(de Coisas.com)
Há livros que pela capa não parecem muito impressionantes nem particularmente atraentes para se pegar neles, chegando a capa a ser dissuasora à leitura. O mesmo se pode passar com o nome. Neste caso, quer a capa pouco ilustrada como a da edição original quer o título puramente descritivo de quando se passa este evento histórico e do tipo de evento que era, provocariam um pouco essa reacção (embora a fama enquanto escritor moderno Português do autor Raul Brandão deva dar alguma confiança, embora alguns poderão descreram disso de qualquer forma). Mas se já o provérbio diz que "Não se deve julgar um livro pela capa", então a leitura deste livro histórico (ou nem tanto assim, mas já aí iremos) bem o comprova.
Escrito em 1914 por um grande admirador da literatura de Herculano e Garrett e que respeitava o anteriormente aqui visto Rebelo da Silva (porém criticando o maquiavelismo político com que este "lixou" o seu próprio amigo Latino Coelho para chegar a Ministro no lugar dele) e Pinheiro Chagas enquanto ficcionista (respeitando-o enquanto ficcionista e enquanto pessoa, tendo começado a escrever para o periódico Correio da Manhã deste, mas pelo contrário criticava-lhe violentamente o seu dramalhão histórico no teatro, e principalmente a "descendência" que este estilo deixou no teatro português posterior), este livro assim tinha mais destas influências histórico-Românticas e escapava ao usual de Brandão, de obras de prosa sobre realidade com algo do psicologismo do Russo Dostoiévsky que Brandão admirava (embora por vezes com algum estilo de aventura, como se pode ver nalgumas páginas de Os Pescadores), com este livro de história bastante ficcionado (não propriamente um romance histórico per se mas tem demasiado estilo literário e análise filosófica, simbólica e psicológica da história para historiografia propriamente dita).
O autor estava numa fase de escrita de história romanceada na fase da sua carreira de 1912 a 1915, pegando num velho interesse por história e cultura do seu país de Brandão, e (numa revisão da velha abordagem de algum romance histórico Romântico que olha para o passado para não enfrentar o pior do presente) lidava com a história quando os Portugueses enfrentavam os problemáticos tempos da I República, que tinha um conflito forte com os grupos opostos à ideologia do chamado "republicanismo histórico" burguês (monárquicos, Igreja, minorias ideológicas, grupos não-burgueses), e a I Guerra Mundial começava (embora Portugal só entrasse em 1916). Assim este livro, embora não sendo um divertimento escapista (falando disso, esta obra pode ser apresentada ao público juvenil apesar da maturidade da escrita e do tema, pela forma relativamente clara e simples com que é apresentada por escrito e pela introdução à história que faz, como a peça do mesmo tema Felizmente Há Luar! dada agora no 12.º ano e por vezes noutros anos do liceu), servia para dar que pensar quanto a política do tempo do autor e para permitir aos contemporâneos, por uma vez, ver problemas de outra geração de Portugueses (e que cada leitor livremente interpretasse a coisa como quisesse; Brandão, que tinha simpatia pelo liberalismo monárquico mas era crítico das falhas desse regime e, como se pode ver nas suas memórias, não menos ou até mais do regime republicano sem idealizar o monárquico mas tendo uma opinião positiva da Família Real, até mais positiva da IV Dinastia que outros monárquicos críticos como Herculano, Garrett e Pinheiro Chagas, e na opinião dele os eventos em Portugal antes e depois do 5 de Outubro eram continuidades da mesma realidade, no negativo e no positivo).
O autor estava numa fase de escrita de história romanceada na fase da sua carreira de 1912 a 1915, pegando num velho interesse por história e cultura do seu país de Brandão, e (numa revisão da velha abordagem de algum romance histórico Romântico que olha para o passado para não enfrentar o pior do presente) lidava com a história quando os Portugueses enfrentavam os problemáticos tempos da I República, que tinha um conflito forte com os grupos opostos à ideologia do chamado "republicanismo histórico" burguês (monárquicos, Igreja, minorias ideológicas, grupos não-burgueses), e a I Guerra Mundial começava (embora Portugal só entrasse em 1916). Assim este livro, embora não sendo um divertimento escapista (falando disso, esta obra pode ser apresentada ao público juvenil apesar da maturidade da escrita e do tema, pela forma relativamente clara e simples com que é apresentada por escrito e pela introdução à história que faz, como a peça do mesmo tema Felizmente Há Luar! dada agora no 12.º ano e por vezes noutros anos do liceu), servia para dar que pensar quanto a política do tempo do autor e para permitir aos contemporâneos, por uma vez, ver problemas de outra geração de Portugueses (e que cada leitor livremente interpretasse a coisa como quisesse; Brandão, que tinha simpatia pelo liberalismo monárquico mas era crítico das falhas desse regime e, como se pode ver nas suas memórias, não menos ou até mais do regime republicano sem idealizar o monárquico mas tendo uma opinião positiva da Família Real, até mais positiva da IV Dinastia que outros monárquicos críticos como Herculano, Garrett e Pinheiro Chagas, e na opinião dele os eventos em Portugal antes e depois do 5 de Outubro eram continuidades da mesma realidade, no negativo e no positivo).
O autor
Neste livro de história ficcionado, o autor leva-nos ao reinado de D. João VI de Portugal, e com o poder descritivo e a prosa poética associados a este autor Português, recria o ambiente desta época, em que os invasores Franceses Napoleónicos haviam sido derrotados (como de forma igualmente brilhante Brandão retrata no livro também de história ficcionada El-Rei Junot) mas os aliados Ingleses se tornaram uma espécie de governantes por protectorado com auxílio de uma junta governante portuguesa, enquanto a Família Real que se instalara no Brasil fugindo da 1.ª Invasão Francesa ainda não havia regressado a Portugal, e em 1817 rebenta no Pernambuco, no Brasil Colonial, uma revolta independentista. Embora esta revolta falhasse, ela deixou uma centelha de inspiração e revolucionismo não só nos Brasileiros (que continuaram a sonhar uma independência) como nos liberais Portugueses, que pensaram em imitar o exemplo dos "irmãos" Brasileiros para instalar um regime liberal constitucional em Portugal e expulsar os Britânicos e (ante uma provável independência brasileira mais dia menos dia) fazer a Família Real voltar a território continental Português.
É para isso que, um conjunto de oficiais militares Portugueses de ideologia liberal (alguns deles tendo combatido, como muitos liberais Portugueses por tacticismo ideológico, por Napoleão, algo que Brandão descreve em El-Rei Junot com detalhes por vezes quasi-cómicos), e como seu líder, coloca-se o General Gomes Freire de Andrade, filho de um diplomata Português que servira na corte austríaca (o próprio General nascera em Viena em 1757) e a sua esposa nobre nativa desse país (e parente da 2.ª mulher, Austríaca, do Marquês de Pombal). Um homem que tivera a educação regrada típica da sua classe e bastante culto, um óptimo militar e um maçom engajado na sua sociedade secreta, começou a servir no Exército Português de 1782 a 1788, no Russo de então a 1790, novamente no Português de 1790 a 24 de Maio de 1807, na Legião Portuguesa do Exército Francês (que já vimos em Os Guerrilheiros da Morte de Pinheiro Chagas) de 1807 a 5 de Maio de 1814, em defesa da própria França depois da derrota das últimas Invasões em solo Português (como outros liberais Lusos, como já referimos) e pela terceira vez no Português após retornar ao país em 1814 (sob o acordo que marcou o 1.º exílio de Napoleão), sendo em 1815 inocentado de julgamento militar pelo serviço com os Franceses.
Uma reprodução da famosa imagem estilo "mártir no céu" de Gomes Freire
A primeira parte deste 'romance/livro de história' pode ser considerada o 'montar do palco', descrevendo a altura, quem era quem na política da altura que envolvia a situação da conspiração de Gomes Freire, o desenvolvimento da conspiração, os envolvidos nesta, as suas acções, os seus perfis, as suas personalidades e como estas iam evoluíndo, etc.. Também é traçado o retrato geral no exército na altura, num sistema de quase ditadura militar regida pela Regência que em 1817 era composta por António José de Miranda Henriques, pelo Marquês de Olhão, pelo Conde de Peniche, pelo Marquês de Borba e por D. Miguel Pereira Forjaz (por esta altura, quem teve de ler no Liceu Felizmente Há Luar! terá mais que algum reconhecimento dos eventos e figuras e do que se passará, mas não estraguemos a coisa para os restantes) e de coronel para cima quase todos os oficiais do nosso exército eram Britânicos (o que perdeu a Beresford quase toda a simpatia que ganhara dos Portugueses enquanto organizador da guerra contra os invasores Franceses). A conspiração de Gomes Freire e outros oficiais, principalmente ex-Legionários-Portugueses de Napoleão re-inseridos no exército nacional, ergue-se assim contra este estado de coisas e sob influência do liberalismo dos conspiradores, numa altura em que não havia qualquer outro grupo de Portugueses que ousasse conjurar contra a Junta de Regência.
O General Beresford
Por isso seria uma surpresa para Beresford quando o ajudante de ordens João de Andrade Corvo de Camões (sem parentesco com o poeta) em Abril de 1817 o informa da existência do plano de revolta desta conspiração, já com um certo número de envolvidos. Este trata logo de buscar os fios dos conjurados da intentona denunciada através de Lisboa, mandando chamar o informador de Corvo de Camões, o Capitão Pedro Pinto de Morais Sarmento. O Britânico ordena a Pinto de Morais Sarmento que entre na conspiração, para melhor poder acompanhar o desenvolvimento do plano e melhor poder denunciá-la à regência. Beresford não se ficou por aqui, convencendo o bacharel João de Sá e dois oficiais do exército a fazerem o mesmo e a servirem também de "toupeiras", na esperança de assim conseguir todas e quaisquer provas necessárias para condenar os conspiradores. Enquanto isso, a ideia inicial de Beresford de um julgamento militar dos traidores é substituída, após consulta com o diplomata Cipriano Ribeiro Freire, com o Visconde de Santarém e com José António de Oliveira Leite de Barros e informar do governo português do ocorrido, por um processo legal apropriado posto em ordem, enquanto o general Britânico dá as ordens para as forças militares da cidade se precaverem de qualquer motim antes de tempo e para deterem os conspiradores sem falha.
Depois de mais algum tempo em que a conspiração continua como se nada se passasse, a 25 de Maio os conspiradores são todos detidos. Brandão trata o processo como o confronto de um homem segundo o autor à frente do seu tempo que era grande demais para o mundo "claustrofóbico" à sua volta (Gomes Freire) e dois homens que ele diz serem «o passado» (D. Miguel Pereira Forjaz e Beresford). Para além de uma questão política e de manutenção da ordem para os opositores de Gomes Freire, na descrição de Brandão isto passa também a uma questão de ódio pessoal, com D. Miguel (também primo de Gomes Freire) a ser apresentado como odiando pessoalmente o general. O processo vai decorrendo de forma escorreita depois de instaurado, lavrando-se por fim uma sentença que condena à morte muitos dos conspiradores que são réus do processo. Depois, apesar de os governadores do reino não pedirem à Casa Real a sanção real do julgamento, os presos são divididos entre a cadeia do Limoeiro e o Castelo de S. Jorge, Gomes Freire sendo encerrado na Torre de S. Julião (hoje S. Julião da Barra). Durante estas prisões, o intendente geral da polícia, Barbosa de Magalhães, mais os seus ajudantes Casal Ribeiro (curiosamente um descendente seu seria um agente da PIDE/DGS) e João Gaudêncio, procedem a interrogatórios profundos dos presos e o general é exposto a grandes crueldades. Porém, pouco depois o governador da Torre de S. Julião é substituído pelo Marechal Archibald Campbell, que trata o general com mais benevolência.
Miguel Pereira Forjaz
Como em qualquer história romanceada em que a arte e a moral do autor e a realidade muita vez cruel se misturam, o fim não é feliz, mas é algo grandioso para o protagonista e permite uma certa "vitória moral" (embora para Brandão a luta de Gomes Freire continuasse no seu tempo): condenado à morte, Gomes Freire resiste a ser enforcado e pede o fuzilamento, e na manhã de 18 de Outubro de 1817 pensa que vai ter o que pediu (e como tal veste-se de uniforme ao invés do manto branco dos condenados à força do Portugal setecentista e oitocentista-inicial, como se pode ver no quadro da execução do independentista Brasileiro alcunhado "Tiradentes") mas de facto ordenam-lhe que traje de enforcado, e após o general ter um desmaio da afronta, recupera e serenamente vai para a morte no alto de Algueirão, e com o próprio corpo (pelo menos na descrição de Brandão) debatendo-se com a corda e a morte, até que falece às 9 da manhã desse dia. Apesar do general ser cremado e algumas horas depois o corpo que não queimou totalmente virando cinzas é lançado ao mar (cumprindo a plenitude da sentença), sendo relançado à praia duas vezes (e sendo roído por cães) como se recusasse ser deixado assim, e por fim acabam os vivos por ceder e enterrá-lo na praia. (Embora Brandão não o refira pelo foco em Gomes Freire, no mesmo dia são enforcados e igualmente cremados e tendo as cinzas atiradas ao mar outros 7 réus, 4 sendo enforcados sem cremação, sendo degredados para Angola e Moçambique 1 réu para cada então província e outro sendo exilado para fora de território português). Apesar da ironia amarga de Brandão, como na interpretação usual dos liberais, democratas e maçons posteriores, Gomes Freire é o grande homem que se torna um tipo de santo mártir da liberdade e/ou da maçonaria, e 3 anos depois haveria (na sucessão dos protestos contra o processo do general) uma revolução liberal no Porto que finalmente faria a Família Real voltar do Brasil, os Britânicos deixarem Portugal (fora o Algarve, aparentemente) e o regime liberal ser implantado. Apesar de a nota da história romanceada de Brandão terminar mais agridoce, porém os apontamentos finais e bibliografia no fim permitem uma condigna e justa homenagem a Gomes Freire como general e liberal.
A leitura do livro em si vale não só pelo drama e enredo (com qualquer coisa de aventura trágica real com alguma vitória moral) que traz, mas pela introdução à história que faz, para além das descrições dos detalhes e fait-divers da Lisboa da altura (nos livros de história ficcionada que escreveu, os detalhes da vida corrente, os preços da altura e os episódios anedóticos do tempo eram o que mais lhe interessavam, como o próprio assumia), dando principalmente um grande retrato da gente comum que tanto interessava a Brandão (como se pode ver nas suas obras mais famosas Os Pescadores e Os Pobres), e "apresentando-nos" às figuras históricas célebres da época. Mas mais que a história que ensina, o estilo literário ou a grande mistura de prosa e drama (ou não fosse o autor também um dramaturgo completo, entre as suas peças estando O Gebo e a Morte, que foi adaptado, em texto Francês num dos últimos filmes de Manoel de Oliveira), mas por isso tudo na obra permitir ao autor "semear" ironias e sátira ao longo do texto e fazer retratos profundos (elogiosos como negativos), criticar opressão social e as características negativas e anti-individualistas das instituições tradicionais, em linha com o próprio pensamento do autor (como em El-Rei Junot e O Cerco do Porto, pelo Coronel Owen de 1915, edição comentada por Brandão das memórias do cerco da Guerra Civil Portuguesa do oficial Galês Hugh Owen). O facto de mesmo esta obra essencialmente histórica, devido ao estilo forte, irónico e "activista" (de autor que parecia revelar sempre a sua visão simultaneamente à esquerda e à direita do Republicanismo) de Brandão, não tenha ficado tão célebre como outras mais do autor e tenha tido uma história de publicação com edições espaçadas no tempo e com mudança de título (para Vida e Morte de Gomes Freire), mostra como mesmo um mero livro de história pode ser mais que um mero livro se tocar em certas "cordas" na psique da sociedade. Este livro pode ser consultado em muitas bibliotecas ou adquirido em-linha em sítios como o Coisas.com, existindo várias edições desde a do movimento cultural Renascença Portuguesa do amigo do autor (e co-autor com ele da peça Jesus Cristo em Lisboa) à de 2007 da colecção Obras Clássicas da Literatura Portuguesa da Relógio d'Água, estando ainda o texto completo da edição de 1914 no Internet Archive.
A leitura do livro em si vale não só pelo drama e enredo (com qualquer coisa de aventura trágica real com alguma vitória moral) que traz, mas pela introdução à história que faz, para além das descrições dos detalhes e fait-divers da Lisboa da altura (nos livros de história ficcionada que escreveu, os detalhes da vida corrente, os preços da altura e os episódios anedóticos do tempo eram o que mais lhe interessavam, como o próprio assumia), dando principalmente um grande retrato da gente comum que tanto interessava a Brandão (como se pode ver nas suas obras mais famosas Os Pescadores e Os Pobres), e "apresentando-nos" às figuras históricas célebres da época. Mas mais que a história que ensina, o estilo literário ou a grande mistura de prosa e drama (ou não fosse o autor também um dramaturgo completo, entre as suas peças estando O Gebo e a Morte, que foi adaptado, em texto Francês num dos últimos filmes de Manoel de Oliveira), mas por isso tudo na obra permitir ao autor "semear" ironias e sátira ao longo do texto e fazer retratos profundos (elogiosos como negativos), criticar opressão social e as características negativas e anti-individualistas das instituições tradicionais, em linha com o próprio pensamento do autor (como em El-Rei Junot e O Cerco do Porto, pelo Coronel Owen de 1915, edição comentada por Brandão das memórias do cerco da Guerra Civil Portuguesa do oficial Galês Hugh Owen). O facto de mesmo esta obra essencialmente histórica, devido ao estilo forte, irónico e "activista" (de autor que parecia revelar sempre a sua visão simultaneamente à esquerda e à direita do Republicanismo) de Brandão, não tenha ficado tão célebre como outras mais do autor e tenha tido uma história de publicação com edições espaçadas no tempo e com mudança de título (para Vida e Morte de Gomes Freire), mostra como mesmo um mero livro de história pode ser mais que um mero livro se tocar em certas "cordas" na psique da sociedade. Este livro pode ser consultado em muitas bibliotecas ou adquirido em-linha em sítios como o Coisas.com, existindo várias edições desde a do movimento cultural Renascença Portuguesa do amigo do autor (e co-autor com ele da peça Jesus Cristo em Lisboa) à de 2007 da colecção Obras Clássicas da Literatura Portuguesa da Relógio d'Água, estando ainda o texto completo da edição de 1914 no Internet Archive.
(from Coisas.com)
There are book that by the cover they do not seem very impressive nor particularly attractive to pick them up, geting to the point of the cover being dissusive to its reading. The same may pass with the name. In this case, both the little illustrated cover like the original edition one as the title purely descriptive of when it went on this historical event and the kind of event it was, would provoke a little that reaction (although the fame as Portuguese modern writer of the author's Raul Brandao must give some confidence, although some might disbelieve that anyhow). But if the proverbe says that "You shouldn't judge a book by its cover", then this historical (or not that much, but we will already get there) book does show it well.
Written in 1914 by a great admirer of the literature of Herculano and Garrett and who respected the previously here seen Rebelo da Silva (yet criticising the political machiavellianism with which he "screwed" his own friend Latino Coelho to get to Minister in his stead) and Pinheiro Chagas while fiction-writter (respecting him while fiction-writter and while person, having started to write for his Correio da Manhã periodical, but on the contrary criticising him violently for his historical tearjerk-drama in theatre and mainly the "descent" that this style left on the posterior Portuguese theatre), this book thus had more of these historical-Romantic influences and escaped to Brandao's usual, of works on reality with something of the psychologism of the Russian Dostoyevsky whom Brandao admired (although sometimes with some adventure style, as it can be seen on some pages of Os Pescadores/"The Fishermen"), with this quite fictionalised history book (not properly a historical novel per se but has too much literary style and philosophical, symbolical e psychological analysis of history for historiography proper).
The author was on a phase of writing of romanced history on the phase of his career from 1912 to 1915, picking up on an old interest for history and culture of his country of Brandao's, and (in a revision of the old approach of some Romantic historical novel that looks at the past for not facing the worst of the present) dealt with history when the Portuguese faced the problematic times of the 1st Republic that had a strong conflict with the groups opposed to the ideology of the bourgeois so-called "historical republicanism" (monarchists, Church, ideological minorities, non-bourgeois groups), and the 1st World War started (although Portugal only entered it in 1916). So this book, while not being an escapist amusement (talking of that, this work can be presented to the young-people's audience despite the maturity of the writing and of the theme, for the relatively clear and simple way with which it is presented in writing and for the introduction to history that it does, like the play of the same theme Felizmente Há Luar!/Thankfully There is Moonlight! given now in the Portuguese 12th grade and sometimes in other Portuguese high school years), served to give one to think about the politics of the time and of the author and to allow to the contemporaries, for once, to see problems of another generation of Portuguese (and that each reader freely interpreted the thing as one wished; Brandao, who felt simpathy for the monarchical liberalism but was critical of the failings of that regime and, as it can be seen in his memoirs, not less or even more of the republican regime without idealising the monarchist one but having a positive opinion on the Royal Family, even more positive on the IV Dynasty than other critical monarchist like Herculano, Garrett and Pinheiro Chagas, and in his opinion the events in Portugal before and afer the October 5 republic establishment were continuities to the same reality, on the negative and on the positive).
The author was on a phase of writing of romanced history on the phase of his career from 1912 to 1915, picking up on an old interest for history and culture of his country of Brandao's, and (in a revision of the old approach of some Romantic historical novel that looks at the past for not facing the worst of the present) dealt with history when the Portuguese faced the problematic times of the 1st Republic that had a strong conflict with the groups opposed to the ideology of the bourgeois so-called "historical republicanism" (monarchists, Church, ideological minorities, non-bourgeois groups), and the 1st World War started (although Portugal only entered it in 1916). So this book, while not being an escapist amusement (talking of that, this work can be presented to the young-people's audience despite the maturity of the writing and of the theme, for the relatively clear and simple way with which it is presented in writing and for the introduction to history that it does, like the play of the same theme Felizmente Há Luar!/Thankfully There is Moonlight! given now in the Portuguese 12th grade and sometimes in other Portuguese high school years), served to give one to think about the politics of the time and of the author and to allow to the contemporaries, for once, to see problems of another generation of Portuguese (and that each reader freely interpreted the thing as one wished; Brandao, who felt simpathy for the monarchical liberalism but was critical of the failings of that regime and, as it can be seen in his memoirs, not less or even more of the republican regime without idealising the monarchist one but having a positive opinion on the Royal Family, even more positive on the IV Dynasty than other critical monarchist like Herculano, Garrett and Pinheiro Chagas, and in his opinion the events in Portugal before and afer the October 5 republic establishment were continuities to the same reality, on the negative and on the positive).
In this fictionalised history book, the author takes us to the reign of Don John VI of Portugal, and with the describing power and the poetic prose associated to this Portuguese author, recreates the period's environment, in which the Napoleonic French invaders had been defeated (as in equally brilliant way Brandao portrays in the book also of fictionalised history El-Rei Junot/"Ye-King Junot") but the English allies turned themselves into a kind of rullers through protectorate with the aid of a Portuguese ruling junta, while the Royal Family which installed itself in Brazil running away from Portugal's 1st French Invasion still hadn't returned to Portugal, and in 1817 it blows-up on Pernambuco, in Colonial Brazil, an independentist revolt. Although this revolt failed, it let out a spark of inspiration and revolutionism not only in the Brazilians (who continued dreaming an independence) as in the Portuguese liberals, that thought in imitating the example of the Brazilian "brothers" to install a constitutional liberal regime and expel the British and (before a likely Brazilian independence give or take a day) would make the Royal Family come back to Portuguese territorial continental territory.
It is for such that, an ensemble of Portuguese military officials of liberal ideology (some of them having fought, as many Portuguese liberals for ideological tacticism, for Napoleon, something that Brandao describes on El-Rei Junot/"Ye-King Junot" with details sometimes quasi-comical), and as their leader, put himself the General Gomes Freire de Andrade, son of a Portuguese diplomat that served on the Austrian court (the General himself had been born in Vienna in 1757) and his noble spouse native to that country (and relative to the, Austrian, 2nd wife of the Prime Minister the Marquis of Pombal). A man that had the orderly education typical of his class and rather cultivated, a great military-man and a freemason engaged with its secret society, started to serve on the Portuguese Army from 1782 to 1788, on the Russian from then to 1790, again in the Portuguese from 1790 to May 24 1807, on the French Army's Portuguese Legion (which we already say on Os Guerrilheiros da Morte/"The Gurrillas of Death" by Pinheiro Chagas) from 1807 to May 5 1814, in defence of France itself after the defeat of the last invasions on Portuguese soil (as other Luso liberals as we already refered to) and for the third time on th Portuguese one afterwards to returning to the country in 1814 (under the agreement that marked Napoleon's 1st exile), being in 1815 cleared from military trial for the service with the French.
The first part of this 'romance/history book' can consider itself the 'setting the stage', describing the time-point, who was who in the politics of the time-point that involved the Gomes Freire conspiracy, the development of the conspiracy, the engaged parties on the latter, their actions, their profiles, their personalities and how they went evolving, etc.. But it is also traced the general portrait of the army at the time, on a system of almost military dictatorship ruled by the Regency that in 1817 was composed by Antonio Jose de Miranda Henriques, by the Marquis of Olhao, by the Count of Peniche, by the Marquis of Borba and by Don Miguel Pereira Forjaz (by this time-point, one who had to read in Portuguese high school Thankfully There is Moonlight! would have more than some recognition of the events and figures and of what shall pass by, but lets not ruin the thing for the rest) and from colonel upwards almost all officers on the Portuguese army were British (what lost to Beresford almost all the sympathy he had won from the Portuguese while organiser of the war against the French invaders). The conspiracy of Gomes Freire and other officers, mainly ex-Portuguese-Legionaires of Napoleon's re-inserted in the national army, arises itself thus against this state of affairs and under influence of the liberalism of the conspirators, at a time-point in which there wasn't any other group of Portuguese that dared to plot against the Regency Junta.
There for it would be a surprise for Beresford and the boodle aide-de-camp Joao de Andrade Corvo de Camoens (no relation to the poet?) in April 1817 informs him of the existence of the revolt plan of this conspiracy, already with a certain number of involved parties. The former takes care right-away of searching the threads of the plotters of the denounced putsch throughout Lisbon, ordering to fetch Corvo de Camoens' informant, Captain Pedro Pinto de Morais Sarmento. The Briton orders to Pinto de Morais Sarmento that he enter unto the conspiracy, so as to better accompany the development of the plan and better to be able to denounce it to the regency. Beresford did not stick to that alone, convincing the bachelor's graduate Joao de Sa and two army officers to do the same to serve also as "moles", in the hope of so getting all the evidences necessary to convict the conspirators. Meanwhile, Beresford's initial idea of a military trial of the traitors is replaced, after consultation with the diplomat Cipriano Ribeiro Freire, with the Viscount of Santarém and with Jose Antonio de Oliveira Leite de Barros and inform to the Portuguese government of the occured, through an appropriated legal process set in place, while the British general gives the orders for the city's military forces to forearm themselves to any mutiny before time and to detain the conspirators without fail.
After some more time in which the conspiracy continues as if nothing went on, at May 25 the conspirators are all detained. Brandao deals with the case trial as a clash of a man acording to the author ahead of its time who was too big for the "claustrophobic" world around him (Gomes Freire) and two men that he says to be «from the past» (Don Miguel Pereira Forjaz and Beresford). Besides a political and order upkeeping issue for Gomes Freire's opponents,in Brandao's description this passes also into an issue of personal hatre, with Don Miguel (also Gomes Freire's cousin) being presented as hating personally the general. The case trial goes elapsing on smooth way after installed, grafting itself at last a sentence that condemns to death many of the conspirators who are defendants of the case trial. Afterwards, despite the kingdom's governors not asking to the Royal House the royal sanction on the trial, the arrestees are divided between the Limoeiro jail and the Sao Jorge Castle, Gomes Freire being enclosed on the Sao Juliao Tower (today Sao Juliao da Barra). During these prisons, the general police intendant, Barbosa de Magalhaens, plus his aides Casal Ribeiro (curiously a descendant of his would be a New State PIDE/DGS secret police agent) and Joao Gaudencio, proceed to deep questionings on the arrestees and the general is exposed to great cruelties. Nevertheless, short after the Sao Juliao Tower governoris replaced by the Field-Marshal Archibald Campbell, who treats the general with more benevolence.
As in any romanced story in which the author's art and morals and the often cruel reality mixed themselves, the ending is not happy, but is somewhat grandiose for the lead and permits a certain "moral victory" (although for Brandao the struggle of Gomes Freire continued in his time): condemned to death, Gomes Freire resists being hanged and asks for the firing-squad, and in the morning of October 18, 1817 he thinks that he is going to have what he ordered (and as such dressed himself in uniform unlike the white cloak of the comdemned to hang from the eighteen-hundredth and nineteen-hundredth Portugal, as it can be seen in the picture of the execution of the Brazilian independentist nicknamed "Tiradentes"/"Tooth-puller") but in fact they order him to garb as hanged-man, and afterwards to the bgeneral having a fainting from the outrage, he recovers and serenely goes towards death on the heights from Algueirao hamlet, and with the body itself (at least in Brandao's description) trashing-about against the rope and death, till he passes away at the 9 a.m. of that day. Despite the general being cremated and some hours afterwards the body that did not burn totally to turn into ash is launched to the sea (fulfiling the fullness of the sentence), being recast to the beach twice (and being gnawed by dogs) as if it refused itself to be left likt that, and at last end the living by giving in and bury him on the beach.(Although Brandao does not mention it for focus on Gomes Freire, on the same day being hanged and equally cremated and having the ashes thrown to the sea other 7 defendants, 4 being hanged without cremation, being uprooted to Angola and Mozambique one defendant each then Portuguese province and another being exiled outside Portuguese territory). Despite Brandao's bitter irony, as in the usual interpretation of the ensuing liberals democrats and freemasons, Gomes Freire is the great man who turns himself into a kind of martyred saint of liberty and/or the freemasonry, and 3 years after there would be (in the succession to the protests against the general's case rial) a liberal revolution in Oporto that finally would make the Royal Family come back from Brazil, the British leave Portugal (aside the Algarve, apparently) and the liberal regime be established. Despite the note from Brandao's romanced history ending more bittersweet, yet the final notes and the bibliography at the end allow for a worthy and just homage to Gomes Freire as general and liberal.
The book's reading in itself in worth not only for the drama and plot (with something of real tragic adventure with some moral victory) that it brings, but for the introduction to history that it does, besides the descriptions of the details and fait-divers of the Lisbon of the time-point (in the fictionalised history books that he wrote, the details of the ordinary life, the time-point's prices and the anecdotal episodes of the time were what interested him the most, as he himself assumed), giving mainly a great portrayal of the common folk that interested so much to Brandao (as it can be seen from his most famous works, Os Pescadores/"The Fishermen" and Os Pobres/The Poor), and "introducing us" to the celebrated historical figures of the period. But more than the history it teaches, the literary style or the great mixture of proses and drama (or were it not the author also a full-on playwright, among his plays being O Gebo e a Morte/Gebo and the Shadow, which was adapted in French text into one of the last films by Manoel de Oliveira), but for that everything on this workpermits to the author to "seed" ironies and satire along the text and do deep portraits (complimentary as negative one), to criticise social oppression and the negative and anti-individualist characteristics of the traditional institutions in line with the author's own thought (as in El-Rei Junot/"Ye-King Junot" and O Cerco do Porto, pelo Coronel Owen/"The Siege of Oporto, by the Colonel Owen" from 1915, Brandao commented edition of the memoirs of the Portuguese Civil War's siege of Oporto by the Welsh officer Hugh Owen). The fact that even this essentially historical work, due to a strong, ironic and "activist" (from an author that seemed to rebel always his vision simultaneously to the left and to the right of Republicanism) style of Brandao's, had not gotten as celebrated as others by the author and had had a publication history with editions spreaded-out through time and with title change (for Vida e Morte de Gomes Freire/"Live and Death of Gomes Freire"), shows how even a mere history book can be more than a mere book if it plays on certain "stringers" in society's psyche. This book can be consulted in many libraries or acquired online in sites like Coisas.com, existing several editions since the one by the Renascença Portuguesa ("Portuguese Renaissance") cultural movement by the author's friend (and co-author with him the play Jesus Cristo em Lisboa/"Jesus Christ in Lisbon") till the 2007 one from the Obras Clássicas da Literatura Portuguesa ("Portuguese Literature Classic Works") collection from he Relógio d'Água publisher, being still the 1914 edition's full text at the Internet Archive.