segunda-feira, 20 de abril de 2015

"As Aventuras de Jim West", Raul Correia // The Adventures of Jim West", Raul Correia

Nos anos de 1940 Raul Correia foi o mais notório escritor para jovens na revista O Mosquito (mais conhecido pela sua prosa e guionismo de BD, mas também sendo apreciado pela poesia que publicava sob o pseudónimo de "Um Velho" ou "O Avozinho" na rubrica cantinho de um velho n'O Mosquito), e depois dessa década, só na de 1970 voltou a ter alguma notoriedade, com a Colecção Juvenil Galo de Oiro da Portugal Press (continuação da colecção Galo de Ouro da mesma editora que juntava clássicos internacionais como Ben-Hur ou Os Três Mosqueteiros) que recolheu várias novelas de aventura vindas de revistas anteriores como O Mosquito ou Mundo de Aventuras (uma "dissidência" d'O Mosquito criada pelo escritor e jornalista Roussado Pinto) e algumas novas novelas no mesmo estilo por autores mais novos "herdeiros" do estilo dessas revistas (como Jorge de Magalhães, há já 20 anos notório estudioso e coleccionador de literatura de aventuras e "popular" portuguesa e argumentista de BD), e na década de 1980 Correia foi mais visível quer pela colecção de livros de contos curtos As Histórias do Avozinho, quer como uma espécie de 'velho senador' da literatura para jovens em Portugal, acarinhado pelos fãs, entrevistado com alguma frequência e visto como a figura 'patronal' de uma nova 'encarnação' d'O Mosquito (agora principalmente como revista de BD). Hoje Correia volta a recuperar alguma visibilidade com a sua biografia A Vida de Jesus ilustrada por Carlos Alberto Santos (como muitas obras de Correia) a ser editada pelo Clube do Livro SIC com bastante sucesso de vendas.
Raul Correia
Correia aspesar do seu actual 'semi-olvido', foi um autor prolífico, em tempos muito popular e com bastante estilo literário e que ainda hoje se lê bem como um autor (de estilo polido) para jovens de aventuras históricas ou actuais, mais ou menos realistas (embora a fantasia surja nas suas obras; a ficção científica porém detestava), no estilo da melhor literatura do género no século XIX e primeira metade do XX. Nascido a 11 de Dezembro de 1904 em Lisboa, Raul Correia vinha de uma família da Rua da Prata (então chamada Rua Nova da Rainha), rua de gente dada a ofícios de comércio ouriveseiro e livreiro, tendo-se virado para a escrita pelos anos de 1930 para a revista Tic-Tac (1931-1937) fundada pelo ilustrador Cardoso Lopes (depois co-fundador da O Mosquito com Correia), quando mesmo em Portugal com a dimensão mais modesta do seu mercado de consumo de cultura popular, se vivia um momento de boom e (relativamente) forte vitalidade.
Vindo de um background muito português mas "alimentado" literariamente não só pela literatura clássica portuguesa do Iluminismo ("erudita" ou "de cordel") e do romance histórico à Herculano (que já vimos neste blogue na forma do Eurico) mas também por grandes literaturas clássicas de aventuras universais como Robinson Crusoé, O Último dos Moicanos e as obras de Edgar Rice Burroughs (o criador de Tarzan, de quem Correia traduziu muitas obras para Português pelos anos de 1970). Mas Raul Correia não seguiu só a tradição do romance clássico e/ou de aventuras, nem traduziu a ideologia oficial do Portugal da altura na sua literatura, mas 'traduziu' para o contexto português a ideologia liberal e social que se via na literatura de aventuras infanto-juvenil anglo-saxónica que usou como uma branda resposta ao oficialismo do Estado Novo (com o qual O Mosquito teve um historial de frequentes problemas com a censura), e foi um autores fundadores de um western português e de uma literatura de aventuras pulp similar mas passada no território e história portugueses, que era lida e comercializada de forma algo industrial e de massas, que para melhor e para pior ajudou a ocidentalizar e americanizar os gostos lusos e foi um ganha-pão para muita editora e muito audiovisual em Portugal, e serviria de escapismo a muito cidadão Português durante anos de maior escassez económica ou recessão.
Capa do 1.º número d'O Mosquito
Esta novela, publicada n'O Mosquito entre 27 de Janeiro e 27 de Março(?) de 1943, é a narrativa de Jim West, um colono relativamente jovem de cabelos negros (uma variação de Latino Sul-Europeu ao típico da literatura western) e cara lavada (tudo isso lhe dá um ar vagamente índio, ou pelo menos vagamente à Príncipe Valente), já casado, que parte nos anos de 1840 com a mulher Louise para o Wyoming, viajando nas comuns (e cliché) caravanas de carros-de-cavalos para Oeste. Neste período, os EUA haviam tido as suas primeiras vitórias militares contra os Mexicanos, expandiam-se pelo sudoeste da América do Norte e começavam a expandir-se para o noroeste (onde está o Wyoming) ante o recuar dos caçadores de peles independentes e dos interesses franceses, russos e britânico-canadianos. Pelo caminho, Jim acaba por se perder da mulher, conhecer o velho mountain man Nath Pig (sim, Nath PORCO) e juntos acabam por ver-se no rasto de Siouxs atacantes de um chefe Lobo Cinzento. Quando se vêm novamente livres, Jim e Nath têm de continuar a caminho de Forte Laramie (então o principal povoado da região do Wyoming), para onde a caravana onde Louise segue se dirige, para se reencontrarem com os seus e avisarem todos de um ataque índio que para o Forte se dirige, e ajudarem na defesa contra o mesmo ataque. Para além desta linha de enredo principal, ainda temos uma vida diária e de trabalho de West e Pig tentando sobreviver no Wyoming do início da colonização norte-americana e do fim da economia de comércio de peles.
O grande foco do enredo, para além da acção aventureira e da camaradagem masculina de Jim e Nath, é familiar: do amor de Jim ao lar e à família, e da tentativa de regressar à sua esposa Louise, que está grávida, e constituir um novo lar no lugar de novo estabelecimento no Faroeste. Este texto é um certo louvor de um certo "arrivismo" social positivo e trabalhador (e com ética de trabalho), das famílias vinda de um fundo familiar empobrecido que com uma migração interna de colonização consegue uma posição socialmente mais confortável e um ganha-pão digno e cómodo, mas não depois de uma viagem dura e de um começo muito difícil, e mesmo depois disso nunca conseguindo maior "favorecimento" legal ou capacidade financeira (este é o tipo de filosofia que encaixa na lógica do "Sonho Americano" de classe média ou trabalhadora, mas também pelo mundo fora no ideal da classe média ou do colono de classe baixa e média Europeu, podendo comparar-se esta realidade com a realidade dos colonos Portugueses em África que talvez Correia conhece-se nem que minimamente).
Jim, Louise e Nath Pig
O enredo é assim simultaneamente uma estória de Jim West a tentar voltar para Louise e não mais separar-se dela, uma estória das aventuras de Jim e Nath em busca da riqueza e tesouros que existem naquelas terras e que quando mais jovem Nath explorou, uma estória da criação de um novo lar pela família West depois da nova fixação em terra segura, uma estória dos confrontos com os desafios naturais (climáticos ou animais), indígenas e dentre a sociedade colona depois da fixação, e por fim uma estória do aumento da família West (cujo filho seria o herói de uma sequela também escrita por Correia e desenhada por E. T. Coelho, mas mais próxima da BD pura, Falcão Negro, o filho de Jim West).
Como se vê, o material da narrativa de Correia não deve nada à ficção usual deste género escrita por Norte-Americanos ou outros autores Europeus (principalmente Espanhóis, Italianos, Franceses e Alemães) que "ensaiaram" o western, que se podem ler em várias colecções para este tipo de público infanto-juvenil ou jovem de várias décadas para cá, sendo Correia um dos primeiros (embora não o primeiro de todos) no western em Portugal, e que pelo que se pode ver no blogue Memorial do Búfalo foi um género que teve muita criação por Portugueses, por vezes enchendo colecções inteiras, com estes autores oscilando entre um estilo de inspiração mais literária ou cinematográfica do western clássico ou inspirado mais no western spaghetti italo-espanhol (dependendo dos gostos de uma pessoa podemos ver os "herdeiros" de Correia no western como melhores ou piores que o seu mestre, sendo indiscutível que se em estilística Correia tinha poucos rivais na literatura "popular" portuguesa, em narração e inventividade nem todos os autores ficavam a dever muito a ele), alguns podendo preferir a abordagem mais "dura" ou com temas mais sociais e críticos (e menos com a idealização do "Velho Oeste") de Roussado Pinto e outros autores "tardios", outros preferindo o Oeste aventureiro-pitoresco e belo de Correia (e mesmo o Oeste deste, se não mostra tanta luta de classes, trabalho infantil ou conflitos sociais e raciais, não deixa de mostrar que os colonos tinham entre si muitos bandidos e vigaristas, e se algumas das mulheres do enredo lembram a estereotipada 'flor de porcelana', outras como Louise são mulheres pioneiras mais realistas e que sobrevivem duramente quando os homens estão longe, e a terra é, se bela, principalmente nas ilustrações originais de E. T. Coelho, dura e estranha). Correia como muitos autores de aventuras infanto-juvenis é criticado por "higienizar" contextos de perigo e promover (mesmo se involuntariamente) ideologias politicamente incorrectas, mas a verdade é que em vida era tanto criticado por isto como por escrever narrativas que não promoviam plenamente o ideário do Estado Novo mas que antes sobrepunham a liberdade ao tradicionalismo e o nacionalismo. Preso por ter cão...
Gostemos ou não, o "ideário" (se não é demais ler "ideários" neste tipo de obras) deste obra e similares era um elemento vital à possibilidade de venda delas na altura em que eram vendidas nos meados e meados-final do século XX, em que no tardo-Salazarismo e mais tarde no Marcelismo e na sociedade do consumo pós-25 de Abril, o número de pessoas acima do limiar da pobreza ia gradualmente aumentando, junto com a capacidade de consumo, a economia ia lentamente industrializando-se mais intensamente e ainda mais lentamente terciarizando-se, se ia instalando a sociedade do conforto, do lazer e do entretenimento, e assim apesar do desenvolvimento lento do resto na sociedade eram tempos de optimismo, de entretenimento, de pensamento não das escolas críticas e marxistas que ferviam o sangue ante tal literatura (fazendo excepção do período do PREC em que tais escolas tomaram conta da produção de discurso em Portugal e fizeram guerra e censura a Correia, Roussado Pinto e afins). Com a queda incontestável do poder das escolas marxistas (hoje mesmo os esquerdistas são muito mal instruídos quanto a marxismo e não conseguem distinguir uma citação de Marx de uma de Hugo Chávez ou de Chesterton) a margem de manobra da literatura do tipo da de R. Correia aumentou, embora o consumo de cultura se tenha tornado menor por limitações orçamentais das famílias, e o optimismo seja menos, mas o 'arrivismo social positivo' e espírito de trabalho e combate a dificuldades do texto ainda se coadunam com o entretenimento de uma sociedade em dificuldades, e assim dão um ideal a aspirar aos re-leitores desta literatura no pós-"tempo das vacas gordas" que redescubram os textos de Correia, e outros, hoje.
Os caubóis (para escrever cowboys à portuguesa), colonos, exploradores e cavaleiros de Raul Correia são assim o modelo de muitos heróis desses moldes que surgiriam a partir dos anos da revista O Mosquito (de 1930 a 1940) em literatura portuguesa para leitores mais jovens (ou dados a ler aventuras independentemente da idade), fossem caubóis espaciais, detectives aventureiros ou todo o tipo de heróis tão fortes como bons em livros do tipo que "dão corda" à imaginação do leitor em crescimento, ajudando-o a ir conhecendo a sua própria natureza e o mundo em seu redor. É por estas e por outras que textos como As Aventuras de Jim West e a segunda parte desta relativamente longa novela (que terá o seu tempo de a discutirmos neste blogue) ajudaram a entreter e cultivar numa certa visão não-radical mas libertária da sociedade em Portugal, e a promover a busca pelo leitor das suas próprias lutas, caminhos de exploração do mundo e a sua própria forma de aplicar esses valores individuais, liberais e comunitários, dentro do possível para a vida real.
Infelizmente, ao contrário de algumas obras de Raul Correia, esta nunca foi publicada em livro, por isso excepto consultando cópias antigas da revista O Mosquito de 1943, só vendo online algumas páginas que surgem no blogue dedicado especificamente à revista de estreia desta novela, O voo d'o Mosquito (atenção, com as imagens das páginas de texto algo fora de ordem, embora lidas todas elas consegue-se ordenar de forma algo intuitiva a sua ordem cronológica no enredo, embora ainda assim seja óbvio que alguns capítulos faltam). Que vos faça proveito. A mim fez certamente. E alguma editora bem que podia recuperar esta novela (e as ilustrações de E. T. Coelho) para uma edição para jovens deste texto.


In the 1940s Raul Correia was a notorious writer for young people in the O Mosquito ["The Mosquito"] magazine (more known for his prose and Comics script-writing, but also being enjoyed for the poetry that he published under the pseudonym of "Um Velho" ["An Old-man"] or "O Avozinho" ["The Grandaddy"] in the rubric cantinho de um velho ["little-corner of an old-man"] in O Mosquito), and after that decade, only in the 1970s he went back to have some notoriety, with the Colecção Juvenil Galo de Oiro ["Juvenile Collection Golden Rooster"] from the Portugal Press (continuation of the Galo de Ouro collection of the same publisher that joined international classics like Ben-Hur or The Three Musketeers) that gathered several adventure novellas coming from previous magazines like O Mosquito or Mundo de Aventuras ("World of Aventures", a "dissidence" of O Mosquito created by the writer and journalist Roussado Pinto) and some new novellas in the same style by younger authors "heirs" of the style of those magazines (like Jorge de Magalhães, for 20 years already notorious scholar and collector of Portuguese adventure and "popular" literature and Comics scriptwriter), and in the decade of the 1980s Correia was visible both for the collection of books of short tales As Histórias do Avozinho ("The Grandpa's Stories"), both as a kind of 'old senator' of young people's literature in Portugal, cherished by the fans, interview with some frequency and seen as the 'patronal' figure of a new 'incarnation' of O Mosquito (now mostly as a Comics magazine). Today Correia gets back to recover some visibility with his biography A Vida de Jesus ("The Life of Jesus") illustrated by Carlos Alberto Santos (like many works of Correia) being published by the Clube do Livro SIC (the book club of Portuguese private TV channel SIC) with quite a selling success.
Raul Correia
Correia despite his current 'semi-oblivion', was a prolific author, in other times very popular and with quite a literary style and that still today can be read well as a young people author (of polished style) of historical or current adventures, moreor less realistic (although fantasy comes up in his works; science fiction though he hated), in the style of the best literature of the genre in the 19th century and the first half of the 20th. Born at 11th December, 1904 in Lisbon, Raul Correia came from a family of the Rua da Prata ("Silver Street", then called Rua Nova da Rainha, "Queen's New Street"), street of folk given to trades of jeweler and bookseller comerce, having turned himself for writing by the 1930s for the Tic-Tac magazine (1931-1937) founded by the illustrator Cardoso Lopes (afterwards co-founder of the O Mosquito with Correia), when even in Portugal with the more modest dimension of his market of consumption of popular culture, it did live itself a a moment of boom and (relatively) strong vitality.
Coming from a background very Portuguese but "fed" literarily not just by the classical Portuguese literature of the Enlightenment ("scholarly" or "broadside") and of the Herculano style historical novel (that we already saw in this blog in the form of the Eurico) but also by great classical adventure literatures like Robinson CrusoeThe Last of the Mohicans and the works of Edgar Rice Burroughs (the creator of Tarzan, from who Correia translated many works for Portuguese about the 1970s). But Raul Correia didn't just follow the tradition of the classical and/or adventure novel, nor 'translated' the official ideology of the Portugal of the time into his literature, but 'translated' to the Portuguese context the liberal and social ideology that saw itself in the Anglo-Saxonic children's/juvenile adventure literature that he used as a bland answer to the oficialism of the New State regime (with the which O Mosquito had a trackrecord of frequent problems with the censorship), and was one of founding authors of a Portuguese western and of an pulp adventure literature similar but set in Portuguese territory and history, that was read and commercialized in way somewhat industrial and massified, that for better and for worse helped to westernize and americanize the Luso tastes and was a bread-earner for many a publishing house and much audiovisual in Portugal, and would serve of escapism to many a Portuguese citizen during years of greater economy scarcity or recession.
Cover of the 1st number of O Mosquito
This novella, published in O Mosquito between 27th January and 27th March(?), 1943, is the narrative of Jim West, a relatively young settler of dark hair (a variation of South-European Latin to the typical of the western literature) and clean-shaven (all that gives him a vaguely Indian air, or at least vaguely a la Prince Valiant), already married, that leaves in the 1840s with the wife Louise to Wyoming, travelling in the common (and cliche) horse wwagon caravans West. In this period, the USA had had their first military victories against the Mexicans, expanded themselves through the southwest of North America and started to expand themselves to the northwest (where Wyoming is) before the retreating of the independent fur hunters and of French, Russian and British-Canadian interests. Along the way, Jim ends up losing himself from the wife, meet the old mountain man Nath Pig (yes, Nath PIG) and together they end up seeing themselves in the trail of attacking Sioux of chief Grey Wolf. When they see themselves free again, Jim and Nath have to continue on the way of Fort Laramie (then the main settlement of the Wyoming region), to where the caravan where Louise follows through heads itself, to themselves meet again with their own and warn all of an Indian attack that to the Fort heads itself, and help in the defense from the same attack. Besides that line of the main plot, we still have a daily and work life of West and Pig trying to survive in the Wyoming of the beginning of the North-American colonization and of the ending of the fur trade economy.
The great focus of the plotting, besides of the adventurer action and of the masculine comradery of Jim and Nath, is a family one: of the love of Jim to the home and to his family, and of the attempt of returning to his spouse Louise, who is pregnant, and to constitute a new home in the place of the new settlement in the Far-west. This text is a certain apraisal of a certain posiitive and working (and with work ethic) social "arrivisme", of the families coming from an impoverished family background that with an internal colonization migration gets a socially more comfortable position and a worthy and cozy bread-earner, but not before a hard journey, and even after that never getting greater legal "favouritism-giving" or financial capacity (this is the type of philosophy that fits in the logic of the midle and working class "American Dream", but also throughout the world in the ideal of the middle class or of the lower and middle class European colonist, being able to compare itself this reality with the reality of the Portuguese settlers in Africa that maybe Correia knew even if minimally).
Jim, Louise and Nath Pig
The plot is so simultaneously a story of Jim West at trying to get back to Louise and no more separating himself from her, a story of the adventures of Jim and Nath in search of the wealth and treasures that exist in those lands and that when younger Nath explored, a story of the creation of a new home by the West family afterward of a new setting in safe land, the story of the confrontations with the natural challenges (climatic or animalesque), indigenous and from among the settler society afterwards of the setting, and at last a story of the increase of the West family (whose son would be the hero of a sequel also written by Correia and drawn by E. T. Coelho, but closer to the pure Comics, Falcão Negro, o filho de Jim West, "Black Falcon, the son of Jim West").
As it is seen, the material of Correia's narrative pales nothing by the usual fiction of this genre written by North-Americans or other European authors (mostly Spaniards, Italians, French and Germans) that "rehearsed" the western that can be read in several collections for this type of children's/juvenile or young people's audience from several decades to now, being Correia one of the first (though not t the first of all) in the western in Portugal, and that for what can be seen in the blogue Memorial do Búfalo ["Memorial of the Buffalo"] was a genre that had much creation by Portuguese-people, sometimes filling-up whole collections, with these authors oscilating between a style of more literary or classic western cinematic inspiration or inspired more in the Italian-Spanish western spaghetti (depending on the tastes of a person we can see the "heirs" of Correia in the Portuguese western as better or worse than their master, being unarguable that if in stylistics Correia had few rivals in Portuguese "popular" literature, in narration and inventivity not all the authors stay paling too much before him), some possibly prefering the more "though" and with more social and critical (and less idealization of the "Old West" approach of Roussado Pinto and other "later" authors, others prefering the adventurer-picturesque and fair West of Correia (although even the West of the latter, if it doesn't show so much class struggle, child labor or social an racial conflicts, it doesn't cease of showing that the settlers had among themsellves many bandits and conmen, and if some of the women of the plot remember the stereotypical 'porcelain flower', others like Louise are pioneer women more realistic and who survive harshly when the men are faraway, and the land is, if beautiful, mainly in the original illustrations of E. T. Coelho, hard and strange). Correia like many authors of children's/young people's adventures is criticized for "sanitizing" contexts of danger and promoting (even if unvoluntarily) politically incorrect ideologies, but the truth is that in life he was as much criticized by this as for writing narratives that did not promote the set-of-ideas of the New State but that overplayed liberty to traditionalism and nationalism. Preso por ter cão...
Either liking or not, the "set-of-ideas" (if it is not too much to read "sets-of-ideas" in this kind of works) of this work and similar ones was a vital element to the possibility of sale of them in the time in which they were sold in the mid and mid-late-20th century, in which in the late-Salazarism and later in the Marcelism and in the consumption society post-25th of April, the number of people above the poverty threshold went gradualy increasing, together with the capacity of consumption, the economy went slowly industrializing itself more intensely and even slower tertiary-sector-izing itself, itself went installing the society of comfort, of leisure and of entertainment, of thought not of the critical or marxist schools that boiled their blood before such "lower" literature" (to this lack of influence on the major public of critical/marxist schools making exception of the period of the Portuguese On-Going Revolutionary Process or Processo Revolucionário Em Curso/PREC in which said schools took over the production of speech in Portugal and made "war" and censorship to Correia, Rousado Pinto and the ilk). With the undebateable fall from power of the marxist schools (today even the leftists are very baddly instructed about marxism and cannot distinguish a quote by Marx from one by Hugo Chávez or Chesterton) the leeway of literature of the type of the one of Raul Correia increased, although the consumption of culture itself has become smaller for budgetary constraints of families, and the optimism be lesser, but the 'positive social arrivisme' and spirit of work and combat to dificulties of the text still do stay in line with the entertainment of a society in dificulties, and so, give an ideal to aspire to the re-readers in the post-"time of the fat cows" that do rediscover the texts of Correia, and others, today.
The caubóis (to writte cowboys Portuguese-style), settlers, explorers and knights of Raul Correia are so the model of many heroes of those molds that came out starting from the years of the O Mosquito magazine (from the 1930s to 1940s) in Portuguese literature for readers who are younger (or prone to read adventures regardless of the age), were they space caubóis, adventurer detectives or all kind of heroes as strong as good in books of the type that "give free rein" to the imagination of the growing reader, helping him/her to to get to know his own nature and the world around him. It's on account o these and other things that texts like The Adventures of Jim West and the second part of this relatively long novella (that shall have it's turn of us discussing it in this blog) helped to entertain and cultivate a certain non-radical but libertarian vision from society in Portugal, and to promote the search by the reader of his/her own fights, ways of exploring of the world and his/her own way of put to use those individual, liberal and communitarian values, within the possible for real life.
Unfortunetly, unlike some works of Correia, this one was never published on book, so except checking ancient copies of the O Mosquito magazine from 1943, only seeing online some pages in the Portuguese language original that appear in the blog dedicated specifically to the magazine of premiere of this novella, O voo d'o Mosquito ["The flight of the Mosquito"] (attention, with the images of pages of text somewhat out of order, although read all of them they are able to order themselves in way somewhat intuitive their chronological order in the plot, although it still be obvious that some chapters are missing). That you enjoy them. I most certainly did. And some publisher well could recover this novella (and the E. T. Coelho illustrations) for an edition for young people of this text.

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