Já falámos aqui de Mário Domingues, o autor Luso-Santomense que foi jornalista, divulgador da história, ficcionista de policial e western. Esta publicação diz respeito ao "mestre" literário e jornalístico de Domingues, o Lisboeta Reinaldo Ferreira. Ferreira foi um talento precoce no jornalismo, com 12 anos e um domínio que bastava do Espanhol enviava (segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, da qual o próprio foi colaborador, diz num artigo sobre ele publicado pouco antes da sua morte em 1935) artigos para serem publicados em publicações espanholas, e por volta dos 17 anos começou no jornal O Século a fazer cobertura de incêndios (Ferreira, que parecia levar a imaginação sempre para o pior, quando o editor lhe perguntou se "já fizera incêndios" assumiu que queria perguntar se já tinha ateado um e disse que não, iniciando a sua estreia nesta "especialização" jornalística à falta de um jornalista para cobrir um incêndio na área de Lisboa). Em 1917, o autor criou um alvoroço com folhetins sob o título de O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho e o pseudónimo Gil Goes (apresentado como um "jornalista-detective") em que descreve uns crimes em Lisboa envolvendo supostos cadáveres, um vilão chamado "O Homem dos Olhos Tortos" e mesmo um "anel de espionagem" Alemão (isto era durante a I Guerra Mundial), que provocaram o pânico em Lisboa e foram um sucesso de leitores e só pouco antes do fim da publicação, para terminar o pânico, foi revelado que tudo era ficção e Goes era Ferreira, o que não apagou o sucesso do folhetim até ao fim.
Pouco depois, um filme seria rodado por Leitão de Barros e o raramente também referido Luís Reis Santos para a produtora por ele criada Lusitânia Films, mas a rodagem ficaria incompleta e o filme em negativo, devido ao cenário quase de comédia à portuguesa em torno da produtora (Leitão de Barros fora para Lisboa para estudar, usando o dinheiro das tias da província para criar a produtora, e quando o dinheiro acabou, não conseguindo ele mais devido às tias ficarem a saber do uso dado ao dinheiro anterior, a companhia acabou após uma curta vida, deixando um filme incompleto). O filme seria "restaurado" pela Cinemateca numa cópia com boa qualidade de imagem mas que mantém toda a filmagem em bruto (incluindo takes repetidos), tendo cartões-título introduzindo cada secção do filme segundo capítulos do texto original (ao invés de os dividir ao longo do tempo para tornar as imagens menos crípticas e o visionamento menos desinteressante) e não tendo qualquer banda-sonora (uma versão restaurada com banda-sonora e montagem devida pode ser encomendada por 5 Euros em DVD físico ou ficheiro WMV ou MPEG por email a omosquito_publishers@gmx.com, com cartões-título novos, e até legendas em Inglês, Francês e Espanhol).
Pouco depois, um filme seria rodado por Leitão de Barros e o raramente também referido Luís Reis Santos para a produtora por ele criada Lusitânia Films, mas a rodagem ficaria incompleta e o filme em negativo, devido ao cenário quase de comédia à portuguesa em torno da produtora (Leitão de Barros fora para Lisboa para estudar, usando o dinheiro das tias da província para criar a produtora, e quando o dinheiro acabou, não conseguindo ele mais devido às tias ficarem a saber do uso dado ao dinheiro anterior, a companhia acabou após uma curta vida, deixando um filme incompleto). O filme seria "restaurado" pela Cinemateca numa cópia com boa qualidade de imagem mas que mantém toda a filmagem em bruto (incluindo takes repetidos), tendo cartões-título introduzindo cada secção do filme segundo capítulos do texto original (ao invés de os dividir ao longo do tempo para tornar as imagens menos crípticas e o visionamento menos desinteressante) e não tendo qualquer banda-sonora (uma versão restaurada com banda-sonora e montagem devida pode ser encomendada por 5 Euros em DVD físico ou ficheiro WMV ou MPEG por email a omosquito_publishers@gmx.com, com cartões-título novos, e até legendas em Inglês, Francês e Espanhol).
Amostra do restauro da O Mosquito Publishers
Depois do sucesso literário e jornalístico d'O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho, ele teria um trabalho intenso no jornalismo (sendo considerado o principal jornalista Português pela altura da sua morte, apesar de ser também dos que mais extrapolava e "aldrabava" mesmo que por vezes inconscientemente, ou até inventando como a reportagem duma viagem na Rússia Soviética escrita na verdade em Paris através de testemunhos de Russos exilados e reportagens de jornalistas não-Portugueses, apesar das reportagens sobre lutas políticas em Espanha serem notáveis), para o final da sua carreira já nos anos '30 criando até os seus próprios jornais e revistas que por questões logísticas imprimia em Barcelos, em que surgia muita ficção policial e lançou autores e jornalistas como Domingues, foi autor de muita ficção popular (entre policiais, algum fantástico e ficção científica) e melodramática e até de teatro, trabalhou nalgumas das primeiras produções de cinema em Barcelona (onde viveu anos e nasceu o seu filho Reinaldo Ferreira, Filho, poeta, dramaturgo radiofónico e letrista das canções ligeira Uma Casa Portuguesa e Kanimambo, longo tempo radicado em Moçambique) como assistente de realização e depois começou a realizar ele mesmo (para a sua produtora Repórterx Film, filmes como o policial mudo O Taxi Nº 9297 e as comédias Hipnotismo ao Domicílio, Vigário Sport Club e Rita ou Rito?..., todos de 1927, este último sendo o primeiro retrato do travestismo no cinema português, infelizmente todos hoje sem banda-sonora original). Muita da obra de Ferreira foi criada sob um pseudónimo que nasceu de um erro de impressão: assinou uma reportagem só "Repórter" mas um erro de impressão que fez uma mancha que pareceu um X, acaso que ele apreciou; o Repórter X foi também o protagonista ficcional de textos do próprio Ferreira escritos sob esse pseudónimo (no princípio da sua carreira, que eles fossem a mesma pessoa era desconhecido pelo público, ao ponto de Ferreira ter um dia entrevistado o seu próprio alter-ego/personagem para um jornal). Em 1987, José Nascimento pegou na estória deste muito esquecido personagem outrora mítico e fez a longa de ficção Repórter X, na qual Joaquim de Almeida se estreou no cinema Português (tendo já começado a sua carreira internacional antes) no papel-título, e em 2002 o docudrama da RTP Repórter X Reaparece (realizado por Alexandre Reina e Nuno Vaz e com cenas de reconstituição ou surreais com João Reis como Ferreira, baseado principalmente na autobiografia da recuperação da toxicodependência do escritor, Memórias de um Ex-Morfinómano) renova este arrastado ressuscitar da popularidade do autor que ainda hoje está a ser operado.
Reinaldo Ferreira, Pai, uma mistura de Conan Doyle, de Sherlock Holmes memorialista de si próprio, e de Tintim da vida real
Estando introduzido outro "ilustre desconhecido" merecendo ser conhecido e louvado de novo, passemos à obra em questão: este volume O Homem que Perdeu o Cérebro é uma colectânea feita pelas Edições Rolim em 1987 (até que ponto isto foi o que os Anglo-Saxónicos chamam tie in ou "enlaçar" de um produto com outro lançado na altura, no caso com o filme de Nascimento, é pura especulação) de 3 contos longos ou noveletas, creio que escolhidas ao acaso, mas que, sendo todos policiais, todos excepto o último publicados na colecção Novela Policial dirigida (e parcialmente escrita) por Ferreira em 1931 e sendo todos protagonizados pelo alter-ego personagem de Ferreira, o Repórter X que escreve na primeira pessoa, acabam por não fazer um volume cacofónico, sendo muito mais criticável a inclusão da obra na Colecção Fantástico da Rolim quando os livros são puramente policiais e só podem parecer vagamente fantásticos pela linguagem e escrita algo expressionista e alguns minúsculos toques que poderão parecer irreais de uma forma paranormal.
Capa e contracapa (ou antes o contrário) da edição da Rolim
Este volume (até por ser dos poucos deste autor que se podem encontrar com facilidade fora de alfarrabistas) é uma óptima introdução ao estilo de Reinaldo Ferreira, que é constituído por enredos movimentados, folhetinescos e aventurosos, como na chamada pulp fiction, mas com uma escrita estilística mais polida e esbelta, sendo especialmente interessante hoje pela riqueza do vocabulário e pelos vocábulos muitos deles hoje fora de uso, menos usados ou usados mais com outros significados que podemos achar nele, além de o uso de estrangeirismos dar uma ideia de um ambiente de Lisboa e arredores cosmopolitas (falamos da Lisboa de turistas e missões diplomáticas estrangeiras, da Sintra turística e do Vale do Tejo de algum cosmopolitismo de marinheiros e mercadores marítimos) e de um Portugal a modernizar-se e "aburguesar-se" segundo modelos anglo-franceses; o crítico e autor Jorge Candeias pelo contrário considera que isto é irritante e mais de "provincianismo armado aos cágados", mas discordo e considero o tão rico como o resto da estilística e vocabulário deste tesouro de pulp fiction.
Não, não é isto. É isto
Os textos deste volume não têm tempos mortos ou "gorduras indesejáveis" (citando Candeias), são directos e têm um ambiente de mistério bem sucedido que se desvenda em parte de forma apressada mas em parte de forma completamente natural e seguindo o ritmo das chegadas das pistas, portanto não há nenhuma razão para alguém ficar desiludido com a leitura destas obras-primas do policial popular inesperadas na nossa literatura para a imagem estereotipada da literatura portuguesa que os nossos críticos querem passar), excepto pelo enganador dos títulos e pelo incluir sem nexo destes policiais numa colecção de literatura fantástica, porque O Homem que Perdeu o Cérebro não é literal e realmente sobre um homem a quem removeram o cérebro por alguma cirurgia de ficção científica primitiva, e Os Anfíbios do Tejo não é literalmente sobre algum mundo de criaturas mutantes anfíbias à beira Rio Tejo. O Homem que Perdeu o Cérebro é uma narrativa de mistério e crime típica do policial da viragem do século XIX para o XX e do princípio do XX, que envolve o protagonista/autor encontrar-se com um misterioso Inglês num eléctrico que tenta pedir-lhe auxílio dizendo estar sozinho; pouco depois surge a mulher do dito com dois bebé papudos, e pouco depois os 4 desaparecem, deixando o Repórter confuso quanto a isto tudo. Suspeita que o homem "não bata bem", mas pouco depois vemos que o caso é mais complicado do que parece, e o verdadeiro louco pode ser uma outra figura confundida com o Inglês do eléctrico. Na verdade, tudo é um caso que mete loucura, homicídio, roubo de identidade e várias outras aventuras e desventuras típicas do folhetim, do romance popular e da literatura de cordel, o que é tão competente quer pela escrita e enredo de Ferreira quer pelo seu vocabulário e estilo. Fantástico neste romance, só se (usando da noção de fantástico do crítico Franco-Búlgaro Tzvetan Todorov que concerne coisas que deixam na dúvida o leitor quanto à naturalidade ou sobrenaturalidade do que lê, ouve ou vê) concedermos que realmente há alguma dúvida sobre o quão literal o "perder o cérebro" de que se queixa um vilão é, e o que teria provocado a dita perda (se ele de facto ocorreu).
Por fim, vem a noveleta Os Anfíbios do Tejo, com um ambiente de aventura folhetinesco-policial como os anteriores mas que apresenta no início um ambiente de horror bem-construído (que será a única coisa vagamente "fantástica" que tem), embora no final este seja substituído, embora de uma forma algo natural e satisfatória, por uma solução policial usual (um pouco menos natural pode parecer a forma como esta noveleta, protagonizada de facto por um "anfíbio do Tejo" (um trabalhador fluvial que ganha a vida entre terra e o rio nos paquetes que aportam ao porto de Lisboa), Manuel Belchior alcunhado o Sete-Línguas, de repente passa a ser o protagonista o Repórter X e um amigo historiador no final, analisando o desaparecimento deste e solucionando-a e conseguindo apreender o culpado, embora não deixe de ser agradável, depois de 2 textos com o Repórter X, voltar a "ver" (lêr?) o nosso "velho amigo". O enredo, esse começa quando "Sete-Línguas" lê um jornal num café, recorta um pedaço dum anúncio de jornal, lê-o, e parte com ele, deixando o resto do jornal para trás (os outros tentam perceber o que o atraiu comprando um jornal do dia e vendo o que falta no espaço recortado, mas como não olham para a página certa da folha da secção de anúncios, pensam que ele vai responder a um anúncio de procura duma ama-de-leite, ao invés do verdadeiro anúncio que lhe cativou a atenção). No seguimento do anúncio, ele vai a uma casa isolada, onde consegue ultrapassar alguns desafios pelo caminho, mas acaba por ser apanhado por uma armadilha, o que lhe impede de desvendar um mistério ligado com a sua família. Este mistério será esclarecido pelo Repórter e o seu amigo no final do texto, com uma solução que apesar de ser devidamente elaborada numa novela que é referido em nota de rodapé, O Segredo dos Reis de Portugal que inaugurou a Série Novela Contemporânea por ele editada em 1924-25 (reunindo novelas de vários autores do jornalismo e literatura da altura, incluindo Domingues e um jovem Ferreira de Castro, cujo estilo inicial se parecia muito ao de Reinaldo Ferreira), não deixa de ficar concluída de forma auto-contida, sem mais informações, neste livro que (ao contrário de O Segredo dos Reis de Portugal) se pode encontrar em quase todas as bibliotecas municipais.
Capas de algumas novelas da colecção Novela Policial incluindo As azagaias da princesa mulata à venda no Olx
Depois vem As Azagaias da Princesa Mulata, em que o autor é desperto e vê que a definição do seu horário para esse dia foi definido por agentes de uma Princesa Zaizá da Abissínia (hoje Etiópia), que reclama ser uma descendente de uma união de D. Sebastião com uma Moura negra durante um cativeiro após uma suposta sobrevivência a Alcácer-Quibir e por isso pretende reconhecida a sua reivindicação de pretendente ao trono português pela República Portuguesa. A Princesa mulata e os seus servidores querem forçar o Repórter a escrever artigos em defesa da sua causa, para porém a opinião pública lusa do seu lado. Ao longo do enredo, o Repórter é ameaçado com lanças (azagaias africanas) lançadas de um carro misterioso pela própria Zaizá, que atingem sempre muito perto de si sem o atingir de facto, e ele descobre depois que um trabalhador dos Negócios Estrangeiros Português fora morto também com uma azagaia quando estava num café. Embora novamente o policiário, o crime e o mistério sejam principais, aqui já parece surgir um vago travo a fantástico, devido a umas descrições de uma força e agilidade sobre-humana e quase felina da Princesa Zaizá (embora isso poderá ser explicado por um treino militar de elite ou pelas vagas e misteriosas descrições do autor). Alguns como Jorge Candeias têm problemas com a solução do mistério assentar no reconhecimento pelo autor de um certo cheiro, que ele reconhece na altura exacta e não antes de uma forma que pode parecer aleatória e por conveniência, mas pessoalmente parece só o efeito de um protagonista que se viu "afogado" num caso imenso e teve de "assimilar" muito, e creio que o texto insinua com as referências anteriores ao dado cheiro que muito antes da dedução precisa, o herói ia suspeitando e pensando sobre a questão, que assim seria uma solução muito menos "caída do céu".Por fim, vem a noveleta Os Anfíbios do Tejo, com um ambiente de aventura folhetinesco-policial como os anteriores mas que apresenta no início um ambiente de horror bem-construído (que será a única coisa vagamente "fantástica" que tem), embora no final este seja substituído, embora de uma forma algo natural e satisfatória, por uma solução policial usual (um pouco menos natural pode parecer a forma como esta noveleta, protagonizada de facto por um "anfíbio do Tejo" (um trabalhador fluvial que ganha a vida entre terra e o rio nos paquetes que aportam ao porto de Lisboa), Manuel Belchior alcunhado o Sete-Línguas, de repente passa a ser o protagonista o Repórter X e um amigo historiador no final, analisando o desaparecimento deste e solucionando-a e conseguindo apreender o culpado, embora não deixe de ser agradável, depois de 2 textos com o Repórter X, voltar a "ver" (lêr?) o nosso "velho amigo". O enredo, esse começa quando "Sete-Línguas" lê um jornal num café, recorta um pedaço dum anúncio de jornal, lê-o, e parte com ele, deixando o resto do jornal para trás (os outros tentam perceber o que o atraiu comprando um jornal do dia e vendo o que falta no espaço recortado, mas como não olham para a página certa da folha da secção de anúncios, pensam que ele vai responder a um anúncio de procura duma ama-de-leite, ao invés do verdadeiro anúncio que lhe cativou a atenção). No seguimento do anúncio, ele vai a uma casa isolada, onde consegue ultrapassar alguns desafios pelo caminho, mas acaba por ser apanhado por uma armadilha, o que lhe impede de desvendar um mistério ligado com a sua família. Este mistério será esclarecido pelo Repórter e o seu amigo no final do texto, com uma solução que apesar de ser devidamente elaborada numa novela que é referido em nota de rodapé, O Segredo dos Reis de Portugal que inaugurou a Série Novela Contemporânea por ele editada em 1924-25 (reunindo novelas de vários autores do jornalismo e literatura da altura, incluindo Domingues e um jovem Ferreira de Castro, cujo estilo inicial se parecia muito ao de Reinaldo Ferreira), não deixa de ficar concluída de forma auto-contida, sem mais informações, neste livro que (ao contrário de O Segredo dos Reis de Portugal) se pode encontrar em quase todas as bibliotecas municipais.
We already spke here of Mario Domingues, the Portuguese-Santomean author who was journalist, populariser of history, detective-mystery/crime and western fiction-writer. This post concerns the literary and journalistic "master" to Domingues, the Lisbon-native Reinaldo Ferreira. Ferreira was a precocious talent in journalism, at 12 years-old and with a sufficing domain of Spanish he sent (according to the Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira/"Great Portuguese and Brazilian Encyclopedia", of which he himself was collaborator, says an article on him published little after his death in 1935) articles to be published in Spanish publications, and around 17 years-old he started in the O Século ("The Century") newspaper doing fire coverage (Ferreira, who seemed to take his imagination always to the worst, when the editor asked him if "he already had done fires" he assumed that he meant if he had set one and he told him that he hadn't, initiating his debut in this journalistic "expertise" in lack of a journalist to cover a fire in the Lisbon area). In 1917, he author created an uproar with feuilletons under the title of O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho/"The Mystery of Saraiva de Carvalho Street" and the pen-name Gil Goes (presented as a "journalist-detective" in which it describes some crimes in Lisbon involving supposed corpses, a villain called "The Man of the Crooked Eyes" and even a German "spy ring" this was during World War I), that provoked a panic in Lisbon and were a success of readers and only little before the end of the publishing, to finish the panic, it was revealed that all was fiction and Goes was Ferreira, what did not erase the serialised feuilleton till the end.
Little afterwards, a film would be shot by Leitao de Barros and the rarely also mentioned Luis Reis Santos for the producer by the former created Lusitânia Films, but the shot would stay incomplete and the film in negative, due to the almost Portuguese-style comedy scenario around the production company (Leitao de Barros had gone to Lisbon to study, using the money of the provincial countryside aunts to create the production company, and when the money ended, not getting he more due to the unts getting to know ofthe use given to the previous money, the comppany ended after a short life, leaving a film incomplete). The film would be "restored" by the Portuguese Cinematheque in a copu with good image quality but that keeps all the raw filming (including repeated takes), having title cards introducing each section of the film according to chapters from the original text (instead of dividing them throughout time for turning the images less criptic and the visioning less uninteresting) and not having any soundtrack (a restored version with soundtrack and due montage to be bought by order for 5 Euros in physical DVD or WMV or MPEG file by e-mail to omosquito_publishers@gmx.com, with new title cards, and even subtitles in English, French and Spanish).
Little afterwards, a film would be shot by Leitao de Barros and the rarely also mentioned Luis Reis Santos for the producer by the former created Lusitânia Films, but the shot would stay incomplete and the film in negative, due to the almost Portuguese-style comedy scenario around the production company (Leitao de Barros had gone to Lisbon to study, using the money of the provincial countryside aunts to create the production company, and when the money ended, not getting he more due to the unts getting to know ofthe use given to the previous money, the comppany ended after a short life, leaving a film incomplete). The film would be "restored" by the Portuguese Cinematheque in a copu with good image quality but that keeps all the raw filming (including repeated takes), having title cards introducing each section of the film according to chapters from the original text (instead of dividing them throughout time for turning the images less criptic and the visioning less uninteresting) and not having any soundtrack (a restored version with soundtrack and due montage to be bought by order for 5 Euros in physical DVD or WMV or MPEG file by e-mail to omosquito_publishers@gmx.com, with new title cards, and even subtitles in English, French and Spanish).
Sample from the O Mosquito Publishers restoration
After the literary and journalistic success o' O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho/"The Mystery of Saraiva de Carvalho", he would have an intense work in journalism (being considered the main Portuguese journalist by the time-point of his death, despite being also one of the ones that the most did extrapolate and "drib and drab" even if sometimes unconsciously, or even making it up like the news piece of a trip to Soviet Russia written indeed in Paris though testimonies of exiled Russians and news pieces of non-Portuguese journalists, despite the news pieces on the political struggles in Spain being remarkable), to the ending of his career already in the '30s creating even his own newspapers and magazines that for logistic issues printed out of Barcelos, in which it came-up much detective-mystery/crime fiction and launched authors and journalists like Domingues, was author of much popular (among detective-mystery/crime stories, some fantasy and science fiction) and melodramatic fiction and even theatre, worked in some of the first cinema productions in Barcelona (where he lived some years and it was born his son Reinaldo Ferreira, Son [profile by Reinaldo Ferreira III], poet, radioplaywright and lyricism of the light songs Uma Casa Portuguesa/"A Portuguese House" and Kanimambo, long time established in Mozambique) assistant director and afterwards started to direct he himself (for his Repórterx Film, films like the silent detective-mystery/crime story O Taxi Nº 9297/"The Taxi No. 9297" and the comedies Hipnotismo ao Domicílio/"Housecall Hipnotism", Vigário Sport Club/"Bunkum Sport Club" and Rita ou Rito?.../"Rita or Rich?", all from 1927, this latter being the first portrayal of cross-dressing on Portuguese cinema, unfortunately all today without original soundtrack). Much of Ferreira's work was created under a pen-name that was born from a printing error: he signed one new piece just "Reporter" but a printing error made a spot that seemed like an X, chance that he appreciated; the Reporter X [not the Guatemalan one] was also a fictional lead of texts by Ferreira himself written under that pseudonym (at his career's beginning, that they were one and the same was unknown by the audience, to the point of Ferreira one day having interviewed his own alter egot/character for a newspaper). In 1987, film director Jose Nascimento picked up the story of this little known of yore mythical character and made the fictional long feature Repórter X, in which Joaquim de Almeida debuted unto Portuguese cinema (having already started his international career before) on the title role, and in 2002 the RTP TV docudrama Repórter X Reaparece ("Reporter X Reappears", directed by Alexandre Reina and Nuno Vaz and with reenactment or surreal scenes with João Reis as Ferreira, based mainly on the autobiography of the writer's drug-dependency, Memórias de um Ex-Morfinómano/"Memoirs of an Ex-Morphinomaniac") renews this dragged-out resurrecting of the author's popularity that is still today being undertaken.
Reinaldo Ferreira, Father, a mixture of Conan Doyle, of Sherlock Holmes memoirist of himself, and of real life Tintin
Being introduced another "illustrious unknown" deserving to be known and praised again, let us pass to the work in question: this volume O Homem que Perdeu o Cérebro ("The Man Who Lost His Brain") is a collection made by the Edições Rolim publisher in 1987 (till what point this was what the anglo-saxonics called tie in of a product with another released on that time-point, in the case with the Nascimento film, is pure speculation) of 3 long short-stories or novelettes, I believe that chosen by chance but that, being all detective-mystery/crime stories, all except the last one published in the Novela Policial collection directed (and mainly written) by Ferreira in 1931 and being all starring Ferreira's character alter ego, the Repórter X who writes in the first person, end-up by not making-up a cacophonic volume, being much more criticisable the inclusion of the work on the Colecção Fantástico ("Fantasy Collection") by Rolim when the books are purely detective-mystery/crime and only can seem vaguely fantastical by the language and somewhat expressionist writing and some miniscule touches that might seem unreal on a paranormal fashion.
Cover and back-cover (or better put the reverse) of the Rolim edition
This volume (it even may be among the few of this author that may be find with ease outside the old-book-sellers) is a great introduction to Reinaldo Ferreira's style, that is constituted that is made-up of eventful plots, serial-like and adventurous, like in the so-callled pulp fiction, but with a more polished and svelte stylistic writing, being specially interesting today for the richness of the vocabulary and for the vocables many of them out of use, less used or used more with other meanings that we can find in it, besides use of loanwords giving an idea of an environment of Lisbon and surroundings (we speak of he Lisbon of tourists and foreign diplomatic mission, of the da touristic Sintra and of the Tagus Valley in some cosmopolitanism of sailors and maritime merchants) and of a Portugal modernising itself and "bourgeoning" according to anglo-french models; the reviewer Jorge Candeias on the contrary considers that this is irritating and more of "show-off provincianism", but I disagree and consider it so rich how the rest of the stylistic and vocabulary of this pulp fiction treasure.No, not this. It is this
The texts of this volume have no down times or "undesirable fats" (quoting Candeias), are straightforward and have a successful mystery ambience that unravels in part in rushed way but in part in completely natural way and follwing the rhythm of the arrivals of the clues, hence there is no reason for someone to stay disappointed with the reading of these masterpieces of the detective-mystery/crime story unexpected for the steotypical image of Portuguese literature that Portuguese critics want to pass unto us), except by the deceiving of the titles and by the senseless including of these detective-mystery/crime stories into a fantasy literature collection, because O Homem que Perdeu o Cérebro/"The Man who Lost the Brain" is not literal and really on a man to whom they removed the brain by some early science fiction surgery, and Os Anfíbios do Tejo/"The Amphibians from the Tagus" is not literally on some world of amphibian mutant creatures by the Tagus River. The Man Who Lost His Brain is a mystery and crime narrative typical of the detective story from the turn of the 19th to the 20th century, which involves the lead/author meeting with a mysterious Englishman on a streetcar that tries to ask him for aid telling him he is by himself; litle after comes-up the woman of the latter with two jowly babies, and littleafterwards the 4 disappear, leaving the Reporter confused on all this. He suspects that the man "is not quite right", but little afterwards we see that the case is more complicated than it seems, and the truth madman might be another figure confused with the Englishman from the streetcar. In truth, all is a case that gets in madness, homicide, identity theft and several other adventures and misadventures typical of the feuilleton, of the dime novel and the chapbook literature, what is as competent for Ferreira's writing and plotting and for his vocabulary and style. Fantasy in this novel, only if (using the notion of fantastical of the French-Bulgarian critic Tzvetan Todorov that concerns things that leave at doubt the reader about the naturality or supernaturality of what one reads, hears or sees) we conceed that really there is some doubt on how literal the "losing the brain" that the villain complains of is, and what would have provoked said loss (if in fact it occured).
Covers of some Novela Policial/"Detective-Mystery/Crime Novella" collection novellas including As azagaias da princesa mulata"/The javelins of the mulatta princess" for sale at Olx
Afterwads comes As Azagaias da Princesa Mulata/"The Javelins of the Mulatta Princess", in which the author is awakened and sees that the setting of his schedule for that day was set by agents of one Princess Zaizah of Abissinia (today Ethiopia), who claims to be a descendant from a union of Don Sebastian with a black Mooress during a captivity afterwards to a supposed survival to Alcazar-El-Kebir and for that intends to be recognised her claim to the Portuguese throne by the Portuguese Republic. The mulatta princess and her servers want to force the Reporter to write articles in defense to her cause, for putting the luso public opinion on her side. Along the plot, the Reporter is threatened with spears (African javelins) cast out from a mysterious car by Zaizah herself, that always hit very close to himself without hitting him infact, and he discovers that a Portuguese Foreign Affairs worker had been killed also with a javelin when he was at a cafe. Although again the detectivesque, the crime and the mystery be leads, here now it appears to come-up a vague aftertaste to fantasy, due to some descriptions of a superhuman an almost feline force and agility of the Princess Zaizah (although that might be explained by an elite military training or by the vague and mysterious descriptions of the author). Some like Jorge Candeias have problems with the mystery's solution standing on the recognition by the author of a certain smell, that he recognises at the exact time-point and not before in a way that might seem random or by convenience, but personally it seems just the effect of a protagonist that saw himself "drowned" on an immense and had to "assimilate" much, and I believe it so that the text insinuates with the previous references to the given smell that much before the needed deduction, the hero went suspecting and thinking on the issue, that so would be a much less a solution "dropped from the sky".At last, comes the novelette Os Anfíbios do Tejo/"The Amphibians from the Tagus", with an ambience of serial-detective adventure like the previous ones but which presents at the beginning a well-constructed horror ambience (which shall be the only vaguely "fantastical" thing that it has), although at the end that be replaced, although in somewhat natural and satisfactory way, by an usual detective-mystery/crime solution (a little less natural may seem the way how this novelette, starred by an "amphibian from the Tagus", a waterway that earns the life between the land and the river in the liners that board the Lisbon port, Manuel Belchior nicknamed the "Seven-Tongues", suddenly it passes unto being lead the Reporter X and a historian friend of his at the ending, analysing the desappearance of the former and solve it and getting to aprehend the guilty-party, although it does not cease being agreeable, after 2 texts with the Reporter X, getting back to "see" (read?) our "old friend"). The plot, that one starts when "Seven-Tongues" reads a newspaper at a cafe, cuts-out a piece of a newspaper ad, reads it, and leaves with it, leaving the the rest of the newspaper behind (the others try to understand what attracted him byuing the newspaper of the day and seeing what is missing on the cut-out space, but as they do not look at the right page of the advertisement section's sheet, they think that he is going to answer an ad of want for a wet nurse, instead of the real advert that captivated his attention). Following the advert, he goes to an isolated house, where he gets to overcome some challenges along the way, but ends up being caught by a trap, what prevents him from unraveling a mystery connected with his family. This mystery will be cleared-up by the Reporter and his friend at the text's ending, with a solution that despite being duely elaborated upon in a novella that is refered in footnote, O Segredo dos Reis de Portugal/"The Secret of the Kings of Portugal" which inaugurated the Serie Novela Contemporânea/"Contemporary Novella" by him edited in 1924-25 (gathering novellas by several authors of journalism and literature from that time-point, including Domingues and young future famed novelist Ferreira de Castro, whose early style resembled much Reinaldo Ferreira's), does not cease being concluded in self-contained way, without more informations, on this book that (unlike The Secret of the Kings of Portugal) can find itself in almost all the Portuguese municipal libraries.
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