quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

"A Espada do Rei Afonso", Alice Vieira // "The Sword of King Alfonso", Alice Vieira

Quando o jornal Público organizou a colecção infanto-juvenil Colecção Geração Público em 2004-2005, só três obras que podiam reivindicar autoria portuguesa a englobaram: por ligeira "batota" a tradução/adaptação de Eça de Queirós de As Minas do Rei Salomão sob o título As Minas de Salomão (com que abrimos as recensões deste blogue), Os Cavaleiros da Távola Redonda de Augusto da Costa Dias que também já por aqui passou, e o livro que "trazemos" aqui hoje, A Espada do Rei Afonso. Em parte este blogue foi criado pela pouca visibilidade de livros infanto-juvenis (ou que pela evolução dos gostos ou dos tipos de narrativas mainstream foram "corridos" para esta categoria de literatura) de autoria portuguesa ou pelo menos lusófona em colecções de clássicos deste género como estas, a origem dos livros sendo ou sempre estrangeira ou a origem portuguesa sendo limitada a poucos volumes, por vezes com recurso a "batotas" como a do livro de Rider Haggard como trabalhado pelo nosso Eça. Mas é compreensível que, tendo só 3 sido postas nessa colecção do jornal Público, uma fosse a queirosianamente vivaz versão de Rider Haggard, outra uma versão portuguesa dessa mitologia clássica de cavalaria de Artur, e outra fosse uma das principais obras de uma das principais autoras infanto-juvenis e juvenis Portuguesas (embora também com obra para adultos; durante o anterior governo houve uma breve gafe em torno de um livro de poemas amorosos para adultos de A. Vieira que foi incluído no Programa Ler + para jovens leitores, erro que depois de aviso público da própria escritora foi prontamente corrigido).
Edição da Geração Público
Alice Vieira criou aqui neste seu quarto livro (e quarto livro infanto-juvenil, género pelo qual começou a sua carreira em 1979 com Rosa, Minha Irmã Rosa), de 1981, um livro que (num método que ela reutilizaria em Este Rei Que EU Escolhi, 2 livros e 2 anos depois) para ensinar os jovens leitores sobre história de Portugal, usa de uma mistura de ficção científica e fantasia para fazer jovens viajar no tempo para conhecerem em primeira-mão o passado que antes só conheciam, e mal, dos livros escolares de história e da história popular como descrita pelos leigos da sua comunidade (por exemplo, eles acreditam literalmente no cliché que «D. Afonso Henriques batia na mãe»), voltando ao tempo de D. Afonso Henriques, 1.º Rei de Portugal. O ano específico a que eles retornam, 1147 é bastante significativo: eles voltam ao ano em que Portugal acabava de conquistar Lisboa (que só se tornaria capital do Reino mais de 100 anos depois com D. Afonso III, bisneto de Afonso Henriques ou I) que uma peste grassava na nova conquista e o Rei estava instalado na cidade enquanto lidava com a peste e preparava o avanço para a conquista seguinte, de Santarém.
Começando pelo princípio, o livro começa com três irmãos, Mafalda, Fernando e Vasco, que ajudam o mais «coca-bichinhos» (i. e., picuinhas e exaustivo) dos 3 a procurar uma moeda antiga para a colecção dele, estando no Castelo de São Jorge a fazer a sua "prospecção amadora" quando acham por fim dita moeda e surgem «Ovnis» (mais especificamente um disco voador) sobre o castelo, e quando dão por si estão à porta do castelo em 1147, podendo ver ao vivo os Portugueses seus antepassados a "fazerem história". Eles depois de se verem no passado, conhecem o alegre bobo da corte, D. Bibas (tirado do romance O Bobo do nosso "conhecido" Alexandre Herculano), e vêm um D. Afonso Henriques que ainda não foi reconhecido pelo Papa como Rei de Portugal (o que só aconteceria já no final da sua vida), embora já fosse aclamado pela população depois da Batalha de Ourique, portanto na passagem de 1139 para 1140, e já fosse reconhecido como soberano independente depois do Tratado de Zamora de 1143, e que ainda não conquistara a maioria do território de Portugal fora o Algarve e Olivença que seriam adições posteriores, ocupando o Castelo de São Jorge na então ainda Al-Usbuna. Eles contactam com Bibas e o Rei (e o seu feitio de "pavio curto"), com quem conversam desmontando alguns mitos sobre a sua enorme espada e o Rei quase gigante (o Rei interroga, depois de os aceitar como visitantes do futuro, sobre o que se sabe no futuro sobre a sua espada, a qual como sabemos não ganhou reputação à Excalibur arturiana ou Joyeuse carolíngia, fora a fama de enorme e forte, além de lhes "pôrem perspectiva" essa estória quanto a ele e a sua mãe), e procuram de novo a moeda perdida que falta à colecção de moedas, numa altura em que esta ainda não é antiga mas moeda corrente e em uso. Depois de aprenderem a sua "história ao vivo" e de terem por fim a moeda perdida numa forma ou outra, os «Ovnis» surgem e eles retornam ao seu tempo, mudados, para melhor pelo que parece, pela experiência. Este livro tão leve como interessante é recomendado não só para leitores do género como para introdução à história de Portugal do reinado de D. Afonso Henriques, e para fãs de fantástico e fc pela forma de viagem no tempo, sendo muito cómodo que ainda se encontre "no prelo" e à venda em várias edições e se encontre em quase todas as bibliotecas.


Whe the Público newspaper organised the children's/young-people's Colecção Geração Público ("Público Generation Collection") in 2004-2005, only three works that could claim Portuguese authorship comprised it: by slight "cheating" Essa de Queiroz's translation/adaptation of King Solomon's Mines under the title As Minas de Salomão/"Solomon's Mines" (with which we opened up this blog's write-ups), Os Cavaleiros da Távola Redonda/"The Knights of the Round Table" by Augusto da Costa Dias that also by here passed by, and the book that we "bring" here today, A Espada do Rei Afonso ("The Sword of King Alfonso"). In part this blog was created due to the little visibility of children's/young-people's books (or that by the evolution of tastes or of the types of mainstream narratives were "ran-away" unto this category of literature) of Portuguese authorship or at least Portuguese-speaking in collections of classics of this genre as these, the origin of the books being or always foreign or the Portuguese origin being limited to a few volumes, but sometimes with resource to "cheating" like the one of the Rider Haggard book as worked-upon by Portugal's Essa. But it is undestandable that, having only 3 been put on that Público newspaper collection, one were the very querozianly vivacious Rider Haggard version, another a Portuguese version of that classical chivalry mythology of Arthur, and the other were one of the main works of one of the main Portuguese children's/young-people's and young-people's specific authors (although also with work for grown-ups; during the previous Portuguese government there was a brief gaffe around a book of love poems for adults by A. Vieira that was included on the Programa Ler +/"Read + Program" for young reders, error that after public warning by the writer herself was swiftly corrected).
Edition from Geração Público
Alice Vieira created here with her forth book (and forth children's/young-people's book, genre in which she debuted her career in 1979 with Rosa, Minha Irmã Rosa/Rosa, My Sister Rosa), from 1981, a book that (in a method she would reuse in Este Rei Que EU Escolhi/"This King That *I* Chose", 2 books and 2 years after) to teach the young readers on Portugal's history, uses of a mixture of science fiction and fantasy to make younguns time travel to meet in person the past that they only knew, and badly, from the school history and popular history books as described by the laymen from their community (for example, they believe literally on the cliche that «Don Alfonso Henriques hit his mother»), going back to the time of Don Alfonso Henriques, first king of Portugal. The specific year that they go back to, 1147 is quite significant: they go back to the year in which Portugal just had conquered Lisbon (that would only become capital to the Kingdom more than 1000 years later with Don Alfonso III, great-grandson of Alfonso Henriques or the First), that a plague raged in the new conquest and the King was installed on the city while he dealt with the plague and prepared the advance unto the following conquest, of Santarein.
Starting by the beginning, the book starts with three brothers, Mafalda, Fernando and Vasco, who help the most «persnickety» (i. e., picky and exausting) of the 3 to look up an ancient coin for his collection, being in the Sao Jorge Castle doing his "amateur prospection" when they find at last said coin and it come-on-by «UFOs» (more specifically a flying saucer) over the castle, and when they come to themselves they're at the castle's dour in 1147, being able to see live the Portuguese ancestors of their "making history". They afterwards to seeing themselves in the past, meet the joyful court jester Don Bibas (taken from the novel O Bobo/The Jester by our "acquaintance" Alexandre Herculano), and see a Don Alfonso Henriques that still had not been recognised by the Pope as King of Portugal (what would only happen to his life's ending), although he were already aclaimed by the population after the Battle of Ourique, hence in the passage from 1139 to 1140, and he were already known as independent sovereign after the 1143 Treaty of Zamora, and that he yet had not conquered the majority of Portugal's territory aside the Algarve and Olivenza which would be further additions, occupying the Sao Jorge Castle at the then still Al-Usbuna. They contact with Bibas and the King (and his "short fuse" temper), with whom they talk disassembling some myths on his enormous sword and the almost giant King (the King interrogates himself, after accepting them as travellers from the future, on what is known at the future on his sword, the which we know did not gain a reputation arthurian Excalibur or carolingian Joyeuse style, aside the fame of enormous and strong, besides "putting them in perspective" that story about him and his mother), and look-up for again the lost coin that lacks to the coin collection at a time-point in which the former is not yet ancient but current and in use a coin. After learning their "live history" and having at last the lost coin in one form or another, the «UFOs» come-on-by and they return to their time, changed, for the best it seems like it, by the experience. This book as light as interesting is recommended not only for reader of this genre as for the introduction to the history of the Portugal of Don Alfonso Henriques' reign, and for fans of fantastical and scifi for the time travel form, being very commodius that it still "gets itself into the print" and for sale in several editions and finds itself in almost all Portuguese libraries.

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