesses britânicos, franceses e afins e em que se discutia o fim da escravatura.
Em todos estes cinco textos a vida deste salteador era uma sucessão de lutas, de anedotas no sentido mais episódico e menos cómico do termo (Camilo é provavelmente dos 4 o autor que mais se foca neste ângulo, visto que a sua obra é mais descritiva que de enredo constituído por cenas e personagens que dialogam), de rivalidades com poderosos ou dentro do bando e de actos de humanismo e redistribuição da parte dos salteadores, com piedade para com viúvas assaltadas e "mulheres de armas" (como narrado por Castro Pinto). É digno de nota a piedade humanista e cristã, e religiosidade intensa apresentada por José, que lhe dá um retrato quase de santo secular popular, só diferindo de muitos santos católicos nas suas origens populares (e não de nobre que "desce" até ao povo após tomar votos), as mesmas origens que lhe permitem esconder-se entre o mesmo povo e sobreviver para outro dia da forma que alguns foras-da-leis e guerrilheiros mais elitistas não conseguiram, as mesmas origens que fizeram com que caísse nas mãos da lei e fosse aprisionado (sem qualquer margem de manobra que enquanto aristocrata provavelmente teria), e as mesmas origens que o faziam entender tão bem a situação dos desfavorecidos e ser tão redistributista para com eles.
Capas de versões de cordel anteriores de selecções de Memórias do Cárcere de Camilo mais para o início do século XX
Quanto à relação com o poder político dos Cabrais, é impossível não ver aqui não só um conflito entre o salteador e eles por ele ser fora-da-lei e eles serem a dada altura da sua carreira a lei que ele quebrava, mas pela oposição política pessoal entre ambas as partes, e da mesma maneira ver no bando do José do Telhado uma continuação, na forma de bando de salteadores, do velho movimento da Maria da Fonte, e como ele provavelmente uma união da velha direita miguelista, à direita liberal anti-Cabral, à esquerda liberal, e o povo sem ideologias, e as cenas de conversação entre os salteadores (principalmente como mais literariamente expandidos na versão de Noronha, o mais completo, enquanto obra de ficção, clássico e melhor destes cinco).
Os momentos ficcionalmente mais fortes da narrativa em Noronha são o momentos relativos ao casamento do José e da sua mulher (pelo foco romântico que pode dar à narrativa essencialmente "para rapazes") e depois a queda em desgraça do bando, o confronto com o Zé Pequeno e a prisão (após julgamento que Castro Pinto aponta como duvidoso) e posterior libertação para o degredo em Angola (onde se torna um respeitável comerciante de borracha, cera e marfim em Malange, ao ponto de servir de intermediário entre Portugueses e os governantes locais, sobas, e de após a morte ter construído uma espécie de mausoléu simples que por vários anos foi local de romagem pela população indígena local, o que em certa medida ainda ocorre) do líder do bando (que não mais voltará a ver a esposa, da qual nada mais se sabe, como aponta Castro Pinto). José Manuel de Castro Pinto faz provavelmente o melhor trabalho de escrever toda a vida deste personagem histórico (ocupando-se de ainda mais da vida dele que Camilo, não só por "tratá-lo" desde o nascimento mas porque Camilo descreve a sua vida até ao momento da sua prisão e o conhecimento entre os dois homens na Cadeia da Relação, Castro Pinto até corrigindo alguns erros factuais ou simplificações do autor oitocentista), usando de toda a informação que há nos arquivos de Lisboa, do Porto e de algumas igrejas locais e mostrando fotografias inéditas e afins, e romanceando alguma da informação (não sendo tão bom ficcionista como Eduardo de Noronha ou Camilo, porém ele sabe fazer uma ficção legível e formalmente atraente) junto com páginas mais puramente ensaísticas, históricas, mas admitindo que algumas coisas poderão ser lendárias impossíveis de provar (tendendo a ser essas que são mais escritas em forma de ficção).
Capa do primeiro volume da obra de Castro Pinto
Toda a vida de José até aqui é o que é sabido com certeza, mas depois vem todo o final do livro de Augusto Pinto (o autor de uma recolha folclórica escrita em estilo ligeiro de 1997 e uma revisão do texto de As Pupilas do Senhor Reitor de Júlio Dinis já deste século), que inventa uma viagem do Zé do Telhado ao Brasil (ficção que se não é invenção pessoal de Pinto, então é algo tirado de literatura de cordel brasileira que, de forma não literal, punha o fora-da-lei Português a confrontar-se com foras-da-lei do Brasil), cheia de disparates factuais como atribuir tigres (asiáticos) e leões (africanos) ao Brasil, para além de jibóias que comem cavalo e cavaleiro juntos, e uma viagem pelo Atlântico do Brasil para África com tubarões que saltam para o casco de navios, e uma África de rajadas de vento que levam pessoas pelo ar mas não destroem mais nada em redor, Africanos que montam bois-cavalos (gnus) e frases tão estranhamente escritas não é claro se se fala de um cavalo a fazer saltos mortais ou um cavaleiro a fazer saltos mortais sobre a sela do cavalo. Sem dúvida, o livro de Pinto é o pior do lote, visto como um todo, misturando de forma pouco justificável informação histórica e ficção, de forma muito menos competente que Castro Pinto (ao contrário deste, que se foca em transmitir informação real, e introduz informação para "reconstituir" o que ele depreende das fontes ou para dramatizar lendas em torno deste personagem, pelo contrário Pinto ao mesmo tempo transmite muita informação histórica, transmitida mal sintetizada, de forma mal escrita e mal indicando fontes para ser livro de ficção proper, e mete demasiada ficção, lenda a roçar bem o fantástico e inexactidões factuais, principalmente no final do livro passada em África para ser texto de história).
O livro é ainda discutível pelo texto irrelevantemente anti-políticos da introdução, pelo foco que dá a certos factos irrelevantes (o número de vezes que o herói urinou em criança), inventando toda a uma vida heróica em África que José não teve lá (não surgindo sequer daquela forma no romancear de Eduardo de Noronha em 1924, e até lhe atribuiu uma morte em combate a um soba tirano, e depois termina com o irónico «a pouca informação que temos não nos permite afirmações seguras de como foi o fim do antigo quadrilheiro» e o «morreu numa escaramuça com os sobas; José terá caido [sic] por cima de um destes chefes negros que estava no chão já sem vida, e espetou a faca nos seus intestinos». Ou seja, dizes que não há certeza como morreu só para servir de desculpa para inventares uma morte), tendo ainda personagens femininas mais frouxas que as dos outros 5 livros (todas acabando como "donzelas em apuros" que José salva por recurso aos músculos e que "caem por ele"), apresenta um Zé do Telhado que não apresenta nenhuma da sua humanidade para com adversários negros (o que as lendas e factos históricos parecem contestar, e talvez nos diga mais sobre o senhor Pinto do que sobre o "Zé") e ainda um herói com demasiadas qualidades (roçando o super-herói por vezes). Tudo isto só enfatiza o talento de Castro Pinto como "docuficcionista" por comparação com Augusto Pinto.
Capa do livro de Augusto Pinto
Falando agora de forma mais geral, sei que alguns têm vindo a ficar surpresos pela forma como escrevo estes textos, com algo de resumo mas mais de análises de sub-textos e raízes da escrita dos autores no seu período histórico, mas a razão porque o faço é não só para não "desmanchar o prazer" de quem ainda não pode ler estas obras e não precisa de ter já revelado o enredo para si na totalidade, mas porque esses contextos são vitais para entender os livros em causa, tal como qualquer obra de arte: uma obra é produto do seu contexto que influencia o criador humano do seu texto, assim a lenda do José ou Zé do Telhado (e as suas versões escritas) existem graças ao regime liberal monárquico e os seus conflitos, os enredos de faca-e-alguidar de Camilo Castelo Branco não existiriam sem o Portugal aburguesando da Regeneração e dos confrontos políticos imediatamente anteriores, e sem os Descobrimentos Portugueses e a sua colonização Camões não teria escrito Os Lusíadas. História, sociedade, cultura, tudo isto se misturou para criar a cultura artística de um dado momento e a cultura que mais tarde terá essa cultura artística como clássica, e continuará a produzir outras obras, como filmes, BD (como se pode ver abaixo), vários livros, narrativas orais, jogos de vídeo, música (Zeca Afonso forneceu a banda-sonora para uma peça de teatro sobre o Zé do Telhado que deu origem ao album Fura-Fura) e etc.. E esse é também o caso desta estória do Zé do Telhado.
Uma prancha adaptada de Memórias do Cárcere com Camilo Castelo Branco e José do Telhado, de Fernando Santos Costa para o jornal O Crime
Destes livros, os de Castro Pinto e Augusto Pinto encontram-se ainda à venda em edições recentes com alguma facilidade, tendo sido relativos sucessos de venda desde as primeiras publicações, enquanto o livro de Noronha se encontra em várias bibliotecas municipais (principalmente em edições a partir dos anos de 1960), e a colectânea de extractos de Camilo da Edinter surge em algumas secções infanto-juvenis de algumas bibliotecas municipais, isto tudo descontando vários negócios em-linha de velhas edições de todos estes.


The hero of the texts from this post (to the right) with his brother
This 13th post of this blogue shall be the first to fall down on a legendary theme more than on a specific book (a little like the collections of young-people's classics at worldwide level tend to include a volume on the Robin Hood legend which is "classic" more for the narrative itself than for a specific text, despite there being a classical version madeby the US-American illustrator and writer Howard Pyle). Here I shall analyse the three main romanced versions written out of a historically-based Portuguese legend in times gone rather celebrated. Jose Teixeira da Silva from the Place of Telhado («Rooftop») near Penafiel city and got known under the name of Jose or Ze in Portuguese or Cheo in Hispanic Ibero-America is more celebrated for having been a kind of "Portuguese Robin hood", stealing to the rich to give to the poor, and assisting to the oppressed in any way he could. For this postwe will consult José do Telhado ("Jose from the Rooftop") by Eduardo Noronha (1923) and sequel by the same author José do Telhado em África ("Jose from the Rooftop in Africa", 1924), the extracts from Memórias do Cárcere ("Memoirs from the Gaol") by Camilo Castelo Branco (1862) collected in the volume José do Telhado ("Jose from the Rooftop") by the Edinter publisher in 1990, the romanced essay José do Telhado: O Robin dos Bosques Português? Vida e Aventura ("Jose from the Rooftop: The Portuguese Robin Hood?" Life and Adventure") by Jose Manuel Castro Pinto (2002, with second volume in 2003) and the atypical work Quem Foi José do Telhado ("Who Was Jose from the Rooftop") by Augusto Pinto (2005).
Cover of the Edinter edition
This truthful story goes back to the middle of the 19th century, when on the reign of Dona Maria II and of the (King Consort that is King husband to a reigning Queen) Don Ferdinand II, when Portugal "went back to the charge" slowly in the colonisation in Africa despite of continuing to flounder itself with confrontations between the diverse liberal political factions and with the holdovers of the traditionalists from miguelism. The text, out of the 5 at stake, that starts the earliest chronologically, is the one by Castro Pinto (who since the 1990s has been author of several books, mostly essays, on grammer and linguistics and biographical profiles, beyond the one of Jose from the Rooftop, of the Algarve Miguelist rebel "o Remexido" ("the Turn-over"), of the Beiras raider and municipal chieftain Joao Brandao, of Camilo Castelo Branco, Essa de Queiroz and Bocage), that beggins with the birth and family background of the hero (presenting the documentation of his baptismo registry for example). He was born into a common folksy family, which without many means to raise him, trusted him to his ovine and caprine cattle handler uncle (wrongly described as a moneyed Frenchman by Camilo), falling himself into love against the uncle's wish for the cousin Ana Lentina de Campos, with whim he would marry later on.
Still single he participates as officer of the Queen's Lancers from the Cavalry 2 military barracks on the uprising against the September Revolution done against the putting in place of the Constitutional Carta/"Charter" (a version of the 1822 Constitution done by King Don Pedro IV, the Don Pedro I of Brazil, with reinforced power for the King, attempt to please to his absolutist brother Don Miguel) and for the restoration of the 1822 Constitution (or putting in place of a more advanced version of the same; the defenders of this Constitution got due to the date of this uprising known as Setembristas/Septemberists), and afterwards to the defeat of the defenders of the Charter (called Cartistas/"rightwing Chartists") and to the defeat of the rivals (Septemberists), Jose took refuge into Spain, and it was later that he came back from there already grown man and married that in 1846 he fights the anticlerical and centralist Chartist government that included the Minister Costa Cabral with a coalition of Septemberists, anti-Cabral Chartists, Miguelists, military with political ambitions and common people in the so-called "Revolução da Maria da Fonte"/"Maria da Fonte Revolution", getting to the rank of Sargent under the orders of the General Sah da Bandeira (who would join himself to the revoltees),and receives the Military Order of Tower and Sword, of Value, Loyalty and Merit (the highest decoration still in force in Portugal) for the role in an expedition to Valpassos. Nevertheless although the following government excludes the unpopular Cabral, it included several Cabralistas, and much later Costa Cabral even would get to Prime Minister, in a time in which Cheo from the Rooftop already had fallen into disgrace both by the return to power of the Cabralistas (who "purged him" from the Armed Forces) and for accumlated tax debts.
It is this event that provokes the start of the robinhoodian adventures of this hero on these 5 books (and in the films adapted from the story of this raider, the silent one by the Italian Rino Lupo from 1929 and the sound one by Armando de Miranda from 1945 with 1949 sequel, both with the actor Virgilio Teixeira already mentioned in the post on Nitockris), as after that, Jose ends by meeting up with Custodio "the Black-Mouth" (for the lips and teeth darkened by the excessive smoking of tobacco), the (legendary? Historical? who knows) greatest raider from North Portugal and the Beiras regions, and he ends up by making Jose his successor as leader of the band, which he would go along increasing and "using" in heists mainly in the Marao Sierra ridge area but expanding himself through the majority of the Minho region and of the Douro and Oporto Coastline region, which served as much to support the families of the band's robbers as for a certain redistribution among the disadvantaged from the band's locales of activity (sometimes being even ex-stealing victims that were somewhat harmed by the"little job"). And, as the band of the equivalent English outlaw, by the war as in one or another more comical episode from the narratives of the life and action of this Portuguese outlaw given by these 4 authors, expose the mighty and the weak in spirit and temperir for their "rottings".
Aside the opponents of the specific episodes of a book or another, Cheo from the Rooftop has constant enemies, the leaders of the police authorities, the Cabral political families and the Little Cheo, a member of his band who had already belonged to the gang of the "Black-Mouth" that is drawn-out as a rival to the hero from the first moment onwards as the possible successor of the "Black-Mouth" "frustrated" by the picking of the newly-arrived) by Castro Pinto and throughout the several insinuations and episodes throughout the plots of the three authors of the works here at stake till a final betrayal. So Jose or Cheo from the Rooftop represents also (when read politically, what is likely overreding too much into the historical phenomenon, but in the idealisation of a fiction, reading like these may apply) a certain libertarian uprising against the state burocracy, the politicl authority of the same state and "degraded" elements of the class itself that is not idealised in this legend (what for example the analyst of populism Chip Berlet attributed to the rightwing populism, that according to him would centre itself on the middle or working class by criticising "parasites" above and beneat said class, beneath including a part of the lower class not employed and subsidised to survive), an uprising against taxes, bureaucracy, debts, client-politics and the like. It is, of course, the rivalry with the Little Cheo that represents all that but it is a personal rivalry between two "men in arms". All this in a middle 19th century Portugal centralised and in which there was a weak attempt of decentralisation (idealised by Mouzinho da Silveira and the already here studied author Alexandre Herculano), that struggled to keep a colonial empire facing the Brtish, French and alike interests and in which it was discussed the end of slavery.
In all these five texts the life of this raider was a succession of struggles, of anecdotes in the more episodic and less comical sense of the term (Camilo is probably from the 4 the author that more does focus himself on this angle, seen that his work at stake is more descriptive than of plot constituted by scenes and characters that dialogue), of rivalties with high-and-mighty or within the gang and of acts of humanism and redistribution on the part of the raiders, with pity towards the mugged widows and "battle-ax women" (as narrated by Castro Pinto). It is worthy of note the humanist and Christian piety presented by Jose, which gives him a portrait almost of popular secular saint, only difering from many Catholic saints in his folksy roots (and not of nobleman that "goes down" to the people after taking up vows), the same roots that allow him to hid himself amongst the said people and o survive for another day in way that some more elitist outlaws and guerrillas could not, the same roots that made it so that he befell into the hands of the law and were imprisoned (without any room for manoeuvre that while aristocrat probably would have), and the same roots that made him understand so well the situation of the disadvantaged and be so redistributist towards them.
Covers to previous chapbook versions of selections from Memórias do Cárcere/"Memoirs from the Gaol" by Camilo more to the beginning of the 20th century
About the relationship with the Cabrais' political power, it is impossible not to see here not only a conflict between the raider and them for him being an outlaw and them being at given time of his career the law that he broke, but for the personal political opposition between both parties, and in the same manner to see in Jose from the Rooftop's gangue a continuation, in the form of raiders gang, of the old Maria da Fonte movement, and as it probably a union of the old miguelist rightwing, to the anti-Cabral liberal rightwing, up to the liberal left, and the people without ideologies, and the scenes of conversation among the raiders (mainly as more literarilly expanded in the Noronha version, the most complete, while work of fiction, classical and best out of these five).
The fictionally strongest moments of the narrative in Noronha are the moments relating to the wedding of Jose and his wife (for the romantic focus that it can give to the narrative essentially "for boys") and afterwards the fall into disgrace of the gang, the face-off with Little Cheo and the imprisonment (afterwards to trial which Castro Pinto points as dodgy) and the posterior release unto the uprooting into Angola (where he turns into a respectable trader of rubber, wax and ivory in Malange, to the point of serving as middleman between Portuguese and the local rulers, sobas, and after his death having built for him a kind of simple mausoleum that for several years was place of pilgrimage by the local indigenous population, what to a certain extent still occurs) of the gang's leader (who no more shall go back to see his wife, of which nothing more is know, as points out Castro Pinto). Jose Manuel de Castro Pinto does probably the best work of writing down all the life of this historical character (occupying himself on more of his life than Camilo, not only for "taking care of him" since birth but because Camilo descrives his life up to the moment of his arrest and the acquaintance of the two men on the Relassão/District Court of Final Appeal Jail, Castro Pinto even correcting some factual mistakes or simplifications of the eighteen-hundreds author's), using of all the information that there is in the archives from Lisbon, from Oporto and from local churches and showing unpublished pictures and alike, and romancing some of the information (not being as good a fictionist as Eduardo de Noronha or Camilo, nevertheless he knew how to do a readable and formally attract fiction) together with more purely essay-like, historical, pages, but admiting that some things might be legendary impossible to proof (tending those ones to be more written in form of fiction).
Cover of the first volume of Castro Pinto's work
All the life of Jose up till here is what is known for sure, but afterwards comes all the ending of the book by Augusto Pinto (the author of a folkloric gathering collection written in light style from 1997 and a revision of the text to As Pupilas do Senhor Reitor/"The girl Pupils of Mister Parson the dean" by Julio Dinis already from this century), that makes up a voyage of Cheo from the Rooftop to Brazil (ficion that if it is not personal invention of Pinto, then it i something taken from Brazilian chapbook literature that, in non literal form, put the Portuguese outlaw a facing himself with Brazil's outlaws), full of factual nonsenses like attributing (Asian) tigers and (African) lions to Brazil, beyond pithons that eat up horse and horserider together, and a voyage through the Atlantic from Brazil to Africa with sharks that jump unto the hull of ships, and an Africa of wind gusts that take people through the air but destroy nothing more around, Africans who ride wildebeest (gnus) and sentences so strangely written it is not clear if it talks of a horse doing somersaults or a horserideer doing somersaults on the horse's saddle. Without doubt, Pinto's book is the worse of the lot, seen as a whole, mixing in little justifiable way historical information and fiction, on way much less competent than Castro Pinto (unlike him, who focus hmself in transmiting real information, and introduces information for "rebuilding" what he surmise from the sources or to dramatise legends around this character, on the contrary Pinto at the same time transmites much historical information, transmited baddly synthesize, in way baddly written indicating sources to be a fiction book proper, and puts in too much fiction, legend rubing well fantasy and factual incorrectnesses, mainly at the ending of the book set in Africa, to be history).
The book is still debatable for the text irrelevantly anti-politician of the introduction, for the focus that it gives to certain irrelevant facts (the number of times the hero urinated as a child), making up a whole heroic life in Africa that Jose did not have there (not appearing even in that way of romancing it of Eduardo Noronha's in 1924, and even attributed him a death in combat to a tyrant soba, and afterwards ends with the ironic «the little information that we got does not allow us secure statements like how was the end of the former highwayman» and that «he died in a skirmish with the sobas; Jose would caido [typo insead of caído, so imagine «fallén» written instead of «fallen» for comparison] on top of one of the black chiefs that was on the floor already without life, and sticked a knife in his intestines».That is, you say there is no certainty on how he died just to serve as apology for making up a death), having still female characters "limper" than the ones from the other 5 books (all ending as "damsels in distress" that Jose saves by resourt to the muscles and who "fall for him"), presents a Cheo from the Rooftop that presents no humanity towards black adversaries (what the legends and historical facts seem to contest, and maybe tells us more on mister Pinto than on "Cheo") and still a hero with too many qualities (rubbing the superhero sometimes). All this just emphasises the talent of Castro Pinto as "docuficcion-creator" by comparison with Augusto Pinto.
Cover of Augusto Pinto's book
Speaking now on more general way, I know that some have come to be surprised by the way as I write these text, with something of abstract but more of analysis of subtexts and roots of the writing of the authors on their historical period, but the reason why I do it is not only for not "spoiling the pleasure" of whom still hasn't read these works and does not need to have revealed the plot for themselves in its totality, but because those contexts are vital to understand the books at stake, like any work of art: a work is product of its context that influenced the human creator of its text, so the legend of Jose or Cheo from the Rooftop (and its written versions) exist thanks to the monarchist liberal regime and its conflicts, the cloak-and-dagger plots of Camilo Castelo Branco would not exist without the bourgeoining Portugal from the Regeneration period and from the immediately previous political confrontation, without the Portuguese Discoveries and its colonisation Camoens would not have written The Lusiads. History, society, culture, all that mixed itself to create the artistic culture of a given moment and the culture that latter shall have that artistic culture as classical, and shall continue producing other works, like films, Comics (like the one that can be seen below), several books, oral narratives, videogames, music (Zeca Afonso provided the soundtrack for the theatre play Zé do Telhado by theatre crew A Barraca/"The Shack" which gave origin to the album Fura-Fura/"Pierce-it-Pierce-through) and etc.. And that is the case of the story of Cheo from the Rooftop.
A comic page adapted from Memórias do Cárcere/"Memoirs from the Gaol" with Camilo Castelo Branco and Jose from the Rooftop, by Fernando Santos Costa for the O Crime ("The Crime") newspaper
Out of these books, the ones by Castro Pinto and Augusto Pinto find themselves still for sale on recent editions with some ease, having been relative hits since the first publications, while the Noronha bok finds itself in several municipal libraries (mainly in editions starting from the 1960s), and the collection of extracts of Camilo from Edinter comes-up in some children's/young-people's sections of some municipal libraries, all this not counting several online deals of old editions from all of these.

2 comentários:

  1. Meu pai contava histórias desse "herói português, e dizia ser seu parente afastado! Parabéns pelo site.

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    1. Cara Lucy Almeida, desculpe ter levado anos a responder, mas o Blogspot não é grande coisa quanto a avisar imediatamente de comentários, e durante a duração do blogue assim como assim tinha poucas visualizações e menos ainda comentários até principalmente DEPOIS de acabar a experiência do blogue.
      Deviam ser histórias fascinantes, e gostaria de as ouvir também. Deve ser interessante ter esse parentesco a ser verdade.
      Este blogue levou nos últimos dias uma revisão a fundo, portanto estás à vontade de explorar o resto. Abraços, e obrigado pelos parabéns, e parabéns pelos seus próprios blogues.

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