quinta-feira, 16 de abril de 2015

"Arco de Sant'Ana", Almeida Garrett // "Arch of Sant'Anna", Almeida Garrett

Este projecto do Clássicos da literatura infanto-juvenil Portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics por um ano tem forçado uma disciplina e esforço em linha com o que podem imaginar os leitores destas linhas. Também tem implicado uma certa flexibilidade de me levar a buscar uma variedade de obras que vão o mais de encontro aos gostos da generalidade do público alvo deste género de literatura e do tipo de literatura mais como o tipo de livros que surgem nas colecções deste tipo que surgem envolvendo maioritariamente livros não portugueses pelo mundo fora, independentemente do meu gosto pessoal e acima de tudo tentando o máximo possível adequar o estilo em que eu o escrevo e o estilo em que o autor o escreveu (para não criar demasiado destoamento entre ambos). Esta última parte exige uma abertura e curiosidade para experienciar livros desconhecidos com a curiosidade e mente aberta tradicionalmente associados às crianças e jovens (aos quais este tipo de livros se destinariam). Por vezes essa leitura é boa, outra não, mas não é sempre que um livro nos pode surpreender em plena leitura quase como se de repente nos apercebêssemos de algo quanto a ela. A mim, isso aconteceu a meio deste romance histórico de Almeida Garrett publicado em dois volumes em 1845 e 1850.
Este 17.º livro aqui analisado narra a estória de Aninhas, uma popular Portuense do reinado medieval de D. Pedro I (sim, o da Inês de Castro) que, enquanto o marido viajou para longe, anda a ser abordada para sedução pelo bispo do Porto (que é lamentado por estar naquele cargo por Aninhas e a vizinha Gertrudes desde o primeiro momento).
Aninhas ameaçada por Pêro Cão, escroque do Bispo
Naqueles tempos o detestado bispo tinha uns autênticos paços perto da Sé (Garrett faz-nos um "roteiro" da cidade desde o Arco de Sant'Ana até à Sé, divertindo-se pelo meio introduzindo anacronismos como a estátua do Porto setecentista e apontando-os instantaneamente), em torno dos quais ronda Vasco, o estudante de 19 anos que namora Gertrudes às escondidas do pai dela e reside no Porto à 5 anos estudando para cónego por desejo do tio (embora deseje daí a 5 anos partir para Salamanca para estudar para ser médico, como o tio de Gertrudes, o físico do Rei D. Pedro, D. Simão), que fala com um velho amigo, um dos guardas dos paços, Rui Vaz, que lhe confidencia que suspeita que os homens das redondezas preparam algo malvado. Enquanto isso, o estudante está dividido, entre a afeição com Gertrudes que é do "partido" patriótico (a favor do poder central do Rei) e a sua dependência da amizade e protecção do bispado (até o alazão que usa para ir visitar Gertrudes e lhe pegar o lenço deve aos patronos dos paços do bispo). Quando depois de nova passagem, a cavalo, de Vasco à porta de Gertrudes, enquanto este passa por barca para Vila Nova de Gaia, na Rua de Sant'Ana passam vários oficiais do bispado, chefiados por Pêro Cão, o desdentado e algo grotesco de ar almudeiro (cobrador de impostos na medida para cereais/líquidos do almude) do bispo. Eles rumam a uma porta e um ferreiro que com eles segue abre à força uma porta.
Esta capa põe em destaque o episódio da cavalgada de Vasco
É com a narração da acção a partir da manhã seguinte que percebemos plenamente o que se passou: Aninhas fora raptada por ordem do bispo para seu bel-prazer. Quando notícia disto se espalha, Gertrudes surge em público com a filha pequena da raptada nos braços, e gera-se um ajuntamento de pessoas impressionante, que mostra uma ira crescente que apesar de demagógica tem uma motivação justa. Começa a gerar-se uma tensão entre este motim em potência e os representantes o povo (o juiz do povo Martim Rodrigues, o temível pai de Gertrudes, e o segundo juiz do povo) que acham que o «bradar» do povo deve ser ignorado e que devem ser eles a «bradar» em representação do povo (esta «teoria constitucional» é usada por Garrett para assinalar que, na democracia constitucional, esta ideia de cedência de poder de todos por votação de alguns não estava completamente ultrapassada), mas isto foi rapidamente ultrapassado, com o povo a exigir (pela primeira vez) votos novos, exigindo bispo novo ao rei (havendo uma curiosa comparação por uns populares do D. Soleima de D. Afonso Henriques que escreveu sobre ele Herculano em Lendas e Narrativas, «bispo negro, missa branca», e o bispo do Porto «branco, e diz missa negra»). Oportunisticamente (e aproveitando que por timidez pública o putativo líder do movimento, o palavroso tribuno popular Gil Eanes, que não é o navegador por razões cronológicas óbvias, afasta a hipótese de ser a voz do movimento), o anti-populista Martim Rodrigues "mascara-se" de defensor das «virtuosas massas» (itálico do autor) e lidera a sua marcha para a sé, enquanto nela os frades e guardas dos paços se preparam para a eventual defesa dos paços das "hordas" populares.
A Porta de Sant'Ana, localização do velho arco (demolido no século XIX)
E enquanto tudo isso se passava nos paços, depois de o bispo prometer castigar Pêro Cão (como "bode expiatório") e arrancar uns vivas da multidão à sua pessoa, o tumulto parecia ter perdido o "gás" depois dos brados originais que o declararam. O povo acalmado seguiu pelas escadarias de S. Sebastião e entrou pelas portas da Sé abertas pelos funcionários do bispado, e é no interior da Sé, enquanto Eanes tentava manter os ânimos serenos, que a revolta volta a acender-se com "bocas" apelando à remoção do bispo e a morte (ou até comer vivo) do almudeiro Pêro Cão. A calma só se reinstala com o ancião arcediago de Oliveira, Paio Correia, a tomar a palavra, explicando que Aninhas havia sido detida por ordem sua por acusações graves (que afirmava esperar que fossem falsas). Entre o choque do povo, nova calma se instala, os populares saem da Sé, e só dois capítulos mais tarde é que os povos de Gaia e Porto entram em «coalisão» contra o bispo. Já Vasco (ainda se lembram dele?), reencontramo-lo em Gaia, na cabana de uma velha bruxa, e esta faz-lhe um revelação sobre raizes judaicas do jovem, que Fr. João Arrifana (seu tio) não é seu tio de sangue e que o seu pai de sangue foi o autor das desgraças da bruxa que Vasco promete vingar. E enquanto o Rei D. Pedro está prestes a entrar no Porto por Grijó, Vasco toma a liderança da conspiração e organiza os mesteirais (artesãos e profissionais liberais) do burgo contra a tirania do bispo e dos seus acólitos, dando à revolução o seu «manifesto» (palavra de Garrett).
A bruxa e Vasco
Depois de novo encontro com Gertrudes, Vasco lidera a multidão em revolução e é armado de espada pelo guarda do bispo Rui Vaz. Enquanto isso, dentro dos paços o bispo estava sozinho com «os seus maus demónios», e a raptada Aninhas que lhe causou todos aqueles problemas, todos os outros o tendo desertado.
Aninhas e o bispo agora amargamente arrependido
No exterior, o povo fazia uma espécie de senado de rua, do qual Vasco toma as rédeas e no qual mete ordem, a sessão popular prosseguindo depois nos paços do burgo, conduzindo a uma espécie de guerra civil declarada entre as duas partes do conflito, que se combate agora (embora com golpes mais certeiros que abundantes e sangrentos) a sério, vindo o lado do bispo a ceder às exigências do povo e a sair dos paços bispais e da Sé, surgindo depois el-Rei em pessoa, que ouve da bruxa uma acusação quanto ao passado do bispo (e de Vasco), e em castigo do bispo, o próprio D. Pedro (o justiceiro, recordemos-lo) açoita o bispo.
O bispo e Vasco
Tudo se conclui com um final que passa da amargura da revelação do passado e do castigo do bispo para o final feliz do casamento de Vasco e Gertrudes (com D. Pedro como padrinho, como convém a um romance promotor de uma monarquia mais popular, tal como o próprio autor Garrett o era na sua política setembrista ou liberal de esquerda, e de acordo com ficção romântica de "sopro" algo épico), a celebração da sua festa e do triunfo popular, a libertação de Aninhas e o regresso do seu marido que promete não mais viajar (Garrett espera que ele se lembre isso porque «Nem sempre há reis que nos acudam  e nem sempre são bispos velhos os que nos perseguem»). E é isto quanto baste de essencial do enredo a conhecer para poder eu agora proceder a uma análise no final do texto.
Um estranho misterioso vê Vasco a partir das bandas de Gaia
Aparentemente, o enredo gira em torno da vida medieval e das lutas sociais e dos movimentos amotinados dela, mas o enredo principal da revolta contra o bispo pela libertação de Aninhas, embora tendo força dramática e literária por si só, porém só vale pela forma como é usado para defender posições liberais do autor sobre a justiça e uma justa relação entre as classes (e um justo tratamento das classes mais populares), no qual o rei é não só o "árbitro" e "peso na balança" mas também o corrector dos problemas que surjam. À luz do que se passara durante o (já neste blogue referido) governo "cabralista" e o levantamento contra este, da política do seu tempo e do choque entre Igreja e o primeiro anticlericalismo liberal (mas simultaneamente a obra é um aviso ao levantamento influenciado pela Igreja contra o cabralismo, avisando que se o levantamento refortalecesse a Igreja depois das reformas anti-clericais liberais, este fortalecimento podia acabar por fazer da Igreja uma tirana contra a qual o povo também se insurgiria, como em outros séculos de maior poder eclesiástico), isto é descrito (num dos primeiros textos de ficção histórica de Portugal) com linguagem relativamente comum embora usando de algum linguajar erudito ou medieval (o que o Garrett narrador tende a ironizar quando acontece, principalmente quando usa de termos muito usados na ficção histórica do Romantismo, como «mister» para ofício/profissão). Essa linguagem é usada para descrever um caso de um povo frustrado que se não vir as suas exigências respondidas pode contra-atacar com violência (para horror dos Portugueses de mil-e-oitocentos, Garrett sugeria a possibilidade de um motim no seu século nos moldes do deste romance, que dá uma versão altamente ficcionada do levantamento do século XIV que surge num episódio da Crónica de D. Pedro I de Fernão Lopes. Esta hipótese tem tendido a pender sobre este país desde o século XIX, ante as elites frustrantes do país que fazem do desapontar da população o seu trabalho eterno).
Ora a tal surpresa que o livro me deu a meio é a forma como ele podia "pôr de lado" Vasco, Aninhas e a bruxa de Gaia (que é referida por Rui Vaz para Vasco ainda no final do seu primeiro encontro antes de aparecer pela primeira vez pouco antes do fim da 1.ª metade do livro, que representa o 1.º volume da impressão original), e voltar a pegar neles muito depois como se nem um instante se tivesse passado, sem dano ao enredo e à sua narração, e resolvendo e revelando novas profundidades do passado de Vasco, da situação de Aninhas e da relação entre Vasco e a velha bruxa. E todos estes desenvolvimentos trazem maior importância e "cor" ao enredo geral do livro, e maior complexidade a todas estas personagens (a Vasco que passará de alguém com lealdades divididas e família aparentemente óbvia a órfão de pais incógnitos a líder de uma revolução contra o clero que o criara e sustentara, a Aninhas que se revelará mais que uma mera popular singela e "santinha" mostrando que todo aquele "escarçeu" por causa dela tem a sua razão de ser, e à bruxa que será mais que uma velha extravagante e será revelada como tendo tido um passado e como tendo uma linhagem dignos de nota).
O autor, Almeida Garrett
De mestre é também a forma como Garrett nos leva para trás e para a frente entre a frente popular da revolta e os paços do bispo, revelando-nos as perigosas movimentações de um lado e acções defensivas do outro, e as fragilidades de ambos os lados de um processo revolucionário, mostrando os oportunistas mesmo do lado "bom" dos populares e as incoerências destes (e não só os defeitos dos seus opositores do bispado). Estando a ser torturado, o bispo terá reconhecida a ele alguma dignidade, e a sua última conversa com Vasco é digna e emocionante pela ligação que se cria entre os dois líderes de lados diferentes da "barricada", pois que apesar da sua perversão e despotismo, o bispo ainda reconhece a dignidade e beleza nos outros, reconhecendo a paixão e a lealdade quando as vê, e por isso não pode deixar de respeitar Vasco, tal como não pode deixar de ter algum respeito (mesmo que interesseiro) pelo povo que o estudante comanda na fase final e verdadeiramente intensa do levantamento.
Um exímio escritor, João Baptista Leitão de Almeida Garrett (de origem parcial franco-irlandesa), nascido no Porto mas criado em Gaia (segundo o próprio), foi autor de poemas líricos e mesmo duas epopeias, de novas versões de romances em verso tradicionais, de alguma prosa ficcional, ensaios e bastante teatro, e neste livro especificamente não deixa de mostrar muito da sua vida política, da sua experiência militar e revolucionária (foi um dos "Bravos do Mindelo" da Guerra Civil Portuguesa) e dos seus talentos em outras formas literárias (através da mise en scene das cenas descritas neste romance, lembrando o seu talento dramatúrgico, dos versos de estudante de Vasco em que o autor usa do seu talento lírico), e no fundo este livro em que a mulher (como frequentemente na literatura) é a meta e o alvo das acções dos homens, é uma mistura do romantismo amoroso do autor, do seu lado militar/revolucionário, da sua experiência de deputado (sob a capa de "políticas" trecentistas), do seu gosto literário, do seu sentido de humor, do seu amor da tradição popular e da história e (no cenário do livro, no título que lhe deu, na descrição da gente do Porto e Gaia e seus costumes e na sua pena pela destruição do velho arco do título no seu século) o seu orgulho de Portuense. Este livro (que apesar de nunca ter sido adaptado para audiovisual ou BD deu porém origem a uma ópera de 1867 do compositor Sá Noronha) pode ser lido em quase todas as bibliotecas municipais e em várias escolares e pode ainda ser comprado em edições mais ou menos recentes (incluíndo da EuropaAmérica e do Clube Amigos do Livro, que possuo e que vem com introdução de Teófilo Braga, uma mão cheia de boas ilustrações e notas do próprio autor), fora negócios de edições antigas em segunda mão nos alfarabistas e sites do costume. Quem estiver interessado pode ainda comprar por 5 Euros um exemplar em Português ou uma tradução inglesa aceitável mandando um email para omosquito_publishers@gmx.com.


This project of the Clássicos da literatura infanto-juvenil Portuguesa // Portuguese children's/juvenile lit classics for one year has forced a discipline and effort in line with what may imagine the readers of these lines. It also has entailed a certain flexibility of taking me to search for a variety of works that go half way to meet the tastes of the generality of the target audience of this kind of literature and of the type of literature more like the type of books that come-up in the collections of this type that come-up involving mostly not Portuguese books throughout the world, independently to my personal taste and above all trying the most possible to gear the style in which I write and the style in which the author wrote (for not creating too much differing between both). This last part demands an openness and curiosity for experiencing unknown books with the curiosity and open mind traditionally associated to children and younguns (to whom these kinds of books would be destined to). Sometimes, that read is good, others it is not, but it is not always that a book can surprise us in mid read almost as if suddenly we realised something about it. To me, that happened midway throughout this historical novel by Almeida Garrett published in two volumes in 1845 and 1850.
This 17th book here analysed narrates the story of Little-Ana (not the Aquilino one), an Oporto common-folk from the medieval reign of Don Pedro I (yes, the Agnes de Castro one) that, while her husband travelled away, is in mid being approached for seduction by the bishop of Oporto (who is lamented due to being in that office by Little-Ana and her neighbour Gertrudes from the first moment).
Little-Ana threatened by Pero the Dog, henchman of the Bishop's
In those times the detested bishop had some real palacial manors of his near the see's church (Garrett does us a "sightseeing-guide" of the city out from the Arch of Sant'Ana till the See church, amusing himself through the middle introducing anachronisms like the seventeen-hundreds personified Oporto statue and pointing them out instantaneously), around which prowls Vasco, the 19 year-old student that flirts Gertrude on the sly of her father's and resides in Oporto for 5 years studying to become a canon-priest due to desire of his uncle's (although he desires in 5 years from then to leave for Salamanca to study to become a medical doctor, like Gertrudes' uncle, the physician of King Don Pedro, Don Simao), who talks with an old friend, one of the guards from the palatial manors, Rui Vaz, who makes confidence to him that he suspects that the men from the surroundings prepare something wicked. Meanwhile, the studentt is divided, between the affection towards Gertrudes who is from th patriotic "party" (in favour of the King's central power) and his dependency on the friendship and protection of the bishopric (even the sorrel that he uses to go visit Gerttrudes and pick up her handkerchief he owes to the ptrons from the bishop's palacial manor). When afterwards to a new passage, by horse, of Vasco's by Gertrudes' door, while the former passes by barge to Vila Nova de Gaia, in the Sant'Ana Street it pass by several officers from the bishopric, headed by Pero the Dog, the toothless and somewhat grotesque air of exciseman (collector of licenced excise taxes) of the bishop's. They roam to a door and a locksmith that with them follows opens by force one door.
This cover puts in highlight a episode of ride by Vasco
It is with the narration of the action starting from the next morning that we fully realise what happened: Little-Ana had been kidnapped on the bishop's order for his delight. When news of this spreads, Gertrudes appears in public with the small daughter of the abductee in her arms, and it generates itself an impressive gathering of people, that shows a growing wrath that despite demagogical has a righteous motivation. It starts to generate a tention between this potential mutiny and the spokespeople for the people (the people's judge Martim Rodrigues, the fearful father of Gertrudes, and the second people's judge) who think that the people's «whoop» should be ignored and that it must be them to «whoop» in the people's representation (this «constitutional theory» is used by Garrett to signal that, on constitutional democracy, this idea of giving in power of all by vote of some was not completely outdated), but that was rapidly overcome, with the people demanding (for the first time) new votings, demanding new bishop to the king (there being a curious comparison by some folks of Don Alfonso Henriques' Don Soleima written about by Herculano in Legends and Narratives, «black bishop, white mass», and the Oporto bishop «white, and says black mass»). Opportunistically (and taking advantage that by public shyness the movement's putative leader, the verbose people's tribune Gil Eanes, who is not the navigator for chronological reasons, casts aside the chance of being the movement's voice), the anti-populist Martim Rodrigues "masks himself" of defende of the «virtuous masses» (italics of the author's) and leads their march to the see's church, while in it the friars and guards of the palacial manors prepare themselves for the eventual defence of the palacial manors from the popular "hordes".
The Door of Sant'Ana, location of the old arch (demolished in the 19th century)
And while all this passes by in the palacial manors, afterwards to the bishop promising to punish Pero the Dog (as "scape goat") and pulling out some long lives out of the crowd for his person, the uproar seemed to have lost "bubbling" afterwards to the original whoops that declared it. The calmed people followed through the staircases of Sao Sebastiao and entered through the See church doors opened by the bishopric's officials, and it is in the See church's inside, while Eanes tried to keep the spirits serene, that the revolt goes back to reigniting with "smacktalks" appealing to the bishop's removal and the death (or even eating alive) of the exciseman Pero the Dog. The calm only reinstalls itself with the elder archdeacon from Oliveira do Douro, Paio Correia, taking the floor, explaining that Little-Ana had been detained by order of his due to serious acusations (that he stated to hope that they were false). Between the people's shock, new calm installed itself, the commoners leave the See church and only two chapters later it is that peoples from Gaia and Oporto enter in «consortium» against the bishop. Now Vasco (still remember him?), we meet him again in Gaia, n the hut of an old witch, and she makes him a revelation on the youngun's Jewish roots, that Friar Joao Arrifana (his uncle) was not his uncle by blood and that his father was the author of the disgraces of the witch whom Vasco promises to avenge. And while the King Don Pedro is about the enter Oporto through Grijoh, Vasco takes the leadership of the conspiracy and organises the the burg's craftspeople (artisans and liberal professionals) against the tyranny of the bishop and his acolytes, giving to the revolution its «manifesto» (Garrett's word).
The witch and Vasco
Afterwards to new meeting with Gertrudes, Vasco leads the crowd in revolution and is armed of sword by the bishop's guard Rui Vaz. Meanwhile, inside the palacial manors the bishop was alone with «his worst demons», and the kidnapped Little-An who cause him all those problems, all other having deserted him.
Little-Ana and the bishop now bitterly rueful
On the outside, te people did a kind of street senate, of which Vasco took the reins and which he puts in order, the popular session going forth afterwards in the burg's palacil manors, driving to a kind of civil war declared between the two parts of the conflict, that fights itself now (although with blows more surefire than abundant and bloody) for real, coming the bishop's side to give in to the demands of the people andto exit the bishoply palacial manors and the See church, coming-up afterwards ye-King in person, who hears from the witch an accusation about the bishop's (and Vasco's) past, and in punishment of the bishop, Don Pedro himself (the justice-dispenser, let us recall he is called thus) flogs the bishop.
The bishop and Vasco
All concludes itself with an ending that passes from the bitterness of the revelation of the past and of the bishop's punishment tothe happy ending of the marriage of Vasco and Gertrudes (with Don Pedro as bestman, as it befits a novel promotor of a more popular monarchy, as the author himself Garrett was such in his septemberist or left liberal politics, and in agreement with romanttic fiction of somewhat epic "whiff"), the celebration of their party and of the popular triumph, the liberation of Little-Ana and the deturn of her husband who promises never more to travel away (Garrett expects that he remembers that because (Not always are there kings who come to aid us  and not always are they old bishops the ones who chase us»). And it is this as much suffices of essential of the plot to know for I now to proceed to an analysis in the text's ending.
A mysterious stranger sees Vasco laving from the parts of Gaia
Apparently, the plot goes around the medieval life and the social struggls and mutineed movements of it, but the main plot of the revolt against the bishop for Little-na's liberation, although having dramaticand literary force by itself, yet it is only worth it for the way how it is used to defend liberal positions of the author on justice and a just relation between the classes (and a just treatment of th more folksy classes), in which the king is not only the "arbiter" and "weight thrown in the scales" but also the righter of the problems that come up. In light of what had passed by during the (already in this blog mentioned) "cabralist" government and the uprising against it, of the politics of its time and the clash between Church and the first liberal anticlericalism (but simultaneously the work is a warning to the uprising influenced by the Church against cabralism,warning that if the uprising stregthened the Church after the anti-clerical liberal reforms, this strengthening could end up by making the Church a tyrant against which the people also would set itself against as well, as in other centuries of greater eclesiastical power), this is described (in one of Portugal's first texts of historical fiction) with relatively common language although using of some scholarly or medieval parlance (what the Garrett narrator tends to be ironic about when it happens, mainly when he uses of terms very used in the historical fiction of Romanticism, like «mister» for trade/profession). That language is used for describing a case of a people frustrated that if it does not see its demands answered it may counterattack with violence (to the horror of the Portuguese from eighteen-hundred, Garrett hints the possibility of a mutiny in his century in the molds of this novel, which gives a highly fictionalised version off the 14th century uprising that comes up on an episode of Fernao LopesCrónica de D. Pedro I/"Chronicle of Don Pedro I". This hypothesis has tended to hang over this country since the 19th century, in face of the frustrating elites of the country that do of disapointing the population their eternal job).
Well the said surprise that the book gave me half way through is the way as it could "put aside"O Vasco, Little-Ana and the Witch from Gaia (who is refered to by Rui Vaz at Vasco still at the end of their first meeting before appearing for the first time little before the end of the first half of the book, that represents the 1st volume of the original print), and going back to pick them up much after as if not even a while had passed by, without damage to the plot and to its narration, and sorting out and revealing new depths to Vasco's past, to Little-Ana's situation and to the relation between Vasco and the old witche. And all these developments bring greater importance and "colour" to the book's general plot, and greater complexity to all the characters (to Vasco who shall pass from someone with divided loyalties and family apparently orphaned by parents to leader of a revolution against the clergy that raised and supported him, the Little-Ana that reveals herself more than a mere homespun and "saintly" commoner showing that all that "blue-murder screaming" because of her had reason in being, and the witch would be more than an old extravagant woman and will be revealed as having been a past and as having a lineage worthy of honor).
The author, Almeida Garrett
A master stroke is also the way as Garrett takes us back and forth between the revolt's popular front and the bishop's palacial manors, revealing us the dangerous drive-charges of one side and defensive actions of the other, and the frailties of both the sides of this revolutionary process, showing the opportunists even on the commoners' "good" side" and the incoherences of the former (and not only the flaws of their bishopric opponents). While being tortured, the bishop will have recognise in him some dignity, and his last conversation wih Vasco is worthy and emotional for the connection that it is created between the two leaders from the different sides of the "barricade", as despite his perversion and despotism, the bishop still recognises the dignity and beauty in the others, recognising the passion and the loyalty when he sees them, and for that cannot help respecting Vasco, such as he cannot help having some respect (even if self-interestedly) for the people that the student commands in the final and truly intense phase of the uprising.
An eximious writer, Joao Baptista Leitao de Almeida Garrett (of partial French-Irish ancestry), born in Oporto but raised in Gaia (according to himself), was author to lyrical poems and even two epic poems, of new versions of traditional romantic ballads, of some fictional prose, essays and quite some theatre, and in this book specifically does not hold-up showingmuch of his political life, of his military and revolutionary experience (he was one of the "Braves" of the "Mindelo Landing" from the Portuguese Civil War) and of his talents in many literary forms (through the mise en scene of the scenes described in this novel, recalling his dramaturgical talent, the student verses of Vasco in which the author uses of his lyrical talent), and at the end of it this book in which the woman (as frequent in literature) is the aim and the target to the actions of men, is a mixture of the amorous romanticism of the author's, of his military/revolutionary side, of his MP experience (under the cover of thirteen-hundreds "politics"), of his literary taste, of his sense of humour, of his love for the popular tradition and the history of the country and (in the book's setting, in the title that he gave it, in the description of the folk from Oporto and Gsaia and their customs and in his pity for the destruction of the title's old arch in his century) his pride of Oporto man. This book (which despite never having been adapted into audiovisual media gave origin though to an 1867 opera by composer Sah Noronha) can be read in almost all the Portuguese municipal libraries and several school ones and can further yet be bought in more or less recent editions (including from the EuropaAmérica publisher and from the Clube Amigos do Livro book-sales club, which I posess and comes with introduction by Portuguese writer/scholar/presidentTeofilo Braga, a handful of good illustrations and notes by the author himself), aside deals on second hand old editions in the antique-book-sellers and usual sites. Who is interested can further yet buy for 5 Euros (about 5,7 US Dollars) an exemplary in Portuguese or an acceptble English translation by sending an email to omosquito_publishers@gmx.com.

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