Antes de se começar a leitura deste Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda, o desconhecedor pode imaginar que o livro é algo ao estilo da colectânea de lendas arturianas de Augusto da Costa Dias que já resenhámos aqui. Na verdade este livro é um romance original, no estilo de romances de cavalarias que é uma espécie de sequela à lenda arturiana original. Este livro, escrito (na única experiência de ficção em prosa) por um dos autores dramatúrgicos da "escola vicentina" que sucedeu a Gil Vicente, Jorge Ferreira de Vasconcelos, é um romance algo longo mas não excessivamente pesado (fora pelas diferenças que a evolução do Português literário sofreu desde os meados-finais do século XVI),teria sido escrito quando Ferreira de Vasconcelos era cortesão da corte (primeiro de D. João III e depois do nosso "velho amigo" D. Sebastião), sendo o texto editado em 1567 (a primeira versão do romance, sob o título Triunfos de Sagramor seria de 1554, mas a versão final tinha algum texto extra e refere D. Sebastião, para além de o prólogo lhe ser dedicado) em Coimbra para esse jovem Rei (como já expliquei), e desejando-lhe que fosse um monarca e cavaleiro cristão no modelo de Artur ou do seu sucessor, Constante Sagramor (herói deste romance), sendo exemplo perfeito do romance épico de cavalaria que seria parodiado (em época de decadência e extinção da cavalaria real) no D. Quixote e, em parte (embora o alvo fosse mais o romance sentimental de aventuras que foi herdeiro do de cavalaria), no Constante Florinda (que também já analisámos aqui), constituído por enredos de amor cortês e aventura, encantamentos sobrenaturais e vários sub-enredos.
A principal narrativa deste livro é em torno do que se passa depois da queda de Artur, sendo sucedido como Rei da Bretanha pelo seu sobrinho Constantino Sagramor (isto é uma fusão original feita pelo autor de duas personagens arturianas, o cavaleiro Sagramore e Constantino III, o sucessor de Artur segundo as crónicas pseudo-históricas; esta fusão é original de Ferreira de Vasconcelos e só o próprio saberá porque o fez, se é que houve alguma razão), que a exemplo do seu tio cria uma Távola Redonda na sua nova capital inglesa e tenta reunir novo grupo de cavaleiros, os melhores do seu tempo (na maioria filhos inventados por Ferreira de Vasconcelos para os cavaleiros dos romances arturianos), para que consigam fazer o ideal da cavalaria sobreviver depois da derrota de Artur e dos seus cavaleiros. Isto faz mais sentido tendo em conta a estrutura da obra: o romance começa com uma "linhagem" da «ordem da cavalaria», que Ferreira de Vasconcelos (como muitos na Idade Média e Renascimento) fazia remontar ao grupo dos heróis da mitologia grega fundado com a conquista da Índia por «Baco Índico» e que incluía Hércules, Teseu, os Argonautas de Jasão (que partiam para a zona do Cáucaso para recuperar para a Grécia um velo de carneiro de ouro), Peleu (pai de Aquiles) e vários heróis gregos até aos cavaleiros de Alexandre o Grande, a cavalaria romana dos equites (cavaleiros) liderados pelo Imperador Augusto (modelo do que a teologia católica chamava de "pagão virtuoso", e antes da cavalaria moderna e completamente histórica passaria pelos 12 pares de França de Carlos Magno, e com os cavaleiros de D. João III (dos quais um torneio factual é descrito com detalhe pelo autor neste romance, misturado com o enredo ficcional de 10 séculos antes) e D. Sebastião. Ora como se vê, entre Augusto e os antigos Romanos de um lado e Carlos Magno no século VIII-IX, havia primeiro Artur, e depois faltava explicar: como tinha a cavalaria sobrevivido depois do fim trágico de Camelot, para chegar a séculos seguintes? Em parte este novo enredo é para responder a isso.
Enquanto o narrador relata as aventuras de Constantino Sagramor no seu esforço de manter a Bretanha independente dos invasores Anglo-Saxões e da influência dos últimos imperadores (com pouco poder) de Roma, combatem Mouros em terras distantes, combatem encantamentos e monstros e outros elementos tradicionais da lenda arturiana que aqui por imaginação própria, o autor aplica a um novo ciclo de sua criação e a um período imediatamente "herdeiro" do anterior. É um livro muito de colectivo e centrado na ideia de recordar várias narrativas relativamente independentes localizadas num passado supostamente histórico (daí "Memorial"), destacando-se enquanto personagens realmente, só o próprio Sagramor e o seu cavaleiro Lucidardos (criação da cabeça de Ferreira de Vasconcelos). Note-se que, imediatamente do início do enredo principal (da Segunda Távola Redonda), Ferreira de Vasconcelos resume a estória de Artur e a Távola Redonda original e consegue acrescentar alguns toques interessantes (por exemplo, ao descrever o fim de Artur, o velho tema de Artur não morrer mas ser levado para a Ilha de Avalon onde não morre mas dorme numa espécie de sono suspenso para voltar um dia como D. Sebastião, é descrito como uma carantonha voadora chegando ao campo de batalha, de lá saíndo uns homens selvagens e levando o Rei dos Bretões para dentro da carantonha, para nunca mais ser visto novamente. É curioso, à luz do que passou a D. Sebastião já depois da escrita deste livro e da lenda que sobre ele se formou, ver aqui este quase 'sebastianismo antes de haver sebastianismo' neste livro no que a um Artur ensanguentado sendo levado para fora do campo de batalha diz respeito (e nem mencionemos a transformação da leva de Artur para Avalon numa cena quase de levada para disco voador à descrição de encontros imediatos pré-modernos).
Entre outras narrativas com elementos de maravilhoso fantástico, chama-me a atenção o episódio que leva o livro ao seu fim (e une enredo pós-arturiano aos tempos de D. João III e D. Sebastião): a feiticeira Merlinda (uma espécie de Merlim “de saias”) permite a Sagramor que tenha uma visão do futuro, da Lisboa quinhentista, e do torneio de Xabregas. Não sendo exactamente per se um enredo aventureiro ou notável, porém é bastante bem escrito e as suas descrições são fortes e vívidas.
Muitos dos livros que temos vindo a analisar neste blogue têm interesse não só por si próprias mas pelas muitas outras obras literárias e inspirações a que deram origens: assim neste vemos a raíz de muito arturianismo e pseudo-arturianismo português e lusófono, do narrar do mito arturiano por Monteiro Lobato na série de livros Sítio do Pica-pau Amarelo, a mitologia e a ficção do sebastianismo e ainda a ficção de inspiração arturianas de autores Galegos a favor do Reintegracionismo do Galego no Português como Daniel Cortezón (como As Covas do Rei Cintolo de 1956).
Para além de estas inspirações maioritariamente indirectas (até porque esta obra nunca foi directamente adaptada; o jogo de vídeo Spirit of Excalibur/"Espírito de Excalibur" send provavelmente o mais próximo com o seu enredo de aventuras de cavaleiros sob Constantino III, embora não chamado Sagramor também aí), o tipo de estórias deste livro mostra-nos uma visão de sociedade e de política, visto que o livro para além de romance, tem no final de cada capítulo recomendações que didacticamente o autor recomendava a D. Sebastião quanto a governo e a ser cavaleiro, mostrando o texto algum louvor (com o suave relativismo cultural dos humanistas renascentistas) de muitos não-cristãos (embora afirmando a superioridade do Catolicismo, ou não fosse o livro publicado durante a regência do Cardeal e líder da Inquisição portuguesa D. Henrique em nome do jovem D. Sebastião), defesa da ética cavaleiresca medieval como revista pelo valores renascentistas e louvor de um modelo de corte que talvez estivesse ultrapassado (e que terminaria na cruzada falhada de Alcácer Quibir) e que o autor achava que poderia ser renovado para uma nova glória com um regresso aos valores de uma Idade Média idealizada, renovados pelo novo humanismo do Renascimento. E é isso que realmente sustenta e dá substância a este livro no seu desequilíbrio entre enredo ficcional e texto didáctico, para além da obra em si já transformar em ficção todo estes tipo de questões, de factos e de valores. Quem quiser confirmar tudo isso por si só, pode encontrar em várias bibliotecas e ainda à venda, principalmente cópias da edição da colecção Grandes Clássicos da Literatura Portuguesa dirigida pelo saudoso Vasco Graça Moura, e muito mais raramente da da Lello Editores que teve primeira edição em 1998 editada pelo falecido escritor e estudioso João Palma-Ferreira, principal historiador das "pérolas" esquecidas da literatura portuguesa (no topo da publicação apresentada).
Entre outras narrativas com elementos de maravilhoso fantástico, chama-me a atenção o episódio que leva o livro ao seu fim (e une enredo pós-arturiano aos tempos de D. João III e D. Sebastião): a feiticeira Merlinda (uma espécie de Merlim “de saias”) permite a Sagramor que tenha uma visão do futuro, da Lisboa quinhentista, e do torneio de Xabregas. Não sendo exactamente per se um enredo aventureiro ou notável, porém é bastante bem escrito e as suas descrições são fortes e vívidas.
Muitos dos livros que temos vindo a analisar neste blogue têm interesse não só por si próprias mas pelas muitas outras obras literárias e inspirações a que deram origens: assim neste vemos a raíz de muito arturianismo e pseudo-arturianismo português e lusófono, do narrar do mito arturiano por Monteiro Lobato na série de livros Sítio do Pica-pau Amarelo, a mitologia e a ficção do sebastianismo e ainda a ficção de inspiração arturianas de autores Galegos a favor do Reintegracionismo do Galego no Português como Daniel Cortezón (como As Covas do Rei Cintolo de 1956).
Para além de estas inspirações maioritariamente indirectas (até porque esta obra nunca foi directamente adaptada; o jogo de vídeo Spirit of Excalibur/"Espírito de Excalibur" send provavelmente o mais próximo com o seu enredo de aventuras de cavaleiros sob Constantino III, embora não chamado Sagramor também aí), o tipo de estórias deste livro mostra-nos uma visão de sociedade e de política, visto que o livro para além de romance, tem no final de cada capítulo recomendações que didacticamente o autor recomendava a D. Sebastião quanto a governo e a ser cavaleiro, mostrando o texto algum louvor (com o suave relativismo cultural dos humanistas renascentistas) de muitos não-cristãos (embora afirmando a superioridade do Catolicismo, ou não fosse o livro publicado durante a regência do Cardeal e líder da Inquisição portuguesa D. Henrique em nome do jovem D. Sebastião), defesa da ética cavaleiresca medieval como revista pelo valores renascentistas e louvor de um modelo de corte que talvez estivesse ultrapassado (e que terminaria na cruzada falhada de Alcácer Quibir) e que o autor achava que poderia ser renovado para uma nova glória com um regresso aos valores de uma Idade Média idealizada, renovados pelo novo humanismo do Renascimento. E é isso que realmente sustenta e dá substância a este livro no seu desequilíbrio entre enredo ficcional e texto didáctico, para além da obra em si já transformar em ficção todo estes tipo de questões, de factos e de valores. Quem quiser confirmar tudo isso por si só, pode encontrar em várias bibliotecas e ainda à venda, principalmente cópias da edição da colecção Grandes Clássicos da Literatura Portuguesa dirigida pelo saudoso Vasco Graça Moura, e muito mais raramente da da Lello Editores que teve primeira edição em 1998 editada pelo falecido escritor e estudioso João Palma-Ferreira, principal historiador das "pérolas" esquecidas da literatura portuguesa (no topo da publicação apresentada).
Before starting the reading of this Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda ("Memorial of the Deeds of the Second Round Table"), the unknowledgeable may imagine that the book is something in the style of collection of arthurian legends by Augusto da Costa Dias that we already outlined here. In truth this book is an original novel, in the style of chivalry novels that is a kind of sequel to he original arthurian legend.This book, written (in the only experience of prose fiction) by one of the "vicentine school" playwrights that succeeded to modern Portuguese theatre founder Gil Vicente, Jorge Ferreira de Vasconcelos, is a somewhat long but not excessively heavy novel (aside the differences that literary Portuguese's evolution suffered since the mid-late-16th century), would have been written when Ferreira de Vasconcelos was courtly courtesan (first of Don John III and afterwards of our "old friend" Don Sebastian), being the text published in 1567 (the first version of the novel, under the title Triunfos de Sagramor/"Triumphs of Sagramore" would be from 1554, but the final version had some extra text and refers Don Sebastian, besides the prologue being dedicated to him) in Coimbra for that young King (as I already explained), and wishing him that he were a monarch and Christian knight in the model of Arthur or of his successor, Constans Sagramore (hero of this novel), being perfect example of the chivalry epic novel that would be parodied (in time of decadence and extinction of the real chivalry class) in the Don Quijote and, in part (although the target were more the adventure sentimental romance that was heir to the chivalry one), in the Constante Florinda/"Constant Florinda" (which we also already analysed here), made out of plots of courtly love and adventure, supernatural enchantments and several subplots.
The main narrative of this book is around what passes by after the fall of Arthur, being succeeded as King of Britain by his nephew Constantino Sagramor ("Constantine Sagramore"; this is an original fusion done by the author of two arthurian characters, the knight Sagramore and Constantine III, Arthur's successor according to the pseudo-historical chronicles; this fusion is original to Ferreira de Vasconcelos and only he himself would know why hedid it, if there is any reason), who on his uncle's example created a Round Table in his new English capital and tries to gather new group of knights, the best of his time (mostly sons made-up by Ferreira de Vasconcelos for the knights from the arthurian novels), so that they can make the ideal of chivalry survive after the defeat of Arthur and his knights. This makes more sense having in mind the structure of the oeuvre: the novel starts with a "lineage" of the «order of chivalry", which Ferreira de Vasconcelos (as many in the Middle Ages and Renaissance) made go far back to the conquest of India by «Indian Bacchus» and which included Hercules, Theseus, Jason's Argonauts (which departed to the Caucasus zone to recover for Greece a golden ram's fleece), Peleus (Achilles' father) and several Greek heroes till the knights of Alexander the Great, the Roman cavalry of the equites (knights) lead by Emperor Augustus (model of what Catholic theology called a "virtuous pagan"), and before the modern chivalry and completely historical would pass by Charlemagne's 12 peers of France, and with Don John III's knights (of whom a factual tournament is described with detail by the author in this novel, mixed with the fictional plot from 10 centuries before) and Don Sebastian). Well how it is seen, between Augustus and the ancient Romans on one side and Charlemagne in the 8th-9th century, there was first Arthur, and afterwards it was to be explained: how had chivalry survived after the tragic end of Camelot, to get to the following centuries? Partly this new plot is for answering that.
Whle the narrator reports the adventures of Constantine Sagramore in his effort of keeping Britain independent from Anglo-Saxon invaders and from the influence of the last Emperors (with little power) of Rome, combat Moors in distant lands, combat enchantments and monsters and other traditional elements of the arthurian legen that here by his own imagination, the author applies to a new cycle of his creation and to an immediately "heir" period to the previous. It is a very collective book and centered in the idea of remembering several relatively independent narratives located on a supposedly historical past (hence "Memorial"), highlighting themselves while characters really, only Sagramor himself and his knight Lucidardos (creation of Ferreira de Vasconcelo's head). Let it be noted that, immediately from the beginning of the main plot (the Second Round Table), Ferreira de Vasconcelos summarises the story of Arthur and the original Round Table and can add interesting detals (for example, at describing Arthur's end, the old theme of Arthur not dying but being taken to the Island of Avalon where he does not die but sleeps in a kind of suspended sleep to return one day like the Sleeping Hero like Don Sebastian for the Portuguese, is described as a flying Jessant arriving to the battlefield, from it exiting some savage men and taking the King of the Britons unto inside the Jessant, for never to be seen again. It is curious, in light of what went down with Don Sebastian already after the writing of this book and of the legend that on him did form itself, to see here almost a 'sebastianism before there being sebastianism' in this book in what to an Arthur being taken outside a battlefield concerns (and lets not even mention the transformation of the taking of Arthur to Avalon into a scene almost of take-away unto flying saucer pre-modern close encounters description-style).
Among other narratives with elements of fantastical wondrous, it calls unto my attention the episode that takes the book to its ending (and unites post-arthurian plot to the times of Don John III and Don Sebastian): the sorceress Merlinda (a kind of “lady Merlin”) permits to Sagramor that he have a vision of the future, of the fifteen-hundredth Lisbon, and of he tournament of Lisbon's Xabregas place. Not being exactly per se an adventurous or remarkable plot, yet it is quite well written and its descriptions are strong and vivid.
Many of the books that we have come to analyse on this blog have interest not only on themselves but for many other literary works and inspirations to which they gave root to: so in this we see the root of many Portuguese and lusophone arthurianism and pseudo-arthurianism, from the narrating of the arthurian myth by Monteiro Lobato in the Sítio do Pica-pau Amarelo/Yellow Woodpecker Ranch-farm book series, the mythology and the fiction of sebastianism and moreover the fiction of arthurian inspiration of Galician authors in favour of Galician language's Reintegrationism into the Portuguese language like Daniel Cortezon (like As Covas do Rei Cintolo/"The Caves of King Cintolo" from 1956).
Besides these mostly indirect inspirations (even because this work never was directly adapted; the videogame Spirit of Excalibur being probably the closest with its plot on adventures of knights under Constantine III, although not called Sagramore too there), the type of stories from this book shows us a vision of society and of politics, seen that the book besides novel, has at the end of each chapter recommendationsthat didactically the author recommended to Don Sebastian about government and being a knight, showing the text some apraisal (with the suave cultural relativism of the Renaissance humanists) of many non-Christians (although stating the superiority of Catholicism, or were it not a book published during the regency of the Cardinal and leader of the Portuguese Inquisition Don Henrique on the young Don Sebastian's name), defense of the medieval chivalrous ethics as revised by the Renaissance values and apraisal of a model of cour that maybe was oudated (and that would end in the failed crusade of Alcazar El-Kebir) and which the author thought so that it could be renewed for a new glory with a return to the values of an idealised Middle Ages, renewed by the Renaissance's new humanism. And it is that that really supports and gives substance to this book in its unbalance between fictional plot and didactical text, besides the work in itself lready transforming into fiction all this type of issues, of facts and of values. Who may wish to confirm all tis for themselves, may find in several Portuguese libraries and still for sale, mainly copies of the edition from the Grandes Clássicos da Literatura Portuguesa ("Great Classics of Portuguese Literature") directed by the nostalgia-worthy poet/scholar Vasco Graça Moura, and much more rarely the Lello Editores one that had first edition in 1998 published by the late writer e scholar Joao Palma-Ferreira, main historian of forgotten "perls" from Portuguese literature principal historiador das "pérolas" esquecidas da literatura portuguesa (at the post's top presented).
Among other narratives with elements of fantastical wondrous, it calls unto my attention the episode that takes the book to its ending (and unites post-arthurian plot to the times of Don John III and Don Sebastian): the sorceress Merlinda (a kind of “lady Merlin”) permits to Sagramor that he have a vision of the future, of the fifteen-hundredth Lisbon, and of he tournament of Lisbon's Xabregas place. Not being exactly per se an adventurous or remarkable plot, yet it is quite well written and its descriptions are strong and vivid.
Many of the books that we have come to analyse on this blog have interest not only on themselves but for many other literary works and inspirations to which they gave root to: so in this we see the root of many Portuguese and lusophone arthurianism and pseudo-arthurianism, from the narrating of the arthurian myth by Monteiro Lobato in the Sítio do Pica-pau Amarelo/Yellow Woodpecker Ranch-farm book series, the mythology and the fiction of sebastianism and moreover the fiction of arthurian inspiration of Galician authors in favour of Galician language's Reintegrationism into the Portuguese language like Daniel Cortezon (like As Covas do Rei Cintolo/"The Caves of King Cintolo" from 1956).
Besides these mostly indirect inspirations (even because this work never was directly adapted; the videogame Spirit of Excalibur being probably the closest with its plot on adventures of knights under Constantine III, although not called Sagramore too there), the type of stories from this book shows us a vision of society and of politics, seen that the book besides novel, has at the end of each chapter recommendationsthat didactically the author recommended to Don Sebastian about government and being a knight, showing the text some apraisal (with the suave cultural relativism of the Renaissance humanists) of many non-Christians (although stating the superiority of Catholicism, or were it not a book published during the regency of the Cardinal and leader of the Portuguese Inquisition Don Henrique on the young Don Sebastian's name), defense of the medieval chivalrous ethics as revised by the Renaissance values and apraisal of a model of cour that maybe was oudated (and that would end in the failed crusade of Alcazar El-Kebir) and which the author thought so that it could be renewed for a new glory with a return to the values of an idealised Middle Ages, renewed by the Renaissance's new humanism. And it is that that really supports and gives substance to this book in its unbalance between fictional plot and didactical text, besides the work in itself lready transforming into fiction all this type of issues, of facts and of values. Who may wish to confirm all tis for themselves, may find in several Portuguese libraries and still for sale, mainly copies of the edition from the Grandes Clássicos da Literatura Portuguesa ("Great Classics of Portuguese Literature") directed by the nostalgia-worthy poet/scholar Vasco Graça Moura, and much more rarely the Lello Editores one that had first edition in 1998 published by the late writer e scholar Joao Palma-Ferreira, main historian of forgotten "perls" from Portuguese literature principal historiador das "pérolas" esquecidas da literatura portuguesa (at the post's top presented).
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