«A Dinamarca fica no Norte da Europa. Onde os Invernos são longos e rigorosos com noites muito longas e dias curtos, pálidos e gelados. A neve cobre a terra e os telhados, os rios congelam, os pássaros emigram para os países do Sul no procurar pelo sol, as árvores perdem as suas folhas, só os pinheiros continuam verdes no meio das florestas geladas e nuas. Só eles, com os seus ramos cobertos por agulhas finas brilhantes, parecem vivas no meio do grande silêncio imóvel e branco.» Assim começa este clássico da literatura infanto-juvenil dos meados do século XX (editado pela primeira vez em 1964), de uma autora que além de ser uma das principais (e mais internacionalmente premiadas) das poetisas Portuguesas durante os meados e final do século XX, foi durante a mesma altura uma das principais autoras de literatura infanto-juvenil (e uma que me é pessoalmente próxima dado que pude ouvi-la e vê-la uma vez a falar no auditório da Biblioteca Municipal de Barcelos sobre a obra infanto-juvenil dela e de outros, quando estava no fim da Primária), Sofia de Melo Breyner Andresen (na altura do seu registo no Registo Civil em 1919 registada Sophia de Mello Breyner Andresen; pela regra seguida pelas diversas variantes do Português de há poucos anos para cá, os nomes de pessoas falecidas devem ser escritos pela grafia em vigor na actualidade se a escrita do nome sofreu alterações). Esta é a estória de um cavaleiro Dinamarquês do princípio do Renascimento que encontramos num banquete de Natal com a sua família.
Sofia de Melo Breyner Andresen
Como usual, o Natal é passado num convívio familiar repetitivo sempre com as mesmas refeições, canções e estórias (que tendem a ser as de Sigurd, a versão nórdica do Siegfried dos Germânicos, as do casal trágico dos Celtas Tristão e Isolda, entre outras). Mas numa noite de Natal, o Cavaleiro aborda a sua família como anúncio de ir em peregrinação à Terra Santa, e a promessa de voltar ainda a tempo do próximo Natal para se encontrar com todos eles. Depois da despedida expectavelmente triste, ele parte para a Terra Santa, e depois de uma peregrinação, descrita em uma página ou duas, em que passou pelas principais instâncias das rotas de peregrinação locais, começa a viagem que ocupa a maioria deste fininho livro: a viagem de retorno através da Europa. O cavaleiro vai por terra através do Levante e da Anatólia e por navio vai para Veneza, cidade-Estado marítima da Itália então dividida, onde uma tempestade o impede de tão cedo continuar o caminho por navio directamente para a Flandres, decidindo então partir por terra através do Norte de Itália, aproveitando uma viagem mais arrastada para ver as vistas pelo caminho, a partir de Veneza, até Ravena, depois partindo para Florença. E pelo caminho, o Cavaleiro da Dinamarca (que nunca é identificado para além da identificação de cavaleiro e país de origem) vai conhecendo outros viajantes ou locais que lhe narram estórias de cada local. Em Veneza, além de ver monumentos locais, conhece um mercador local que lhe conta à ceia a estória (criada pela autora mas com uma autêntica aura de verdadeiro folclore italiano ou de literatura à Romeu e Julieta, mas de final feliz) da nobre Vanina e do marinheiro Guidobaldo.
Em Florença, o cavaleiro conhece a cidade que já está (a acreditar nas descrições de Melo Breyner; uma data precisa não é dada) no princípio da era "dourada" dos Médicis nos anos finais da República de Florença e sua passagem para ducado hereditário, e conhece um banqueiro local, Averardo, com o qual se hospeda, e um hóspede do mesmo banqueiro que é um trovador, Filipo, narra aos hóspedes a história real do pintor Giotto e do seu mestre Cimabué (que encontrou Giotto a pintar retratos muito realistas das ovelhas que pastoreava em pedras no prado; esta imagem ilustra as embalagens de lápis de cor Giotto), e depois a história da paixão juvenil do poeta Italiano Dante por Beatriz, da morte jovem dela e o seu suposto reencontro no Paraíso ainda em vida do poeta (como contado por ele na epopeia A Divina Comédia, que enquanto poetisa e entusiasta da literatura Sofia conhecia bem). Depois dessa noite de estórias, o Cavaleiro continuou viagem até Ravena e depois chegam a Génova, outra cidade-Estado marítima, onde além de ver a cidade, o Cavaleiro conhece um Flamengo que o apresenta a um capitão de navio que lhe conta a história real de Pêro Dias, um membro da expedição de Bartolomeu Dias que vai a terra perto do Cabo da Boa Esperança, entra em contacto com um negro local, não conseguem falar por via do Árabe (que muitos Africanos mais a norte conheciam), e contactam de forma reduzida por gestos, conseguindo estabelecer uma "conversa" amigável assim, mas depois disso o Português tenta voltar a trás, mas o negro agarra-o pensando que o outro quer fugir, e os outros Portugueses no barco e os outros Africanos no mato vêem ao encontro dos companheiros em aparente luta, e ocorre uma escaramuça, em que Pêro Dias e o negro com que falou são mortos de uma só lança que trespassa ambos e os seus sangues misturam-se no chão e acabam enterrados juntos (num episódio com leitura anti-racista e pró-tolerância clara).
Depois, o Cavaleiro parte de barco de Génova ao largo da costa do Mediterrâneo Ocidental e do Atlântico, chegando por fim à Flandres (na actual Bélgica), e daí parte por terra até chegar à Dinamarca. Por esta altura, com os atrasos da visita por terra a Itália forçada, o Natal desse ano está a aproximar-se a passos largos. O Cavaleiro da Dinamarca continua a cavalo o seu caminho sem parar, com um ambiente de suspense bem criado por Sofia sobre a hipótese da promessa falhada, e do prazo não ser cumprido. Ele consegue finalmente chegar à floresta em que vivia, mas lá é atingido por uma tempestade que quase lhe provoca a morte. Depois continua o caminho, mas começa a ver no escuro que o seguem vultos de lobos e mesmo um urso. Ele continua o seu caminho através da neve e do escuro, assim perseguido, pensando seguir o rio até sua casa, mas não encontrou e foi-se desviando cada vez mais para norte, até que de repente ele vê ao longe umas luzes no meio do céu escuro e segue-as. Tinham sido os anjos que haviam acendido pequenas estrelas em cima do abeto que ficava em frente à casa do Cavaleiro, e graças a elas consegue encontrar a sua casa e as luzes da própria casa através da janela ajudam-no a voltar ao calor do seu lar e da sua família, que já aguardava o Cavaleiro ansiosamente. Um clássico recente deste género apesar de ser um livro extremamente fino, e que por ainda atrair leitores é parte de muitos currículos de leitura a Português nas últimas décadas (razão porque surge em várias edições e até em versões de "Texto em Análise") e hoje é parte do Programa Ler +.
«Denmark stands in the North of Europe. Where the Winters are long and rigorous with nights very long and days short, pale and ice-cold. The snow covers the earth and the rooftops, the rivers freeze, the birds emigrate for the countries from the South in the looking-up for the sun, the trees lose their leaves, only the pine-trees keep green in the middle of ice-cold and naked forests. Only they with their branches covered by shiny, thin needles, seem alive in the middle of the big immobile and white silence.» So begins this classic of children's/young-people's literature from the mid-20th century (published for the first time in 1964), from n author that besides of being one of the main (and more internationally awarded) of the Portuguese poetesses during the mid- and late-20th century, was during the same time one of the main authors of children's/young-people's literature (and is one that to me is personally close given that I could see and hear her once talk in the auditorium of Municipal Library of Barcelos on the children's/young-people's ouvre of hers and of others, when I was in the end of Basic-education-school), Sofia de Melo Breyner Andresen (in the time of her registry in the Vital Record registered Sophia de Mello Breyner Andresen; by the rule followed by the dierse varieties of Portuguese from a few years to nowadays, the names of deceased people must be writen by the spelling incumbent in the current days if the writing of the name suffered alterations) This is the story of a Danish knight from the early-Renaissance that we find first in a Christmas banquet with his family.
Sofia de Melo Breyner Andresen
As usual, Christmas is passed in a repetitive family hang-out always with the same meals, songs and stories (that tend to be the ones of Sigurd, the Norse version of the Siegfried of the Germanics, the ones of the tragic couple of the Celts Tristan and Isolde, among others). But in one night of Christmas, the Knight approaches his family with the announcement of going in pilgrimage to the Holy Land, and the promise of coming back still on time of the next Christmas for meeting with all of them. Afterwards of the farewell, expectedly sad, he departs for the Holy Land, and afterwards of a pilgrimage, described in one page or two, in which he passed through the main instances of local pilgrimage routes, starts the voyage that occuies the majority of this little-thin book: the return voyage through Europe. The knight goes by lan through the Levant and Anatolia and by ship goes to Venice, maritime city-state from the Italy then divided, where a storm prevents him from continuing the way by ship directly to the Flanders, deciding then to depart by land throughout North Italy, taking-advantage from a more dragged-on trip for sight-seeing along the way, out of Venice, till Raven, afterwards departing for Florence. And on the way, the Knight of Denmark (that never is identified beyond the identification of knight and country of origin) goes meeting other travellers or locals that to him narrate stories from each locale. In Venice, besides of seeing local monuments, he knows a local merchant that tells to him at supper the story (created by the author but with an authentic aura of true Italian folklore or literature a la Romeo and Juliet, but of happy ending) of the noble-woman Vanina and of the sailor Guidobaldo.
In Florence, the knight gets-to-know the city that already is (to believe in the descriptions of Melo Breyner; a precise date is not given) in the begining of the "golden" era of the Medicis in the final years of the Florence Republic and its turn to hereditary duchy, and knows a local banker, Averardo, with whom he hostels himself, and a guest from the same banker that is a troubadour, Filipo, narrates to the guests the real history of the painter Giotto and of his master Cimabué (who found Giotto at painting very realistic portraits of the sheep that he shepperded on rocks in the meadow; this image illustrates the packages of Giotto crayons), and afterwards the histoy of the juvenile passion of the Italian poet Dante for Beatrice, of her young death and of their supposed re-meeting in Paradise still in the poet's life (as told by him in the epic poem The Divine Comedy, that while poetess and literature enthusiast Sofia knew well). Afterwards of this night of stories, the Knight continued travel till Ravena and afterward arrives to Genoa, another maritime city-state, where besides of seeing the city, the Knight meets a Flemish-man that introduces him to a ship captain that to him tells the real story of Pêro Dias, a member of the expedition of Bartolomeu Dias that goes onshore near the Cape of Good Hope, enters in contact with a local black-man, they can't speak by way of Arabic (that many Africans more to the north knew), and contact from a reduced way by gestures, achieving to establish an amiable "conversation" so, but afterwards that the Portuguese-man tries to go back, but the black-man grabs him thinking that the other one wants to runaway, and the other Portuguese in the boat get ashore and the other Africans come from outside the backwood and it occurs a skirmish, in which Pêro Dias and the black-man with whom he spoke are killed from a single spear that pierces through both and their bloods mix on the ground and they end up burried together (in an episode with clear anti-racist and pro-tolerance reading).
Afterwards, the Knight depart by boat from Genoa alongside the shore from the Western Mediterranean and from the Atlantic, arriving at last to Flanders (in the current Belgium), and from there leaves by land till arriving to Denmark. By this time, with the delays from the forced visit by land, the Christmas of that year is approaching at wide steps. The Knight of Denmark continues on horse his way without stopping, with an environment of suspense well created by Sofia over the hypothesis of the failed promise, and of the deadline not being fulfiled. He is able to finally arrive to the forest in which he lived, but there he's hit by a storm that to him almost provokes death. Afterwards he continues the way, but he starts to see in the dark that to him o follow shades of wolves and even a bear. He continues his way through the snow and the dark, so chased, thinking out following the river till his house, but he didn't find and went himself diverting each time more to the north, till that suddenly he sees afar some lights in the middle of the dark sky and follows them. It had been the angels that had lite stars small on top of the fir that stood before the house of the Knight, and thanks to them he is able to find his house and the lights from inside the house itself through the windows help him to go back to the heat of his home and of his family, that already awaited the Knight eagerly. A recent classic of this genre despite being an extremely thin book, and that for still attracting readers is part of many reading curricula on Portuguese in the last few decades (reason for which and today is part from the Programa Ler + ("Read + Program").
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