A literatura usada para ensino de história é uma ferramenta forte, que creio que, quando melhor escrita e leitura excitante é uma boa ferramenta para ensinar, de que provavelmente poucos alunos se queixaria. Este caso pode aplicar-se de certa forma a este romance notável do cosmopolita Poveiro Eça de Queirós, que trazemos aqui nesta 25.ª publicação do blogue Clássicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics, um romance picaresco não-tocado pelo tempo desde a publicação original em 1887, A Relíquia.
Esta narrativa passa-se (como corrente nas obras de Eça, mesmo a tradução livre com que iniciamos este blogue) no tempo do autor (inspirado na viagem ao Egipto e Levante do autor quando enquanto jornalista foi em 1869-70 assistir à abertura do Canal do Suez, uma viagem ao longo do Mediterrâneo que inspirou algumas das obras mais romanescas e aventureiras do autor como O Mistério da Estrada de Sintra, do qual parte do enredo se passava na ilha de Malta ou as obras de Eça com Fradique Mendes, o poeta satanista visitante do Oriente e meio mundo; este livro foi escrito nesta altura apesar de só uns 17 anos depois a publicar), em torno do jovem órfão de nobres famílias nortenhas Teodorico Raposo, criado por uma "titi" beata e severa, sempre rodeada de eclesiásticos, que tenta fazer do jovem um bom cristão. Teodorico cresce porém amante do luxo e dos bilhares e bares e adulto parte para estudar em Coimbra, o que "solta" completamente a verdadeira natureza boémia do jovem (que os colegas igualmente boémios alcunham, referindo-se principalmente ao seu donjuanismo, "o Raposão").
O Cairo do tempo da visita real de Eça e da ficcional de Teodorico
Já adulto e formado, Teodorico volta à casa da "titi" e acaba por ser enviado por esta para um peregrinação dever de "bom católico", e trazer uma relíquia sagrada de volta; ele tenta de forma falhada convencer a "titi" a deixá-lo ir para Paris em peregrinação (Paris tem várias igrejas e relíquias de santos, para além de vários cabarés e luxos), mas a "titi" (que apesar de não fazer ideia do sobrinho que tem não é parva) não cai no truque e ordenha-lhe que vá em peregrinação à Terra Santa no Médio Oriente e que lhe traga a relíquia de lá. Assim parte Teodorico de Portugal, passa pelas costas de Espanha (para as espanholadas amorosas usuais em alguma prosa de Eça), atravessa o Mediterrâneo e chega ao Egipto e (depois de aportarem no porto de Jafa) à Terra Santa então dominada pelos Turcos (que também têm a gestão e guarda dos santuários cristãos na altura). Durante o caminho Teodorico faz-se companheiro de um extravagante arqueólogo e erudito Alemão, Dr. Topsius (que passa o enredo todo a debitar informações como um roteiro turístico vivo).
Teodorico em caricatura de António
O verdadeiro foco do enredo começa quando o Teodorico acompanhado de Topsius tenta pegar (aconselhado pelos conhecimentos de história de Topsius) em plantas locais para criar uma falsa coroa de espinhos para apresentar à "titi" como sendo a de Cristo ela mesma, e, de forma pouco clara e que verdadeiramente não interessa (visto que o que interessa é a viagem em si), o par de viajantes são transportados à Judeia romana e são testemunhas da paixão de Cristo (isto já havia sido tratado por Eça no seu conto A Morte de Cristo, incluído na antologia póstuma de textos da juventude do autor Prosas Bárbaras). A viagem no tempo tem elementos duplos de apresentação de confronto de tendências ideológicas, não só ao retratar as polémicas dos meados-final do século XIX quanto à historicidade de Jesus e aos factos quanto ao mundo do seu tempo (a obra do Francês Ernest Renan sobre o Jesus histórico tinha criado polémica pela primeira vez poucas décadas antes e continuava a criar, e em Portugal até surgia na obra do orientalista e escritor de aventuras Carlos Pinto de Almeida) e as polémicas políticas quanto à sociedade portuguesa do tempo de Eça usualmente criticada por ele e mesmo as questões entre os diferentes Estados da altura (o prussianismo do II Império Alemão representado em Topsius, a relação amor-ódio dos Portugueses com os Ingleses, ou as Inglesas, os pecadilhos da sociedade otomana ou espanhola, etc.) e a questão do imperialismo e o primeiro turismo, mas também a política do tempo de Jesus, de Zelotas ultra-nacionalistas, fariseus tradicionalistas religiosos mas colaboracionistas com Roma, o envolvimento Romano na Palestina, as questões teológicas entre os reformistas religiosos cristãos e os Judeus tradicionais, etc.
Não sendo um "calhamaço" (Eça só escreveu um verdadeiro "calhamaço", Os Maias), é mesmo assim um texto com algo de épico, no ambicioso do fresco da sociedade portuguesa, da religião católica (que Eça sempre criticou mas com a qual nunca rompeu, e que para o fim da vida até o marcou mais nos seus escritos publicados só postumamente), da sociedade europeia e oriental (vista ao longo das viagens de Teodorico, a solo e depois com Topsius) e depois a extrapolada embora bem estudada viagem ao passado do I milénio d. C., e o lado de romance picaresco que Eça dá ao livro só reforça uma certa natureza de livro de aventuras que o romance ao todo tem. Como usual na picaresca, Teodorico cresce ao longo do enredo, não exactamente da forma moral e saudável de um romance juvenil típico, mas como alguém numa sociedade com falhas de pessoas com falhas, e é ele próprio uma pessoa com falhas, e embora evolua e se adapte à situação, e aprenda com ela, ganhar juízo ou ter redenções morais está fora de questão (principalmente à luz do pessimismo típico de Eça ante a natureza humana e Portugal enquanto país), mas o "Raposão" definitivamente cresce, evolui e, se brandamente, reformasse, ante o fracasso dos seus esquemas (não tivessem falhado e ele não teria tentado reformar-se, não é?), e com a sua experiência em primeira mão cria uma nova fé em Jesus agora livre da mitologia criada em torno dele e da ortodoxia da Igreja Católica.
Como é de prever, Teodorico volta ao seu tempo depois da viagem (sonhada?, real?, não interessa de facto) no tempo e ele e Topsius farão ambos os seus relatos escritos da aventura (A Relíquia é narrado na primeira pessoa por Teodorico, e no princípio do livro Teodorico comenta sobre o livro fictício de Topsius, segundo ele cheio de imprecisões, algumas ofensivas para com ele), e depois de voltar a Portugal, tentando dar a "relíquia" à "titi", um engano com o conteúdo dos embrulhos provocaria um azar para Teodorico e o revelar da sua natureza boémia ante a tia beata...
Não sendo um "calhamaço" (Eça só escreveu um verdadeiro "calhamaço", Os Maias), é mesmo assim um texto com algo de épico, no ambicioso do fresco da sociedade portuguesa, da religião católica (que Eça sempre criticou mas com a qual nunca rompeu, e que para o fim da vida até o marcou mais nos seus escritos publicados só postumamente), da sociedade europeia e oriental (vista ao longo das viagens de Teodorico, a solo e depois com Topsius) e depois a extrapolada embora bem estudada viagem ao passado do I milénio d. C., e o lado de romance picaresco que Eça dá ao livro só reforça uma certa natureza de livro de aventuras que o romance ao todo tem. Como usual na picaresca, Teodorico cresce ao longo do enredo, não exactamente da forma moral e saudável de um romance juvenil típico, mas como alguém numa sociedade com falhas de pessoas com falhas, e é ele próprio uma pessoa com falhas, e embora evolua e se adapte à situação, e aprenda com ela, ganhar juízo ou ter redenções morais está fora de questão (principalmente à luz do pessimismo típico de Eça ante a natureza humana e Portugal enquanto país), mas o "Raposão" definitivamente cresce, evolui e, se brandamente, reformasse, ante o fracasso dos seus esquemas (não tivessem falhado e ele não teria tentado reformar-se, não é?), e com a sua experiência em primeira mão cria uma nova fé em Jesus agora livre da mitologia criada em torno dele e da ortodoxia da Igreja Católica.
Como é de prever, Teodorico volta ao seu tempo depois da viagem (sonhada?, real?, não interessa de facto) no tempo e ele e Topsius farão ambos os seus relatos escritos da aventura (A Relíquia é narrado na primeira pessoa por Teodorico, e no princípio do livro Teodorico comenta sobre o livro fictício de Topsius, segundo ele cheio de imprecisões, algumas ofensivas para com ele), e depois de voltar a Portugal, tentando dar a "relíquia" à "titi", um engano com o conteúdo dos embrulhos provocaria um azar para Teodorico e o revelar da sua natureza boémia ante a tia beata...
"A camisinha de Mary", caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro
O livro pode ser assim muito vincadamente datado na forma como se encaixa com aquele anti-clericalismo e polémicas do Jesus histórico e mitológico do século XIX (para se ver o quanto o livro era parte e uma "moda", Eça até foi acusado por alguns estudiosos Portugueses de plágio devido à influência incontestável do Memorie di Giuda, "Memórias de Judas", do Italiano Ferdinando Petruccelli della Gattina), mas o livro é genuíno, autêntico, não foi escrito a seco para passar informações, mas por um autor idiosincrático (como autor e como pessoa) que punha por papel (apesar de imaginar e extrapolar fantasias e passados há muito perdidos) realidades que vivenciou, como o Mediterrâneo e o Médio-Oriente em que viajou, os estrangeiros que conheceu, a experiência de burguesia nortenha, a experiência do ensino e educação severa portuguesas (quem ler Os Maias ficará com a impressão de que o ensino da altura traumatizou e bastante este escritor, que ficou com horror a "latinzinhos" e ensinos religioso-morais), experiências que Eça levou consigo partido para Paris (onde faleceu) e Londres, e o Portugal que deixou e o estrangeiro que aprendeu a conhecer nunca o deixaram nem o deixaram de influenciar. E o narrar partes da história (do século XIX português e europeu, e do tempo de Jesus) com este sabor agradável e polido é algo que nenhuma historiografia marxista moderna portuguesa conseguiu alcançar, pois por mais verídicos, abrangentes e didáticos que tentem ser, não conseguem tornar viva a luta entre tradição e modernidade no Portugal liberal nem mostrar como no século I d. C. como no século XIX d. C. havia gente que só queria apreciar a vida e viver pelos seus princípios (mesmo quando eram poucos e pouco éticos, como no caso de Teodorico), mas que sempre acabavam apertados por todo o tipo de puritanos e fariseus retrógrados ou simplesmente acéfalos. E é talvez isso o que verdadeiramente faça este livro intemporal e clássico. E por isso que ainda está em publicação, em várias edições, e se encontra em basicamente todas as bibliotecas, e já esteve várias vezes em estudo em currículos de Português. Existe ainda o A Relíquia - Uma Antologia Ilustrada de Rui Campos Matos, adaptação a BD do desenhador Brasileiro Marcatti, a versão em teatro-filmado de Luís Sttau Monteiro com Júlio César no papel de Teodorico e a adaptação para crianças da Colecção de Clássicos da Literatura Portuguesa Contados às Crianças das edições quasi e jornal Sol por Ana Luís Amaral ilustrada por Gabriela Sotto Mayor com traço infantil com pouco delineamento das figuras para uma narrativa relativamente madura, mas ainda algo juvenil no estilo de aventura. Existem ainda traduções (sempre com título literalmente traduzido) em Alemão, Espanhol/Castelhano, Francês, Inglês, Italiano e Holandês/Neerlandês.
Edição da Porto Editora e adaptação das edições quasi
Literature used for teaching history is a strong tool, that I believe so that, when better written and exciting reading is a good tool for teaching, of which probably few students would complain. This case can apply itself in certain way to this remarkable novel of the cosmopolitan Póvoa-do-Varzim native Essa de Queiroz, which we bring here in this 25th post of the blog Clássicos da literatura infanto-juvenil portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics, a picaresque novel untouched by time since the original publication date in 1887, A Relíquia/The Relic.
This narrative sets itself (as current in Essa's works, even the free translations with which we commenced this blog) in the time of the author (inspired on the author's trip to Egypt and the Levant when while journalist he went in 1869-70 to attend to the opening of the Suez Canal, a trip throughout the Mediterranean that inspired some of the more romanesque and adventurous works of the author as O Mistério da Estrada de Sintra/The Mystery of the Sintra Road, of which part of the plot is set in the island of Malta or the works of Essa as Fradique Mendes, the satanist poet visitor of the East and half world; this book was written on this time despite only some 17 years after he publishes it), around the young orphan of noble north-Portuguese families Teodorico Raposo, raised by a church-lady and strict "aunty", always surrounded by churchmen, who tries to make of the youngun a good Christin. Teodorico grows up though lover of luxury and of the poolrooms and bars and as adult he leaves to study in Coimbra, what "lets loose" completely the true bohemian nature of the youngun (who the equally bohemian colleages nicknme, referring mostly to his donjuanism, "o Raposão", "the Big-Fox").
The Cairo of the time of Essa's real visit and of Teodorico's fictional one
Already grown-up and graduated, Teodorico goes back to the house of "aunty" and ends up being sent by the latter fora pilgrimate duty of "good Catholic" and grind a sacred relic back; he tries in failed way to convince the "aunty" to let him go to Paris in pilgrimage (Paris has several churches and relics of saints, besides several cabares and luxuries), but the "aunty" (who despite making no idea of the nephew she has is not dumb) does not fall for the trick and orders him to go in pilgrimage to the Holy Land in the Middle Eas and that he bring her the relic from over there. So departs Teodorico from Portugal, passesby Spain's shores (for the usual Spanish affairs in some Essa prose), crosses the Mediterranean and arrives to Egypt and (after docking on Jaffa's port) to the Holy Land then dominated by the Turks (that also had the management and guard of the Christian sanctuaries at that time-point). During the way Teodorico makes himself companion to an extravagant German archeologist and scholar, Dr. Topsius (who passes the whole plot spouting informations like a living tour-guide roadmap).
Teodorico in caricature by cartoonist António
The true focus of the plot starts when Teodorico accompanied by Topsius tries to pick (advised by Topsius' history knowledges) local plants to create a fake crown of thorns to present to "aunty" as being Christ's itself, and, in little clear form and that truly does not matter (seen that what matters is the journey itself), the pair of travellers are transported to the Roman Judea and witnesses to Christ's passion (that already having been dealt with by Essa in his short-story A Morte de Cristo/The Death of Christ, included in the posthumous anthology of youth texts of the author's Prosas Bárbaras/"Barbarian Proses"). The time travel has double elements of presentation of confrontation of ideological tendencies, not only at portraying the polemics of the mid-late-19th century about the historicity of Jesus and to the facts about the world of his time (the work of the Frenchman Ernest Renan on the historical Jesus had created controversy for the first time few decades before and keeps creating, and in Portugal it even came-up in the work of the orientalist and adventure writer Carlos Pinto de Almeida) and the political polemics about the Portuguese society of Essa's time usually criticised by him and even the issues between the different states of the time-point (the prussianism of the II German Empire represented in Topsius, the love-hate relationship of the Portuguese with the Englishmen, or the English-women, the peccadilloes of the Ottoman or Spanish society, etc.) and the issue of imperialism and of the first modern secular tourism, but also the politics of the time of Jesus, of ultranationalist Zealots, religious traditionalist but Rome collaborationist pharisees, the Roman involvement in Palstine, the theological issues between the Christian religious reformists and traditional Jews, etc..
Not being a "large folio volume" (Essa only wrote a true "large folio volume", Os Maias/The Maias), it's even so a text with something of epic, in the ambicious of the fresco of the Portuguese society, of the Catholic religion (that Essa always criticised but with which he never broke up, and that to his life's end even marked him more in his writing published only posthumously), of the european and eastern society (seen throughout Teodorico's travels, first solo and afterwards with Topsius) and after the extrapolated although well researched travel to the past of the 1st millenium A.D., and the side of picaresque novel that Essa gives to the book just reinforces a certain nature of adventure book that the novel as a whole has. As usual in picaresque genre, Teodorico grows throughout the plot, not exactly in moral and healthy way of a typical young-people's novel, but as someone in a society with flaws of people with flaws, and it is himself a person with flaws, and although he evolves and adapts to the situation and learns with it, to gaine sense or having moral redemptions is out of the question (mainly in light of Essa's typical pessimism before human nature and Portugal as a country), but the "Big-Fox" definitely grows-up, evolves and, if meekly, reforms himself, before the filure of his schemes (had they not failed and he would not have tried reforming himself, isn't it?), and with his first hand experience props up a new faith in Jesus now free from the mythology created around him and of the orthodoxy of the Catholic Church.
Not being a "large folio volume" (Essa only wrote a true "large folio volume", Os Maias/The Maias), it's even so a text with something of epic, in the ambicious of the fresco of the Portuguese society, of the Catholic religion (that Essa always criticised but with which he never broke up, and that to his life's end even marked him more in his writing published only posthumously), of the european and eastern society (seen throughout Teodorico's travels, first solo and afterwards with Topsius) and after the extrapolated although well researched travel to the past of the 1st millenium A.D., and the side of picaresque novel that Essa gives to the book just reinforces a certain nature of adventure book that the novel as a whole has. As usual in picaresque genre, Teodorico grows throughout the plot, not exactly in moral and healthy way of a typical young-people's novel, but as someone in a society with flaws of people with flaws, and it is himself a person with flaws, and although he evolves and adapts to the situation and learns with it, to gaine sense or having moral redemptions is out of the question (mainly in light of Essa's typical pessimism before human nature and Portugal as a country), but the "Big-Fox" definitely grows-up, evolves and, if meekly, reforms himself, before the filure of his schemes (had they not failed and he would not have tried reforming himself, isn't it?), and with his first hand experience props up a new faith in Jesus now free from the mythology created around him and of the orthodoxy of the Catholic Church.
As it is to be predicted, Teodorico comes back to his time after the time travel (dreamt?, real?, doesn't matter i fact) and he and Topsius shall make both of them written reports of the adventure (The Relic is narrated in the first person by Teodorico, and in the book's beginning he comments on Topsius' fictional book, according to him full of innacuracies, some offensive towards him), and after coming back to Portugal, trying to give the "relic" to the "aunty", a mistake with the content of the wrappings would provoke a hazard for Teodorico and the revealing of his bohemian nature before the church-lady aunt...
"Mary's bareback", caricature by Rafael Bordalo Pinheiro
The book can be seen very markedly dated in the way it fits with that anticlericalism and historical and mythological Jesus controversies of the 19th century (to be seen how much the book was part of a "fashion", Essa even was accused of plagiarism due to the undeniable influenceof the Memorie di Giuda, "Memoirs of Judas", by the Italian Ferdinando Petruccelli della Gattina), but the book is genuine, authentic, was not written drily to pass informations, but by an idiosyncratic author (as author and as person) that put to paper (despite imagining and extrapolating fantasies and pasts long ago lost) realities that he lived through, like the Mediterranean and the Middle East in which he travelled, the foreigners that he met, the northern bourgeois experience, the experience of the Portuguese teaching and strict education (who reads The Maias will get the impression that the teaching of the time traumatised and enough this writer, who got horror to "sweet little Latin tongues" and religious-moral teachings), experiences that Essa took with himself departed to Lisbon (where he passed away) and London, and the Portugal that he left and the abroad he learned to know never left him nor ceased influencing him. It is the narrating parts of history (of the Portuguese and european 20th century, and of the time of Jesus) with this agreeable and polished flavor is something that no Portuguese modern marxist historiography was able to achieve, as no matter how truthful, wide-ranging and didactical they try to be, they cannot make come alive the struggle between tradition and modernity in the liberal Portugal nor show how in the 1st century A.D. as in the 19th century A.D. there was folk who only wanted to appreciate life and live by their principles (even when they were few and barely ethical, as in Teodorico's case), but that always end up gripped by all kind of backwards or simply brainless puritans and pharisee. It is maybe that that truly does make this book timeless and classical. And for that it is still in print in Portuguese, in several edition , and finds itself in basically all the Portuguese libraries, and already was several times in study in Portuguese Language class curricula. There exists yet A Relíquia - Uma Antologia Ilustrada ("The Relic - An Illustrated Anthology") by Rui Campos Matos, Comic adaptation by Brazilian artist Marcatti, the version in teleplay by Luís Sttau Monteiro with actor Julio Cesar in the role of Teodorico and the adaptation for children by the Colecção de Clássicos da Literatura Portuguesa Contados às Crianças ("Colection of Portuguese Literature Classics Told to Children") by the edições quasi publisher and the Sol ("Sun") newspaper by Ana Luis Amaral illustrated by Gabriela Sotto Mayor with childish stroke with little outlining of the figures for a relatively mature, but still somewhat childish in the adventure style, narrative. There exist moreover translations (always with the title literaly translated) into German, Spanish/Castilian, French, English, Italian and Dutch/Netherlandic.
Sem comentários:
Enviar um comentário