Reis Ventura, o escritor hoje pouco recordado (fora o facto de ser polemicamente recordado como o poeta medíocre que bateu Mensagem de Fernando Pessoa para o Prémio Antero de Quental de Poesia de 1934, um evento muito mitificado e que é exposto mais detalhada e correctamente no sítio da Fundação António Quadros), mas literáriamente interessante (principalmente como prosador; como introdução. Manuel Joaquim Reis Ventura er um natural de Calvão, localidade de perto de Chaves, onde dá nome a uma rua, que se mudou para Angola, à qual dedicou boa parte da obra, sendo dos autores do Portugal colonial, e mesmo pós-colonial, que mais dedicou obras a este local e aos diversos tipos da população da época colonial deste país, incluíndo a indígena negra, e retornou a Portugal só após a independência do território, como parte dos duvidosamente chamados, como algo falsamente monolítico, "retornados", tendo vivido entre 1910 e 1988, quando faleceu em Oeiras), surge aqui com este romance pela primeira vez numa publicação do blogue Classicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics.
Aqui ele dá-nos a estória algo autobiográfica de um colono Português de Angola, José da Silva (que é o próprio narrador da estória em que é protagonista, e é uma personagem com perfil bastante próximo do próprio autor, podendo dizer-se que só falta ele ter sido poeta e tirado um prémio de poesia a Pessoa); esta linha de inspiração autobiográfica começara na obra de Reis Ventura logo no seu poema de estreia premiado A Romaria (livro com probabilidade de achar em bibliotecas um pouco ao nível de Cafuso, isto é, não sendo "banal" achá-lo mas sendo algo comum), em que narra a viagem de um grupo de personagens, incluindo jovens de vocação religiosa como este José da Silva, que também viajam e encontram os seus caminhos enquanto se opõem a inimigos da "política do espírito" nacional da altura como uma personagem que representa um Bolchevique, e surgiria novamente nalgumas das suas obras ficcionais em prosa, obviamente inspirado pelos relatos na primeira pessoa que enquanto jornalista se habituara a escrever (devo notar que para não 'sobrecarregar' este blogue com obras de Reis Ventura, nenhuma destas outras obras autobiográficas será aqui analisada).
Aqui ele dá-nos a estória algo autobiográfica de um colono Português de Angola, José da Silva (que é o próprio narrador da estória em que é protagonista, e é uma personagem com perfil bastante próximo do próprio autor, podendo dizer-se que só falta ele ter sido poeta e tirado um prémio de poesia a Pessoa); esta linha de inspiração autobiográfica começara na obra de Reis Ventura logo no seu poema de estreia premiado A Romaria (livro com probabilidade de achar em bibliotecas um pouco ao nível de Cafuso, isto é, não sendo "banal" achá-lo mas sendo algo comum), em que narra a viagem de um grupo de personagens, incluindo jovens de vocação religiosa como este José da Silva, que também viajam e encontram os seus caminhos enquanto se opõem a inimigos da "política do espírito" nacional da altura como uma personagem que representa um Bolchevique, e surgiria novamente nalgumas das suas obras ficcionais em prosa, obviamente inspirado pelos relatos na primeira pessoa que enquanto jornalista se habituara a escrever (devo notar que para não 'sobrecarregar' este blogue com obras de Reis Ventura, nenhuma destas outras obras autobiográficas será aqui analisada).
Reis Ventura (cerca dos anos de 1950?)
Os leitores (todos vocês os 5) já conhecedores de Reis Ventura abre o livro esperando intriga, alguma aventura e "cor" local e de uma época colonial já há muito terminada para sempre, e no essencial "recebe em troca" da atenção dada ao livro isso tudo. O livro começa com José da Silva Taveira a descrever como tem «alguns estudos» e cursou Filosofia no Colégio (franciscano) de Santo António em Tuy, perto da fronteira com Portugal, onde tem o sonho de se formar no seu caminho planeado do sacerdócio. Eventualmente, José da Silva relata-nos a sua evolução de aspirante a padre, a aluno dos Franciscanos, a desencantado com a vocação, até deixar Tuy, voltar a Portugal e daí partir para Moçambique, e três anos depois para Angola, onde se radica de forma prolongada (tudo coisas que o próprio Reis Ventura vivenciou, antes e depois do ano da sua transição para África, 1934).
Boa parte do início do livro é constituída pela experiência seminarista do jovem José, e esta é representada de forma fortemente irónica e que provavelmente manterá o interesse do leitor e lhe estimulará ao riso (pelo menos a mim assim foi). Veja-se assim esta cena para prova:
«Entrei, muito acanhado, na pobre saleta, famosa em toda a aldeia pela sua mesa de centro e alguns móveis desirmanados que meu pai trouxera do Brasil. O sr. Padre Inocêncio lá estava, alto e encorpado, com a testa rompendo até à coroa por entre duas farripas altas de cabelos, a fitar-me com os olhos bondosos, por baixo das sobrancelhas espessas. Naquela sua voz sonora de prègador de nomeada, perguntou-me logo, sem rodeios:
– O menino quer ir para o colégio?
Colhido de surpresa, derivei para minha mãe um olhar indeciso.
– Vá, responde! – encorajou ela.
Na minha consciência infantil, entendi que me destinavam para padre. Ràpidamente, corri os olhos cobiçosos pela grande fila de botões que o austero franciscano ostentava na batina. Lembrei-me dos puxões de orelhas que tinha apanhado pela mania de tirar à braguilha das calças o material para o jogo do botão. E, no meu íntimo, concluí:
– "É furo!"
O sr. Padre Inocêncio, bem longe dos meus silenciosos cálculos, ergueu-me o queixo com dois dedos amáveis e, olhando-me com bondade, proferiu:
– É um colégio muito grande, numa cidade muito bonita. Queres ir?
Mirei-lhe novamente os botões da batina. Caramba! Eram mais de vinte, alinhados, pretos, luzidios... E, resolutamente, respondi:
– Eu quero, sim senhor.»
Esta parte da vida de José, da decisão de entrar para o colégio franciscano até à saída do mesmo, é essencialmente toda narrada neste tom, por vezes mais abertamente comicamente mas de forma sempre algo similar. Se isso é bom na "lista" do leitor, isso já dependerá de cada um. Um episódio mais notável e mais sério é o da paixoneta juvenil frustrada de José por uma Flaviense chamada Isa.
Fotografia de Reis Ventura nos tempos de seminário com os professores clérigos e os outros colegas de curso
De certa maneira, a representação social passando ao longo de vários ambientes sociais e a presença da sociedade africana (no meio e final do livro) pode recordar um leitor de outro livro de Reis Ventura, Filha de Branco, que espero que também venha a passar por este blogue (embora no caso de Cafuso este seja menos episódico e feito de quadros e seja mais de enredo coeso), e ambos os livros têm protagonistas dos quais sabemos q.b. da sua vida antes do início da narração mas que conhecemos principalmente pelo que o próprio enredo e as suas acções nos dizem das suas personalidades (de certa forma ainda em formação ante a realidade que confrontam, principalmente no caso deste José da Silva Taveira, que começa o livro ainda adolescente e que vemos crescendo até à idade adulta ao longo do enredo), e quer da Silva Taveira quer os múltiplos habitantes do muceque em Filha de Branco se assimilam com a realidade da África colonial (para os negros a habituação a uma nova ordem e aumento de vagas de colonização branca que lhes dão novos vizinhos, e para os brancos a habituação a todo um novo continente com uma nova realidade à qual a sua cultura de criação é essencialmente estranho).
Depois de desembarcar em Luanda no IV capítulo, a maioria do livro passasse nessa cidade e é principalmente dedicado à busca de sucesso comercial do jovem protagonista primeiro na insolvente Travancas & C.ª e por fim (por intervenção do protector padre de José) na Santos & Sucessores), junto com o amigo Adriano (conhecido dos tempos de Chaves que também para Angola migrara). Esta parte do livro envolve uma passagem para a vila de Lucala (no curso do rio homónimo) e trabalho comercial e em barcos a vapor na província angolana, momentos privados de lágrimas ante a cara de Isa de despedida (e igual quantidade de lágrimas quando o herói tenta escrever-lhe respostas), narrativas sobre o Zé do Telhado em Angola (como exemplo das "maroscas" feitas em comércio no interior da Angola colonial; isto explica o título com com a narrativa de um «rapazote esgalgado» sobre um cafuso, isto é, mulato escuro, que junto com o Zé do Telhado descobrem que um comerciante anda a enganar os trabalhadores e comerciantes locais pagando-lhes por baixo, situação "posta na ordem" pelo ex-quadrilheiro), pausas do trabalho passadas a esperar cartas de Isa nos correios de Lucala ou em bares afogando as mágoas, envolvimento do herói com uma negra local chamada Aninhas (obviamente nem a de Aquilino nem a de Garrett), explosões de ciúmes ante uma carta de Isa confessando uma nova relação e contacto de um José ainda sobranceiro com as festas de batuque locais (para ele bonita de ver «de longe» que «De perto, deita um fartum de cio que enjoa» e têm «um fedor de catinga, santo Deus»).
Depois de desembarcar em Luanda no IV capítulo, a maioria do livro passasse nessa cidade e é principalmente dedicado à busca de sucesso comercial do jovem protagonista primeiro na insolvente Travancas & C.ª e por fim (por intervenção do protector padre de José) na Santos & Sucessores), junto com o amigo Adriano (conhecido dos tempos de Chaves que também para Angola migrara). Esta parte do livro envolve uma passagem para a vila de Lucala (no curso do rio homónimo) e trabalho comercial e em barcos a vapor na província angolana, momentos privados de lágrimas ante a cara de Isa de despedida (e igual quantidade de lágrimas quando o herói tenta escrever-lhe respostas), narrativas sobre o Zé do Telhado em Angola (como exemplo das "maroscas" feitas em comércio no interior da Angola colonial; isto explica o título com com a narrativa de um «rapazote esgalgado» sobre um cafuso, isto é, mulato escuro, que junto com o Zé do Telhado descobrem que um comerciante anda a enganar os trabalhadores e comerciantes locais pagando-lhes por baixo, situação "posta na ordem" pelo ex-quadrilheiro), pausas do trabalho passadas a esperar cartas de Isa nos correios de Lucala ou em bares afogando as mágoas, envolvimento do herói com uma negra local chamada Aninhas (obviamente nem a de Aquilino nem a de Garrett), explosões de ciúmes ante uma carta de Isa confessando uma nova relação e contacto de um José ainda sobranceiro com as festas de batuque locais (para ele bonita de ver «de longe» que «De perto, deita um fartum de cio que enjoa» e têm «um fedor de catinga, santo Deus»).
Placa à entrada de Lucala em 1974
Ao longo desta narração toda percebemos que o protagonista não se dá a actividades moralmente mais duvidosas ou a uma existência colonialista por visão desumanizada dos indígenas; fora um ou dois «pretalhadas» o livro até usa relativamente pouco o à altura da escrita corrente pretos a favor do mais actualmente utilizado negros e a linguagem até é bastante contida quanto a raça, sem deixar de tornar claro os preconceitos do protagonista recém-chegado da "metrópole mas aparentemente vistos negativamente visto que contrastam com a visão dos colonos mais antigos (embora o velho colono Transmontano Crispim mostre uma visão infantilizada do negro mas também uma visão de que o colono deve ser justo para além de firme; enquanto chefe de formatura dos trabalhadores de etnia Dembo a partir do XVI capítulo, José age assim e em poucos segundos esbofeteia um trabalhador que não trabalha porque não lhe apetece e depois pergunta-lhe pelo filho doente e diz que lhe mandará quinino para casa) e o livro não mascara a visão de hierarquia racial do Portugal da altura como com o contraste dado no XIV capítulo entre José ser disputado por mulatas ricas ou por brancas ricas), mas porque deseja conseguir enriquecer para casar com Isa (o que, graças à intervenção de Crispim que retorna à "província" para "meter uma cunha" ante o pai dela quanto a José, vem a acontecer algum tempo após o desembarque desta em Angola) e substituiu o sentido de missão religiosa do seminário pelo serviço secular a Portugal. E os seus trabalhos algo aventureiros (junto com muitos outros trabalhadores locais de todas as raças) conseguem ajudar a um certo progresso na área de Lucala então fundamentalmente ruralizada e muito mais atrasada que a capital provincial de Luanda; na zona de Lucala, José encontra os traumas históricos das guerras do militar João de Almeida contra os Dembos ainda bem frescos, com os brancos ainda temendo re-levantamento de um povo que só por campanhas de "conquista e pacificação" deixou a resistência (por isso os costumes e vivências portugueses parecendo sempre paranoicamente em perigo aos olhos dos colonos) e os negros tendo passado a ter uma visão do branco como capaz de quase tudo e tendo sempre os «sordados» atrás dele para sua defesa quando revolta ameaçava acontecer.O major João de Almeida (c. 1908)
Neste blogue, que já cobriu tanto temas de viagem, aventuras e heroísmo benévolo beneficiando uma sociedade em geral, na moldura de pensamento de muitas obras analisadas antes desta, acaba por ser para nós compreensível o uso do contexto colonizador para passagem de mensagens éticas e de enredos de literatura clássica, visto que primeiro se vê aqui o colonialismo como feito pelos pobres do país colonizador e não como feito pela elite que mais lucra com este nem pelo establishment governamental, e aqui apresenta-se com um certo realismo uma África colonial portuguesa que já não existe e que não é completamente idealizada (partes mais imorais da organização social deste período estão nada escamoteadas aqui, embora só hoje possam ser vistas com os olhos com que não seriam vistos na altura), e como é convencional e normal para a visão colonialista da altura da obra (tida também pelo autor), faz-se uma diferença entre uma espécie de "bom colonialismo" (noblesse oblige e produtivo, aberto ao intercâmbio cultural e com alguma flexibilidade de hierarquia étno-racial) e "mau colonialismo" (simplesmente explorador económico, fechado às populações locais e seus costumes e rígido em normas), sendo os "maus colonialistas" apresentados e criticados em algumas personagens colonas e trabalhadoras ao longo do enredo e mesmo na mundo-visão do José recém-chegado, sendo apresentado como fundamentalmente ideal uma sociedade lusófona em que se encontram no meio as duas populações maioritárias de brancos parcialmente africanizados e negros e mulatos que trabalham junto com os brancos (ao longo do romance surgem por igual quer situações em que os indígenas trabalham para quer com colonos) e parcialmente europeízados. Assim a apresentação hoje de um livro como este parece não ser mais que apresentar um escapismo que entretem, de um sonho de viajar aos trópicos e de feitura de uma nova vida pelo trabalho, e a esperança de que um trabalho de Portugueses em Angola e vida junto com as populações locais seja algo mais justo e ideal do que por vezes é na realidade (e hoje poderíamos dizer o mesmo quanto a Angolanos expatriados para trabalho em Portugal).Amostra da população multirracial da área dos Dembos por volta do começo da "Guerra Colonial" ou "de Libertação de Angola" em 1961
Todas estas questões que Cafuso como outras obras de Reis Ventura levanta, são testamento à qualidade da escrita de um autor que deixou à literatura portuguesa um certo número de obras de não-ficção, ficção, poesia e mesmo de pintura, que ajudou a africanizar a literatura colonial portuguesa e que morreu antes de ver o surgimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a libertação de Timor-Leste dos Indonésios, a saída lusa de Macau (e posterior reaproximação Portugal-China através desse ponto do mundo) e esta espécie de nova fusão nacional de Portugal e Países Africanos de Língua Oficial Portugueses (PALOPs, ex-colónias) e mesmo Timor-Leste, em que dinheiros e imigrantes económicos de Portugal fluem para Moçambique e Angola e o mesmo no sentido oposto, que empresas portuguesas têm secções para PALOPs e empresas de PALOPs têm secções para Portugal, que um Indo-Português é um actor político relevante, em que a música de PALOPs usa Portugal como local de 'aclimatização' e 'transmissor' para fora de África, que novas mestiçagens e 'contrafações' de assimilações se fazem, que parece haver 'colonização de dois sentidos' e toda a lusofonia se guia pela regra "O que é meu, é meu, o que é teu, é nosso" apesar de a perspectiva europeia parecer muitas vezes ainda a do colonialista progressista benévolo de outros tempos e a africana muitas ainda a do colonizado independentista "à defesa", seria interessante pensar o Reis Ventura (assim involuntariamente tornado no 'profeta' deste novo 'império da língua Portuguesa' solto e involuntário; curiosamente Reis Ventura foi também autor de ficção científica aportuguesada no modelo de Nunes da Mata, no romance O Homem do Outro Mundo, uma incomum defesa do colonialismo português usando uma estória de ETs) e outros autores colonos/colonialistas "africanizantes" teriam a dizer sobre isto, e a re-leitura das suas obras é a forma possível de 'consultar a sua opinião'. Pode ser que assim se recupere as obras de Reis Ventura e o autor do seu quase total desconhecimento hoje, descobrindo uma escrita que ainda pode ensinar sobre coragem e honra entre homens e mulheres, entreter com muitas aventuras e dar que pensar. Este livro é hoje raro e presente em poucas bibliotecas das maiores (na Biblioteca Pública de Braga há duas cópias e na Biblioteca Nacional de Portugal está presente a obra completa deste autor).Reis Ventura, the writer today little known (outside the fact of being controversially remembered as the mediocre poet that beat Fernando Pessoa's Mensagem/Message book for the 1934 Antero de Quental Poetry Award, an event very mythified and that is exposed more detailed and correctly in the website of the Fundação António Quadros foundation), but literarily interesting (mainly as prose-writer; as introduction, Manuel Joaquim Reis Ventura was a native of Calvao, locality near Chaves city, where he names a street, who moved to Angola, to which he dedicated good part of his oeuvre, being one of the authors from colonial Portugal, and even postcolonial, that the most did dedicate to this place and the diverse types of the colonial period population, including the black indigenous ones, and returned to Portugal only after the territory's independence as part of the doubtfully called, as something falsely monolythic, "returnees", having lived between 1910 and 1988, when he passed-away in Oeiras), he comesup here with this novel for the first time in a post of the Classicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics blog.
Here he gives us a somewhat autobiographical story of an Angola Portuguese settler, Jose da Silva (who is the narrator himself of the story in which he is lead, and is a character of profile quite close to the author himself, one might say that it only is missing him having been a poet and taken away an awardto Pessoa); this line of autobiographical inspiration started in Reis Ventura's work right-away in his awarded debut poem A Romaria ("The Palmer-pilgrimage" with probabilities of finding on Portuguese libraries a little on the level of Cafuso/"Free-Moor", that is not being "banal" to find it but being somewhat common), in which he narrates the trip of a group of characters, including younguns of religious calling like this Jose da Silva, that also journey and find their paths while they oppose to enemies of the "politics of the spirit" of that time-point like a character that represents a Bolshevik, and would appear again in some of his fictional works in prose, obviously inspired by the first person reports that while journalist he got used to writing (I must notice that to not 'overload' this blog with Reis Ventura's works, none of these other autobiographical works shall be here analysed.
The readers (all 5 of you) already knowledge on Reis Ventura opens the book expecting intrigue, some adventure and local and colonial period already long ended"colour", and on the essential "receives in exchange" the attention given to the book above all. The book starts with Jose da Silva Taveira at describing how he has «some studies» and majoring Philosophy on the (franciscan) College of Santo Antonio in Tuy, close to the border with Portugal, where he has the dream of graduating on his planned path to priesthood. Eventually, Jose da Silva reports us his evolution from aspiring priest, to student of the Franciscans, to disenchanted with the calling, till leaving Tuy, going back to Portugal and from there leaving to Mozambique and three years afterwards to Angola, where here he establishes himself in prolongued way (all things that Reis Ventura lived through, before and after the yer of his transition unto Africa, 1934).
Good part of the book's commencement is constituted by the seminarist experience of the young Jose, and this is represented in strongly ironic way and that probably will keep the reader's interest and shall stimulate him to laughter (at least to me it was thus). Let it be seen then this scene as proof:
«I entered, very bashful, in the poor parlour, famous in all the village for its centre table and some unpaired furnitures that my father had brought from Brazil. Mr. Father Inocencio sir there he was, tall and stocky, with the forehead bursting till the crown between two tall splinters of hair, staring me with the kind eyes, underneath the thick eyebrows. In that sonorous voice of talk of the town preacher, asked me right-away, without roundabouts:
– The young master wants to go to the college?
Picked up by surprise, derived unto my mother an indecisive gaze.
– Go, answer! – she encouraged.
In my childish conscience, understood that they destined me for priest. Rapidly, ran the greedy eyes through the big row of bottons that the austere franciscan flaunted on the cassock. I recalled myself of the ear-pulls that I had got for the cacoethes of taking out to the pants' fly the material for the button football. And, in my intimated, I concluded:
– "It is a scoop!"
Mr. father Inocencio sir, very faraway from my silent calculations, rose me up the chin with two kind fingers and, looking at me with kindness, stated:
– It is a very big college, in a very pretty city.You want to go?
I watched him again the cassock's buttons. God darn it! It were more than twenty, lined-up, black, glowy... And resolutely, answered:
– I want, yes sir.»
This part of Jose's life, from the decision to enter into the franciscan college till the exit from the same, is essentially all narrated in this tone, sometimes more openly comedically but in way always similar. If that is good on the reader's"book", that will already depend on one's self. A more remarkable and more serious episode is the one of Jose's juvenile crush for a Chaves woman called Isa.
Photograph of Reis Venture in the seminar times with the clergymen teachers and the other course colleagues
In a certain way, the social portrayal passing alongside several social environments and the presence of the african society (in the book's middle and ending) may remember the reader of another Reis Ventura book, Filha de Branco/"Daughter of White-man", which I hope that also comes to pass by this blog (although in the case of Cafuso this be less episodic and be more of cohese plot), and both books have protagonists of which we know q.s. of their living before the start of the narration but that we know mainly for what the plot itself and their actions tell us about their personalities (in certain way still coming-of-age in face of the reality that they face, mainly in the case of this José da Silva Taveira, who starts the book still adolescent and that we see growing-up till adulthood along the plot), and both da Silva Taveira both the multiple muceque slum inhabitants in Filha de Branco do assimilate with the reality of colonial Africa (for the black a getting-used to a new order and increase of white colonisation waves that give them new neighbours, and for the whites the getting-used to a whole new continent with a new reality to which their cultural upbringing is essentially stranger to).
After disembarking on Luanda in the IV chapter, the majority of the book passes itself on that city and is mainly dedicated to the search of commercial success by the young protagonist first in the insolvent Travancas Inc. and at last (by intervention of Jose's priest protector) on the Santos & Successors, together with his friend Adriano (acquaintance from the Chaves days who also to Angola had migrated). This part of the book involves a passage to the town of Lucala (on the namesake river's course) and commercial and steamboating work on the Angolan provincial countryside, private moments of tears in face of Isa's farewell letter (and equal amount of tears when the hero tries to write her answer), narratives on Ze from the Rooftop in Angola (as examples of the "screw-overs" done in trade on colonial Angola's hinterland; this explains the title with a narrative from a «lanky boyo» on a cafuso ("free-Moor"), that is, dark mixed brown person, who together with the Ze from the Rooftop discover that a trader goes around deceiving the local workers and traders lowballing them, situation "set straight" by the ex-hoodlum), work breaks passed awaiting letters by Isa on the Lucala post-office or in bars drowing the sorrow, involvement of the hero with a local black-woman called Little-Ana (obviously nor Aquilino's nor Garrett's), jealous outbursts before a letter by Isa confessing to have a new relationship and contact by a still lofty Jose with the local drumbeat parties (for him pretty to see «from afar» because «From closeby, it throws a stink of mating season that makes one sick» and has «a reek of stench, holy God»).
Plaque at Lucala's entry in 1974
Along this narration we come to understand that the protagonist does not give himself into morally more doubtful activities or to a colonialist existence due to dehumanised vision of the indigenous; outside one or two «negrohoods» the book even uses relatively little the at the time of writing then in current use pretos ("negroes") and the language even is quite contained about race, wihout ceasing making clear the prejudices of the protagonist recently arrived from the "colonial metropolis" but apparentely seen negatively seeing they contrast with the vision of the oldest settlers (although the old Trahs-os-Montes settler Crispim shows an infantilised vision of the black person but also a vision on how the settler must be just besides firm; while formation boss to the Dembo ethnicity workers starting from the XVI chapter, Jose acts thus and in few seconds slaps a worker woh does not work because he does not feel like it and afterwards asks him on his sick son and tells him that he'll send him quinine to his house) and the book does not mask the racial hirarchy vision of the time as with the contrast given in the XIV chapter between Jose being fought over by rich brown women or rich white women), but because he desires to get rich to marry with Isa (what, thanks to the intervention of Crispim who returns to the "provincial countryside" to "put a good word" before her father about Jose, comes to happen some time afterwards to the debarking of the woman in Angola) and replaced the sense of religious mission of the seminar by the secular service to Portugal. And his somewhat adventurous labours (together with other local workers of all races) get to help to a certain progress in the Lucala area then fundamentally ruralised and much more backwards thanthe provincil capital of Luanda; in the Lucala zone, Jose finds the historical traumas of the wars of the military-man Joao de Almeida against the Dembos still quite fresh, with the whites still fearing re-uprising of a people that only by campaigns of "conquest and pacification" ceased resistance (due to that the Portuguese customs and livings seeming always paranoically in danger to the settlers' eyes) and the blacks having passed to have a view of the white person as capable of almost everything and having always the «souljahs» behind one for its defense when revolt threatens to happen.The major Joao de Almeida (c. 1908)
On this blog, which already covered so much to themes of voyage, adventures and benevolent heroism benefiting a society in general, within a frame of thought of many works analysed before this one, it ends up bing for us understandable the use of the colonising context for passage of ethical messages and of plots of classical literature, seen that first of it is seen here the colonialism as done by the coloniser country's poor and not as done by the elite that profits the most with this nor by the governamental establishment, and here it presents itself with a certain realism a Portuguese colonial Africa that no longer exists and which is not completely idealised (more imoral parts of the social organisation of this period are not at all concealed here, although only today can be seen with the eyes that they would not be seen with at that time-point), and as is conventional and normal for the colonial vision of the work's time-point (held also by the author), it is made out a difference between a kind of "good colonialism" (noblesse oblige and productive, open to the cultural interchange and with some flexibility of ethno-racial hierarchy) ad "bad colonialism" simply economically exploitative, shut-down to the local populations and their customs and rigid in norms), being the "bad colonialists" presented and criticised in some setler and worker characters along the plot and even in the worldview of the recently arrived Jose, being presented as fundamentally ideal a Portuguese-speaking society where it do meet themselves in the middle the two majoritarian populations of partially africanised whites and blacks and mulattos that work together with the whites (throughout the novel it come-up the same both situation in which the indigenous people work for or with settlers) and partially europeanised. So the presentation today of a book like this seems not to be more than to present an escapism that entertains, of a dream of travelling to the tropics and of making f a new life by work, and the hope that a work of Portuguese-people in Angola and life together with the local populations be something fairer and more ideal than sometimes is in reality (and today we could say similar about Angolan work expatriates in Portugal).Sample of the multirracial population of the Dembos area around the start of the "Colonial" of "Angola Liberation War" in 1961
All these questions that Cafuso/"Free-Moor" as other works by Reis Ventura rises, are a testament to the quality of the writing of an author that left to Portuguese literature a certain number of non-fiction, fiction, poetry and even painting works, that helped to africanise Portuguese colonial literature and that died before seeing the coming-up of the Community of Portuguese Language Countries, the liberation of East Timor from the Indonesians, the Portuguese departure from Macau (and following rapprochement Portugal-China through that point of the world) and this kind of new national fusion of Portugal and African Countries of Official Portuguese Language (Países Africanos de Língua Oficial Portugueses, PALOPs, ex-colonies) and even East Timor, in which money and economic immigrants from Portugal flow to Mozambique and Angola and the same in opposite direction, that Portuguese companies got sections for the PALOPs and companies from PALOPs got sections for Portugal, that an Indo-Portuguese is a relevant political actor, in which music from PALOPs uses Portugal as place of 'acclimatisation' and 'transmiter' for outside of Africa, that new halfbreedings and 'counterfeitings' of assimilations are done, that there seems to be 'two way colonisation' and all the lusosphere guides itself by the rule "O que é meu, é meu, o que é teu, é nosso" ("What is mine, is mine, what is yours, is ours"), despite the european perspective seeming many times still the one of the benevolent progressive colonialist from other times and the african one many times still the one of the independentist colonised "on the defense", it would be interesting to think Reis Ventura (so involuntarly turned into 'prophet of this loose and involuntary 'empire of Portuguese speaking' ; curiously, Reis Ventura was also author of portuguesefied science fiction in the model of Nunes da Mata, in the novel O Homem do Outro Mundo/"The Man from Another World", an uncommon defense of Portuguese colonialism using an ET story) and other "africanising" colonists/colonialist authors would have to say about this, and the re-reading of their works is a possible way of 'checking their opinion on it'. It may be that thus one recovers the works of Reis Venura and the author from his almost total disregard today, discovering a writing thatstill can teach on courage and honour among men and women, to entertain with many adventures and give one what to think on. This book is today rare and present in few Portuguese libraries from among the largerones (on the Braga Public Library there are two copies and in the Portugal Nacional Library it is present the author's full oeuvre).